(Pondo a vida em dia) “Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (12/01/09)
12 de janeiro de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Restauração Digital Traz à Vida uma Estátua com 2000 anos
Cientistas britânicos vêm usando escaneamento a laser de alta resolução, modelagem rápida e gráficos computadorizados ultra-realísticos para criar uma restauração virtual de uma estátua romana de 2000 anos atrás que representa uma amazona ferida, recuperada de dentro da camada de cinzas que cobriu as cidades romanas de Herculano e Pompéia no ano 79 DC. Os especialistas em imageamento digital da WMG, uma divisão da Escola de Engenharia da Universidade de Warwick, na Inglaterra, trabalham em conjunto com arqueologistas da Universidade de Southampton, na Inglaterra, e o Projeto de Conservação de Herculano, na Itália, para escanear, modelar e recriar digitalmente a estátua.
A estátua, um busto, tem cabelos e olhos pintados que foram preservados pelas cinzas que soterraram a cidade. Embora Pompéria seja mais conhecida, várias peças de arte e estátuas romanas foram descobertas em Herculano, junto com vários corpos humanos envoltos em cinzas.
Mark Williams, um líder na medição por laser da WGM, levou uma equipe a Herculano para medir o busto e traduzir as medições em um modelo em 3D da cabeça. Graeme Earl, um expert em computação arqueológica de Southampton, declarou que “tecnologias de ponta são vitais para o registro de materiais de nossa herança cultural, já que tanto dele permanece não estudado ou frágil demais para ser analizado”. O passo final da restauração virtual será a utilização dos gráficos para”reproduzir exatamente as condições de iluminação e ambiente nas quais a estátua pintada foi originalmente criada e exibida”, declarou Earl.
Imagens da estátua podem ser encontradas aqui.
Aproveitando o Presente como se Não Houvesse Amanhã
Quanto menos tempo se tem para participar de uma atividade, mais é provável que esta seja valorizada e aproveitada, é a conclusão de um estudo publicado em Psychological Science. Em um estudo com alunos do último ano do secundário, o psicólogo Jaime Kurtz do Pomona College, Claremont, Califórnia, pediu que os estudantes mantivessem diários por duas semanas, cerca de seis semanas antes da formatura. Um grupo de estudantes foi instruído a pensar em sua formatura como um evento distante, enquanto o outro grupo foi instruído a pensar na formatura como um evento iminente. O comportamento dos estudantes foi influenciado pelo modo como encaravam o prazo final da formatura, descobriu Kurtz. Aqueles que a encaravam como iminente, relataram uma maior participação em atividades relacionadas com a escola, quando comparados aos estudantes que julgavam a formatura um evento remoto. Confrontados com o fim iminente do curso secundário, deduz Kurtz, os etudantes ficavam motivados a aproveitar o tempo restante, percebendo que seria sua última oportunidade de participar de atividades relacionadas com a escola.
“Pensar sobre o futuro final de uma experiência pode aumentar a experiência presente das pessoas sobre esse evento”, argumenta Kurtz. “Atentar para o fato de que experiências como esta são breves, aumenta a capacidade de aproveitá-las, criando uma motivação do tipo ‘agora ou nunca’ “.
Painéis Publicitários Anunciando Bebidas Alcoólicas Aumentam os Problemas com Bebida de Grupo Étnico da Cidade de Nova York
Um novo estudo realizado por pesquisadores de saúde pública da Universidade de Columbia, na Cidade de Nova York, indica que a publicidade de bebidas alcoólicas nos bairros de população predominantemente afro-americana, pode agravar os problemas de abuso de bebida entre as mulheres afro-americanas. Estudos anteriores demonstravam que o número de outdoors com propaganda de bebidas é muito maior nos bairros de predominância de afro-americanos, porém este é o primeiro que mostra claramente o impacto dessa propaganda, dizem os pesquisadores. O estudo foi publicado online por the American Journal of Public Health.
Em um estudo com 139 afro-americanas, na faixa etária entre os 21 e 49 anos, que viviam no Central Harlem, os pesquisadores, da Escola Mailman de Saúde Pública da UC, descobriram que tanto a exposição à propaganda de bebidas, como um histórico familiar de alcoolismo se relacionavam com problemas de excesso de bebida. Após realizarem o controle estatístico do histórico familiar de alcoolismo, os pesquisadores ainda concluíram que “a exposição aos anúncios estava significativamente relacionada com os problemas com bebidas”, declara uma sinopse do estudo. “Embora os anúncios não fosse dirigidos às mulheres, em particular, a linguagem, as imagens e os temas claramente eram direcionados ao grupo étnico dos afro-americanos”.
“Descobrimos que, na média, a exposição a cada anúncio de bebida alcoólica por quarteirão aumentava o fator de risco em 13 % para as mulheres”, declarou Naa Oyo Kwate, a principal autora do estudo. “A descoberta é significativa para a saúde pública porque os residentes nessa área estão altamente expostos a anúncios de bebidas alcoólicas e as associações entre essa exposição e os resultados persistiram, mesmo depois de filtradas as outras causas potenciais para o excesso na bebida”, acrescentou ela. Ilan Meyer, uma cientista socio-médica e co-autora, disse que os anúncios “podem tornar as pessoas inclinadas ao consumo de álcool e, por sua vez, altos níveis de consumo podem aumentar o risco de abuso e dependência”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (7/1/09)
Fabricação de Fibra Óptica de Silício Tornada Práctica
Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS
Os cientistas da Universidade Clemson University na Carolina do Sul conseguiram, pela primeira vez, fabricar uma fibra óptica com um núcleo de silício, usando os mesmos processos industriais usados para fazer fibras ópticas de vidro, em escala industrial. Isto deve ajudar a reduzir os custos para sistemas que integram dispositivos fotônicos e eletrônicos. Na fotônica, a informação é transportada por ondas de luz, enquanto na eletrônica que realiza a maior parte do processamento da informação, esta é transportada por fluxos de elétrons em circuitos.
As fibras ópticas estão transportando uma quantidade sempre crescente de chamados telefônicos, programas de televisão e tráfego da internet para as residências. Essa “fiação” óptica tem uma eficiência tremendamente maior do que as fiações tradicionais porque nada é mais rápido do que a luz e a sinalização por meio de luz proporciona uma largura de banda maior do que os circuitos puramente eletrônicos. Ou seja, codificar a informação na forma de pulsos de luz, em lugar de meros pulsos elétricos, permite um maior fluxo de dados em uma mesma linha.
Mas por que os engenheiros deveriam preferir fibras de silício às fibras de vidro? O principal motivo tem a ver com o casamento da fotônica com a eletrônica. A maior parte dos microchips eletrônicos são construídos sobre silício, enquanto a tecnologia da fotônica se baseia em fibras ópticas. Para combinar melhor a compactação da eletrônica com a velocidade da fotônica, os pesquisadores querem criar fibras inteiramente feitas de silício, em lugar de usar vidros de sílica.
Usualmente, uma fibra óptica é feita começando com um núcleo de vidro, envolvendo este com uma camada isolante de um tipo diferente de vidro e, então, aquecendo a estrutura até que ela possa ser esticada para fazer longos fios. As ondas de luz se movem através dessa fibra por meio de uma série de reflexões em seu interior.
Algumas fibras foram feitas com um núcleo de silício, usando técnicas especiais de laboratório. A versão da Clemson, feita em conjunto com colaboradores da UCLA, Northrop Grumman e do Elmira College em Nova York, é a primeira a empregar processos padrão de produção em massa. Desde o anúncio inicial, já conseguiram fazer fibras ópticas com pouco mais de 250 metros e planejam aumentar esse comprimento para cerca de 2 km ou mais. Depois disso, os pesquisadores da Clemson esperam comercializar as fibras.
Um dos cientistas da Clemson, John Ballato, diz que outra vantagem potencial das fibras com núcleo de silício sobre as com núcleo de vidro será que menos energia será perdida pela luz em comprimentos de onda maiores, o que seria valioso para uma série de aplicações biomédicas e em sensores. Esses novos resultados são relatados na recente edição de Optics Express.
O trabalho da Clemson foi realizado em uma instalação chamada Centro de Ciências de Materiais Ópticos e Tecnologia de Energia (Center for Optical Materials Science and Energy Technology, ou, abreviadamente, COMSET). Com várias ligações com a indústria de várias outras universidades nas Carolinas, o COMSET represena uma parte do plano da Universidade Clemson direcionado a áreas específicas de pesquisa “high-tech”, neste caso o estudo de fotônica e materiais avançados.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (6/1/09)
5 de janeiro de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Pessoas e Plantas Usam Aspirina Quando Estressadas
Um relatório, publicado na semana passada por pesquisadores do Serviço Nacional de Saúde da Escócia, que diz que o corpo humano produz seu próprio ácido salicílico quando fica estressado, é seguido por um artigo da Universidade do Estado de Washington (WSU) que mostra que, nas plantas, a molécula de “aspirina” funciona como um sinal que aciona uma série de reações que ajudam a planta a se defender de ameaças externas. A pesquisa indica a maneira básica como os sistemas biológicos usam o ácido salicílico como uma substância química defensiva. Nas pessoas, o composto é aquele que se forma quando a aspirina se dissolve dentro do corpo e é conhecido, há muito tempo, por sua capacidade de aliviar a dor e combater inflamações.
A recente pesquisa em pessoas, publicada pela cientista Gwen Baxter no Journal of Agricultural and Food Chemistry, mostra que o corpo humano manufatura o ácido salicílico como um “biorregulador animal” e que, em algumas das pessoas testadas, seus níveis de ácido salicílico natural eram tão altos quanto ao de outras que tomavam pequenas doses de aspirina.
Os cientistas já sabem, há mais de um século, que o ácido salicílico também é encontrado em plantas, porém eles não compreendiam como e quando as plantas fabricavam sua própria aspirina. B. W. Poovaiah, da WSU em Pullman, descobriu que o cálcio nas plantas atua como uma “sentinela” nas células das plantas e, quando uma planta é atacada — por algum patogênico, por exemplo — o cálcio ativa um enorme aumento nos níveis de ácido salicílico. Anteriormente, pesquisadores do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica tinham descoberto que as árvores de um castanhal da Califórnia, quando estressadas por uma seca, produziam tanto ácido salicílico que os níveis podiam ser medidos no ar.
“Quando esperamos algum perigo, tentamos tomar precauções”, declarou Poovaiah. “As plantas não podem fugir. As plantas têm que ligar seu sistema interno para se protegerem”. Existe um compromisso: plantas com maiores níveis de ácido salicílico sofrem muito menos infecções, porém são caracteristicamente menores e crescem mais lentamente do que o mesmo tipo de planta com menores níveis de ácido salicílico. A pesquisa de Poovaiah será publica em Nature.
Os “Caçadores de Cabeças” Não Caçavam Estrangeiros
O antigo povo da América do Sul que criou os misteriosos desenhos da Planície de Nazca — enormes imagens entalhadas de diversas coisas, de beija-flores a orcas no altiplano do Deserto de Nazca no Peru — entre 1.500 a 2.000 anos atrás, também tinham o estranho hábito de coletar regularmente cabeças humanas. Os cientistas se perguntam, faz tempos, se as cabeças, suspensas em cordas trançadas como troféus, vinham de culturas inimigas como troféus de guerra, se eram usadas em rituais de fertilidade, ou tinham outro propósito qualquer. Os pesquisadores do Museu Field em Chicago ainda não conseguiram responder a questão do “por que” das coleções de cabeças, mas solucionaram a questão “de onde elas vinham”.
Ryan Williams, um curador do Museu Field, declarou que o estudo do esmalte dos dentes de 16 cabeças da coleção do Museu Field e 13 corpos mumificados, dos mesmos período e região, mostram que “os doadores dos crânios-troféus eram do mesmo lugar que o povo que mantinha os troféus”. Em outras palavras, as cabeças vêm do mesmo povo que vivia no mesmo local e eram da mesma cultura daqueles que colecionavam as cabeças.
A pesquisa, publicada no Journal of Anthropological Archaeology, teve a participação de cientistas da Universidade do Estado do Arizona, em Tempe, da Universidade de Illinois, em Chicago, e Universidade de Indiana, em Bloomington, . Os cientistas dizem que, em seguida, irão pesquisar o motivo que levava o povo de Nazca a colecionar cabeças.
Fazendo Tijolos na Lua
Uma equipe de estudantes de engenharia do Virginia Tech College of Engineering, em Blacksburg, desenvolveu um processo para fabricar tijolos na Lua, algo que pode ser um ponto crítico para o desenvolvimento de colônias lunares. Os estudantes, trabalhando sob a direção da professora de Engenharia e Materiais Kathryn Logan, descobriu que misturando alumínio em pó com “regolito simulado” e aquecendo o material a 2.700 graus Fahrenheit (pouco mais do que 1.400 graus Celsius), o material passa por uma “síntese auto-propagante a alta temperatura”. Em outras palavras, forma um tijolo sólido e muito duro.
O “regolito simulado” foi feito de cinzas vulcânicas de um depósito daqui da Terra, junto com uma variedade de minerais e vidros basálticos que se sabe existirem nas pedras reais da Lua. Os tijolos lunares foram feitos em um tamanho de cerca de um terço dos tijolos normais, porém os estudantes planejam ampliar o processo de manufatura para criarem tijolos de cinzas em blocos de tamanho e formato apropriados para a construção de uma estrutura semelhante a um iglu. Os tijolos lunares ganharam a categoria “Construção e Utilização de Recursos Materiais In-Situ Lunares” de um concurso realizado pelo Centro Espacial para Sistemas de Exploração – Pacífico” (Pacific International Space Center for Exploration Systems = PISCES).
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (22/12/08)
22 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Vai um cafezinho?… Põe no tanque, por favor!
Os cientistas da Universidade de Nevada, Reno, descobriram que os resíduos da moagem do café são uma fonte barata e não-agressiva ao meio ambiente de biodiesel para automóveis e caminhões. Mano Misra e sua equipe do departamento de engenharia química e materiais descobriram que cerca de 15% dos restos da moagem do café podem ser usados para fazer um biodiesel de alta qualidade que é mais estável e menos fedorento do que o biodiesel feito a partir de óleos usados [na cozinha] de origem animal ou vegetal. Usando um processo chamado transesterificação, se extrai óleo dos restos de moagem de café e este é convertido em biodiesel. O combustível obtido a partir do café “pode ser usado na indústria como uma alternativa para o diesel”, escreveram os pesquisadores em um artigo publicado no noticiário online da American Chemical Society, Journal of Agricultural and Food Chemistry. “Isto pode acrescentar aproximadamente 1 bilhão e 300 mil litros de biodiesel ao suprimento mundial de combustível”. O uso dos restos de moagem do café também pode reduzir a superfície plantada somente para a produção de biocombustíveis, argumentam os pesquisadores. E há mais uma vantagem, eles acrescentam: depois que o óleo é extraído, os restos de café podem ser transformados em eficientes pellets combustíveis, ou usados para adubar o jardim.
Buracos Negros e Sony PlayStations
A próxima vez que um adolescente olhar para cima, após horas jogando em um Sony PlayStation e alegar que é “educacional”, pense um pouco antes de fazer uma careta. Os cientistas da Universidade do Alabama em Huntsville e da Universidade de Massachusetts, Dartmouth, montaram uma cluster com 16 consoles de PlayStation, criando um supercomputador barato que eles então usaram para resolver uma discussão de astrofísica acerca da velocidade com que buracos negros param de vibrar. A cluster de PlayStations, batizada de “PS3 Gravity Grid”, foi bastante adequada para a pesquisa sobre buracos negros, afirmou o físico Lior Burko, um dos autores do artigo sobre buracos negros, publicado em Classical and Quantum Gravity. “Se tivéssemos alugado o tempo de um supercomputador, isso teria custado cerca de US$5.000 para rodar nossa simulação [de buraco negro] uma vez. Para este projeto, nós rodamos a simulação várias dúzias de vezes para testar diferentes parâmetros e circunstâncias”. A cluster de PS3 foi adequada para a pesquisa astrofísica porque ela necessita de um grande número de cálculos matemáticos, mas precisa de pouca memória RAM, explicam eles. A cluster de 16 unidades de PS3 completa uma simulação que um supercomputador alugado a US$ 5.000 por hora faz em cerca de um dia, mais ou menos a mesma velocidade do supercomputador. Leia mais sobre a cluster de PlayStation em gravity.phy.umassd.edu
Cafezais “na Sombra” Beneficiam Pássaros e Árvores
O que começou como uma pesquisa sobre abelhas sem ferrão perto de Chiapas, México, levou os pesquisadores da Universidade de Michigan, Ann Arbor, a descobrir uma significativa diferença entre a diversidade genética de árvores em cafezais “plantados à sombra”, em comparação aos retalhos de floresta nativa remanescentes. A diversidade genética pode ser atribuída a como os pássaros espalham as sementes nos diferentes habitats, explicam os pesquisadores. “Descobrimos que as árvores nas ilhas remanescentes de floresta nativa são muito relacionadas entre si, o que sugere que as sementes não se afastam muito das árvores-mães”, diz Shalene Jha, uma estudante de pós-graduação cujo principal interesse é em insetos. “Nos cafezais [à sombra], por outro lado, mesmo em ilhas próximas, as árvores eram muito diferentes entre si geneticamente, o que indica que as sementes vinham de várias árvores-mães. Os pequenos pássaros que vivem no ambiente de floresta são os principais portadores das sementes, enquanto que nos cafezais [ao Sol], são pássaros maiores e mais comuns que espalham as sementes. O estudo, publicado em Current Biology, comparou cafezais plantados em áreas desflorestadas e plantadas com pés de café [“ao Sol”], com cafezais que permitiam a permanência de árvores nativas junto aos pés de café [“à sombra”]. O estudo demonstrou que os cafezais “à sombra”, por serem mais hospitaleiros para com os pássaros, permitem uma dispersão maior de árvores nativas, que, com efeito, se conectam com os retalhos de floresta nativa, afirmam os pesquisadores. Além disso, os cafezais “à sombra” podem servir como reservas florestais para futuros reflorestamentos, afirmou Jha.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” da Associação Americana de Física (15/12/08)
15 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Estudantes aprendem melhor com o sono
Os docentes da Universidade de San Diego estão preocupados que os estudantes que estão metendo a cara nos livros para os exames finais possam estar sofrendo de insônia induzida por estresse. Um estudo recente da Associação para Avaliação da Saúde do Colégio da Univesidade da Califórnia em San Diego descobriu que somente 23% dos estudantes estão dormindo as oito horas de sono por noite e 25% admitiram que a falta de sono estava afetando seu desempenho acadêmico. O problema é particularmente sério entre os calouros que estão enfrentando os rigores de um exame final de Universidade pela primeira vez, e entre os graduandos que sofrem com uma ansiedade crescente sobre seu ingresso no mercado de trabalho com a corrente depressão econômica. O conselho das autoridades escolares de saúde é o seguinte: evitar o uso de cafeína e álcool; use sua cama para dormir, não para estudar; tire uma sonecas, faça exercícios regularmente, não vire noites e — o melhor — “não se estressem”. Como se isso pudesse acontecer…
Outro estudo, este publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine, mostra que a falta de sono é comum entre os estudantes do segundo grau por causa do horário, muito cedo, do início das atividades escolares. O estudo mostrou que, começando as aulas uma hora mais tarde, os adolescentes aumentavam sua média de horas de sono durante a noite e diminuíam a duração de seu sonos “para compensar” durante o fim de semana. O estudo descobriu, também, que os estudantes se envolviam em menos acidentes de trânsito. “É surpreendente que as escolas de 2º grau continuem a começar as aulas tão cedo, o que prejudica o aprendizado, a freqüência e a segurança no trânsito dos estudantes”, declarou a autora principal do estudo, Barbara Phillips, do Centro do Sono do Centro de Assistência Médica “Bom Samaritano” da Universidade de Kentucky em Lexington. O estudo acompanhou estudantes do 2º grau que, por um ano, começavam as aulas às 7:30 e, no ano seguinte, começavam uma hora depois, às 8:30.
Dor intencional “doi mais” do que a acidental
Pesquisadores da Universidade Harvard descobriram que a dor “dói mais” se a pessoa acreditar que alguém realmente está tentando lhe ferir. Em um estudo, publicado em Psychological Science, davam choques elétricos nos estudantes e pediam-lhes que avaliassem a dor. Quando os estudantes acreditavam que os choques não eram intencionais, não qualificaram os choques como tão dolorosos quanto quando acreditavam que outro estudante deliberadamente o tinha causado. “Este estudo mostra que, mesmo que dois eventos danosos sejam fisicamente idênticos, aquele feito intencionalmente para ferir, dói mais”, explica Kurt Gray, um estudante de pós-graduação que realizou o estudo com o professor Daniel Wegner. “Compare um tapa de uma amiga que tenta nos salvar de um mosquito, com o mesmo tapa dado por uma namorada irada. O primeiro a gente deixa para lá logo, enquanto o segundo arde pelo resto da noite”. Gray diz que o cérebro pode perceber um mal ou uma dor acidental como um evento único. Uma agressão intencional pode não ser um evento único, explica ele, de forma que “faz sentido que nosso corpo e nosso cérebro pode amplificar a experiência de dor, quando sabemos que a dor pode significar uma ameaça a nossa sobrevivência”.
Cientistas Loucos (porém Reais) na web
Os soviéticos realmente puseram 11 homens na cama em 1986 e os fizeram ficar lá por um ano para testar os efeitos do vôo espacial sobre o corpo humano? O Especialista Forense romeno Nicolas Minovici, como parte de sua pesquisa para seu artigo de 1905 “Estudos sobre o Enforcamento”, repetidamente se enforcou e a alguns de seus colaboradores para entender melhor como os enforcados se sentiam? Os psiquiatras em um sanatório suíço realmente tentarem descobrir a cura para a esquizofrenia, em 1948, usando a urina de pessoas a quem eles tinham administrado alucinógenos e drogando aranhas, para então mapear as teias das aranhas “doidonas”? Sim para todas as anteriores, de acordo com um engenheiro suísso, transformado em historiador de ciências, Reto Schneider, que transformou seu livro de 2005 acerca de ciência dispartatda, porém publicada, em um website que acrescenta algum colorido à história da pesquisa. Schneider é, atualmente, o vice-editor da revista NZZ Folio, publicada pelo Neue Zurcher Zeitung em Zurique, Suíça. Sua viagem na história da ciência pode ser encontrada em: http://www.madsciencebook.com
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
O tradutor aproveita para observar que deixou passar uma série de boletins do ISNS, gerados por Jason Socrates Bardi, colaborador do ISNS, sobre assuntos divulgados na Convenção de Radiologia da América do Norte, em Chicago, no início do mês. As notícias eram longas demais, técnicas demais e, no fraco entender deste blogueiro, não acrescentavam grande coisa: uma delas falava que o mesmo exame de Tomografia, usado para detectar câncer no cólon, pode ser usado para detectar osteoporose (com as imagens do final da coluna cervical); outro falava um monte sobre as lesões ósseas que as crianças que praticam a ginástica artística olímpica fazem nos seus ossos em desenvolvimento, por causa do alto impacto dos movimentos… (Parecia mais que o Sr. Bardi queria dissociar sua presença em Chicago dos eventos que envolveram o governador do Estado do Illinois… 😉 )
Boas Notícias para as Siliconadas! (da AIP)
Nova Terapia para Câncer de Mama Oferece Melhores Resultados Cosméticos para Mulheres com Implantes
Por Jason Socrates Bardi
Colaborador do ISNS
Chicago, Illinois, EUA — De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, o número de mulheres americanas que optaram por cirurgias de aumento do volume dos seios, aumentou sensivelmente nos últimos anos. Suas fileiras engrossaram de 212.500 em 2000, quando a cirurgia de aumento de busto era a quarta operação plástica mais comum, para 347.524 em 2007, quando o aumento de busto passou a ser o tipo de cirurgia plástica mais comum nos Estados Unidos.
Sem que isto esteja relacionado com a cirurgia cosmética, muitas dessas mulheres terão, mais tarde, câncer de mama, explica Robert Kuske, um professor de clínica médica no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Arizona e oncologista radioterapeuta nos Serviços de Oncologia do Arizona, em Scottsdale. A cirurgia de aumento de busto não aumenta as chances de ocorrência de câncer de mama, mas, como o câncer de mama é uma doença tão comum, dezenas de milhares de mulheres que fazem a cirurgia de busto, terão câncer de mama em algum ponto de suas vidas. O Instituto Nacional do Câncer (EUA) estima que uma em cada oito das mulheres americanas terão um diagnóstico de câncer de mama durante suas vidas.
A existência de implantes pode afetar o “resultado cosmético” da terapia contra o câncer. A terapia tradicional contra o câncer de mama inclui a radioterapia, que pode expor todo o seio (inclusive os implantes) à radiação. Um efeito colateral indesejado que ocorre freqüentemente é a formação de tecido quelóide em volta dos implantes, fazendo com que eles endureçam. Kuske diz que, na verdade, cerca de 55% das mulheres com implantes nos seios vão experimentar o indesejável endurecimento de seus implantes, após passarem pela tradicional irradiação total do seio.
No encontro anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), na semana passada em Chicago, Kuske apresentou os resultados de um estudo clínico que examina uma técnica conhecida como braquiterapia para o tratamento do câncer de mama, de forma a poupar os implantes.
A braquiterapia mata as células cancerosas expondo-as a uma radiação emanada de dentro de um tecido. Basicamente, pequenos cateteres de plástico são inseridos em uma área do seio nas imediações do local do câncer e, então, pequenas “sementes” que contém uma pequena quantidade do isótopo radiativo irídio-192 são inseridos nos cateteres. Esta técnica foi estudada por anos com mulheres sem implantes nos seios, diz Kuske, porém seu estudo é o primeiro a enfocar especificamente sua capacidade de tratar mulheres com implantes nos seios e conseguir melhores resultados cosméticos.
De junho de 2003 a junho de 2008, Kuske e seus colegas realizaram esse tratamento em 70 mulheres, todas elas com implantes nos seios e câncer de mama nos estágios iniciais. Depois que essas mulheres tinham seus cânceres removidos por intermédio de lumpectomia, lhes era administrada a braquiterapia por uma semana para matar as células cancerosas remanescentes.
O estudo demonstrou que a braquiterapia é eficaz no tratamento, enquanto preserva os implantes. Kuske descobriu que o endurecimento dos implantes ficou reduzido a zero.
“Este estudo parece ser bastante promissor, uma vez que a braquiterapia parece melhorar o resultado cosmético para as mulheres que têm implantes”, declarou John C. Roeske, PhD, um professor de radioterapia oncológica e diretor de Física de Radiação no Centro Médico da Universidade Loyola em Chicago, que não esteve envolvido no estudo. “Entretanto, os resultados são muito preliminares e devemos prosseguir com cautela. Em particular, é muito importante examinar criticamente os resultados a longo prazo e o acompanhamento clínico dessas pacientes”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
O tradutor se reserva o direito de ficar calado (e só depor em juízo) sobre a pertinência, a relevância e a oportunidade da matéria, bem como das mesmas coisas quanto ao comentário do outro oncologista citado.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (8/12/08)
8 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
E Você Pensava que os Elfos Eram Pequenininhos
Como é que Papai Noel e suas renas voadoras fazem para cobrir cerca de 5.200.000 km², parar em mais de 80 milhões de residências e entregar exatamente o brinquedo que cada criança deseja, tudo em uma única noite? Os cientistas têm trabalhado neste problema por anos a fio e as soluções estão começando a aparecer. Em 1998, os cientistas do Laboratório Nacional do Acelerador Fermi, próximo a Chicago, resolveram o problema do “cara gordo passando pela chaminé”, ao observarem que, se Papai Noel está viajando a uma velocidade próxima à da luz, seu corpo ficaria esticado por uma contração de Lorentz-Fitgerald e ele caberia. Eles também estabeleceram que, viajando somente um pouco abaixo da velocidade da luz, isso permitiria que ele visitasse os milhões de crianças em sua lista em cerca de 500 segundos.
Agora, um pesquisador da North Carolina State University, Raleigh, adicionou alguns dados à base de dados “Noélicos”, observando que Papai Noel e seus elfos provavelmente disõem de “conhecimentos avançados em ondas eletromagnéticas, do contínuo espaço-temporal, nanotecnologia, engenharia genética e ciências da computação”. Larry Silverberg, um engenheiro mecânico e aeroespacial, acredita que Papai Noel tem um “canal de informação” para os pensamentos das crianças, através de uma “antena receptora que combina as tecnologias atualmente usadas nos telefones celulares e EEGs (eletroencefalogramas). Um sofisticado sistema de comunicações processa os sinais, filtrando os dados, dando a Papai Noel as dicas sobre quem deseja o que, onde as crianças moram e quem foi bonzinho ou não”. Silverberg também observou que os dados são, provavelmente, processados em um sistema de navegação “onboard” do trenó.
No tocante às renas nos telhados, distribuindo os milhões de brinquedos, Silverberg oferece a seguinte explicação: “Suas renas — geneticamente modificadas para poderem voar, se equilibrar nos telhados e enxergar bem no escuro — não tracionam de verdade um trenó cheio de brinquedos. Em lugar disso, cada casa se torna a oficina de Papai Noel, porque ele utiliza um nano-fabricador-de-brinquedos {do tamanho de um punhado de átomos] para fabricar os brinquedos dentro das casas das crianças. Os presentes são criados no local, quando os nano-fabricadores-de-brinquedos criam — átomo por átomo — os brinquedos a partir de neve e fuligem, de modo bem parecido com o qual o DNA consegue comandar o crescimento de materiais orgânicos tais como tecidos e órgãos.”
Finalmente, Silverberg alerta as crianças para “não confiarem demais nas opiniões daqueles que dizem que não é possível entregar presentes pelo mundo inteiro em uma noite. É possível e isso se baseia em ciência plausível”.
Tome Duas Aspirinas e Chame Sua Camisa
A idéia de tecidos “eletrônicos” vem sendo discutida pelos cientistas há vários anos, freqüentemente no centxto de tecidos emissores de luz que podem fazer com que o vestuário mude de cores e reflita as cores de maneiras pouco usuais. Novas pesquisas, publicadas em Nano Letters, avalia a possibilidade de incorporar nanotecnologia em fibras de algodão para fabricar “vestuário com alto-conteúdo-tecnológico”. As fibras de algodão podem ser revestidas com eletrólitos (condutores de eletricidade) e nanotubos de carbono, e, então, revestidos com anticorpos que detectem a presença de albumina, uma proteína chave do sangue. Nicholas Kotov, da Universidade de Michigan, Ann Arbor, observa que as roupas podem se tornar “sensores biomonitores e telemédicos”, que poderiam monitorar e difundir os sinais vitais de uma pessoa, progressos de doenças, ou poderiam mesmo detectar se um soldado em combate foi ferido. Kotov também afirma em seu artigo, em parceria com vários cientistas da Universidade Jiangnan, Wuxi, China, que deve ser possível criar fibras para vestuário que “coletem e armazenem energia”, permitindo que as pessoas se tornem seus próprios sistemas geradores e acumuladores de energia.
Um toque de tom verde, ou vermelho
Pesquisadores da Universidade Brown, em Providence, Rhode Island, EUA, descobriram que existe uma diferença genérica na cor da pele de homens e mulheres caucasianos: os homens têm a pele mais avermelhada e as mulheres tendem a ser mais “esverdeadas”. Para realizar o estudo, Michael Tarr, um cientista da cognição, analisou 200 imagens de homens e mulheres. Essas imagens foram fotografadas em 3-D, sob condições idênticas de iluminação e sem maquilagem. Tarr e seus colegas usaram um computador para analisar a quantidade de pigmento vermelho e verde nas faces. “Se houver mais do extremo vermelho do espectro [o rosto] tem uma maior probabilidade de ser um homem”, explica ele. “Se estiver mais para o lado verde do espectro, há uma probabilidade maior de ser uma mulher”.
Tarr criou um rosto composto, sexualmente ambíguo, e “nubliou” a imagem com ruído visual, semelhante à estática em uma tela de TV. Um grupo de estudantes, então, olhou para milhares de versões da imagem, alguns tingidos ligeiramente mais verde, outros ligeiramente mais vermelhos. Os estudantes identificavam cada imagem como homem ou mulher, e os resultados mostraram que as faces avermelhadas eram identificadas, de maneira consistente, como sendo de homens, enquanto as esverdeadas eram identificadas como mulheres. O estudo, publicado na revista Psychological Science, tem implicações nas pesquisas de ciência cognitiva, especialmente sobre nossa percepção de faces. Isto também pode ter aplicações no desenvolvimento de uma melhor tecnologia de reconhecimento facial, declarou Tarr, bem como para a indústria de propaganda.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (05/12/08)
Um Diagnóstico de AVC mais Rápido Ajuda os Médicos a Ajudarem os Pacientes
Pesquisa Clínica Demonstra que um Tomógrafo Computadorizado (TC) Portátil no Pronto Socorro Torna o Diagnóstico Mais Rápido
Por Jason Socrates Bardi
Colaborador do ISNS
Chicago, Illinois, EUA – Médicos de Massachusetts relatam, nesta semana, uma maneira de auxiliar pessoas vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral), a terceira maior causa de óbitos nos EUA. Em um estudo apresentado na maior conferência médica do mundo, os médicos mostram que ter um TC portátil disponível no Pronto Socorro pode auxiliar a acelerar o diagnóstico e permitir o melhor tratamento possível para pessoas vítimas de AVCs.
O diagnóstico rápido pode ajudar as pessoas a se recuperarem de AVCs, segundo os médicos, porque aumenta a oportunidade de que elas sejam eligíveis para o tratamento com o medicamento t-PA, o único medicamento aprovado pela U.S. Food and Drug Administration (FDA) para AVCs.
A droga pode aumentar enormemente a capacidade de recuperação de um paciente com AVC, porém sua eficácia diminui rapidamente em um curto lapso de tempo. Um teste clínico, realizado em 2004 pela instituição National Institutes of Health descobriu que as pessoas tratadas com t-PA nos primeiros 90 minutos após a ocorrência do AVC mostravam a maior melhora, mas o mesmo estudo descobriu que não havia benefício obtido com o mesmo tratamento depois de várias horas. Os protocolos clínicos vigentes recomendam a administração de t-PA somente em um intervalo máximo de 180 minutos da ocorrência do AVC.
“O tempo é essencial”, declara David Weinreb, cujo relatório apresentado no encontro da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), nesta semana em Chicago, mostra uma maneira potencial de acelerar as coisas.
Um dos principais gargalos é o fato de que o t-PA não pode ser administrado a alguém antes que seja feito um diagnóstico por meio de TC. TC, ou tomografia computadorizada, é uma técnica comum que emprega Raios-X para imagear em camadas o cérebro. Os médicos podem usar as imagens para dar um diagnóstico definitivo de um AVC e de sua causa.
A causa de um AVC é uma peça de informação crucial porque nem todos os AVCs são iguais. A maioria acontece porque se forma um coágulo que oclui uma veia importante no cérebro — de modo similar a um infarto, onde um coágulo oclui o fluxo sanguíneo para o coração. A droga t-PA é uma terapia eficaz para as pessoas com este tipo mais comum de AVC, porque ela dissolve a obstrução e ajuda a restaurar o fluxo sanguíneo normal no cérebro.
Entretanto, os médicos não podem sair aplicando t-PA para todas as vítimas de AVCs. Cerca de 5% dos AVCs são causados por hemorragias cerebrais (em lugar de oclusões). Dar t-PA a uma pessoa que sofreu este tipo “hemorrágico” de AVC pode piorar seus problemas. A TC pode determinar se há sangramento e, se os médicos puderem se certificar rápido o suficiente de que não há sangramento, eles podem administrar t-PA.
Requisitar uma TC pode ser inevitável, mas não é algo sem problemas. Isto pode retardar o diagnóstico e fazer com que as pessoas passem da “janela” de 3 horas de eletividade para o tratamento com t-PA. Demoras como estas são uma das razões pelas quais muito poucas pessoas que sofrem AVCs são elegíveis para o tratamento com a droga, diz Weinreb. Isto é particularmente verdadeiro para pequenos hospitais comunitários que não possuem TCs dedicados a seus Pronto Socorros, tal como o caso do Hospital North Shore Medical Center em Salem, Massachussets, onde Weinreb e Stahl realizaram seu estudo.
Não obstante, Weinreb e Stahl descobriram que a disponibilização de um TC portátil, de menor porte, reduzia o tempo necessário para a obtenção de um imageamento pedido por um médico do PS pela metade (de uma média de 34 para 15 minutos). Eles estimam que isto aumentaria em 86% o número de vítimas de AVC atendidas dentro da janela de três horas e qualificadas a receber o t-PA.
“O advento de um maior número deste tipo de dispositivo, mais portátil, como esse, obviamente abre novas oportunidades para om tratamento de pacientes; porém devemos prosseguir com um entusiasmo cauteloso”, adverte Maryellen Giger, uma professora de radiologia e Diretora do Comitê de Física Médica da Universidade de Chicago, que não participou do estudo.
“Os TCs tradicionalmente pertencem ao setor de radiologia, onde são duramente testados e operados por especialistas em imageamento”, acrescenta Giger. “Se pusermos esses dispositivos sobre rodas e os ficarmos levando a outras áreas, precisamos nos assegurar que os mesmos níveis de segurança e qualidade de interpretação das imagens sigam junto, de sala para sala”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (2/12/08)
Cientistas Desenvolvem a Embalagem Perfeita
Uma nova espécie de carbono fornece um novo tipo de invólucro
Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS
Contêineres a prova de vazamentos de ar não são sempre tão herméticos. Com qualquer criança vai descobrir no dia seguinte ao da festa de aniversário, mesmo um balão de hélio com a boca bem apertada vai vazar o gás nele contido, ao longo de muitas horas. Agora os cientistas apareceram com uma barreira soberbamente eficiente que não deixa coisa alguma penetrar ou escapar.
O novo tipo de material de embalagem é feito de grafeno, um tecido natural de carbono com um só átomo de espessura, tão fino que as finas folhas de grafeno só pode ser visto através de um microscópio.
Um parente próximo e mais familiar de tipo de carbono, a grafite, é usada em lápis. No nível microscópico, a grafite consiste de bilhões de folhas de átomos de carbono bidimensionais. O fato dessas folhas serem fracamente ligadas entre si, é o que faz a grafite ser um lubrificante tão bom. O grafeno é o que se obtém quando se pega as camadas da grafite, uma de cada vez. Pequenas fatias de grafeno — imagine uma tela de galinheiro feita de átomos de carbono — foram descobertas somente há alguns anos, quando físicos as extraíram de um pedaço de grafite.
Agora, por causa das interessantes propriedades do grafeno — como, por exemplo, o fato de que os elétrons fluem por ele sem perder muita energia — ele se tornou um assunto “quente” entre os físicos. Uma das propriedades mais imprerssionantes é sua força mecânica, surpreendente, já que é um material tão fino.
Tanto experiências em laboratório, como simulações realizadas com computadores, agora demonstraram que folhas de grafeno podem suportar altas pressões e funcionar como contêineres ideais, e os físicos da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, estudaram como folhas de grafeno podem manter gases dentro de um pequeno balão.
Se um átomo qualquer será capaz de escapar de uma sacola nanoscópica, este seria um átomo de hélio, o segundo elemento mais leve no universo, que tem propriedades que o tornam difícil de prender. Porém, de acordo com o pesquisador de Antuérpia Ortwin Leenaerts, até o hélio é incapaz de escapar de seu envoltório atomicamente fino. Ele e seus colegas publicaram suas descobertas na revista Applied Physics Letters.
Uma experiência na Universidade Cornell, em Ithaca, New York, no laboratório de Harold Craighead, com uma folha de grafeno esticada sobre uma pequena garrafa contendo gás, demonstrou que até gás sob alta pressão fica retido. O trabalho da equipe de Craighead foi publicado em Nano Letters. [Nota do tradutor: o press-release foi traduzido e publicado aqui, em 23 de setembro. Vide: “Balão Mágico”]
Leenaerts diz que o grafeno, além de suas propriedades elétricas, pode contribuir para várias aplicações nanotecnológicas. Os examplos incluem minúsculos sensores de pressãop: dependendo da pressão de um gás em uma pequena garrafa, a “rolha” de grafeno iria vibrar em freqüências características. Um pedacinho de grafeno poderia servir como nanoressonador: preso de dois lados, o grafeno vibraria em freqüências de rádio. Se poderia enviar um sinal elétrico, fazendo o grafeno funcionar como uma minúscula antena de rádio. O grafeno poderia ser até usado como uma membrana artificial. Moldado em algo parecido com uma célula artificial, o grafeno poderia conter medicamentos para serem lançados dentro do corpo.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Physics News Upadate nº 878 (e final!)
É com muita tristeza que eu interrompo, neste número, a série de traduções do Boletim Physics News Update, da AIP. A “reformulação” que fizeram, desde o número nº 867, simplesmente esvaziou o PNU… Primeiro foi a qualidade das notícias que começou a cair muito; agora, nem são mais notícias de novidades: são “CTRL+C” & CTRL+V” de matérias já publicadas pelo ISNS.
O Boletim nº 878 tem cópias das matérias: O Líder do Grupo (de 18 de novembro) e O que o Presidente-Eleito Obama Precisa Saber Sobre Física (de 14 de novembro).
Eu enviei um enérgico protesto para a AIP sobre esse “assassinato” do PNU. Mas parece que o pessoal da Divisão de Relacionamento com o Governo e com a Mídia da AIP não está muito a fim de trabalho (como vocês poderão comprovar na subseqüente “notícia” do ISNS – uma matéria já antiga, apresentada como “novidade”).
Não é com esse tipo de “divulgação” que a ciência americana vai conseguir atrair as atenções, mas que importa a opinião de um blogueiro brasileiro?…