O focinho que causa o rabo

Se os homens ficassem grávidos,
o aborto seria um sacramento”.
Florynce Kennedy

Salve, Pessoal! Lembram-se quando, a algum tempo atrás, um Médico nos EUA observou que as mulheres com mais de 40 anos que engravidavam e pariam, eram normalmente saudáveis? E que, a partir dessa observação, ele “deduziu” que a gravidez acima dos 40 anos “era saudável para as mulheres”? Bom… Eu sou tabagista e já sobrevivi um enfarto e a uma cirurgia de pontes de safena (mas não tomei vergonha na cara…) Como eu, conheço outros. Será que o bom Doutor, baseado nessas amostras, chegaria à conclusão que fumar faz bem para cardiopatas?
Isso lembra aquela historinha do cara que, todo dia, sentava-se atrás de uma cerca, na qual faltava uma tábua, e via, de manhã, uma vaca indo para o pasto; de tarde, a vaca voltando do pasto. Um dia, após muito refletir, ele disse: “Descobri! O focinho causa o rabo!”
Pois, agora, me parece que alguém descobriu um novo “focinho que causa o rabo”. […como não podia deixar de ser, o Daniel me passou a perna e meteu um link no site dele para a matéria, originalmente publicada no New York Times…] Eu vou usar a transcição da matéria feita pelo “O Globo”. Lá vai:
17/05/2005 – 18h05m
Desenvolvimento embrionário explica orgasmo feminino, sustenta pesquisadora em livro
The New York Times
NOVA YORK – Estudiosos da evolução nunca tiveram dificuldade de explicar o orgasmo masculino, firmemente atrelado, como é, à reprodução. Mas a lógica darwiniana por trás do orgasmo feminino permaneceu uma incógnita. As mulheres podem ter relações sexuais e até engravidar – fazendo sua parte para a perpetuação da espécie – sem experimentar o orgasmo. Então, qual o propósito evolutivo disso?
Ao longo das últimas quatro décadas, cientistas surgiram com uma variedade de teorias, argumentando, por exemplo, que o orgasmo encoraja as mulheres ao sexo e, assim, à reprodução; ou que ele leva as mulheres a favorecer homens mais fortes e saudáveis, maximizando as chances de sobrevivência de sua prole.
Mas, em um novo livro, a filósofa de ciências e professora de biologia da Universidade de Indiana Elisabeth A. Lloyd examina as 20 principais teorias e revela como cada uma delas deixa a desejar. O orgasmo feminino, ela argumenta, não tem qualquer função evolutiva.
Em “O Caso do Orgasmo Feminino: Preconceito na Ciência da Evolução”, Elisabeth A. Lloyd diz que a teoria mais convincente é de 1979. Foi concebida pelo antropólogo Donald Symons. A teoria diz que o orgasmo feminino é simplesmente um artifício – um subproduto do desenvolvimento paralelo de embriões femininos e masculinos em suas primeiras oito a nove semanas de vida.
Nesse período preliminar, são estabelecidos os caminhos de nervos e tecidos para vários reflexos, inclusive o orgasmo, lembra Lloyd. Com o desenvolvimento, hormônios masculinos saturam o embrião, e a sexualidade é definida.
Nos meninos, o pênis se desenvolve, com o potencial para orgasmos e ejaculação; as meninas, porém, “obtêm os mesmos caminhos para o orgasmo por terem, inicialmente, o mesmo planejamento corpóreo”.
Nos homens, os mamilos são, igualmente, vestígios, compara a professora. Enquanto nas mulheres os mamilos têm propósito, os mamilos masculinos parecem ser simplesmente restos de um estágio inicial de desenvolvimento embrionário.
Por essa lógica, o orgasmo feminino, ela diz, “é para divertir”.
A professora Lloyd diz que os cientistas insistiram em encontrar uma função evolutiva do orgasmo feminino em seres humanos, porque eles investiram na crença de que a sexualidade das mulheres tem que encontrar um paralelo exato na dos homens ou porque eles estavam convencidos de que todos os traços têm que ser “adaptações” – ou seja, têm que servir uma função evolutiva.
As teorias sobre o orgasmo feminino são significativas, acrescenta a pesquisadora, porque “as expectativas dos homens sobre a sexualidade normal das mulheres, sobre como as mulheres deveriam se comportar, são construídas com base nessas noções”.
– E os homens são os que refletem imediatamente para a mulher se ela é ou não adequada sexualmente – diz a professora, que usou como um ponto central de sua tese o fato de que as mulheres não têm orgasmos freqüentemente quando fazem sexo.
Ela analisou 32 estudos, realizados ao longo de 74 anos, sobre a freqüência do orgasmo feminino durante o sexo.
Quando a relação era “não assistida” – não acompanhada pela estimulação do clitóris – apenas um quarto das mulheres estudadas experimentavam orgasmos freqüentemente ou muito freqüentemente durante o sexo, descobriu a pesquisadora.
Cinco a dez por cento delas nunca havia tido orgasmos. Ainda assim, muitas dessas mulheres ficaram grávidas.
Os números a que a professora Lloyd chegou são menores do que os detectados por Alfred Kinsey, relatados no livro “O comportamento sexual no ser humano feminino”, de 1953. Na pesquisa de Kinsey, 39% a 47% das mulheres relatavam ter orgasmo sempre ou quase sempre durante a relação sexual. Mas Kinsey, explica Lloyd, incluiu orgasmos assistidos pela estimulação do clitóris.
Lloyd diz não ter dúvidas de que o clitóris seja uma adaptação, selecionada para criar excitação, levando ao sexo e à reprodução. Mas “sem uma ligação com a fertilidade e a reprodução”, diz a professora, “o orgasmo não pode ser uma adaptação”.
Nem todo mundo concorda. O professor de biologia John Alcock, da Universidade do Estado do Arizona, criticou uma versão preliminar da tese de Lloyd, discutida em 1987, num artigo do renomado paleontólogo e divulgador da ciência Stephen Jay Gould, na revista “Natural History”.
Por telefone, Alcock disse que ele não havia lido o novo livro de Lloyd, mas que ele mantinha sua opinião de que o fato de o orgasmo “não ocorrer toda vez que uma mulher faz sexo não é prova de que não seja uma adaptação”.
– Estou pasmo com a noção de que o orgasmo tem que acontecer todas as vezes para ser uma adaptação – disse o cientista.
Alcock teoriza que a mulher pode usar o orgasmo “como um meio inconsciente de avaliar a qualidade de um macho”, sua adequação genética e, assim, quão apropriado ele seria como pai de sua prole.
Mas será o Benedito? Senão vejamos: a toda necessidade fisiológica do corpo humano, satisfazê-la corresponde a uma sensação de “prazer” e não satisfazê-la, corresponde a uma sensação de “desconforto”. Isso é verdade para alimentação (“fome” e “saciedade”), ingestão de água (“sede” e “saciedade”), excreção de dejetos (“alívio” e “aperreio”), autoproteção (“dor”, “ardência” e “alívio”) e até do instinto gregário (“aprovação pelo grupo” e “rejeição pelo grupo”). Porque, com mil demônios tibetanos, teria que ser diferente para o “Instinto de Preservação da Espécie”???
Realmente, o emprenhamento de uma mulher pode ser realizado sem que ela sinta prazer com isso (que o digam as sociedades que praticam o costume inqualificável de “Circuncisão Feminina“). Mas, se uma mulher frígida tiver como escapar à prática do sexo (ou seja, possar escapar do estupro — porque sexo sem prazer é estupro), a Perpetuação da Espécie passa a contar com menos uma reprodutora voluntária. Sem contar que, copular com uma mulher que não sente qualquer prazer com o ato, me parece uma forma de necrofilia… (mas há quem goste…). Quanto aos efeitos da estimulação dos mamilos dos machos e do ânus, em ambos os sexos, eu vou me eximir da discussão, para não me tornar mais escabroso, ainda. Mas, para quem não sabe, sabem como é que se faz um touro ejacular o semen para coleta e comercialização? Introduzindo um aparelho que dá pequenos choques no reto do pobre animal e botando uma “camisinha” para coletar o semen… QED!…
Em suma,a “filósofa de ciências e professora de biologia da Universidade de Indiana Elisabeth A. Lloyd” perdeu uma excelente ocasião de ficar calada!

Tem alguém de porre! (Será que sou eu?…)

Salve, Pessoal! Vou transcrever (pelo menos parcialmente) três notícias publicadas em “O Globo”, hoje. Comparem e tirem suas conclusões. Eu apresento as minhas no fim.
18 de maio de 2005 Versão on line
ECONOMIA
18/05/2005 – 10h30m
Palocci sugere política monetária ‘menos restritiva’ e queda de juros em 2005
Agências Internacionais
LONDRES – Em entrevista ao jornal britânico “Financial Times”, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que as perspectivas para 2005 são de uma política monetária “menos restritiva” e de queda de juros. O ministro acrescentou que o pior da inflação parece já ter passado e que “a política monetária começou a surtir efeito”.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta-feira se muda a taxa básica de juros da economia, a Selic, que está em 19,50% ao ano. Uma aceleração da inflação em abril levou uma boa parte do mercado a apostar em uma nova alta de 0,25 ponto percentual nos juros. Mas vem ganhando força o grupo de analistas que acredita na manutenção da taxa nesta reunião.
Ao ser perguntado se as taxas cairiam este ano, o ministro respondeu:
– Esta é a perspectiva.
Palocci admitiu na entrevista que a política de expansão do crédito adotada no ano passado, como as linhas de empréstimo com desconto em folha de pagamentos, contribuiu para pressionar a inflação, mas acrescentou que “a médio e longo prazo será bom para a economia”.
O ministro também disse ao jornal britânico não acreditar que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vá flexibilizar a meta de inflação para 2007, fixada em 4,5% ao ano, ainda que não queira antecipar nenhuma decisão.
O ministro reafirmou ser contrário à proposta de elevar o teto da meta de inflação, como defendem alguns membros do PT.
– Não gosto da idéia. Não concordo com os que acreditam que um pouco mais de inflação gera mais crescimento. No Brasil essa teoria já demonstrou estar errada e não estou disposto a pô-la em prova novamente – disse o ministro.
Palocci afirmou ainda que o real, que chegou a seu maior nível em três anos no começo deste mês e já começa a afetar as exportações, vai se desvalorizar de forma gradual.
Esta é a opinião do Ministro da Fazenda. Agora, vejamos o que pensa o Presidente do Banco Central:
18 de maio de 2005 Versão on line
ECONOMIA
18/05/2005 – 20h43m
Copom eleva juros para 19,75% ao ano
Paula Dias, Nice de Paula e Eduardo Diniz – Globo Online
RIO e SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual com viés neutro. Com a alta, a nona seguida, a Selic sobe para 19,75% ao ano.
Na justificativa, divulgada logo após o anúncio da taxa, o Copom repetiu o mesmo texto das altas anteriores: “Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros iniciada em setembro, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic para 19,75%”.
A decisão frustrou boa parte dos analistas, que apostava na manutenção da taxa, sobretudo depois que o Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) da Fundação Getúlio Vargas apontou inflação zero em abril e a segunda prévia do IGP-M registrou deflação este mês. Os IGPs refletem, principalmente, os movimentos de preços no atacado. No varejo, a segunda prévia do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe também mostrou desaceleração da inflação no varejo.
O problema é que os sinais de arrefecimento da inflação ainda não estão muito claros. O Boletim Focus, do Banco Central, mostrou no início da semana que o mercado elevou pela 11ª semana consecutiva a projeção para a inflação deste ano medida pelo IPCA, índice usado no sistema de metas e que mede a inflação para o consumidor final: a média do mercado acredita que o IPCA fechará o ano em 6,39% (o BC já anunciou que persegue a meta de 5,1% para 2005). Daí, para evitar que a inflação fuja da meta – que é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional – o BC eleva os juros, buscando conter a demanda e segurar as altas de preços.
Analistas como Paulo de Sá Pereira, estrategista da Sul América Investimentos, afirmam que o principal motivo de os diretores do BC terem elevado a taxa pela nona vez são as taxas ainda elevadas da inflação corrente.
– O temor é de que a inflação corrente contamine a inflação de médio prazo. Mas o ciclo aparentemente está no final, com a desaceleração dos índices de preços no atacado. Precisamos agora esperar pela ata da reunião, que vai apontar os fatores de risco levados em conta na decisão – disse Sá Pereira.
Apesar de toda a pressão política contra a alta dos juros, inclusive de membros do governo, a maioria dos analistas financeiros prevê que a taxa básica só deverá voltar a cair a partir de setembro ou outubro.
Agora, vejamos os efeitos da elevação da Taxa de Juros (SELIC), sobre a Dívida Pública:
18 de maio de 2005 Versão on line
ECONOMIA
18/05/2005 – 11h09m
Dívida interna permaneceu estável em abril, mas parcela indexada à Selic cresceu
Martha Beck – O Globo
BRASÍLIA – O resgate líquido de títulos públicos fez com que o estoque da dívida mobiliária federal (a dívida do governo interna em títulos) se mantivesse em R$ 874 bilhões em abril. No mês passado, os resgates de títulos superaram as emissões em R$ 9,3 bilhões. Mesmo assim, a dívida indexada à taxa Selic cresceu de 57,7% em março para 59,2% do estoque total em abril.
Já a participação de títulos prefixados caiu de 21,5% em março para 20,2% em abril, devido principalmente a um resgate líquido de R$ 13,3 bilhões. Mais uma vez a dívida indexada à taxa de câmbio voltou a cair, passando de 4,2% para 4% entre março e abril. Segundo o Tesouro Nacional, isso ocorreu devido a um resgate líquido de R$ 800 milhões em títulos e à apreciação cambial de 5,06% no mês.
Pela terceira notícia, vocês percebem que o Banco Central jogou no lixo R$ 9,3 bilhões, no mês passado… Na segunda notícia, o que está omitido é que a “Taxa de Inflação” medida (que não é taxa de inflação merda nenhuma! Aumento de preços é um sintoma de inflação; de inflação e de outros fenômenos. Assim como “febre” não é doença! É sintoma! Tente tratar de uma dengue com antitérmicos: a febre vai baixar um pouco e o pacienta vai acabar morrendo!) é resultado direto do aumento dos “preços administrados” (leia-se: petróleo e seus derivados, e tarifas de serviços públicos). “Inflação” é aumento de base monetária, sem o correspondente aumento da produção de bens e serviços. A principal fonte de inflação é o endividamento, público e privado. Agora, pergunte: quem é que está, cada vez mais, se endividando e endividando os outros?
Enquanto isso o Palhaço Palloci, em Londres (advinhe às custas de quem…) fala ao Financial Times em “política monetária menos restritiva e queda de juros”. Será que ele acha que alguém acreditou? Será que ele próprio acredita no que falou?
O Serverino pode ser uma piada de mau gosto, mas, quando ele fala em “botar freio no COPOM”, eu só posso concordar.
Acorda, Lula! Deixa de sonhar com as púrpuras do poder e comece a ver as responsabilidades de ser Presidente!

Haja paciência!…

Salve, Pessoal! O assunto de hoje é mais impessoal. Na verdade, é exatamente sobre “impessoalidade”.
O ser humano sempre teve preguiça de pensar. Antes que me venham com exemplos sobre filósofos, cientistas pesquisadores, teólogos e outros pensadores, eu pergunto: para um Cesar Lates, quantos preenchedores de bilhete de passagem de ônibus, balconistas, operadores de tele-marketing e quejandos existem? De que outro modo explicar o fenômeno do Fundamentalismo Religioso? Preguiça de pensar… Leia o Manual e, caso não entenda ou não ache o capítulo certo, pergunte ao Especialista. Eu mesmo venho de um meio (a Caserna), onde isso é particularmente verdadeiro. Velho adágio da Marinha: “Na Marinha nada se cria, tudo se copia”. Em meu curso na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (eu fui Fuzileiro Naval), se dizia, a boca-pequena, que, no Palácio Duque de Caxias, havia uma sala, cheia de Coronéis Reformados, muito velhinhos, que ainda estavam redigindo os Planos de Operações da FEB; se a FEB fosse esperar que os Planos ficassem prontos, jamais teria entrado em combate…
Mudando de assunto (aparentemente), seja Alexander Graham Bell ou Antonio Meucci que inventou o bendito telefone, ele não imaginava o pesadelo que estava criando. Junto com a conveniência de poder falar, instantaneamente, com qualquer parte do mundo, veio a contrapartida: qualquer panaca pode invadir sua privacidade, a qualquer hora. Não é uma delícia quando, às 3 da madruga, seu telefone toca? E, aí, quando você atende, vem a inominável musiquinha e aquela voz melosa informando: “chamada interurbana a cobrar!”, principalmente se você tem parentes em outra cidade (pior ainda, se forem idosos ou doentes). Você pensa: “Pronto! Meu Deus! Lá vem desgraça!…” Aí, dá o bip e do outro lado da linha: silêncio… E você: “Alô! Alô!…” Até que uma voz, totalmente desconhecida, diz: “Alô!… Quem é que está falando?…”, como se fosse você, que está pagando pela ligação, é quem tivesse a obrigação de se identificar. Normalmente, vão lhe perguntar se “é da casa do fulano” (que você não conhece), ou insistir “Quem é que está falando?”, ou então, você ouve a pessoa se dirigindo a alguém que está perto dela, dizendo “SSShhh! Peraí que a ligação está péssima” e, para você, “Não estou ouvindo nada. Fala mais alto!” Bater o telefone (acompanhando o ato com uma citação de Bocage), não adianta, porque o desmiolado vai repetir a aporrinhação, pensando que a ligação simplesmente “caiu”… Você sai de uma experiência dessas achando que o Inventor da Iron Maiden (veja a ilustração) não era, afinal, mau sujeito…
Pois, agora, graças ao desenvolvimento da automação eletrônica, além do Telemarketing e do Spam, os sádicos modernos desenvolveram duas novas formas capazes de irritar uma estátua do Buda Gautama.
Uma é o serviço de atendimento telefônico automatizado. O tipo: para fazer isso, tecle tal, para fazer aquilo, tecle qual… O mais novo refinamento dessa tortura é a mensagem inicial do atendimento. Por exemplo, a Ampla (antigamente conhecida como CERJ, acrônimo de Continua no Escuro o Rio de Janeiro. Já ouvi dizer que “Ampla” é acrônimo de Agora Mesmo que a Porcaria da Luz se Apagou), quando você disca para o 0800 para informar que a energia elétrica de sua rua caiu, lhe passa um sermão de cerca de três minutos, explicando que você pode pagar suas contas de luz nas farmácias e quitandas credenciadas (mas que a Caixa Econômica Federal não está mais aceitando pagamento de contas vencidas, portanto não adianta tentar pagar nas Lotéricas) e, para add insult to injury, manda você (que está no escuro) procurar no site acima a relação das ditas farmácias e quitandas (como se todo o mundo no Brasil tivesse um computador…). Já a Telemar(dita), nesses últimos dias, botou um telemarketing implícito: “Se você quer adquirir um OI na promoção especial do Dia das Mães, tecle 2; para qualquer outro serviço, tecle 4”.
Vamos imaginar que, depois de teclar cada opção (como em um menu de dBase III), você seja remetido ao serviço que você quer, aparece de novo a vozinha melosa com a ameaçadora mensagem: “Por favor, aguarde enquanto transferimos sua ligação para um de nossos atendentes”. Aí, depois de vários minutos ouvindo propaganda da empresa, ou uma musiquinha enlatada (capaz de fazer o Cristo Redentor bocejar de tédio), finalmente, o atendente lhe atende (isso se você tiver sorte; senão, você fica ouvindo o som ambiente dos atendentes batendo papo, até a ligação cair, ou ouve “Aguarde…” e tome mais musiquinha!). Isso tudo, para depois que você deu todos os dados que o atendente pediu, ele lhe informar que não pode implantar o serviço pedido, porque o “sistema caiu”!!!
A outra maldição é exatamente o SISTEMA! Como eu já disse, no início, as pessoas têm preguiça de pensar. Não seja por isso! Vamos programar sistemas informatizados que pensem pelas pessoas. Inclusive, que tomem as decisões pelas pessoas. Eu morro de pena dos funciários da Caixa Econômica Federal. Eu só fiquei três horas esperando que o sistema aceitasse uma alteração cadastral minha; o pobre funcionário tem que trabalhar com o sistema durante todo o expediente. E os Internet Bankings? Você quer fazer um pagamento via Internet? E você tem um acesso discado? Se ferrou, malandro! A partir das 22:00h, você só pode consultar saldo e extrato… Só que o sistema espera você digitar todo o código de barras do boleto, enviar sua senha, informar dia (ou mês, ou ano) de nascimento, cada passo destes em uma página que carrega bem devagar, porque tem um javascript diferente, para, no fim, lhe informar que a transação não está disponível naquele horário! Inibir o ítem do menu de transações, a partir de um certo horário, ou remetê-lo a uma página que informe isso, pra que? Não é o corno do programador que vai perder seu tempo: é você, trouxa, que ainda paga para receber esse tipo de serviço!
Donde se conclui: “chi fá, non sá…”

Justiça?…

Salve, Pessoal! Vou falar de dois casos que envolvem o Poder Judiciário do Brasil, aparentemente não relacionados.
O primeiro, envolve uma disputa entre o casal Garotinho e a Justiça Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. Eu não vou entrar no mérito da decisão da Juiza Eleitoral de Campos, Denise Appolinária, por dois motivos. Um, porque o casal Garotinho não me inspira simpatia alguma, com sua politicagem clientelista e pseudo-assistencialista. Se alguma coisa pode dizer das orientações políticas dos Garotinho, basta lembrar que ele foi eleito Governador do RJ como candidato do PDT (por indicação do finado Leonel Brizola e de mortui, nul nisi bonum). Depois, saiu-se candidato à Presidência da República pelo PSB, mesmo partido pelo qual sua mulher, Rosinha, se elegeu Governadora do RJ. Agora, estão ambos no PMDB… Isso é que é fidelidade partidária! Dois, porque eu não estou inteirado do teor do processo e não tenho meios de aquilatar se a Juiza dispunha ou não de elementos de convicção suficientes para condená-los à ineligibilidade por três anos, como fez. O casal Garotinho fez declarações públicas de que a Juiza é uma simpatizante do PT e que a sentença é meramente política partidária. (Ponto, passemos ao outro caso).
O Desembargador Gabriel Marques, do Tribunal de Justiça de Rondônia, concedeu liminar proibindo a exibição, no Estado de RO, de uma reportagem exibida no programa “Fantástico” do último domingo, exibindo gravações feitas pelo Governador do Estado, Ivo Cassol, de Deputados Estaduais achacando o Governador, pedindo favorecimentos (evidentemente ilícitos) a correligionários, em troca de apoio irrestrito às propostas do governador que fossem à Assembléia Legislativa Estadual. A Globo está fazendo mais barulho do que bode embarcado… O jornal “O Globo” de hoje publicou uma matéria, parcialmente transcrita abaixo:
Carolina Brígido – O Globo
Globo Online
BRASÍLIA – O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, criticou nesta segunda-feira a decisão judicial que impediu a TV Globo de exibir uma reportagem sobre corrupção em Rondônia, que seria apresentada no programa “Fantástico”, neste domingo. O vídeo mostra deputados pedindo dinheiro e favores ao governador Ivo Cassol (PSDB). A liminar proibindo sua veiculação foi concedida pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia Gabriel Marques, a partir de um pedido assinado por 21 parlamentares do estado.
– É lamentável. É fundamental que as informações circulem. Qualquer tentativa de retorno da censura é condenável e não pode ser aplaudida nem tolerada – disse Fonteles.
Palmas para o Procurador Fonteles e a todos os que se solidarizaram contra essa medida atrabiliária do Desembargador Marques!
Agora, vamos ao ponto que eu guardei escondido no bolso.
Extraído de outra matéria publicada n’ “O Globo” de hoje, sobre o affair dos Garotinho com a Juiza Appolinária:
Na quarta-feira, a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), fará ato público pela democracia em Campos, com a presença do desembargador José de Magalhães Peres (presidente da Amaerj) e do juiz Rodrigo Collaço (presidente da Associação dos Magistrados do Brasil).
Muito justo sair em defesa de uma decisão de juizo de Primeira Instância, que ainda pode ser revertida pelo Tribunal de Justiça do RJ, em nome de desagravar a Juiza que foi acusada de ter exarado uma decisão não apoiada pelos autos do processo.
Eu só gostaria de saber o que as Associações de Magistrados do Brasil e do RJ têm a dizer sobre o ato do Desembargador Marques de Rondônia! A do RJ pode até alegar que o caso não lhe diz respeito, mas a do Brasil?… Nem uma palavrinha?…
Podem dizer o que quiserem sobre o Senador ACM, mas ele tem toda a razão: já passou da hora de se estabelecer o controle externo do Poder Judiciário! Tem que haver um modo de dar impeachment em juizes que exorbitam de suas funções! E, como demonstra as reações da Associação dos Magistrados do Brasil sobre os dois casos descritos, o Poder Judiciário (infelizmente) está eivado de um corporativismo maior do que o Legislativo.
Ou seja: “Chi sá, non fá…”
Atualizando em 19 maio 2005
A principal testemunha da acusação ao casal Garotinho (um sujeito ligado ao PL — e, a essas alturas já desligado) resolveu voltar atrás e desmentir tudo o que “mentiu”. Seja porque foi ameaçado, seja porque foi comprado, ou seja porque não foi pago por quem prometeu, o fato é que, sem esse depoimento, existe a forte possibilidade da sentença da Juíza (devidamente desagravada hoje, em ato público com razoável cobertura da imprensa) seja revertida pelo Tribunal Regional Eleitoral. E, na propaganda política em horário nobre, o PMDB afirmou que vai lançar candidato próprio à sucessão de Lula. Pelo tom das críticas feitas, Garotinho parece ser a “bola da vez”…
Ah!… Sim… No ato público ninguém falou nada sobre o caso de Rondônia…

Síndrome do Titanic

Salve, Gente! Deixa o Lula pra lá… (gente melhor do que eu, já escreveu o suficiente sobre a “mosca azul” que picou nosso Presidente).

Mais uma vez, eu encontrei um link interessante no BLOG do Daniel, sob o título “Are you being served?” (The Economist). Se você não sabe (ou tem preguiça de) ler em inglês, eu dou um breve resumo: a partir da análise da necessidade de reflorestar as nascentes que abastecem de água o Canal do Panamá, o articulista chega à brilhante conclusão que gastar dinheiro com restauração da natureza, é um investimento economicamente compensador! E discute diversos outros exemplos pelo mundo a fora. (“Abstract” mais abstrato do que esse, vai ser difícil encontrar…)

O ponto importante é que até os “Porcos Capitalistas” estão vendo o óbvio. Poluição, gasto desenfreado de recursos naturais não-renováveis, desmatamento indiscriminado, impermeabilização do solo (via super-conurbações), tudo isso tem efeitos economicamente indesejáveis e em prazos não tão longos assim. O que está assustando os nossos vizinhos do hemisfério Norte é que o processo está se acelerando! Afinal, durante séculos eles destruíram suas florestas, poluíram seus rios e lagos, extinguiram um sem-número de espécies animais, exauriram seus solos e lançaram toneladas de poluentes na atmosfera, e, aparentemente, nada aconteceu!

Mas, será isso verdade? Qualquer inglês que tenha conhecimento do custo da despoluição do Tâmisa, sabe que isso envolve catadupas de dinheiro e tecnologia de ponta. Exatamente o que, cá no hemisfério Sul, faz falta. O articulista do The Economist propõe (usando o exemplo do Canal do Panamá) que os capitalistas do Norte, cujos interesses sejam afetados pelas agressões à natureza no Sul, “façam uma vaquinha” para financiar esses projetos. Uma espécie de “pedágio ecológico”… Bom… Pode ser que, no caso específico do Canal do Panamá, seja fácil mostrar àqueles que se beneficiam da redução nos custos do transporte marítimo, que isso é um investimento com retorno garantido (afinal, fica muito mais caro usar a rota do Estreito de Magalhães…). E quanto aos assuntos menos evidentes? Como é que fica? E o tal Protocolo de Kioto? (se você duvida que alguém duvide, dê uma olhada na página JunkScience…)

Por outro lado, é muito fácil ficar jogando a culpa da degradação do meio-ambiente para cima do Norte rico e persistir em práticas agrícolas superadas, desperdício de recursos naturais (renováveis ou não) e em todas as práticas condenáveis que herdamos, junto com nossa cultura de colônia, dos modelos europeus de nossa cultura.

O que é que nós estamos, realmente, fazendo para preservar os recursos naturais de nosso país? A resposta aparece, de maneira eloquente, quando se olha para o Rio Paraíba do Sul!… Muita falação, muito discurso, muita Lei, muito Decreto, muito Grupo de Trabalho, e xongas de ação! A desculpa é a de sempre: falta dinheiro…

Estão pensando que o caso é novidade? Lêdo engano d’alma… Basta ler Monteiro Lobato (Urupês, Cidades Mortas, Idéias de Jeca Tatu…) e ver que, no início do século passado, algumas pessoas de visão menos estreita já enxergavam o problema! (“Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são…”. Isso é de Macunaíma!)

Então, se falta dinheiro para meio-ambiente, educação, saúde pública, segurança pública, e infraestrutura de transportes (e não é por falta de arrecadação de impostos, que já os temos em demasia!), como é que temos dinheiro para enriquecer os Bancos? (Já imaginou: que beleza se fosse você quem dissesse ao Gerente do seu Banco o quanto você estaria disposto a pagar de juros por seu “cheque especial”? Pois é… A famosa “Taxa SELIC”, que o Banco Central anda mandando para os cornos da Lua, é exatamente isso!)

E é um partido que se intitula de “Partido dos Trabalhadores”, que está promovendo essa lambança!

Enquanto isso, nós, os cidadãos que elegemos esse governo, fazemos como os passageiros do Titanic: cada um por si, que os botes salva-vidas são poucos, enquanto que o governo faz a parte da orquestra do Titanic: toca musiquinhas bonitinhas, enquanto o navio vai a pique…
“Chi pó, non vó…”

Para começar…

Seja bem-vindo! Eu pensava em começar (atendendo aos pedidos insistentes do meu incontável número de leitores), com alguns cometários acerca dos efeitos desastrosos que o deslumbramento pelo poder causam nas pessoas (…é…eu ia dar uma desancada no atual Governo brasileiro…).

Mas, no BLOG do Daniel Doro Ferrante, eu encontrei uma matéria mais adequada ao propósito principal deste BLOG: um link para um site chamado do your best to a better world.

Praticamente qualquer pessoa que se encontre navegando pela Net, atualmente, vai sentir um certo complexo de culpa, por se enquadrar entre os poucos privilegiados do mundo. Aí é que eu começo a questionar a coisa… Eu não acredito que apelar para sentimentos de solidariedade, compaixão e amor-ao-próximo, sejam a abordagem correta para o problema das desigualdades sociais.

Eu me irrito com toda e qualquer forma de assistencialismo, seja uma esmola a um mendigo, seja um “Programa Fome Zero”, passando pelos “Médicos sem fronteiras” e outras ONGs. Entendam bem: eu não sou contrário à atuação dessas entidades assistenciais, nem as acho desnecessárias. Muito ao contrário! Minha irritação vem do fato delas serem necessárias! “Seu doutor uma esmola / para um pobre que é são / ou o mata de vergonha / ou vicia o cidadão”.

Como eu comentei no BLOG do Daniel, a verdadeira vergonha é que, nestes tempos atuais, com as tecnologias que estão aí, ainda haja tantas pessoas miseráveis. Se você reduz seres humanos a condições sub-humanas, é claro que eles vão se comportar mais animalmente. Daí, o instinto de “preservação da espécie” passa a se fundamentar em números: quanto mais filhos, maior a chance de alguns deles chegarem à idade reprodutiva, e assim por diante…

Qualquer argumento que tenha por base diferenças genéticas/raciais, culturais, geográficas, ou qualquer variação de “vontade divina”, “karma”, etc, pode ser usado como supositório por quem pretendia usá-lo, porque é falso! Os seres da espécie homo sapiens são muito mais parecidos entre si, geneticamente, do que quaisquer duas raças de cão doméstico! Se as condições de gestação, parto e primeira infância forem semelhantes, desafio qualquer um a encontrar qualquer diferença entre o potencial para educação de um somali, um sueco, um mulatinho brasileiro, um “chigro” jamaicano, ou qualquer vira-latas racial, oriundo de qualquer parte do mundo. Se o sujeito vai ou não desenvolver esse potencial, vai depender de uma série de fatores ambientais, culturais, sociais, etc, que não vêm ao caso!

Também não estou afirmando que “somos todos iguais”. Não somos e ainda bem que não somos! Somos todos diferentes, únicos, cada qual com suas (in)habilidades e potenciais natos, e as impressões digitais estão aí para demonstrar isso. Eu estou falando de oportunidades. Comparar Stephen Hawking com Ronaldinho não leva a lugar algum. Mas a maior benção da raça humana é exatamente essa diversidade.

Só que essa maravilhosa diversidade está sendo assassinada pela sub-humanização da maior parte da espécie homo sapiens, em nome do desperdício, da ganância, da arrogância e até por motivos religiosos!…

A ameaça imediata de aniquilação da humanidade por meio de um conflito termonuclear, no século passado, levou-nos a esquecer essa outra forma de veneno social. Mas aqueles que acharam que podiam ir dormir tranqüilos depois da queda do Muro de Berlim, podem acordar assustados novamente… Não porque um bin Laden da vida possa tacar um avião na sua cabeça, mas porque a “Aldeia Global” que Marshall MacLuhan falava na década de 1960, está aí. E ela se parece muito com a minha cidade do Rio de Janeiro: linda, marvilhosa, e cheia de favelas miseráveis, onde lobo come lobo e se olha, cheio de ressentimento, para o “asfalto” desmiolado, onde as crianças são criadas em jaulas (cujas grades são o Play-Ground do prédio, o Shopping Center, o colégio e o carro da família, sempre com os vidros fechados e portas trancadas).

O que é necessário para resolver esse estado de coisas, todo o mundo sabe. Mas, como diz o título deste BLOG, “chi vó, non pó…”


P.S: se eu quizesse uma ilustração, não encotrava uma melhor. Vide a notícia “Aprés le tsunami à Aceh, l’aide rongée para la corruption” (Le Figaro, 14/05/05)

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