Heloísa de Argenteuil

O verbete que estreia o mês de agosto na Enciclopédia Mulheres na Filosofia é sobre Heloísa de Argenteuil. Figura bastante conhecida da Idade Média do século XII, ela nasceu por volta de 1090 em uma família nobre de Paris, França. Nascida em uma época em que a educação formal era restrita principalmente aos homens, Heloísa constitui uma exceção à regra imposta para as mulheres do período, as quais eram destinadas principalmente a se dedicarem ao casamento. Com apenas dezesseis anos, ela já se destacava pelo alto nível de erudição e pela diligência com os estudos, que incluíam diversas línguas e obras filosóficas e teológicas. Após ser educada no Convento de Argenteuil, ela continua os estudos incentivada por um tio, que contrata Pedro Abelardo, um importante intelectual do período, para ser tutor da sobrinha. Após se apaixonarem, Heloísa de Argenteuil e Pedro Abelardo vivem um relacionamento marcado por conturbações, que termina com Heloísa se entregando à vida religiosa sob as ordens de Abelardo e se tornando, anos mais tarde, abadessa do convento de Paracleto. Sob o comando de Heloísa, o convento se torna um lugar “onde as mulheres podiam se dedicar aos estudos e ao debate intelectual”.

A grande maioria da produção escrita de Heloísa de Argenteuil se deu através de cartas, e está contemplada principalmente em um conjunto de cinco correspondências escritas quando ela já vivia no convento — quatro delas trocadas com Abelardo, e uma dirigida a um abade, Pedro, o Venerável. Inicialmente, as cartas direcionadas a Abelardo possuem um caráter mais pessoal, tratando, por exemplo, da questão do amor. As últimas cartas tratam sobretudo de questões da vida religiosa, como, por exemplo, as necessidades e especificidades da vida das mulheres no ambiente religioso. Como nos mostra Roberta Miquelanti nesse interessante verbete, a leitura das cartas de Heloísa nos mostra uma escrita “marcada pelos conflitos internos e as exigências sociais do seu tempo”.


Sobre a autora do verbete: Roberta Miquelanti é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia Medieval, Lógica e Filosofia da Linguagem. É membro do LETHAM (Laboratório de Estudos sobre a Transmissão e História Textual na Antiguidade e Medievo) da UFBA, voltado para o estudo de paleografia, codicologia e edótica medieval.


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