Internet, Academia e Ética

Minha abordagem inicial sobre o tema foi – necessariamente – superficial. Afinal, “não vá o sapateiro além das sandálias”. Eu não sou acadêmico, nem cientista. Nesta “Roda”, eu represento o leigo que quer aprender. O curioso que é bombardeado por informações diversas, cuja qualidade não sabe avaliar. Em uma palavra: o ignorante.
Só que “ignorante” não quer dizer “tolo”. “Ignorante” é aquele que não sabe, porque não aprendeu (ou porque lhe ensinaram errado). A “ignorância” é mal curável. Já a desonestidade, a arrogância e a tolice, não são.
A Internet é uma formidável ferramenta para o rápido intercâmbio de idéias, para obtenção de dados necessários a uma pesquisa, para a troca de informações e discussão de temas. Infelizmente, certas idéias ficariam melhor restritas, os dados podem ser levianamente usados, certas informações são incovenientes e certos temas não deveriam sequer ser abordados.
Fazer o que? Voltar à Idade Média e restringir o conhecimento a uns poucos “escolhidos”? E qual será o critério para a seleção desses “escolhidos”?
O Daniel criticou o “moto” dos defensores do livre porte de armas nos EUA (National Rifle Association, se não me engano), mas é uma verdade. “Armas não matam pessoas; pessoas matam pessoas”. O mesmo pode ser dito de automóveis. Aliás, qualquer coisa pode ser bem ou mal utilizada (por má-fé, imperícia, imprudência ou negligência).
Mas não deixa de ser sintomático que as Ditaduras escancaradas que ainda existem neste mundo sejam os maiores opositores da Internet. Isso torna o pesadelo de “1984” de Orwell impraticável, porque o “Big Brother” não controla mais a “verdade”. A opinião pública não é mais necessariamente “a opinião que se publica”.
Eu freqüentemente praguejo que “Graham Bell” deveria ter inventado a torradeira, porque o telefone é uma fonte de incríveis aporrinhações, principalmente depois que inventaram a praga do “telemaketing”.
Orkuts, MSNs, Paltalks e coisas assim são – por si só – uma ferramenta de grande utilidade. Não reside nelas a culpa em serem mal utilizadas. A futilidade das pessoas e a preocupação de “espertinhos” (como o que Kinismós menciona) de se mostrarem “mais matreiros” que os “otários comuns”, não servem como desculpa para condenar a Internet, nem na Academia, nem em local algum.
“Abusus non tolit usus!” E, se a maior parte das pessoas que tem acesso à Net o faz para propósitos levianos, maldosos ou simplesmente imbecís, o problema está nessas pessoas.
Da mesma forma que o prelo de Gutenberg revolucionou o mundo, permitindo que o saber se popularizasse, a Internet está fazendo desabar as fronteiras políticas, permitindo que a informação percole todas as camadas da sociedade.
Ainda é muito cedo para se emitir juizos sobre seus efeitos globais. Da mesma forma que a palavra impressa pôs fim à Idade das Trevas, também permitiu a divulgação de “Mein Kampf”.
Os malucos e megalômanos (como eu) são um preço a pagar. Só que a liberdade não tem preço que possa ser estimado como excessivo.

Roda de Ciência: Internet na Academia

Considerando-se que eu nasci na metade do século passado (no tempo em que, para se fazer uma ligação telefônica entre o Rio de Janeiro e Niterói, se passava um bom tempo esperando a telefonista completar a ligação) e que o assunto momentoso da scif-i da época era a humanidade sendo dominada pelos “cérebros eletrônicos”, o assunto para mim tem um sabor nostálgico.
Eu ainda me lembro do sentimento de “maravilhoso” que me ocorreu, ao visitar o CNEN e descobrir que a entidade tinha acesso aos Bancos de Teses (ainda em processo de montagem, em âmbito mundial) e perceber o potencial de disseminação do saber: o acesso instantâneo a todas as fontes de referência!
Eu ainda não tinha um computador pessoal, mas já me maravilhava com a simples possibilidade da existência da “Information Highway” (como o governo americano tentou batizar a Internet). A “Aldeia Global”, prevista por MacLuhan, parecia cada vez mais real.
Para quem dependia do “snail mail” (também conhecido como “Correio”) para se corresponder com parentes e amigos distantes, tudo parecia um sonho…
Só que, como tudo no mundo, a Internet acabou por apresentar um lado positivo e um negativo. Não vou entrar no mérito da quantidade de cretinices e falsas informações, lixo, “spam”, virus e outras chatices menos votadas, que existem. Tudo isso é um pequeno preço a pagar pelos ArXives e outras facilidades.
Mas uma das primeiras coisas que eu aprendi, ao ingressar no “mundo cibernético”, foi que os computadores tinham uma característica semelhante aos automóveis: a maior parte dos defeitos se originavam no “burrinho” (a peça que fica entre o assento e o volante…) E que um dos piores defeitos era a possibilidade do anonimato e da falsa identidade. Basta ver quanta idiotice e desinformação circula por aí (NB: “desinformação” é um jargão militar. Significa uma informação deliberadamente falsa ou meia-verdade distorcida para esconder uma realidade inconveniente).
Também não vou entrar no mérito das teses e pesquisas feitas com “copy & paste”. O degas aqui já faturou muito $$$ prestando “assessoria” para montagem de teses e monografias para incompetentes. Isso é a segunda profissão mais antiga do mundo…
Eu acabo de ler o livro “O Senhor deve estar brincando, Sr. Feynman” e, guardadas as devidas proporções, é gratificante perceber que um físico com Prêmio Nobel fez constatações muito parecidas com as minhas. Mas isto vai ser assunto para outros artigos do “Chi vó, non pó”.
Eu só quero deixar uma “agulhada” final: por que será que os Acadêmicos só se importam com os efeitos da Internet na Academia? Até agora, eu não vi pessoa alguma se referindo ao que a, tão propalada, “Inclusão Digital” pode trazer de bom ou mau ao ensino fundamental e médio…
Gente!… A ciência tem que sair da Torre de Marfim, senão os fundamentalistas religiosos vão ganhar!… E teremos outra “Idade Média”, combinada com o pesadelo de “1984”…
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Physics News Update nº 792


O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 792, de 13 de setembro de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
ACELERAÇÃO DE PARTÍCULAS POR EMISSÃO ESTIMULADA DE RADIAÇÃO (PARTICLE ACCELERATION BY STIMULATED EMISSION OF RADIATION, ou, simplesmente PASER), uma espécie de similar com partículas do processo laser, foi demonstrado, pela primeira vez, por uma equipe de físicos do Instituto de Tecnologia Technion-Israel, usando as instalações do Laboratório Nacional de Brookhaven. Em um laser comum, os fótons que atravessam um meio ativo (um corpo de átomos excitados), estimulam os átomos, através de colisões, a liberar sua energia na forma de mais fótons emitidos; este processo coerente se acumula em si próprio até que um grande pulso de intensa luz sai da cavidade na qual a amplificação ocorre. Na nova experiência de prova de princípio do PASER, o meio ativo consiste de um vapor de CO2 e, em lugar de liberar a energia na forma de fótons estimulados, os átomos transferem sua energia para um feixe de elétrons. Os elétrons estimulam os átomos a cederem sua energia extra através de colisões. A energia dos elétrons é amplificada de maneira coerente; ou seja, os eletrons são diretamente acelerados por uma direta e coordenada transferência quântica de energia. Embora ocorram milhões de colisões para cada elétron, nenhum calor é gerado. A energia transferida vai para uma movimentação amplificada dos elétrons. Seria o caso de dizer que este é o caso de uma transferência de energia tipo laser que resulta em aceleração de elétrons.
Deve-se dizer que os elétrons começam com uma energia de 45 milhões de elétron-volts (MeV) e absorveram somente uma modesta energia de cerca de 200 mil elétron-volts (keV). Os elétrons, inicialmente acelerados em um acelerador convencional, foram também expostos a um laser de CO2 e também enviados através de um dispositivo “agitador” de magnetos; estas ações servem para seccionar um grande monte de elétrons em micro-montes separados, que são escalonados e modulados em energia, a fim de se adaptarem melhor ao processo de ressonância PASER na cavidade de ressonância cheia de CO2 por um pouco mais de tempo (ver figuras em http://www.aip.org/png/2006/268.htm).
A capacidade de acelerar elétrons com energia acumulada em átomos/moléculas individuais, um processo agora demonstrado com o PASER, apresenta novas oportunidades, uma vez que os elétrons acelerados podem se provar siginficantemente “mais frios” (eles são mais colimados em velocidade), do que em outros processos de aceleração envisados, o que, por sua vez, permite a geração de raios-X de alta qualidade, que são uma ferramenta essencial na nano-ciência (Banna, Berezovsky, Schachter, Physical Review Letters, artigo em fase de publicação)
A MAQUININHA DE EINSTEIN. Albert Einstein era o teórico por excelência, tendo produzido emplicações matemáticas do espaço e do tempo, gravidade, átomos e fenômenos quânticos. Entretanto, Einstein tinha seu lado “experimental”, também. Ele foi criado em um lar onde “engenhocas” estavam por toda a parte (seu pai era proprietário de uma fábrica de instrumentos elétricos) e ele trabalhou em um escritório de patentes, onde um desfile de projetos detalhados de engenharia passavam sob suas vistas, todo o dia. Na verdade, ele construíu diversos dispositivos práticos e registrou diversas patentes próprias. Uma das criações de Einstein, que ele chamava de sua “Maschinchen” (“maquininha”), se destinava a medir voltagens da ordem de 0,0005 volts. Este tipo de precisão é, atualmente, fácil de obter, mas não era possível em 1907, quando Einstein desenvolveu uma geringonça que registrava a carga induzida em uma placa metálica próxima e, então, armazenada em um acumulador especial; o efeito do pequeno sinal de voltagem podia ser, então, multiplicado. Sabe-se que existem três versões desta máquina e que ao menos uma dessas versões foi usada em uma experiência realizada por Walter Gerlach (que viria, mais tarde a particupar da descoberta, junto com Stern, do spin do elétron). Agora, dois cientistas da Universidade de Ghent, na Bélgica, realizaram simulações em computador para mostrar como a “Maschinichen” funcionava. Danny Segers diz que ele e Jos Uyttenhove estão construindo uma réplica para melhor explorar a engenhosidade de Einstein. (American Journal of Physics, agosto de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Physics News Update nº 791


O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 791, de 6 de setembro de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
ANTENAS ÓPTICAS DE LASER representam uma abordagem relativamente nova para contornar o velho problema do limite de difração óptica que caracteriza a óptica convencional, mais exatamente a incapacidade de uma lente em focalizar a luz para efeitos de obtenção de imagens em uma definição melhor do que metade do comprimento de onda da luz utilizada. Da mesma forma que uma antena de telhado captura ondas de rádio da magnitude de metros e as transforma (cortesia de um circuito de ajustagem) em sinais muito menores em extensão física, assim a atena óptica converte luz visível em um feixe iluminante com um poder de resolução bem melhor. Por exemplo, uma luz de 800 nm pode produzir imagens com uma resolução espacial de, no máximo, cerca de 400 nm. Um novo dispositivo, construído pelos grupos de Ken Crozier e Federico Capasso em Harvard, que produz pontos iluminados tão pequenos quanto 40 nm, usando luz de 800 nm, é a primeira antena óptica totalmente integrada (laser e aparelho de focalização em uma única plataforma) e o primeiro a provar (medindo diretamente as intensidades de luz) a estreiteza do ponto de luz focalizado. Seu método combina duas técnicas comprovadas – plasmônica, na qual as ondas de luz que atingem uma superfície metálica, criam plasmons que são uma espécie de perturbação eletromagnética ( ver maiores detalhes em http://www.aip.org/pnu/2006/split/770-1.html ) – com um comprimento de onda menor do que a luz inserida; e a microscopia de campo próximo, na qual o limite de difração é evitado pela colocação da amostra muito próxima ao dispostivo de captura de imagens. No dispositivo de Harvard a antena consiste de duas tiras de ouro (130 m de comprimento por 50 nm de largura) separadas por um intervalo de 30 nm. A luz que incide sobre as faixas de ouro (que repousa diretamente na faceta de um diodo laser comercial comum), excita um grande campo elétrico no intervalo. Uma amostra colocada logo abaixo deste intervalo “vê” a coisa como um pulso de luz de 30 nm de largura (embora neste estágio do trabalho o foco seja mais parecido com um retângulo de 40 x 100 nm). Em diversas formas de microscopia sutil, a potência e, algumas vezes, fraca, mas aqui, com o funcionamento em pulsos, a antena pode gerar uma robusta intensidade de pico de mais de 1 gigawatt por cm². (Para comparar as imagens gravadas com um microscópio de força, um microscópio eletrônico e a nova antena de laser, veja http://www.aip.org/png/2006/266.htm ). Crozier diz que focos do tamanho de 20 nm devem ser possíveis e que aplicações para a sua antena de laser podem encontradas em áreas como armazenagem óptica de dados (onde 3 terabytes de dados podem ser gravadas em um CD), imagens químicas de resolução espacial e microscopia óptica de campo próximo (“near-field scanning optical” = NSOM). (Cubukcu et al., Applied Physics Letters, 28 de agosto de 2006; website do laboratório em www.deas.harvard.edu/crozier; ver também http://www.aip.org/pnu/2004/split/701-1.html)
MÚSCULOS ARTIFICIAIS PARA MONITORES COLORIDOS REALÍSTICOS. Redes de difração ajustáveis, feitas de pequenos músculos artificiais, podem proporcionar cores mais realísticas para TVs colocridas e monitores de computadores, mostram os físicos do ETH de Zurique na edição de 1º de setembro de Optic Letters. Em telas comuns, tais como telas de TV e LCDs de tela plana ou telas de plasma, cada pixel é composto de três elementos emissores de luz, um de cada cor fundamental: vermelho, verde e azul. As cores fundamentais em cadapixel são fixas e somente sua intensidade pode ser modificada – ajustando a luminosidade dos elementos coloridos – para criar as diferentes cores compostas. Desta forma, as telas existentes podem reporduzir a maior parte das cores visíveis, mas não todas. Por exemplo, as telas existentes não reproduzem fielmente o tons de azul que se pode ver no céu ou nos mares, diz Manuel Aschwanden. Aschwanden e seu colega Andreas Stemmer verificaram que se pode suplantar tais limitações modificando as próprias cores fundamentais, não somente sua luminosidade, por meio do uso de uma rede ajustável de difração. Em seu dispositivo, a luz branca atinge uma membrana de 100 microns de largura, feita de membrana de músculo artificial revestida de ouro, moldada em um formato que lembra cortinas pregueadas de janelas. O músculo artificial é feito de um polímero que se contrai quando se aplica uma voltagem. Quando a lus branca atinge uma rede de difração, as luzes brancas se espalham em diferentes ângulos. “É como se você apontasse um CD diretamente para a luz do Sol e o girasse”, diz Aschwanden. Tal como as trihas microscópicas na superfície de um CD, as ranhuras no músculo artificial dividem a luz branca em um arco-iris de cores. Mas, ao invés de girar a superfície para obter as diferentes cores, a equipe do ETH ajusta o ângulo de difração aplicando diferentes voltagens ao músculo artificial. à medida em que a membrana se estica ou se contrai, a luz incidente “vê” as ranhuras mais ou menos espaçadas. Todo os ângulos de reflexão são mudados, de maneira que todo o espectro de comprimentos de onda é girado como um todo. A cor desejada pode ser extarída por um orifício. Como o orifício fica fixo, diferentes partes do espectro passarão por ele. Para obter cores compostas, cada pixel usaria duas ou mais redes de difração. Com o uso desse método, uma tela poderia produzir toda a faixa de cores perceptíveis pelo olho humano. diz Aschwanden. Redes giratórias de difração são utilizadas rotineiramente em aplicações tais como comunicações por fibra óptica e projetores de vídeo, mas as tecnologias existentes são baseadas em materiais piezoelétricos rígidos, não em músculos artificiais, o que limita sua capacidade de contração-expansão a menos de 1%. Em contraste, músculos artificiais podem mudar seus comprimentos em grandes proporções. A obtenção de uma completa faixa de cores necessita de uma fonte de luz realmente branca, para começar – em lugar de uma mera combinação de verde, vermelho e azul que parecem brancos para os olhos humanos. Para este propósito, a tecnologia poderia explorar uma nova geração de LEDs brancos desenvolvidos recentemente, diz Aschwanden (ver PNU nº 772, http://www.aip.org/pnu/2006/split/772-3.html). )
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Physics News Update nº 790


O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 790, de 30 de agosto de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
SISTEMA SOLAR REDEFINIDO. Tal como na Bíblia, Adão conseguiu o domínio sobre as coisas na Terra, nomeando-as, os cientistas estabelecem um domínio humano parcial sobre o cosmos, nomeando ou classificando todas as coisas animais, vegetais e minerais. Na reunião da União Astronômica Internacional, na semana passada, em Praga, o sistema de nomeação de planetas foi revisado, e nem todos sairam satisfeitos. De agora em diante, declararam eles, existirão oito planetas propriamente ditos e ao menos três (provavelmente muitos mais) planetas-anões. Para ser classificado como um planeta, um objeto deve orbitar o Sol, ser esférico e grande o suficiente para arrebanhar todo o material em sua zona orbital. Como Plutão não atende o terceiro quesito, foi rebaixado a planeta-anão, juntando-se nessa categoria a dois outros objetos, Ceres e Xena (cujo nome oficial ainda é 2003UB).
REVESTIMENTOS SENSORES DE GRANDES ÁREAS E MICROFONES podem possivelmente ser feitos com transistores flexíveis, feitos de uma barata espuma de embalagem de ferroeletreto. Tal como em materiais ferromagnéticos os pequenos dipolos magnéticos se tornam permanentemente polarizados na presença de um campo magnético aplicado, nos materiais ferroelétricos os dipolos elétricos se tornam permanentemente polarizados pela aplicação de um campo elétrico. Ferroeletretos, uma nova classe de materiais eletroativos baseados em baratas espumas de polímeros, são freqüentemente usados como material de embalagem e isolamento térmico. Porém, agora, os físicos na Univesidade Johannes Kepler (em Linz, Áustria) e na Universidade de Princeton (EUA) mostraram que filmes de ferroeletreto podem acumular campos elétricos grandes o suficiente para disparar (comutar) um transistor de efeito de campo (Field Effect Transistor – FET). Desta forma, muitas das coisas para as quais os transistores são adequados, podem ser construídas com o uso de materiais de ferroeletreto, baratos e flexíveis, como blocos de construção. Os pesquisadores já demonstraram no laboratório versões funcionais de sensores ao toque flexíveis e microfones. Ingrid Graz, diz que sua nova forma de dispositivos eletrônicos macios podem ser úteis para produzir teclados com a espessura de uma folha de papel e microfones flexíveis para telefones celulares, dispositivos ativos de controle de ruído, brinquedos, aparelhos para surdez e sistemas de som ambiente (“surround”). (Graz et al., Applied Physics Letters, 14 de agosto de 2006)
ÁGUA METÁLICA, uma forma de água eletrocondutora, pode existir sob condições ideais de temperatura e pressão em planetas gigantes gasosos, como Júpiter, ou em gigantes gelados, como Netuno. O gelo, na Terra, existe em diversas formas – o gelo normal hexagonal (que aparece como gelo cristalino ou em flocos de neve com seis lados), gelo cúbico (que é raro; ele pode se formar como pequenos cristalitos nas altas camadas atmosféricas) e outros tipos que variam de acordo com as condições de pressão. Um novo estudo teórico, feito pelos físicos no Labratório Nacional Sandia, mostra que uma fase condutora de água pode acontecer em uma temperatura de 4.000°K e uma pressão de 100 gigapascals, o que é muito mais provável de ocorrer do que o anteriormente previsto – 7.000°K e 250 GPa, respectivamente – e que, se pensa, pode ocorrer dentro de Júpiter e Netuno (para um desenho dessa água metálica, ver www.aip.org/png ). Além disso, o novo trabalho mostra, inesperadamente, que, em um diagrama pressão-vs-temperatura, a fase condutora da água pode estar logo ao lado do gelo isolante elétrico, também chamado de gelo “superiônico”, já que neste caso os dois átomos de hidrogênio ficam livres para se mover por aí, enquanto os átomos de oxigênio permanecem congelados em seus lugares. De acordo com Thomas Mattsson, um dos pesquisadores do Sandia, um dos objetivos de seu estudo de água de alta densidade energética (com densidades maiores do que duas vezes a densidade usual de 1g/cm³) é compreender o ambiente fluido de curta duração, em alta temperatura e alta pressão, existente na Máquina Z Sandia, o dispositivo onde uma enome carga elétrica (armazenada em bancos de capacitores imersos em óleo) é enviada, de uma só vez, através de fios, produzindo uma enorme emissão de raios-X suaves (ver http://www.aip.org/pnu/2004/split/702-1.html). (Mattsson and Desjarlais, Physical Review Letters, 7 de julho de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Depois, nós, os Macumbeiros, é que somos malucos…

Lembram da 1ª eleição do W. Bush (2000) e de toda aquela confusão sobre a contagem dos votos na Flórida? Lembram que a decisão sobre a validade dos votos foi delegada a uma senhora chamada Katherine Harris (que acabou por determinar a vitória de W. Bush)?
O Mark Trodden, do Blog Cosmic Variance, lembra, e publicou esta matéria. Eu só vou traduzir duas citações de citações da antiga Secretária de Governo do Estado da Flórida (Governo Jeff Bush, irmão de adivinhem quem), hoje Deputada pelo Estado da Flórida e pré-candidata ao Senado americano:

A Deputada Katherine Harris (R-Fla.) declarou, nesta semana que Deus não queria que os Estados Unidos fossem uma “nação de leis seculares” e que a separação entre Igreja e Estado era “uma mentira que contaram para nós” para manter os religiosos fora da politica.
“Se você não votar nos Cristãos, então, em essência, você estará legislando o pecado”, disse Harris aos entrevistadores da “Testemunha Batista da Flórida”, o semanário da Convenção Batista do Estado da Flórida. Ela citou o aborto e o casamento homossexual como exemplos desse pecado.

E tem mais:

Harris, uma candidata nas primárias de 5 de setembro do Partido Republicano para o Senado dos EUA, disse que suas convicções religiosas “animavam” tudo o que ela faz, inclusive seus votos no Congresso.

Depois, quem arria despacho na encruzilhada é que é maluco e perigoso… Mas eu nunca vi um macumbeiro que fosse, pregando uma Guerra Santa…

Ah!… Eu já sabia!…

Há! Há! Há!… Plutão não é mais planeta! Plutão não é mais planeta! (Ouça-se isto dito naquela cantilena de criança gozando a cara de alguém)
Eu não tenho nada contra Plutão, Sedna, Xena ou qualquer outro objeto no Sistema Solar. Eu estou gozando a cara dos Astrólogos.
Como místico incorrigível que sou, eu cheguei a estudar Astrologia, fazer Cartas Natais, etc. Pode parcer incrível, mas encontrei muitas “coincidências” que me levam a crer que os astrólogos podem até estar certos, pelos motivos errados.
Mas uma coisa jamais me desceu pela goela. Quando descobriram Plutão, os astrólogos resolveram – para não parecerem “anti-científicos” – incluir Plutão nos seus cálculos, contrariando toda uma tradição milenar. Eu não conseguia engolir isto porque, ou eles estavam passando um atestado de que os astrólogos antigos faziam previsões erradas (e, portanto, a astrologia era tão “ciência” como qualquer outro método de adivinhação e não devia ser levada a sério), ou estariam adimitindo que uma porcaria de pedrisco, lá nos confins do sistema solar podia ter a mesma influência sobre as pessoas do que os “astros” mais próximos; então, por que não considerar Ceres, Titan, os asteróides razantes e outros “corpos celestiais” mais próximos, maiores e com influência mais direta sobre a gravidade e o magnetismo terrestre?). Eu já achava duvidosa a suposta influência de Urano e Netuno, quanto mais a de Plutão.
Agora, eu quero ver como os astrólogos vão se sair dessa!…
Em tempo: quando eu disse que os astrólogos poderiam estar certos pelos motivos errados, o que eu quiz dizer é que as datas e horas de nascimento de uma pessoa podem ter influência sobre sua personalidade. E as “coincidências” que eu encontrei, em diversas experiências, me levaram à convicção de que alguma coisa pode ser aproveitada da astrologia (como, de resto, da quiromancia). Algo assim como a Física e a Química atuais terem se originado da “Filosofia Natural” e da “Alquimia” que, em muitas coisas, estavam certas, pelos motivos errados.
Eu acho profundamente estúpido descartar um ramo do conhecimento humano, simplesmente rotulando de “misticismo”. Sir Fred Hoyle quebrou suas lanças contra o “Big-Bang”, exatamente por achá-lo uma hipotese “criacionista”, notadamente pela contribuição do Padre Lemaître à teoria.
É mais honesto (e “científico”) dizer que não existem indícios que comprovem ou “desprovem” um determinado “fato” (que, na maioria das vezes, nem “fato” é…), do que ridicularizar os crentes sonhadores.
Isaac Asimov disse que os cientistas não se sentem na obrigação de explicar tudo; os místicos é que têm “resposta” para tudo.
Eu que sou – ao mesmo tempo – místico para consumo próprio e cético, quando se trata de ciência, adoro ver quando um radical “quebra a cara” (e cientistas “quebram a cara”, também… isso só é vergonha se for provado que os dados da pesquisa foram forjados ou manipulados em favor de sua teoria). Da mesma forma, adoro ver os pseudo-cientistas em apuros quando, logo após terem feito uma “adaptação” de um “fato” de suas pseudo-ciências para parecerem “científicos”, a ciência muda de rumo e eles ficam com mais uma “explicação” furada nas mãos…

Sobre Golfinhos, Cientistas e Jornalistas

Na recente matéria “Duas Notícias Interessantes“, eu desanquei o cientista sul-africano Paul Manger, por conta de uma matéria da Reuters, publicada em “O Globo on Line”, por conta das declarações que ele teria prestado ao jornalista.
Sabiamente, Caio de Gaia, me chamou a atenção para o fato de que eu não deveria desancar um cientista, baseado unicamente em uma notícia de jornal. Com a prestimosidade dos lusitanos, não só correu a ler o paper original, como me enviou um exemplar do dito.
Sou forçado a admitir que, na publicação científica, o Dr. Manger não diz algo tal como “os golfinhos são tão idiotas que nem tentam fugir de suas prisões”, embora possa tê-lo dito (ou não) en passant ao jornalista.
O trabalho do Dr. Manger é extenso (48 folhas), contém diversos dados estatísticos bem fundamentados e traça correlações significativas entre tamanho do corpo e tamanho do cérebro entre diversos tipos de mamíferos (bem como das curvas evolutivas das espécies, obtidas a partir de fósseis). Eu não sou biólogo, nem estatístico, mas o artigo do Dr. Manger foi recebido pela Cambridge Philosophical Society em 05/10/2004 e só foi aceito em 26/01/2006, após cuidadosa revisão. O que me leva a crer que os dados são significativos e corretos. (Embora a frase, atribuída por Mark Twain a Benjamin Disraeli, me venha à cabeça: “Há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísitcas”).
Um ponto que também me chamou a atenção é que o Dr. Manger se empenha em contradizer os trabalhos de P. L. Tyler (2000), J. C. Lilly (1962), B. Würsig (2002), S. Budiansky (1998), P. H. Forestell (2002), H. J. Jerison (1978)… e a lista é mais longa – estes são apenas os que ele cita na primeira página.
Bem, para resumir, a relação entre neurônios e glia pode ser siginifcativa, mas o nosso Dr. Manger, quando lhe convém, generaliza “cetáceos” (principalmente nas correlações tamanho do cérebro vs. tamanho do animal) e, somente quando os dados convém a sua hipótese, particulariza sobre esta ou aquela espécie de golfinho (notadamente quando se trata da necessidade de manter o cérebro aquecido durante o período de “sono” dos animais).
E nada como uma declaração bombástica a um jornalista, para atrair a atenção sobre um artigo que passou dois anos “na gaveta”…
Caio de Gaia tem razão: não se deve julgar o mérito de um trabalho científico apenas com base no sensacionalismo de um repórter. Mas a impressão que a notícia me deixou sobre a pessoa do Dr. Manger, apenas foi confirmada pelo artigo. Um “iconoclasta” à procura de notoriedade. E seu país natal apenas reforça minhas suspeitas.
Mas pode muito bem ser que eu esteja sendo preconceituoso…
Em todo caso, se eu tivesse pedido uma ilustração para o problema de comunicação entre os cientistas e o público desinformado, não teria uma melhor…
Atualizando em 24/08/06: minha amiga Veridiana Canas transcreve em seu Blog, uma reportagem, publicada na Revista “Veja” sobre recentes estudos sobre a linguagem dos golfinhos que, caso verídica, torna o caso do Dr. Manger mais perdido ainda. Quem quiser ler a transcrição, veja aqui.

Physics News Update nº 789

PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 789, de 22 de agosto de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
AS MENORES PIRÂMIDES NO UNIVERSO. Físicos franceses acreditam poder resolver o mistério oculto atrás de dúzias de experiências nucleares realizadas há muitos anos. As experiências, realizadas com vários detectores, energias e espécimes nucleares em colisão, deixaram intrigantes resultados, tão intrigantes e difíceis de interpretar que muitas das experiências voltaram sua atenção para o estudo de núcleos alatmente giratórios, um tema bastante atrativo, na época. Agora, Jerzy Dudek da Universidade Louis Pasteur (Strasbourg) e seus colegas na Universidade de Varsóvia e na Universidade Autônoma de Madrid, alegam que os velhos resultados podem ser explicados, argumentando-se que alguns núcleos, formados nas condições tempetuosas de uma colisão de energia suficientemente alta, podem existir na forma de um tetraedro ou de octaedro. Da mesma forma que uma molécula de metano (CH4) em forma de pirâmide é mantida em posição pela força eletromagnética, um núcleo piramidal consistiria de prótons e nêutrons mantidos em posição pela força nuclear forte. Uma tal molécula nuclear – com efeito, a menor pirâmide no univesro – teria somente poucos fermis (10-15m) em uma face e seria milhões de vezes menor, em volume, do que uma molécula de metano. Da mesma forma como existem os, assim chamados, núcleos “mágicos” com o número exato de nêutrons e prótons que prontamente formam núcleos esféricos estáveis, assim se espera que possam existir números “mágicos” para a formação de núcleos piramidais, também. “Estável”, neste caso, significa que o estado persista de 1012 a 1014 vezes mais tempo do que o intervalo de tempo típico para reações nucleares – mais precisamente 10-21 segundos.
Dudek diz que o Gadolínio-156 e o Ytérbio-160 são núcleos muito condutivos que podem manter uma configuração piramidal estável. Podem existir núcleos que sejam igualmente estáveis em configuração de octaedro (“diamante”), também. Esses núcleos todos possuiriam uma propriedade quântica não observada antes em núcleos: no processo de preenchimento de um diagrama de níveis de energia para o núcleo, quatro núcleons do mesmo tipo (nêutrons ou prótons) poderiam partilhar um único nível energético, em lugar dos costumeiros um ou dois núcleons permitidos. Esta regra-de-quatro inibiria os padrões, usualmente observados, nos quais núcleos não esféricos expulsam energia, usualmente pela emissão de raios Gama. De fato, no caso dos núcleos piramidais, é de se esperar que isto resulte em novas regras de decaimento, sem precedentes. Esta inibição explicaria os resultados intrigantes das experiências anteriores. Dudek e seus colaboradores planejam testar estas idéias em experiências brevemente. (Dudek et al., Physical Review Letters, 18 de Agosto de 2006)
FONTE DE RAIOS GAMA DE ALTO FLUXO E CURTO JATO. Jatos de raios Gama (a forma mais energética de luz) podem ser podem ser criados pelo espalhamento de luz laser de um feixe de elétrons. Os exemplos atuais – inclusive a máquina SPring 8 no Japão e em Brookhaven nos EUA – fornecem pulsos Gama relativamente longos (mais de 100 picossegundos de duração) com uma luminosidade relativamente baixa (uma vazão de cerca de um milhão de Gama por segundo). Uma nova proposta mostra como uma fonte Gama com pulsos tão curtos como 100 femtossegundos e tão intensos como um bilhão por segundo, pode ser construída. Uma das coisas mais importantes que se pode fazer com um brilhante feixe de Gamas é passá-lo através de um fino alvo, onde os Gama podem gerar pares elétron-posítron. A partir desse processo, os posítrons podem ser “raspados” e, devido a sua habilidade em sondar certos processos dentro de materiais que não podem ser sondados com raios X, podem ser usados para estudar coisas tais como defeitos em materiais maciços. Basicamente, os posítrons fornecem valiosas pistas sobre uma amostra de material (estruturais e magnéticas), ocupando posições por toda a amostra, onde os posítrons encontram e se aniquilam com elétrons, criando uma radiação observável. Um dos pesquisadores, Yuelin Lin, diz que, porque os jatos de posítrons são tão curtos (da ordem de um trilhonésimo de segundo), eles podem ser usados para fazer filmes em câmera-lenta de atividades efêmeras e difíceis de observar, tais como o derretimento de metais em altas temperaturas. (Li et al.[sic], Applied Physics Letters, 10 de julho de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Duas notícias interessantes:


Publicadas na Seção de Ciência de “O Globo on line”. (Eu vou deixar os links, mas o site exige inscrição – por isso vou transcrever parte dos textos)
A primeira é Identificados genes determinantes para evolução humana, e começa assim:

Reuters
LONDRES. Eles podem ser os elos perdidos da nossa evolução, áreas do DNA humano que se alteraram dramaticamente depois da separação evolutiva em relação aos chimpanzés, mas que haviam permanecido praticamente inalterados durante os milênios anteriores. Cientistas dos Estados Unidos, da Bélgica e da França identificaram 49 “regiões humanas aceleradas” (HAR, na sigla em inglês) onde há grande atividade genética.
Na mais ativa delas, chamada HAR1, eles descobriram que 18 dos 118 nucleotídeos haviam mudado desde a separação dos humanos e dos chimpanzés, há cerca de 6 milhões de anos, enquanto apenas 2 nucleotídeos haviam se alterado durante os 310 milhões de anos transcorridos desde a separação das linhas evolutivas de chimpanzés e galinhas.
“Agora temos evidências muito sugestivas de que [esses genes] podem ter se envolvido em um passo critico no desenvolvimento cerebral, mas ainda precisamos provar que realmente fez diferença” – disse o chefe da equipe, David Haussler, do Instituto Médico Howard Hughes e da Universidade da Califómia (Santa Cruz).
Os outros participantes da equipe são ligados à Universidade de Bruxelas e à Universidade CIaude Bemard, da França.
“É muito excitante usar a evolução para olhar regiões do nosso genoma que não exploramos ainda”, disse Haussler. É extremamente improvàvel que a evolução de apenas uma região do genoma tenha feito a diferença entre o nosso cérebro e os cérebros de primatas não-humanos. É muito mais provável que seja uma série de muitlssimas pequenas mudanças, cada uma muito importante, mas nenhuma fazendo todo o trabalho por si só. [o artigo prossegue…]

A outra é Cientista contesta inteligênica dos golfinhos, que começa assim:

Reuters
JOANESBURGO – Tamanho não é documento. É O que sugere um artigo recém-publicado na revista “Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society”. Segundo o neurologista sul-africano Paul Manger, apesar de terem cérebros super-desenvolvidos, os golfinhos seriam tão intelectualmente capazes quanto ratos de laboratório. Ou até menos.
– “Coloque um animal qualquer dentro de uma caixa e a primeira coisa que ele fará será tentar escalar a parede para sair dali. Esqueça de tampar o aquário e o seu peixinbo dourado certamente pulará, na tentativa de expandir o ambiente em que vive (…) Um golfinho jamais fará isso. Repare. Nos parques aquáticos, as paredes dos tanques que separam este animais dos demais são baixas o suficiente para que eles pulem. Mas eles não o fazem” – aponta o cientista.
A explicação para este comportamento, segundo Manger, é simples. A idéia sequer passa pela mente pouco desenvolvida do animal.[o artigo prossegue]

Uma observação, mais adiante, diz: “O cérebro dos golfinhos é pobre em neurônios e rico em neuróglias, que são células e fibras do sistema nervoso central que sustentam e preenchem os espaços entre os neurônios e produzem calor. Ele não é feito para processar informações complexas, mas para combater as alterações térmicas a que o organismo do animal – um mamífero – é submetido a baixas temperaturas.”
Notem a diferença de tom das duas notícias. A primeira apresenta, em tom de esperança, uma descoberta que pode levar a uma melhor compreensão dos mistérios da evolução. A segunda, tem um tom sombrio de “viu só?… a gente tinha razão…”
A primeira, vale só como divulgação. Mas a segunda merece um comentário. Tinha que ser um cientista sul-africano… Eu fiz questão de transcrever a “explicação científica” (a coisa dos neurônios e neuróglias) que pode ter fundamento. Mas o raciocínio apresentado pelo eminente doutor, quanto à reação de luta-ou-fuga, é de uma cretinice apavorante. Qualquer imbecil sabe que os golfinhos são uma espécie que interage tranqüilamente com os humanos. Eles não se sentem ameaçados por nós! (Isso pode ser mesmo um indício de que não são inteligentes…) Aliás, qualquer espécie que não conheça o potencial destrutivo dos humanos interage assim (vide exemplos citados em “Montanha dos Gorilas” e “Caninos Brancos”). Será que ocorreu ao distinto cientista que os golfinhos podem ser tão inteligentes que percebem que não há futuro em “escalar as paredes da caixa”? Que eles sabem que não adianta pular para fora da piscina, sair rebolando pelos corredores e pegar um ônibus para a praia mais próxima?
Este tipo de raciocínio primário me lembra aquele – divulgado com certo estardalhaço pela “mídia” – de um médico (americano, se não me engano…) que, ao constatar que mulheres que engravidavam após os 40 anos, eram particularmente saudáveis, “deduziu” que “engravidar após os 40, fazia bem à saúde das mulheres”.
Para mim isto mostra que, não importa o quão competente você possa ser em um determinado ramo do conhecimento científico, você pode continuar sendo um imbecil. Muitas vezes, chi fá, non sá, não porque lhe faltem os conhecimentos, mas porque lhe falta o discernimento.
Atualizando (Obrigado pelo link Caio de Gaia!):
O antropólogo John Hawks também comenta esta notícia sobre os golfinhos. Eu destaco a seguinte parte:

Mas, então, eu pensei com meus botões: “Ora, não é que o cérebro de Einstein tinha um número de glia incomumente alto?” Sim, é certo, mas apenas em uma única área do córtex, o que foi atribuído a uma resposta a uma desusadamente alta demanda metabólica da atividade neurônica.
Alta demanda metabólica neurônica. Hmm… Bom, pensando que seus grandes cérebros só são úteis para suas vidas aquáticas, não haveria quaisquer golfinhos com cérebros pequenos, certo? O que funciona perfeitamente, exceto para golfinhos de rios…

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