“Por Dentro da Ciência” do Insituto Americano de Física (19/12/08)

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19 de dezembro de 2008

Mais Ciência e Menos Ficção: O que Hollywood Realmente Quer dos Cientistas e Engenheiros

Por Emilie Lorditch
Colaboradora do ISNS

Los Angeles, Califórnia, EUA — A maior parte dos cientistas sente calafrios quando vêem ciência e engenharia exibidos nos filmes.

“Seria ótimo não ver a ciência ser esculachada na tela”, disse John Underkoffler, um expert em arte e ciência na media do Massachusetts Institute of Technology, quando participou no mês passado da nova iniciativa da Academia Nacional de Ciências (National Academy of Sciences = NAS), o intercâmbio entre ciência e arte.  “Eu não consigo esperar para ver idéias de cientistas incendiarem Hollywood”, prosseguiu Underkoffler, que foi conselheiro de ciências & tecnologia para os filmes “Minority Report” e “The Incredible Hulk”.

A meta do intercâmbio ciência e entretenimento foi conectar as principais mentes da ciência e engenharia com as principais mentes da produção e dos roteiros para programas de televisão e filmes. Alguns pesquisadores partilharam suas experiências em trabalhar com Hollywood, enquanto outros experts tiveram uma chance de lançar [N.T: no original, “to pitch”] suas descobertas para os cineastas de Hollywood. O resultado do intercâmbio é que algumas dessas idéias podem terminar aparecendo em seus programas favoritos da TV ou em flmes no futuro.

“O processo da pesquisa científica e de fazer um filme são muito parecidos”, declarou Jerry Zucker, o diretor dos filmes “Airplane!” (“Apertem os cintos! O piloto sumiu!”) e “Ghost”. “Você precisa de paixão, impulso e inspiração, há um aspecto técnico e isso é de conhecimento público”. [N.T: Mas, hem?… 😯 ]

Embora sempre exista uma certa tensão entre os cientistas, que buscam por absoluta precisão em suas pesquisas, e os cineastas, que têm que se focalizar na estrutura da narrativa da estória, os dois pontos de vista não estão sempre em conflito. Um encontro fortuito, há muitos anos, deu a Neil deGrasse Tyson, astrofísico e diretor do Planetário Hayden no Museu Americano de História Natural, uma oportunidade que poucos cientistas têm com diretores de Hollywood.  “Certo dia, eu literalmente esbarrei em James Cameron e disse a ele que o céu no seu filme “Titanic” estava errado”, conta Tyson.  “Não só era um céu errado, mas um céu mal feito, porque as estrelas na metade esquerda do céu eram refletidas no lado direito”. Finalmente, Tyson foi recompensado por seu esforço.

“Algum tempo depois, eu recebi uma chamada do estúdio”, continua Tyson. “Eles estavam preparando a edição comemorativa em DVD de 10 anos do “Titanic” e Cameron disse que eu tinha um novo céu para eles”.

Para os cientistas e engenheiros que não tinham tido seu breve contato com Hollywood,  o intercâmbio deu uma visão do que os cineastas procuram dos pesquisadores.  “Se for uma boa estória, então Hollywood vai querer contá-la”, declara Kimberly Pierce,  diretor dos filmes “Boys Don’t Cry” (“Meninos não choram”) e “Stop-Loss”. Algumas das histórias verídicas desses cientistas e engenheiros podem ser visualizadas em alguns dos atuais programas mais populares da TV.

Bactérias que brilham no escuro e falam entre si pode parcer com algo da trama de um espisódio de “C.S.I.”, mas para Bonnie Bassler, uma bióloga molecular da Universidade de Princeton em Nova Jersey e Investigadora Médica Howard Hughes, estudar essas bactérias que brilham no escuro tem sido o trabalho de sua vida pelos últimos 19 anos.

“Por que as bactérias ‘acendem’ quando há um grupo delas, mas permanecem escuras quando estão sozinhas”, perguntou Bassler,  “É o que se chama de sentido de quorum, quando as bactérias ‘falam’ com outras bactérias e descobrem que há um grupo delas, elas brilham”. Atualmente, Bassler está trabalhando em descobrir maneiras para melhorar e impedir esse processo, o que pode levar a novos tipos de antibióticos.

Outro exemplo de pesquisa apresentado no intercâmbio pode ser o que os espectadores encontrem em um futuro episódio de “Grey’s Anatomy”: um paciente com lesão cerebral acorda, certa manhã, e pensa que seu ente querido é um impostor.

Para V.S. Ramachandran, neurologista e diretor do Cento para o Cérebro e Cognição da Univeridade da Califórnia em San Diego, esses verdadeiros mistérios da medicina são sempre mais estranhos do que qualquer ficção criada por Hollywood. A Síndrome de Capgras é um raro delírio que faz com que um paciente acredite que a pessoa amada pareça exatamente com a pessoa que elas conhecem, mas na verdade é outra pessoa. “A parte do cérebro que processa o sinal cerebral de reconhecimento facial está funcionando, mas o sinal que vai para a parte do cérebro que controla as emoções fica interrompido, de forma que o paciente não tem qualquer ligação emocional com o ‘impostor’”, explica Ramachandran.

A pesquisa de Ramachandran com neurônios e espelhos para pacientes que sofreram AVCs poderia ser facilmente vista em um episódio de “House”.  “Nós colocamos um espelho na frente do membro paralizado, de forma que o paciente só ve o membro saudável”, explica Ramachandran.  “Fazemos o paciente realizar exercícios com o membro saudável, mas, por causa do espelho, eles só vêem o membro oposto (o paralizado) se mover e isso engana o cérebro”. Pacientes que ficaram paralizados  por anos, conseguiram recuperar os movimentos de seus membros com o tratamento com o espelho, disse ele.

Com os cientistas de verdade e engenheiros “arremessando” suas pesquisas para os cineastas de verdade em Hollywood, como resultado da iniciativa da NAS, os cientistas podem sentir menos calafrios quando virem seu trabalho mostado em filmes e na TV. E as audiências podem ver mais fatos cinetíficos misturados na ficção de Hollywood.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Physics News Update nº 879

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O Boletim de notícias sobre pesquisas do Instituto Americano de Física, nº 879 de 19 de dezembro de 2008.

AS “DEZ MAIS” DA FÍSICA NESTE ANO

O antigo Assessor para Ciências Presidencial Vannevar Bush se referiu à ciência como uma fronteira infinita de novas descobertas. Então, quais foram as grandes descobertas na física em 2008? A lista seguinte foi escolhida por editores e escritores de ciências no Instituo Americano de Física e na Sociedade Americana de Física. Ela peneira uma série de descobertas nas seguintes dez áreas, sem qualquer ordem de precedência.

SUPERCONDUTORES

Novidade: A descoberta de uma classe pouco usual de materiais feitos de ferro e arsênio.  Os supercondutores não perdem energia quando a eletricidade passa por eles, desde que tenham sido resfriados a temperaturas muito baixas. Os supercondutores são usados em aplicações específicas, onde altas correntes elétricas são necessárias, tais como nos tomógrafos dos hospitais ou nos magnetos usados nos aceleradores de partículas. Há duas razões para que os superondutores não sejam mais largamente utilizados, como, por exemplo, a transmissão de energia elétrica: os supercondutores precisam de um monte de aparelhagens de refrigeração e é difícil de transformar o material em fios com comprimentos de quilômetros.

Os novos materiais de ferro-arsênio são os primeiros de “alta temperatura” (o que, na verdade, quer dizer algumas dezenas de graus K) que permanecem supercondutores acima dos 50 K que não contém cobre; os materiais com cobre são quebradiços. Os pesquisadores esperam que a versão ferro-arsênio possam levar a uma manufatura mais prática de fio supercondutor. Além disso, ter uma nova classe de materiais para estudar pode ajudar os teóricos a compreender como os supercondutores de “alta temperatura” funcionam, para começo de conversa.

Literatura: Um sumário do trabalho nessa área pode ser encontrado em Physics Today, edição de maio de 2008; o acompanhamento do tópico pela APS,; visão geral e um texto de artigo específico em Physical Review Letters (PRL)

GRANDE COLISOR DE HÁDRONS (LARGE HADRON COLLIDER, ou LHC)

Novidade: O LHC, o maior instrumento científico do mundo, começou a funcionar em setembro. Nesse enorme acelerador de partículas, localizado debaixo do solo perto de Genebra, Suíça, dois feixes de prótons, cada um viajando a uma velocidade sem precedentes, serão esmagados, um contra o outro. O objetivo é criar novas partículas exóticas que não podem ser observadas senão na minúscula bola de fogo criada pelas violentíssimas colisões. Essas colisões ainda não aconteceram, porém os físicos tiveram sucesso no envio de feixes de prótons em ambas as direções, em torno do anel de 27 km do LHC.  Problemas com alguns dos aparelhos forçaram um fechamento prematuro do LHC, pouco depois. O funcionamento deve recomeçar em meados de 2009.

Literatura: um sumário dos defeitos nos magnetos que paralizaram os testes em setembro e um calendário de funcionamento podem ser encontrados aqui.

PLANETAS

Novidades: Planetas orbitando estrelas distantes foram imageados diretamente e uma pletora de resultados interessantes veio de espaçonaves orbitando perto dos planetas do nosso próprio Sistema Solar. Planetas extrasolares que orbitam estrelas distantes, já tinham sido detectados de maneira indireta, por meio da observação do que acontece com a luz que vem da estrela. Porém, agora, o brilho da estrela foi suficientemente bloqueado, de maneira que se pode obter imagens do próprio planeta. Os telescópios Gemini, Keck e Hubble forneceram as imagens. Ver literatura em aqui.

Em nosso próprio Sistema Solar, em Mercúrio, a espaçonave Messenger (que será a primeira a orbitar o planeta) fez os primeiros mapas de grandes partes da superfície. Ela também estabeleceu que o campo magnético de Mercúrio é altamente simétrico. Literatura em aqui.  Em Saturno, a espaçonave Cassini descobriu geysers perto da extremidade Sul da lua Enceladus. Literatura:aqui ).

Em Marte, medições feitas por várias espaçonaves reforçaram os indícios em favor da existência de geleiras no subsolo das regiões polares. Enquanto isso, a espaçonave Venus Express obteve imagens em vários comprimentos de onda, facilitando, entre outras coisas, uma melhor compreensão das nuvens de Vênus. Imagens na faixa UV do planeta: aqui.

QUARKS

Novidades: Combinações raras de quarks foram observadas pela primeira vez. Os físicos acreditam que um átomo consiste de um ou mais elétrons que orbitam um núcleo centras. O núcleo, por sua vez, é feito de prótons e nêutrons, e estas partículas são feitas de algo ainda mais elementar: quarks, mantidos juntos por glúons.

A maior parte das partículas nucleares são compostas por dois tipos de quark: “up” e “down”. Além desses, existem quatro outros tipos de quark. Uma das descobertas foi o avistamento de uma partícula nuclear que contém o raro quark “bottom”. Na experiência D0 do Fermilab, uma partícula (uma versão com o quark “bottom”  do híperon omega) contendo dois quarks “strange” e um quark “bottom” foi detectada; literatura em Physics Today, edição de nov de 2008); resultados publicados na PRL.

O mais baixo possível estado energético de “bottomonium”, uma familia de estados entrelaçados que consiste de um quark “bottom” e um “anti-bottom”, foi observado no Detector Balbar no SLAC; literatura em Physics Today, edição de setembro de 2008; sumário e texto aqui ; press release aqui

No laboratório KEK no Japão, várias partículas parecidas com mésons que, se acredita, contenham quatro em lugar dos dois usuais) quarks, foram observadas no detector Belle; literatura em Physics Today, edição de junho de 2008).  Finalmente, houve progressos na predição das massas de partículas nucleares, utilizando simulações computadorizadas de interações entre os quarks (ver resultados na edição de 21 de novembro da Science, 21 e uma avaliação na revista Nature de 27 nov).

A COISA MAIS DISTANTE VISÍVEL

Novidade: Ver um clarão de luz vindo de 7 bilhões de anos luz além. Um dos mais brilhantes de todos os objetos celestiais são os emissores de jatos de Raios Gama, objetos esses que emitem enormes quantidades de radiação Gama, a forma mais energética de luz. O mais potente emissor de raios Gama jamais observado foi descoberto pelo satélite Swift — especialmente projetado para detectar raios Gama — e por outros telescópios também. Deduziu-se que esse jato de radiação veio de um lugar no espaço a 7 bilhões de anos luz de distância e foi brilhante o suficiente para ser observado a olho nu. Já que olhar para o espaço é o mesmo que olhar para trás no tempo, este clarão teria vindo de um instante em que o universo tinha metade de sua idade atual.

Publicado na Nature, 11 de setembro; imagem aqui

MOLÉCULAS ULTRA-RESFRIADAS

Novidade: Pela primeira vez se consegue acumular um grande número de moléculas a uma temperatura próxima do zero absoluto. Usar lasers para frear um gás de partículas até a quase imobilidade é, atualmente, um processo padrão para medir as sutis propriedades de átomos.  Steven Chu, nomeado Secretário de Energia, ganhou um prêmio Nobel pelo pioneirismo neste assunto.

Resfriar moléculas da mesma maneira é difícil, já que as moléculas, feitas de dois ou mais átomos, têm movimentos internos mais complicados. Porém, neste ano, diversos laboratórios tiveram sucesso em, primeiro, congelar os átomos e, depois, em uma temperatura próxima do zero absoluto, conseguir que eles se combinassem em moléculas.

Os laboratórios do NIST/Colorado (Science, 10 out) e da Universidade de Innsbruck (PRL, 26 set) conseguiram emparelhar átomos em moléculas e coletá-las em armadilhas em altas densidades e temperaturas muito baixas. A experiência do NIST produziu moléculas a partir de átomos de rubídio e potássio (publicado na Science). Os pesquisadores de Innsbruck colocaram os átomos de rubídio em uma grade óptica, antes de os condensarem em moléculas.

Literatura: PNU nº 875, matéria 1; figura aqui; artigo da PRL aqui

DETECTORES DE DIAMANTE

Novidade: Conseguir que pequenas imperfeições nos diamantes nos contem como os átomos se comportam como pequeninos magnetos. Os diamantes são muito queridos por conta de sua dureza e sua claridade, que os torna populares na joalheria. Mas eles também podem ser úteis na criação de um novo tipo de circuito eletrônico. Os diamantes são feitos de uma cadeia entrecruzada de átomos de carbono. Se faltar um átomo de carbono nessa rede, o buraco vazio, combinado com um átomo de nitrogênio extraviado, funciona como uma estranha molécula no meio de todos esses átomos de carbono.

Essa “molécula” pode se acender como um pequeno LED quando se aplica uma luz laser. Isso, por sua vez, pode ser usado para medir magnetismo extremamente fraco. As possíveis aplicações incluem a armazenagem de dados para computadores ou detectores de alta sensibilidade. Manipulando o spin de um elétron apanhado em um buraco em uma amostra de diamante, os cientistas da Universidade de Tecnologia de Delft (Delft, Holanda) e da Universidade da Califórnia em Santa Barbara detectaram o spin de um elétron isolado (Science, 18 de abril); enquanto isso, um grupo de Harvard (Nature, 2 out) localizou a posição de uma impureza de carbono-11 isolada no diamante em um entorno de 1 nanômetro, através das interações de spin nuclear do átomo; ver o sumário aquil.

RAIOS CÓSMICOS

Novidade: Experiências resolvem um mistério e descobrem outros. Os raios cósmicos são partículas extremamente energéticas que voam pelo cosmos. Quando elas se chocam com nossa atmosfera, se descobre que a maioria deles são partículas ordinárias, tais como prótons ou elétrons, porém com energias milhares ou milhões de vezes maiores do que as partículas aceleradas nos aceleradores de partículas existentes na Terra. Aqui estão os novos resultados.

  1. Um detector de raios cósmicos, o Observatório Pierre Auger, observou, agora, uma efetiva diminuição de raios cósmicos nas faixas mais altas de energia (na faixa acima de 4 x 1019 elétron volts); isso resolve um mistério associado com algumas observações anteriores que sugeriam um excesso de tais eventos; artigo da PRL: aqui .
  2. A experiência Milagro produziu um mapa celeste dos raios cósmicos incidentes. Isso estabelece um novo mistério, uma vez que alguns eventos de altíssima energia (na faixa de 10 trilhões de elétron volts) parecem vir preferencialmente de umas poucas direções no espaço (artigo da PRL em aqui ).
  3. Outro mistério diz respeito às descobertas de dois detectores mantidos nas alturas — um por um balão e outro por um satélite — que procuravam por anomalias no número de antipartículas que chegam junto com as partículas normais entre os raios cósmicos que atingem a Terra. Eles constataram um excesso de tais partículas, o que alguns interpretam como um indício para a “matéria escura”, uma classe de partículas muito fracamente interativas ainda não observada. [N.T: a redação em inglês está ambígua… provavelmente é uma referência às propostas “WIMPS”, Weak Interacting Massive ParticleS]

Os cientistas associados com o detector a bordo do balão (ATIC) (Nature, 20 nov) e do satélite PAMELA (aqui nos arxives) relatam indícios de um excesso de raios cósmicos constituídos de elétrons (e talvez também de posítrons) em energias de centenas de GeV. Essa descoberta é atribuída em algumas expliações pela aniquilação de partículas pesadas de matéria escura (notícias na PT aqui )

LUZ PASSA ATRAVÉS DE MATÉRIA OPACA

Novidade: Fazer com que a luz se comporte de maneira diferente. Quando a luz atinge um material opaco, assim como o leite, a maior parte da radiação é espalhada; pouco dela passa pela amostra. Porém, uma experiência da Universidade de Twente na Holanda, mostrou que muito mais da luz pode ser feito atravessar o material dispersor se, previamente, a frente de onda da luz incidente for moldado por filtros especiais.

Literatura: sumário em Physics Today, set 2008); um ensaio da APS e o artigo da pesquisa estão disponíveis aqui

RESFRIAMENTO MACROSCÓPICO POR REALIMENTAÇÃO

Novidade: Os cientistas do laboratório AURIGA em Padova, Itália, resfriaram uma barra de alumínio de uma tonelada a uma temperatura abaixo de 1 milli-kelvin usando circuitos elétricos especiais. A barra é uma peça de um detector projetado para medir as ondas gravitacionais que passam, vindas do espaço.  Usando sensores magnéticos e bobinas de realimentação, a ressonância da barra (que é essencialmente um enorme diapasão) em uma freqüência característica foi resfriada de uma temperatura equivalente de 4 K (a temperatura do banho de hélio líquido no qual a barra fica imersa) até uma temperatura de cerca de 0,17 mK. Temperaturas mais baixas do que essa já foram conseguidas com essa técnica de resfriamento por realimentação, mas somente massas muito menores.

Literatura: ensaio e artigo na PRL aqui
Phillip F. Schewe
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PHYSICS NEWS UPDATE é um apanhado de notícias vindas de congressos de física, publicações diversas de física e outras fontes de notícias. É distribuído de graça como um meio de disseminar informações sobre a física e os físicos. Por isso sua divulgação é livre, desde que devidamente concedido o crédito à Associação Americana de Física. Physics News Update é publicado mais ou menos uma vez por semana.

Resenha de Livro: “A África, Explicada para Meus Filhos”

Já era para eu ter publicado esta resenha… O livro de Alberto da Costa e Silva, veterano Diplomata (foi Embaixador do Brasil na Nigéria e no Benim) e autor de outros livros que eu pretendo ler, sobre o continente-berço da humanidade, é dirigido ao público infanto-juvenil, portanto é apresentado sem uma ordem histórico-cronológica formal — um pouco ao estilo de Lobato, em “Os Serões de Dona Benta”. Mas a abordagem menos acadêmica é até uma vantagem, porque parte exatamente dos “todo o mundo sabe que” deturpados pela visão eurocentrista com que se estuda a história nos colégios.

E, ao mesmo tempo, cuidadosamente desmistifica a “África Ancestral” popularizada pelos descendentes dos escravos que vieram para o Brasil, estudando as profundas diferenças étnico-culturais da África Sub-Sahariana, seu modo de vida e explicando de maneira clara e sem “ornamentos” de pieguice o real significado da colonização européia (e da muito anterior interação com o mundo muçulmano) e seu impacto sobre as diferentes culturas.

Em suma: um livro bem escrito (por falar nisso, o autor é membro da Academia Brasileira de Letras), em linguagem acessível e que, sem grandilouqüências, dá um pano de fundo bastante acurado, uma análise desapaixonada e isenta de ideologias dos processos de interação das sociedades africanas com as civilizações muçulmana e cristã, e permite uma melhor compreensão do atual quadro caótico predominante no continente.

Eu recomendo enfaticamente esse livro, tanto para o público-alvo infanto-juvenil, quanto para nós, mais velhos, que aprendemos uma história deturpada pelo eurocentrismo, onde a África era apenas “um lugar de onde vinham os escravos negros”, como antes tinha sido apenas “um empecilho a contornar para atingir as Índias” na época das “Grandes Navegações” (e não é de estanhar que uma caipira do Alasca ignorasse que a África é um Continente… eu me arrisco a dizer que a maioria de nossos afro-descendentes brasileiros têm uma impressão igualmente nebulosa sobre a “Mãe África”, misturando os mitos dos Orixás e Nkisis livremente, e fantasiando uma “liberdade” absoluta, onde o que havia era sociedade extremamente tribal com “fronteiras” fluidas, fortemente ditadas por uma geografia de grandes contrastes).

Ficha Técnica:
Silva, Alberto da Costa e, 1931- . A África explicada a meus filhos. Rio de Janeiro, Agir (do Grupo Ediouro), 2008 (1ª Edição) (Sexto livro da coleção “Explicado a meus filhos”) 160 pp.
O exemplar foi uma cortesia da Editora.

“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (17/12/08)

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17 de dezembro de 2008

Relatório Sobre Armamento Nuclear Pede que os EUA Retomem a Liderança Mundial

Pelo ISNS

Washington, DC — Um grupo de organizações líderes da ciência por todo o país divulgou um relatório que recomenda políticas sobre armamentos nucleares para o futuro presidente, a fim de fornecer ao mesmo um “mapa dos caminhos” [N.T: “road map”, no original] baseado em ciência sólida [N.T: “solid science”, no original].

“Existe muita incompreensão e discordância acerca é a política nuclear com respeito a nossos adversários, nossos aliados, nosso arsenal e a infraestrutura necessária para cuidar dele”, declarou John Browne, antigo diretor do Los Alamos National Laboratory e membro do “grupo de trabalho” que escreveu o relatório.  “Até entre as Forças Militares estão divididas sobre o quão importantes essas armas são”.

O relatório, Nuclear Weapons in 21st Century U.S. National Security (Armas Nucleares na Segurança Nacional no Século XXI), aborda essas e outras questões que têm sido o âmago do debate sobre armas nucleares, e propõe opções sobre o que o governo Obama deve e o que não deve fazer. Um dos temas recorrentes no relatório é a redução no total do inventário de armas nucleares nos arsenais de todas as potências nucleares, inclusive os EUA. Porém, realça o relatório, essas reduções só podem ser ocorrer se houver um renovado esforço por parte dos EUA em usar a diplomacia e a negociação para limitar os arsenais nucleares. Outro ponto chave para a redução do arsenal nuclear dos EUA é uma política que continue a “recuperar e atualizar o arsenal nuclear americano existente, conforme o necessário, sem criar novas capacidades de emprego de armas nucleares.”

O relatório está sendo divulgado pela Sociedade Americana de Física (American Physical Society), a Associação Americana para o Progresso da Ciência (American Association for the Advancement of Science) e o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Center for Strategic and International Studies).

“O propósito desse relatório é informar a próxima administração para a tomada de decisões, pelo governo dos EUA, sobre a estratégia, política, postura e questões relativas à proliferação e controle das armas”, diz o relatório. “Qualquer decisão que os EUA tomem com respeito a seu próprio arsenal nuclear e sua infraestrutura, tem que considerar também como essas decisões podem afetar os esforços dos EUA para impedir a proliferação das armas nucleares e buscar uma diminuição dos arsenais nucleares mundiais.”

Reduções em casa e no estrangeiro

Os autores do relatório observam que existem três “questões nucleares realmente urgentes” que vão precisar da imediata atenção de Obama:

  • Impedir a disseminação de armas nucleares por mais países, o que inclui as ameaças de proliferação geradas por Coréia do Norte e Iran.
  • Tornar seguros e reduzir os estoques mundiais de armas e materiais nucleares para impedir que estes caiam nas mãos de terroristas.
  • Reverter a aparentemente crescente confiança da Rússia em armamentos nucleares em sua política de segurança, através de um engajamento estratégico na tentativa de tanto impedir o surgimento de uma nova ameaça nuclear para o século XXI, como para obter a concordância da Rússia para diminuir significativamente os arsenais Russos e Americanos.

O relatório pede que a administração Obama siga uma política nuclear com duas linhas mestras: uma com o foco em restabelecer a liderança global dos EUA “em não proliferação nuclear, controle das armas e assuntos sobre desarmamento”, e outra com o foco em recuperar e atualizar o arsenal dos EUA e sua infraestrutura “sem criar novas capacidades de emprego de novas armas nucleares”.

As duas linhas mestras são relacionadas, observa o relatório, porque “se [o presidente] tiver confiança em um arsenal bem menor [de armas nucleares] para os EUA”, ele estará em uma posição política mais forte para negociar grandes reduções nos arsenais dos EUA e da Rússia.

Os EUA têm mais de 5.000 ogivas nucleares, a maior parte delas feita décadas atrás, durante a Guerra-Fria com a então União Soviética. As ogivas nucleares são, em sua maioria, armas de alta potência que são manutenidas através do que é conhecido como o programa de direção do arsenal. Alguns experts em segurança sustentam que os EUA precisam modernizar seu arsenal com ogivas de design atualizado para fazer frente às ameaças do século XXI, enquanto outros acreditam que os tipos existentes de armas, se adequadamente manutenidos, fornecem uma segurança nuclear mais do que suficiente.

O relatório é fora do usual, uma vez que reuniu experts representantes de quase todos os pontos de vista, inclusive aqueles considerados de extrema direita e de extrema esquerda, para o debate. Os autores consideraram as posições de diferentes “campos” políticos, desde aqueles que acreditam que as armas atômicas mantém a importância que tiveram durante a Guerra-Fria, àqueles que acreditam na eliminação de todas as armas nucleares tão rápido quanto possível. Os autores observam que a posição “centrista” do relatório — trabalhar em termos globais para a obtenção de tratados para a redução do número de armas, enquanto que, ao mesmo tempo, se mantém uma capacidade nuclear persuasiva — reflete a posição detalhada por Obama durante a campanha presidencial.

Ratificar o Tratado de Banimento de Testes

Talvez a recomendação contida no relatório que vá causar a maior controvérsia política é a de que os EUA aceitem o Tratado de Banimento de Testes Nucleares (Comprehensive Test Ban Treaty , CTBT), que foi rejeitado pelo Senado em 1999, sob a alegação de que não havia maneira confiável de detectar sua violação por outras nações. Embora os EUA não tenham testado uma arma nuclear desde a cessação dos testes subterrâneos em 1992, a rejeição do CTBT diminuiu a liderança internacional dos EUA em questões nucleares.

Porém, desde essa rejeição, a expansão global de sensores sísmicos e de outras naturezas, inclusive o Sistema de Monitoramento Internacional, criado especificamente para monitorar o cumprimento do Tratado de Banimento dos Testes, significa que “violar as regras vai ser muito difícil de esconder e vai ser pouco provável que isso resulte em um avanço tecnológico capaz de alterar o equilíbrio entre os EUA e as demais potências”, afirma o relatório. “É do interesse dos EUA congelar a tecnologia de armas nucleares e o CTBT prejudicaria muito o desenvolvimento de inovações em armamentos nucleares”.

Porém a ratificação pelo Senado do CTBT requer uma “supermaioria” de 67 senadores que votem a favor. Os autores do relatório dizem que, caso produa um pacote de medidas na área nuclear “que possam atrair apoio interno e externo”, a administração Obama pode ser capaz de conseguir os votos necessários para fazer aprovar o CTBT e começar a levar a política de armas nucleares dos EUA para a frente.

Manter a Expertise

O relatório também aborda as preocupações de todos os lados do debate sobre os armamentos: manter a força de trabalho nuclear americana. “A capacidade dos EUA em se engajar em atividades de manutenção adequada do arsenal e atividades contra a proliferação repousa (. . .) na experiência da atual força de trabalho nos laboratórios nacionais”, afirma o relatório.  Muitos dos experts em armamentos com a maior experiência devem se aposentar nos próximos cinco a dez anos, diz o relatório, de forma que “o recruitamento da nova geração de trabalhadores (. . .) é um ponto crítico para o sucesso contínuo do programa de manutenção do arsenal”.

O relatório urge que o Departamento  de Energia, que supervisiona os laboratórios de armas, ralize um maior esforço para envolver os laboratórios em “amplos e interconectados programas de pesquisa e desenvolvimento relativos e não-relativos a energia nuclear”, com ênfase na pesquisa e desenvolvimento de energia. A pesquisa sobre energia é considerada uma questão de segurança pela administração e o relatório diz que “tal atividade de P&D vai atrair e engajar cientistas com a expertise adequada para os laboratórios e complementar diretamente as habilidades técnicas para manter o arsenal nuclear”.

Browne declarou que o relatório, baseado em encontros com “cientistas, diplomatas, generais e almirantes”, tem como objetivo “dar à próxima administração a oportunidade de trilhar o melhor caminho [N.T: no original: to take the high road] em âmbito internacional e, mesmo assim, tomar passos na política interna que satisfaça, as pessoas neste país e no Congresso que estão hesitantes acerca de o quão longe devemos ir em abandonar nossas armas nucleares”.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

“Por Dentro da Ciência” da Associação Americana de Física (15/12/08)

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15 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service

Estudantes aprendem melhor com o sono

Os docentes da Universidade de San Diego estão preocupados que os estudantes que estão metendo a cara nos livros para os exames finais possam estar sofrendo de insônia induzida por estresse. Um estudo recente da Associação para Avaliação da Saúde do Colégio da Univesidade da Califórnia em San Diego descobriu que somente 23% dos estudantes estão dormindo as oito horas de sono por noite e 25% admitiram que a falta de sono estava afetando seu desempenho acadêmico. O problema é particularmente sério entre os calouros que estão enfrentando os rigores de um exame final de Universidade pela primeira vez, e entre os graduandos que sofrem com uma ansiedade crescente sobre seu ingresso no mercado de trabalho com a corrente depressão econômica. O conselho das autoridades escolares de saúde é o seguinte: evitar o uso de cafeína e álcool; use sua cama para dormir, não para estudar; tire uma sonecas, faça exercícios regularmente, não vire noites e — o melhor — “não se estressem”. Como se isso pudesse acontecer…

Outro estudo, este publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine, mostra que a falta de sono é comum entre os estudantes do segundo grau por causa do horário, muito cedo, do início das atividades escolares. O estudo mostrou que, começando as aulas uma hora mais tarde, os adolescentes  aumentavam sua média de horas de sono durante a noite e diminuíam a duração de seu sonos “para compensar” durante o fim de semana. O estudo descobriu, também, que os estudantes se envolviam em menos acidentes de trânsito. “É surpreendente que as escolas de 2º grau continuem a começar as aulas tão cedo, o que prejudica o aprendizado, a freqüência e a segurança no trânsito dos estudantes”, declarou a autora principal do estudo, Barbara Phillips, do Centro do Sono do Centro de Assistência Médica “Bom Samaritano” da Universidade de Kentucky em Lexington. O estudo acompanhou estudantes do 2º grau que, por um ano, começavam as aulas às 7:30 e, no ano seguinte, começavam uma hora depois, às 8:30.

Dor intencional “doi mais” do que a acidental

Pesquisadores da Universidade Harvard descobriram que a dor “dói mais” se a pessoa acreditar que alguém realmente está tentando lhe ferir. Em um estudo, publicado em Psychological Science, davam choques elétricos nos estudantes e pediam-lhes que avaliassem a dor. Quando os estudantes acreditavam que os choques não eram intencionais, não qualificaram os choques como tão dolorosos quanto quando acreditavam que outro estudante deliberadamente o tinha causado. “Este estudo mostra que, mesmo que dois eventos danosos sejam fisicamente idênticos, aquele feito intencionalmente para ferir, dói mais”, explica Kurt Gray, um estudante de pós-graduação que realizou o estudo com o professor Daniel Wegner. “Compare um tapa de uma amiga que tenta nos salvar de um mosquito, com o mesmo tapa dado por uma namorada irada. O primeiro a gente deixa para lá logo, enquanto o segundo arde pelo resto da noite”. Gray diz que o cérebro pode perceber um mal ou uma dor acidental como um evento único. Uma agressão intencional pode não ser um evento único, explica ele, de forma que “faz sentido que nosso corpo e nosso cérebro pode amplificar a experiência de dor, quando sabemos que a dor pode significar uma ameaça a nossa sobrevivência”.

Cientistas Loucos (porém Reais) na web

Os soviéticos realmente puseram 11 homens na cama em 1986 e os fizeram ficar lá por um ano para testar os efeitos do vôo espacial sobre o corpo humano? O Especialista Forense romeno Nicolas Minovici, como parte de sua pesquisa para seu artigo de 1905 “Estudos sobre o Enforcamento”, repetidamente se enforcou e a alguns de seus colaboradores para entender melhor como os enforcados se sentiam? Os psiquiatras em um sanatório suíço realmente tentarem descobrir a cura para a esquizofrenia, em 1948, usando a urina de pessoas a quem eles tinham administrado alucinógenos e drogando aranhas, para então mapear as teias das aranhas “doidonas”? Sim para todas as anteriores, de acordo com um engenheiro suísso, transformado em historiador de ciências, Reto Schneider, que transformou seu livro de 2005 acerca de ciência dispartatda, porém publicada, em um website que acrescenta algum colorido à história da pesquisa.  Schneider é, atualmente, o vice-editor da revista NZZ Folio, publicada pelo Neue Zurcher Zeitung em Zurique, Suíça.  Sua viagem na história da ciência pode ser encontrada em: http://www.madsciencebook.com


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.


O tradutor aproveita para observar que deixou passar uma série de boletins do ISNS, gerados por Jason Socrates Bardi, colaborador do ISNS, sobre assuntos divulgados na Convenção de Radiologia da América do Norte, em Chicago, no início do mês. As notícias eram longas demais, técnicas demais e, no fraco entender deste blogueiro, não acrescentavam grande coisa: uma delas falava que o mesmo exame de Tomografia, usado para detectar câncer no cólon, pode ser usado para detectar osteoporose (com as imagens do final da coluna cervical); outro falava um monte sobre as lesões ósseas que as crianças que praticam a ginástica artística olímpica fazem nos seus ossos em desenvolvimento, por causa do alto impacto dos movimentos… (Parecia mais que o Sr. Bardi queria dissociar sua presença em Chicago dos eventos que envolveram o governador do Estado do Illinois… 😉 )

Boas Notícias para as Siliconadas! (da AIP)

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9 de dezembro de 2008

Nova Terapia para Câncer de Mama Oferece Melhores Resultados Cosméticos para Mulheres com Implantes

Por Jason Socrates Bardi
Colaborador do ISNS

Chicago, Illinois, EUA — De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, o número de mulheres americanas que optaram por cirurgias de aumento do volume dos seios, aumentou sensivelmente nos últimos anos. Suas fileiras engrossaram de 212.500 em 2000, quando a cirurgia de aumento de busto era a quarta operação plástica mais comum, para 347.524 em 2007, quando o aumento de busto passou a ser o tipo de cirurgia plástica mais comum nos Estados Unidos.

Sem que isto esteja relacionado com a cirurgia cosmética, muitas dessas mulheres terão, mais tarde, câncer de mama, explica Robert Kuske, um professor de clínica médica no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Arizona e oncologista radioterapeuta nos Serviços de Oncologia do Arizona, em Scottsdale. A cirurgia de aumento de busto não aumenta as chances de ocorrência de câncer de mama, mas, como o câncer de mama é uma doença tão comum, dezenas de milhares de mulheres que fazem a cirurgia de busto, terão câncer de mama em algum ponto de suas vidas. O Instituto Nacional do Câncer (EUA) estima que uma em cada oito das mulheres americanas terão um diagnóstico de câncer de mama durante suas vidas.

A existência de implantes pode afetar o “resultado cosmético” da terapia contra o câncer. A terapia tradicional contra o câncer de mama inclui a radioterapia, que pode expor todo o seio (inclusive os implantes) à radiação. Um efeito colateral indesejado que ocorre freqüentemente é a formação de tecido quelóide em volta dos implantes, fazendo com que eles endureçam. Kuske diz que, na verdade, cerca de 55% das mulheres com implantes nos seios vão experimentar o indesejável endurecimento de seus implantes, após passarem pela tradicional irradiação total do seio.

No encontro anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), na semana passada em Chicago, Kuske apresentou os resultados de um estudo clínico que examina uma técnica conhecida como braquiterapia para o tratamento do câncer de mama, de forma a poupar os implantes.

A braquiterapia mata as células cancerosas expondo-as a uma radiação emanada de dentro de um tecido. Basicamente, pequenos cateteres de plástico são inseridos em uma área do seio nas imediações do local do câncer e, então, pequenas “sementes” que contém uma pequena quantidade do isótopo radiativo irídio-192 são inseridos nos cateteres. Esta técnica foi estudada por anos com mulheres sem implantes nos seios, diz Kuske, porém seu estudo é o primeiro a enfocar especificamente sua capacidade de tratar mulheres com implantes nos seios e conseguir melhores resultados cosméticos.

De junho de 2003 a junho de 2008, Kuske e seus colegas realizaram esse tratamento em 70 mulheres, todas elas com implantes nos seios e câncer de mama nos estágios iniciais. Depois que essas mulheres tinham seus cânceres removidos por intermédio de lumpectomia, lhes era administrada a braquiterapia por uma semana para matar as células cancerosas remanescentes.

O estudo demonstrou que a braquiterapia é eficaz no tratamento, enquanto preserva os implantes. Kuske descobriu que o endurecimento dos implantes ficou reduzido a zero.

“Este estudo parece ser bastante promissor, uma vez que a braquiterapia parece melhorar o resultado cosmético para as mulheres que têm implantes”, declarou John C. Roeske, PhD, um professor de radioterapia oncológica e diretor de Física de Radiação no Centro Médico da Universidade Loyola em Chicago, que não esteve envolvido no estudo. “Entretanto, os resultados são muito preliminares e devemos prosseguir com cautela. Em particular, é muito importante examinar criticamente os resultados a longo prazo e o acompanhamento clínico dessas pacientes”.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.


O tradutor se reserva o direito de ficar calado (e só depor em juízo) sobre a pertinência, a relevância e a oportunidade da matéria, bem como das mesmas coisas quanto ao comentário do outro oncologista citado.

“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (8/12/08)

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8 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service

E Você Pensava que os Elfos Eram Pequenininhos

Como é que Papai Noel e suas renas voadoras fazem para cobrir cerca de 5.200.000 km², parar em mais de 80 milhões de residências e entregar exatamente o brinquedo que cada criança deseja, tudo em uma única noite? Os cientistas têm trabalhado neste problema por anos a fio e as soluções estão começando a aparecer. Em 1998, os cientistas do Laboratório Nacional do Acelerador Fermi, próximo a Chicago, resolveram o problema do “cara gordo passando pela chaminé”, ao observarem que, se Papai Noel está viajando a uma velocidade próxima à da luz, seu corpo ficaria esticado por uma contração de Lorentz-Fitgerald e ele caberia. Eles também estabeleceram que, viajando somente um pouco abaixo da velocidade da luz, isso permitiria que ele visitasse os milhões de crianças em sua lista em cerca de 500 segundos.

Agora, um pesquisador da North Carolina State University, Raleigh, adicionou alguns dados à base de dados “Noélicos”, observando que Papai Noel e seus elfos provavelmente disõem de “conhecimentos avançados em ondas eletromagnéticas, do contínuo espaço-temporal, nanotecnologia, engenharia genética e ciências da computação”. Larry Silverberg, um engenheiro mecânico e aeroespacial, acredita que Papai Noel tem um “canal de informação” para os pensamentos das crianças, através de uma “antena receptora que combina as tecnologias atualmente usadas nos telefones celulares e EEGs (eletroencefalogramas). Um sofisticado sistema de comunicações processa os sinais, filtrando os dados, dando a Papai Noel as dicas sobre quem deseja o que, onde as crianças moram e quem foi bonzinho ou não”. Silverberg também observou que os dados são, provavelmente, processados em um sistema de navegação “onboard” do trenó.

No tocante às renas nos telhados, distribuindo os milhões de brinquedos, Silverberg oferece a seguinte explicação: “Suas renas — geneticamente modificadas para poderem voar, se equilibrar nos telhados e enxergar bem no escuro — não tracionam de verdade um trenó cheio de brinquedos. Em lugar disso, cada casa se torna a oficina de Papai Noel, porque ele utiliza um nano-fabricador-de-brinquedos {do tamanho de um punhado de átomos] para fabricar os brinquedos dentro das casas das crianças. Os presentes são criados no local, quando os nano-fabricadores-de-brinquedos criam — átomo por átomo — os brinquedos a partir de neve e fuligem, de modo bem parecido com o qual o DNA consegue comandar o crescimento de materiais orgânicos tais como tecidos e órgãos.”

Finalmente, Silverberg alerta as crianças para “não confiarem demais nas opiniões daqueles que dizem que não é possível entregar presentes pelo mundo inteiro em uma noite. É possível e isso se baseia em ciência plausível”.

Tome Duas Aspirinas e Chame Sua Camisa

A idéia de tecidos “eletrônicos” vem sendo discutida pelos cientistas há vários anos, freqüentemente no centxto de tecidos emissores de luz que podem fazer com que o vestuário mude de cores e reflita as cores de maneiras pouco usuais. Novas pesquisas, publicadas em Nano Letters, avalia a possibilidade de incorporar nanotecnologia em fibras de algodão para fabricar “vestuário com alto-conteúdo-tecnológico”. As fibras de algodão podem ser revestidas com eletrólitos (condutores de eletricidade) e nanotubos de carbono, e, então, revestidos com anticorpos que detectem a presença de albumina, uma proteína chave do sangue.  Nicholas Kotov, da Universidade de Michigan, Ann Arbor, observa que as roupas podem se tornar “sensores biomonitores e telemédicos”, que poderiam monitorar e difundir os sinais vitais de uma pessoa, progressos de doenças, ou poderiam mesmo detectar se um soldado em combate foi ferido. Kotov também afirma em seu artigo, em parceria com vários cientistas da Universidade Jiangnan, Wuxi, China, que deve ser possível criar fibras para vestuário que “coletem e armazenem energia”, permitindo que as pessoas se tornem seus próprios sistemas geradores e acumuladores de energia.

Um toque de tom verde, ou vermelho

Pesquisadores da Universidade Brown, em Providence, Rhode Island, EUA, descobriram que existe uma diferença genérica na cor da pele de homens e mulheres caucasianos: os homens têm a pele mais avermelhada e as mulheres tendem a ser mais “esverdeadas”. Para realizar o estudo, Michael Tarr, um cientista da cognição, analisou 200 imagens de homens e mulheres. Essas imagens foram fotografadas em 3-D, sob condições idênticas de iluminação e sem maquilagem. Tarr e seus colegas usaram um computador para analisar a quantidade de pigmento vermelho e verde nas faces. “Se houver mais do extremo vermelho do espectro [o rosto] tem uma maior probabilidade de ser um homem”, explica ele. “Se estiver mais para o lado verde do espectro, há uma probabilidade maior de ser uma mulher”.

Tarr criou um rosto composto, sexualmente ambíguo, e “nubliou” a imagem com ruído visual, semelhante à estática em uma tela de TV. Um grupo de estudantes, então, olhou para milhares de versões da imagem, alguns tingidos ligeiramente mais verde, outros ligeiramente mais vermelhos. Os estudantes identificavam cada imagem como homem ou mulher, e os resultados mostraram que as faces avermelhadas eram identificadas, de maneira consistente, como sendo de homens, enquanto as esverdeadas eram identificadas como mulheres. O estudo, publicado na revista Psychological Science, tem implicações nas pesquisas de ciência cognitiva, especialmente sobre nossa percepção de faces. Isto também pode ter aplicações no desenvolvimento de uma melhor tecnologia de reconhecimento facial, declarou Tarr, bem como para a indústria de propaganda.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (05/12/08)

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5 de dezembro de 2008

Um Diagnóstico de AVC mais Rápido Ajuda os Médicos a Ajudarem os Pacientes

Pesquisa Clínica Demonstra que um Tomógrafo Computadorizado (TC) Portátil no Pronto Socorro Torna o Diagnóstico Mais Rápido

Por Jason Socrates Bardi
Colaborador do ISNS

Chicago, Illinois, EUA – Médicos de Massachusetts relatam, nesta semana, uma maneira de auxiliar pessoas vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral), a terceira maior causa de óbitos nos EUA. Em um estudo apresentado na maior conferência médica do mundo, os médicos mostram que ter um TC portátil disponível no Pronto Socorro pode auxiliar a acelerar o diagnóstico e permitir o melhor tratamento possível para pessoas vítimas de AVCs.

O diagnóstico rápido pode ajudar as pessoas a se recuperarem de AVCs, segundo os médicos, porque aumenta a oportunidade de que elas sejam eligíveis para o tratamento com o medicamento t-PA, o único medicamento aprovado pela U.S. Food and Drug Administration (FDA) para AVCs.

A droga pode aumentar enormemente a capacidade de recuperação de um paciente com AVC, porém sua eficácia diminui rapidamente em um curto lapso de tempo. Um teste clínico, realizado em 2004 pela instituição National Institutes of Health descobriu que as pessoas tratadas com t-PA nos primeiros 90 minutos após a ocorrência do AVC mostravam a maior melhora, mas o mesmo estudo descobriu que não havia benefício obtido com o mesmo tratamento depois de várias horas. Os protocolos clínicos vigentes recomendam a administração de t-PA somente em um intervalo máximo de 180 minutos da ocorrência do AVC.

“O tempo é essencial”, declara David Weinreb, cujo relatório apresentado no encontro da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), nesta semana em Chicago, mostra uma maneira potencial de acelerar as coisas.

Um dos principais gargalos é o fato de que o t-PA não pode ser administrado a alguém antes que seja feito um diagnóstico por meio de TC. TC, ou tomografia computadorizada, é uma técnica comum que emprega Raios-X para imagear em camadas o cérebro. Os médicos podem usar as imagens para dar um diagnóstico definitivo de um AVC e de sua causa.

A causa de um AVC é uma peça de informação crucial porque nem todos os AVCs são iguais. A maioria acontece porque se forma um coágulo que oclui uma veia importante no cérebro — de modo similar a um infarto, onde um coágulo oclui o fluxo sanguíneo para o coração. A droga t-PA é uma terapia eficaz para as pessoas com este tipo mais comum de AVC, porque ela dissolve a obstrução e ajuda a restaurar o fluxo sanguíneo normal no cérebro.

Entretanto, os médicos não podem sair aplicando t-PA para todas as vítimas de AVCs. Cerca de 5% dos AVCs são causados por hemorragias cerebrais (em lugar de oclusões). Dar t-PA a uma pessoa que sofreu este tipo “hemorrágico” de AVC pode piorar seus problemas. A TC pode determinar se há sangramento e, se os médicos puderem se certificar rápido o suficiente de que não há sangramento, eles podem administrar t-PA.

Requisitar uma TC pode ser inevitável, mas não é algo sem problemas. Isto pode retardar o diagnóstico e fazer com que as pessoas passem da “janela” de 3 horas de eletividade para o tratamento com t-PA. Demoras como estas são uma das razões pelas quais muito poucas pessoas que sofrem AVCs são elegíveis para o tratamento com a droga, diz Weinreb. Isto é particularmente verdadeiro para pequenos hospitais comunitários que não possuem TCs dedicados a seus Pronto Socorros, tal como o caso do Hospital North Shore Medical Center em Salem, Massachussets, onde Weinreb e Stahl realizaram seu estudo.

Não obstante, Weinreb e Stahl descobriram que a disponibilização de um TC portátil, de menor porte, reduzia o tempo necessário para a obtenção de um imageamento pedido por um médico do PS pela metade (de uma média de 34 para 15 minutos). Eles estimam que isto aumentaria em 86% o número de vítimas de AVC atendidas dentro da janela de três horas e qualificadas a receber o t-PA.

“O advento de um maior número deste tipo de dispositivo, mais portátil, como esse, obviamente abre novas oportunidades para om tratamento de pacientes; porém devemos prosseguir com um entusiasmo cauteloso”, adverte Maryellen Giger, uma professora de radiologia e Diretora do Comitê de Física Médica da Universidade de Chicago, que não participou do estudo.

“Os TCs tradicionalmente pertencem ao setor de radiologia, onde são duramente testados e operados por especialistas em imageamento”, acrescenta Giger. “Se pusermos esses dispositivos sobre rodas e os ficarmos levando a outras áreas, precisamos nos assegurar que os mesmos níveis de segurança e qualidade de interpretação das imagens sigam junto, de sala para sala”.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Vênus “revelada”

Mistérios de Vênus revelados em comprimentos de onda invisíveis aos olhos humanos

Novas imagens obtidas pelos instrumentos a bordo da nave espacial da Agência Espacial Européia (ESA) “Venus Express” propiciam um ponto de vista inteiramente novo sobre a atmosfera turbulenta do planeta vizinho e revelam que os padrões globais no topo das nuvens venusianas são um resultado das temperaturas variáveis e da altitude das nuvens.


Altimetry of the cloud tops


Altimetria do topo das nuvens
Crédito: ESA


Usando as câmeras sensíveis ao ultravioleta e infravermelho da espaçonave, a equipe da “Venus Express”, que inclui cientistas do Reino Unido, foram capazes de comparar os diferentes aspectos apresentados pelo planeta em diferentes comprimentos de onda, o que lhes permitiu estudar as condições físicas e dinâmicas da atmosfera do planeta. Os resiltados serão publicados hoje (4/12) na revista Nature.

O Professor Fred Taylor, um dos cientistas da “Venus Express”, da Universidade de Oxford e com o apoio do Conselho de Instalações de Ciência e Tecnologia do Reino Unido (STFC), declarou: “As características observadas em Vênus, no espectro ultravioleta, têm sido um quebra-cabeças para os cientistas por quase um século. Essas novas imagens revelaram a estrutura nas nuvens que as produz e demonstra como elas resultam de um comportamento meteorológico complexo. Agora podemos estudar muito mais detalhadamente e tentar entender as origens de características tais como os vórtices semelhantes a furacões que ficam sobre os Polos Norte e Sul. Tal como muitas coisas em Vênus, inclusive o aquecimento global, essa característica tem semelhanças com o processo atmosférico e ambiental na Terra, só que a versão venusiana é muito mais extrema.”

As observações feitas com a câmera ultravioleta mostram várias características de alto contraste. A causa é a distribuição desigual de uma misteriosa substância química na atmosfera que absorve luz ultravioleta, criando zonas brilhantes e escuras. Mas qual é a espécie de substância química que cria essas zonas de alto contraste é algo ainda indeterminado. As candidatas mais simples já foram excluídas e a nova favorita é um composto complexo de enxofre. Provavelmente será necessário efetuar medições dentro das nuvens para identificá-la, mas já se sabe que a atmosfera de Vênus é carregada de enxofre vindo das erupções vulcânicas na superfície por baixo.


Venus’s southern hemisphere


Hemisfério Sul de Vênus
Crédito: ESA


O Professor Keith Mason, Executivo Chefe do STFC, declarou: “Estas novas imagens nos fornecem uma enorme gama de informações sobre as condições atmosféricas deste fascinante planeta vizinho. Agora podemos estudar Vênus mais detalhadamente, para compreender mais acerca de seus processos complexos.”

Com os dados da “Venus Express”, os cientistas aprenderam que as áreas equatoriais de Vênus que aparecem escuras na luz ultravioleta, são regiões de temperatura relativamente alta, onde a convecção intensa traz para cima o misterioso material da superfície. Em contraste, as regiões brilhantes nas latitudes médias são áreas onde a temperatura da atmosfera diminui com a profundidade, o que impede o ar de subir. Este efeito é mais extremo em um largo cinturão em torno dos polos, apelidado de “colar frio”, que aparece ainda mais escuro, portanto mais frio, nas medições em infravermelho, entretanto aparece como uma faixa brilhante nas imagens em ultrvioleta.

As observações no infravermelho foram usadas para mapear a altitude do topo das nuvens. De maneira surpreendente, as nuvens, tanto nos trópicos escuros, como nas brilhantes latitudes médias, estão localizadas na mesma altitude de cerca de 72 km acima da superfície. Na latitude de 60 graus, os topos das nuvens começam a afundar, alcançando um mínimo de cerca de 64 km no “olho” de um vórtica semelhante a um furacão, no polo, o qual mede cerca de 2000 km de diâmetro de gira em torno do polo a cada 2,5 dias.

Links para Imagens

  • Vênus no ultravioleta
    Imagem tomada pela Câmera de Monitoramento de Vênus no ultravioleto (0,365 micrômetros), de uma distãncia de cerca de 30.000 km.
    Mostra diversos altos contrastes, causados por uma substância química desconhecida nas nuvens que absorve a luz ultravioleta, criando as zonas brilhantes e escuras.
    Créditos: ESA/MPS/DLR/IDA.
  • Vênus no ultravioleta  e no infravermelho
    A parte inferior à esquerda mostra um mapa da inversão de temperatura no topo das nuvens venusianas, obtido a partir do Espectrômetro Imageador Térmico de Luz Visível e Infravermelho (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer, VIRTIS), no lado noturno do planeta. Quanto mais escura a região, mais frios são os topos das nuvens. Acima à direita está uma imagem em ultravioleta do lado diurno venusiano, capturada pela Câmera de Monitoração de Vênus (Venus Monitoring Camera, VMC), simultaneamente com a imagem noturna em infravermelho.
    O ultravioleta revela a estrutura das nuvens e as condições dinâmicas da atmosfera, enquanto o infravermelho fornece informações sobre a temperatura e a altituade do topo das nuvens.
    Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA.
  • Altimetria do topo das nuvens
    Uma imagem ultravioleta da VMC com um mosaico colorido superposto, mostrando a altitude do topo das nuvens. O mosaico colorido é derivado das medições simultâneas de pressão feitas pelo VIRTIS.
    Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA.
  • Hemisfério Sul de Vênus
    figura 1
    figura 2
    figura 3
    Neste mosaico, as imagens infravermelhas foram tomadas em um comprimento de onde de 5 micrômetros (em vermelho) e foram superimpostas a imagens em ultravioleta, tomadas a 0,365 micrômetros.
    As  áreas brilhantes nas imagens infravermelhas seguem as temperaturas do topo das nuvens. O objeto oval que aparece nessas imagens é o olho gigante de um furacão, ou vórtice polar, no Polo Sul do planeta. Seu centro é deslocado do Polo Sul e a estrutura tem cerca de 2.000 km  de diâmetro, girando em torno do polo a cada 2,5 dias. A atmosfera gira no sentido anti-horário na figura.
    Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA.

Contatos

Link

Website da missão “Venus express” no ESA

“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (2/12/08)

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2 de dezembro de 2008

Cientistas Desenvolvem a Embalagem Perfeita

Uma nova espécie de carbono fornece um novo tipo de invólucro

Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS

Contêineres a prova de vazamentos de ar não são sempre tão herméticos. Com qualquer criança vai descobrir no dia seguinte ao da festa de aniversário, mesmo um balão de hélio com a boca bem apertada vai vazar o gás nele contido, ao longo de muitas horas. Agora os cientistas apareceram com uma barreira soberbamente eficiente que não deixa coisa alguma penetrar ou escapar.

O novo tipo de material de embalagem é feito de grafeno, um tecido natural de carbono com um só átomo de espessura, tão fino que as finas folhas de grafeno só pode ser visto através de um microscópio.

Um parente próximo e mais familiar de tipo de carbono, a grafite, é usada em lápis. No nível microscópico, a grafite consiste de bilhões de folhas de átomos de carbono bidimensionais. O fato dessas folhas serem fracamente ligadas entre si, é o que faz a grafite ser um lubrificante tão bom. O grafeno é o que se obtém quando se pega as camadas da grafite, uma de cada vez. Pequenas fatias de grafeno — imagine uma tela de galinheiro feita de átomos de carbono — foram descobertas somente há alguns anos, quando físicos as extraíram de um pedaço de grafite.

Agora, por causa das interessantes propriedades do grafeno — como, por exemplo, o fato de que os elétrons fluem por ele sem perder muita energia — ele se tornou um assunto “quente” entre os físicos. Uma das propriedades mais imprerssionantes é sua força mecânica, surpreendente, já que é um material tão fino.

Tanto experiências em laboratório, como simulações realizadas com computadores, agora demonstraram que folhas de grafeno podem suportar altas pressões e funcionar como contêineres ideais, e os físicos da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, estudaram como folhas de grafeno podem manter gases dentro de um pequeno balão.

Se um átomo qualquer será capaz de escapar de uma sacola nanoscópica, este seria um átomo de hélio, o segundo elemento mais leve no universo, que tem propriedades que o tornam difícil de prender. Porém, de acordo com o pesquisador de Antuérpia Ortwin Leenaerts, até o hélio é incapaz de escapar de seu envoltório atomicamente fino. Ele e seus colegas publicaram suas descobertas na revista Applied Physics Letters.

Uma experiência na Universidade Cornell, em Ithaca, New York, no laboratório de Harold Craighead, com uma folha de grafeno esticada sobre uma pequena garrafa contendo gás, demonstrou que até gás sob alta pressão fica retido. O trabalho da equipe de Craighead foi publicado em Nano Letters. [Nota do tradutor: o press-release foi traduzido e publicado aqui, em 23 de setembro. Vide: “Balão Mágico”]

Leenaerts diz que o grafeno, além de suas propriedades elétricas, pode contribuir para várias aplicações nanotecnológicas. Os examplos incluem minúsculos sensores de pressãop: dependendo da pressão de um gás em uma pequena garrafa, a “rolha” de grafeno iria vibrar em freqüências características. Um pedacinho de grafeno poderia servir como nanoressonador: preso de dois lados, o grafeno vibraria em freqüências de rádio. Se poderia enviar um sinal elétrico, fazendo o grafeno funcionar como uma minúscula antena de rádio. O grafeno poderia ser até usado como uma membrana artificial. Moldado em algo parecido com uma célula artificial, o grafeno poderia conter medicamentos para serem lançados dentro do corpo.


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