A “Grande Unificação das Teorias” aka “GUT”
Salve, Pessoal! Essa eu encontrei no BLOG de Sean Carroll, o Preposterous Universe, que dá como fonte The Poor Man. Não aguentei e tive que traduzir:
A unificação Sombria
Eu entendo que está ficando cada vez mais difícil diferenciar — então, só para esclarecer as coisas, o que aparece abaixo é, na verdade, uma paródia, cortesia do The Poor Man. […]GOLDBERG VS. WEINBERG, PARTE XXIII [Jonah Goldberg]
Eu sei que todo o mundo já deve estar farto de ouvir sobre o assunto, e, a julgar pelos emails que estou recebendo, fica bem claro que eu obtive um KO nessa questão, mas eu simplesmente tenho que publicar este último email:
Na qualidade de alguém que vem colecionando figurinhas de Star Wars por mais de duas décadas, deixem-me dizer que o Professor Steven Weinberg é, claramente, um idiota e não faz a mais leve idéia do que está falando, quando se trata de física teórica: Não existem quatro forças fundamentais da natureza no Modelo Padrão, como ele arrogantemente afirma. Existe somente A Força, que tem um lado luminoso e um lado sombrio — mas, como nós aprendemos na clássica novela Os Lordes Sith do Último Jedi, esses lados são somente enfoques diferentes de uma mesma coisa. Então, eu não sei porque ele fica resmungando sobre “campos gauge” ou seja lá o que for, já que todo o mundo sabe que nós já descobrimos uma teoria unificada dA Força, a muito, muito tempo. No entanto, como se espera de um típico covarde liberal, ele prefere se esconder atrás das montanhas de títulos, honrarias profissionais e pequisas fundamentais, ao invés de discutir a verdade dos fatos.
E, como eu comentei no Preposterous Universe, aposto que os próximos episódios da Saga Guerra nas Estrelas vão acabar propondo alguma pequena variação do tema Intelligent Design financiado e produzido pela Templeton Foundation… É só esperar…
Enquanto isso, no BRA$IL…
Mais duas notícias de O Globo on-line de hoje:
Lula: Economia vai surpreender em 2005
Presidente assegura que não recorrerá a pacotes: ‘Não é porque vamos ter eleição daqui a um ano e meio que vamos tomar uma medida populista’
Será que ele acredita no que está dizendo? Será que ele acredita que alguém acredita? […não precisam responder; as perguntas são meramente retóricas…]
Enquanto isso:
Inadimplência cresce e valor da dívida também
Estudo leva em conta cheques devolvidos, títulos protestados, dívidas vencidas com bancos, varejo, administradoras de cartões e financeiras. Estagnação da renda, inflação e alta de juros são algumas das explicações da Serasa para crescimento frente a abril do ano passado.
As mães do Meirelles e do Palocci, vão muito bem, obrigado!… [e não são nada disso que vocês estão pensando…]
Eu só não acerto a Mega-Sena…
Da série, “eu bem que falei…” Duas notícias publicadas na edição on-line de O Globo de hoje:
FH diz que política de Lula ‘é para inglês ver’
Ex-presidente critica política externa do governo dizendo que empenho com os países mais pobres tem segundas intenções
Garotinho e Rosinha recuperam direitos políticos com novo efeito suspensivo
Decisão no mês passado havia deixado a governadora do Rio e secretário estadual de Governo inelegíveis por três anos
Sobre a primeira, diga-se que é bem um caso de “O roto falando do esfarrapado e o sujo, do mal lavado”… Se alguém deveria ter vergonha na cara e não falar da política terceiro-mundista do Lula, este alguém é exatamente o FH. Mas, que é verdade, é!…
Sobre a segunda, também não é uma decisão irrecorrível: apenas uma liminar, dada por um Desembargador. Cadê a Associação dos Magistrados do Brasil? Vai fazer um ato público de repúdio conta o Desembargador? Vai emitir alguma Nota Oficial? Vai é porra nenhuma! nada…
Por que pessoas espertas defendem más idéias
Eu achei esse link para o artigo Why smart people defend bad ideas no BLOG de Peter Woit, Not even wrong. Gostei tanto que resolvi traduzir e publicar. Eu juro que pedi permissão ao autor, mas como a tradução já está pronta e ele ainda não respondeu, vou publicar assim mesmo.
Por que pessoas espertas defendem más idéias
© Scott Berkun, Abril de 2005
Todos nós conhecemos alguém que é esperto, mas que, ocasionalmente, defende idéias obviamente más. Por que isso acontece? Como podem pessoas espertas adotar posições que desafiam qualquer lógica racional? Tendo levado muitos anos trabalhando com pessoas espertas, eu cataloguei muitas ocasiões onde isso acontece e tenho alguns conselhos sobre como lidar com isso. Eu me sinto qualificado para escrever este ensaio porque sou uma pessoa esperta, em fase de recuperação, e já defendi várias idéias muito más. Então, se não fosse por outro motivo, este ensaio serve como uma espécie de sessão de terapia pessoal. No entanto, eu suspeito muito que você vai encontrar mais do que a pura diversão (“Olha só! O Scott é mais estúpido do que a gente pensava!“) no que eu tenho a dizer sobre este tópico.
Sucesso na defesa de más idéias
Eu não me orgulho de admitir que sou formado em Lógica e Computação pela Universidade Carnegie Mellon. Um diploma em lógica não é o tipo de coisa que faça as pessoas quererem conversar com você nas festas, ou ler seus ensaios. Mas, se há alguma coisa que eu aprendi, depois de anos estudando teorias de lógica em nível superior, é que a proficiência na argumentação pode ser facilmente usada para derrotar os oponentes, mesmo quando você estiver inteiramente errado. Se você aprender uns poucos truques de lógica e técnica de debates, você pode refutar o óbvio e defender o ridículo. Se as pessoas com quem você estiver discutindo, não estiverem tão a vontade como você nas táticas de discussão, ou não forem tão arrogantes quanto você, eles podem até desistir e concordar com você.
O problema com pessoas espertas é que elas gostam de “ter razão” e, algumas vezes, defenderão idéias até a morte, ao invés de admitir que estão erradas. Isso é mau. Pior, ainda, se elas se deram bem com isso quando eram jovens (digamos, porque elas eram mais inteligentes do que seus pais, seus amigos e os amigos de seus pais). Elas provavelmente terão construído um ego em torno de estarem sempre certos e defenderão seu recorde perfeito de “certeza presumida” até a morte. Pessoas espertas freqüentemente caem na armadilha de preferirem “ter razão”, mesmo que isso seja baseado em mentiras, ou resulte em eles, ou seus entes queridos, se sentirem infelizes (Em algum lugar do cemitério da sua cidade, existe uma fileira de tumbas, chamada “Alameda dos Espertinhos”, cheios de pessoas enterradas em funerais pouco concorridos, cujas lápides dizem: “Viu?…, no fim, eu tinha razão“).
Até que elas fiquem face a face com alguém com tenacidade bastante para dissecar sua lógica e com paciência bastante para aturar os insultos intelectuais velados que elas soltam durante a discussão (por exemplo: “Você realmente não pensa assim, não é?“, ou “Bem se você conhecesse a regra/lei/corolário de {insira aqui uma referência obscura}, você não estaria dizendo tais coisas…“), elas não serão forçadas a questionar sua habilidade em defender más idéias. Oportunidades para isso são raras: um novo patrão, um novo companheiro de trabalho, um cônjuge novo. Mas, se sua obsessão por “ter razão” for suficientemente forte, elas rejeitarão essas pessoas imediatamente, antes de se questionarem sobre seus próprios preconceitos e auto-manipulações. Pode ser mais fácil, para pessoas espertas com o hábito de defender más idéias, mudar de emprego, cônjuge ou cidade do que examinarem honestamente o que está no cerne de sua psique (e, freqüentemente, de sua infelicidade).
Ao invés de se formarem em lógica, ou estudarem as nuances da técnica de debate, lembre-se desta única regra simples para desmistificar aqueles que têm habilidade em defender más idéias: O simples fato de que você não pode provar que eles estão errados, não os torna corretos. A maior parte dos truques, empregados por conhecedores de lógica e técnicas de debates, refutam questões e ataques, mas não conseguem estabelecer qualquer justificativa verdadeira para uma determinada idéia.
Por exemplo, só porque você não pode provar que eu não sou uma reencarnação de um Rei da França, isso não se torna verdade. Então, quando alguém lhe disser: “Meu plano A é o melhor, porque ninguém explicou como ele pode falhar“, saiba que existe uma falácia neste argumento. Simplesmente porque ninguém descreveu como ele vai falhar, isso não o torna o melhor plano. É possível que os planos B, C, D e E tenham todos a mesma qualidade, ou que a razão pela qual ninguém tenha descrito como o plano A vai falhar, é que ninguém teve mais do que 30 segundos para analisá-lo. Como vamos discutir mais adiante, um raciocínio errado difuso requer que alguém (provavelmente você) construa uma estrutura mais saudável em torno do mau raciocínio, para expô-lo tal como ele é.
Morte por homogeneidade
Nossa segunda parada, no tour das más idéias comumente defendidas, é a, aparentemente amistosa, noção de pensamento comunal. Só porque todo o mundo na sala é esperto, não quer dizer que, coletivamente, eles irão chegar a idéias inteligentes. O poder da pressão dos pares é que ela atua sobre nossa estrutura psicológica, não sobre nosso intelecto. Como animais sociais, nós somos pesadamente influenciados pelo modo como as pessoas em nosso entorno se comportam, e a nossa capacidade pessoal em tomar decisões varia grandemente dependendo do ambiente em que nós estivermos. (Por exemplo, tente escrever um poema haiku, de pé, em um elevador com 15 cantores de ópera, urrando 15 árias diferentes, em 15 línguas diferentes, em falsete, diretamente em seus ouvidos; agora, compare a mesma tarefa, se você for executá-la, sentado em um banco, em um local calmo de um bosque aberto).
Dito isto, quanto mais homogêneo, em seu modo de pensar, for um grupo de pessoas, mais estreito será o leque de idéias que o grupo considerará abertamente. Quanto mais de mente aberta, criativo e corajoso for um grupo, maior será o leque de idéias que ele será capaz de explorar.
Alguns grupos de pessoas procuram grupos de interesse, consultorias e processos de pesquisa para introduzir idéias exteriores, mas isso raramente melhora a qualidade do raciocínio do próprio grupo. Essas idéias exógenas, não importa o quanto ousadas ou originais, ficam à mercê da diversidade de pensamentos dentro do próprio grupo. Se o grupo, como um coletivo, só é capaz de aprovar um trabalho de nível B, não importa quantas idéias de nível A você traga para ele. Grupos de interesse e outras fontes externas de informação não podem dar uma “alma” a uma equipe, nem a seus líderes. Uma equipe “nivelada” e homogênea de pessoas não tem “opiniões próprias”, porque consiste de pessoas com as mesmas bagagens culturais, pontos de vista e experiências, que só se sentirão à vontade discutindo as idéias “seguras” que se amoldem a esses limites.
Se você quer que suas pessoas espertas sejam tão inteligentes quanto possível, procure uma diversidade de formas de pensar. Encontre pessoas com diferentes experiências, opiniões, bagagens culturais, pesos, alturas, raças, estilos de cabelos, cores, passatempos, peças favoritas de vestuário, filosofias e crenças. Junte-os em torno dos resultados que você quer, não dos meios ou enfoques que eles devem usar. É a única maneira de garantir que as melhores idéias de seus indivíduos mais espertos sejam recebidas abertamente pelas pessoas em seu redor. Para seu próprio uso, evite sempre o mesmo tipo de: livros, filmes, música, comida, sexo, mídia e pessoas. Experimente realmente a vida, indo a lugares onde usualmente você não vai, gastar tempo em companhia de pessoas que você normalmente não acompanharia. Viva o momento e esteja aberto para ele. Até recentemente, na história humana, a vida era menos previsível e nós éramos forçados a nos encontrar com coisas que não eram sempre de nossa escolha. Nós somos capazes de viver vidas mais criativas e interessantes do que as que nossa cultura moderna freqüentemente nos provê. Se você sair de seu caminho para encontrar experiências diversas, vai ser impossível você deixar passar idéias, simplesmente porque seu ponto de vista, homogeneizado, não as deixou passar pelo filtro.
Raciocinar no nível errado
Em qualquer momento, em qualquer projeto, existe um número infinito de soluções para outro número infinito de problemas. Parte de ser uma pessoa realmente inteligente é saber qual o nível é o certo em um dado instante. Por exemplo, se você estiver derrapando em sua velha Kombi, a mais de cem por hora, em uma auto-estrada, durante um temporal, quando uma carreta, cheia de fogos de artifício mal embalados e velas de ignição em caixotes abertos, travar nos freios, essa não é a hora certa de discutir com seus passageiros onde vocês gostariam de parar para jantar. Por mais ridículo que esse cenário pareça, acontece o tempo todo. As pessoas se preocupam com a coisa errada, na hora errada, e aplicam sua inteligência de maneira tal que ela não sirva para encontrar a solução para seja o que for que estejam tentando conseguir. Alguns chamam essa diferença de habilidades de sabedoria, porque um sábio sabe em que concentrar seu raciocínio, enquanto que os meramente espertos só sabem raciocinar. (Esta desvalorização da sabedoria é uma dicotomia oriente vs. ocidente: a filosofia oriental põe grande ênfase em aumentar a sabedoria, ao passo que, no ocidente pós-iluminista (e, provavelmente, particularmente na América), a ênfase recai sobre os floreios intelectuais da inteligência)
Na indústria de software, o exemplo mais comum de “raciocinar em nível errado” é uma equipe de programadores, nível pop star, que podem fazer qualquer coisa, mas não sabem, realmente, o que fazer. Daí, eles tendem a fazer quaisquer coisas que lhes venham às idéias, nunca parando para procurar alguém, que pode não ser um entusiasta em escrever programas, mas que pode ver onde o valor de suas habilidades de programação seria melhor aplicado. Outros exemplos incluem: pessoas que sempre se preocupam com dinheiro, não importa quanto eles tenham; pessoas que lutam com relacionamentos, mas investem somente em melhorar sua aparência (ao invés de terapia ou outra abordagem emocional); ou qualquer um que queira resolver o problema X, mas que parece que só faz coisas para resolver o problema Y.
O ponto principal é que nenhuma quantidade de inteligência pode ajudar um indivíduo que esteja diligentemente trabalhando no nível errado do problema. Alguém com sabedoria tem que bater no seu ombro e dizer: “Aí, cara! O buraco que você está cavando está muito bonito e o tamanho está certinho. Mas você está no terreno errado.”
Morto, a longo prazo, por pensar a curto prazo
Pelo que se conhece da evolução, fica claro que nós estamos vivos por causa de nossa habilidade herdada de pensar rápido e responder às mudanças. A sobrevivência das criaturas viventes, na maior parte da história de nosso planeta, tem sido um jogo de curto prazo. Somente se você conseguisse escapar de seus predadores e apanhar suas presas, você teria o privilégio de se preocupar com o amanhã.
Disso se segue que nós temos a tendência a sermos melhores em nos preocuparmos e resolvermos questões de curto prazo, do que questões de longo prazo. Mesmo quando nós reconhecemos uma questão importante de longo prazo que temos que planejar, digamos proteger os recursos naturais ou planejar para a aposentadoria, nós somos facilmente distraídos por coisas imediatas, como o jantar ou sexo (coisas importantes, sem dúvida; mas para grande parte da espécie, a relevância da necessidade é puro imediatismo). Uma vez distraídos, nós raramente voltamos a pensar nos problemas de longo prazo de que fomos desviados.
Uma justificativa, comumente usada para o abuso do raciocínio de curto prazo, é defendê-lo com uma falsa perspectiva. O cara esperto, mas menos confiante, diz: “Ei! Você está certo de que nós devíamos estar fazendo assim?” E o cara esperto, confiante, mas menos sábio, diz: “Claro! Nós fizemos assim da última vez, fizemos assim antes, então, por que não deveríamos fazer assim de novo?” Essa “defesa” é uma “falsa perspectiva” porque não há motivos para se pensar que apenas duas amostras de dados (por exemplo: “a última vez” + “a penúltima vez”) sejam suficientes para prever o futuro. As pessoas dizem coisas similares, todo o tempo, em defesa da “economia de livre mercado”, da “democracia” e de “técnicas de sedução”. “Bem, isso nos trouxe até aqui e é o melhor sistema que temos“. Bem… Pode ser… Mas se você estivesse em sua Kombi quebrada, até as canelas de gasolina escorrendo do tanque, e com um cigarro aceso em cada mão, poderia dizer a mesma coisa…
Colocando as coisas de modo simples, o fato de você ainda não estar morto não significa que todas as coisas que você já fez, por tudo que é justo neste universo, não fossem suficientes para matar você. Você talvez só precise de mais umas poucas amostras de dados para que a Lei das Médias entre em funcionamento e ponha um fim permanente a seu raciocínio de curto prazo
Quantas amostras de dados você precisa para continuar se sentindo confortável com um comportamento, é um caso inteiramente de filosofia pessoal. Os sábios e os céticos sabem que mesmo um número infinito de amostras do passado, podem ter uma influência limitada sobre o futuro. A parte enganosa sobre o futuro é que ele é diferente do passado. Nossos dados do passado, não importa quão grande seja a pilha de dados, pode muito bem ser totalmente irrelevante. Alguns acham que essa falta de habilidade em prever o futuro é algo totalmente frustrante, enquanto outros encaram o fato como a principal justificativa para ficar por aqui mais alguns anos.
De qualquer forma, meu ponto não é que Kombis ou economias de livre mercado sejam más. Ao invés disso, o que eu estou dizendo é que pequenas amostras de dados de curto prazo não são uma maneira nem confiável, nem sábia, para tomar decisões de longo prazo. Pessoas espertas fazem isso o tempo todo e, uma vez que isso é tão aceito como uma “experiência prática” (ou seja, “a última vez” + “a penúltima vez”), que é freqüentemente aceito, em lugar de raciocínio verdadeiro. Sempre tendo em mente que os seres humanos, dada a nossa evolução, são muito ruins em ver efeitos cumulativos de comportamento e subestimam como coisas, tais como “juros compostos” ou “um cigarro por dia”, podem ter, a longo prazo, um impacto surpreendentemente grande, a despeito dos efeitos claramente pequenos em curto prazo.
Como impedir pessoas espertas de defenderem más idéias
Eu passei meu primeiro ano de faculdade em um pequeno college de Nova Jersey chamado Universidade Drew. Eu me diverti, tomei muitas bebidas alcoólicas gostosas e fui a muitas festas de arromba (tendo como resultado, é lógico, que fui reprovado e tive que voltar a morar no Queens com meus pais. Como vocês podem ver, esse ensaio é, na verdade, um anúncio de utilidade pública, pago por meus pais — eu era uma pessoa esperta que fez algumas coisas estúpidas). Mas eu menciono isso porque eu aprendi uma boa dose de filosofia com as muitas horas jogando sinuca no Centro Acadêmico. A lição foi: “A Pressa Mata”. Eu nunca fui muito bom em sinuca, mas tinha um cara que era e, toda vez que nós jogávamos, ele ficava me vendo perder tacadas fáceis porque eu queria enfiar as bolas na caçapa com toda a força. Eu escolhi “velocidade e força”, ao invés de “controle”, e, quase sempre, perdi. Da mesma forma que na sinuca, quando se trata de desmistificar pessoas espertas que estejam defendendo idéias más, você tem que achar uma maneira de “desacelerar as coisas”.
A razão para isso é simples. Pessoas inteligentes, ou cujos cérebros tenham, pelo menos, uma boa “arrancada”, usam a sua velocidade de raciocínio para sobrepujar os outros. Elas vão saltar de uma suposição para outra rapidamente, expelindo jargão, pedaços de lógica, ou “experiência prática”, em uma cadência de tiro rápida o suficiente para intimidar a maior parte das pessoas e fazê-las desistir. Quando isso não surte efeito, os arrogantes ou pomposos vão lançar mão de um pouco de derrisão e usar quaisquer trapaças ou táticas de manipulação que estejam a seu alcance, para desencorajá-lo ainda mais de tentar dissecar suas idéias.
Então, sua melhor defesa começa por bater um argumento por partes. Quando disserem: “é óbvio que nós temos que executar o plano A, agora!“, você deve responder: “Espere um pouco! Você está muito na minha frente. Para que eu possa acompanhar seu raciocínio, eu preciso bater isso por partes“. E, sem esperar pela permissão para fazê-lo, vá em frente e faça isso.
Em primeiro lugar, nada é óbvio. Se fosse realmente óbvio, não haveria necessidade de dizê-lo. Então, sua primeira tarefa é estabelecer o que não é tão óbvio. Quais são as premissas que o outro cara está glosando e que vale a pena pesquisar mais detalhadamente? Podem haver 3 ou 4 premissas válidas diferentes, que precisam ser discutidas, uma de cada vez, antes que se possa considerar qualquer espécie de decisão. Pegue uma de cada vez, e exponha as questões básicas: que problema estamos tentando resolver? Quais são as alternativas para resolvê-lo? Quais são as vantagens e desvantagens de cada alternativa? Batendo por partes e fazendo perguntas você expõe mais o raciocínio à luz, torna possível para os outros fazer perguntas e torna mais difícil, para qualquer um, defender uma má idéia.
Ninguém pode tirar seu direito de raciocinar sobre as coisas, especialmente se a decisão a tomar é importante. Se sua mente não “arranca” bem e funciona melhor em 3ª ou 4ª marchas, encontre os caminhos para se dar o tempo para chegar lá. Se, quando você disser “eu preciso desta tarde para raciocinar sobre isso“, eles disserem “entretanto nós temos que decidir sobre isso agora“, pergunte se a decisão é tão importante; se responderem que sim, então você estará inteiramente justificado em pedir mais tempo para raciocinar e fazer perguntas.
Ache uma pessoa razoável para escutar
Algumas situações necessitam de ajuda externa. Ao invés de levar a questão ao arbítrio de uma outra pessoa, diretamente, ache terceiros que ambos respeitem, e continue a discussão em sua presença. Pode ser um superior, ou simplesmente alguém reconhecidamente inteligente, o suficiente para que seu oponente possa fazer concessões a ele sobre alguns pontos.
Conseqüentemente, se o chefe de sua equipe for sábio e razoável, pessoas espertas que poderiam, ordinariamente, defender más idéias, vão ter muito trabalho para fazê-lo. Porém, se, infelizmente, seu chefe de equipe não for nem sábio, nem razoável, pessoas espertas e arrogantes podem convencer os outros a seguir seus maus conselhos, mais vezes sim do que não.
Mais razões ainda
Eu estou certo de que você tem histórias sobre suas próprias tolices ao lidar com pessoas espertas defendendo más idéias, ou nas quais você, no papel de pessoa esperta, perdeu tempo discutindo por coisas sobre as quais você se arrependeu depois. Dada a enorme diversidade de maneiras que o universo fornece aos seres humanos para serem espertos e tolos ao mesmo tempo, existem muitas outras razões de porque pessoas espertas podem se comportar de maneira estúpida. Por pura diversão, e para alimentar os forums, lá vão mais algumas. (Se você tem algumas idéias sobre este ensaio, ou mais algumas razões a acrescentar, por favor, dirija-se a esses forums)
- Pessoas espertas podem seguir líderes estúpidos (buscando elogios ou promoção)
- Pessoas espertas podem ser levadas pela raiva a posições estúpidas
- Elas podem ser treinadas ou educadas para serem estúpidas
- Pessoas espertas podem herdar más idéias de seus pais, sob o disfarce de “tradição”
- Elas podem querer que alguma coisa impossível seja verdade
[As referências citadas pelo autor podem ser obtidas no site do original]
Até que enfim, a Marinha falou! (E alguém publicou!)
Salve, Pessoal! O Lula anda “posando de estadista” e querendo arranjar um lugar permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Para dar um “passo” desses, é preciso ter “pernas”. Uma das “pernas” necessárias é uma Força Armada capaz de integrar os contingentes da ONU, como, por exemplo, o que está no Haiti. Em outra matéria anterior, eu falei que o Exército gasta uma “baba” com um sistema ultrapassado de “Serviço Militar” (que podia ser o “máximo” na época de Coelho Neto, mas, agora, é apenas jogar dinheiro fora).
Eu fiz parte de um Serviço Profissional, a Marinha do Brasil, e conheço bem a situação. Desde minha passagem à reserva (em 1993), até hoje, a situação, que já era ruim, só fez piorar. A Marinha sempre mostrou isso, para quem quisesse ver, mas a midia sempre se eximiu de publicar as notas da Marinha (falar de militar é feio: eles foram ditadores…). Finalmente, um jornal publicou um extrato do que eles dizem ser um press-release de cinco páginas. Foi o Jornal “O Dia” do Rio de Janeiro, na edição de hoje, sob o título: “Marinha à míngua“.
É o caso, que eu também já citei alhures, do Comandante da Guarda-Costeira dos Estados Unidos, defendendo seu orçamento perante o Congresso Americano: “Vocês estão tão acostumados à gente fazer muito, com pouco, que vão acabar querendo que a gente faça tudo, com nada!” Lá, pelo menos, o Comandante da Guarda Costeira pode ir ao Congresso defender seu Orçamento. Cá, no Brasil, o Orçamento da Marinha é enviado ao Ministério da Defesa, que, por sua vez, o manda ao Ministério do Planejamento que junta com os dos outros Ministérios, e manda para o Congresso em um bolo só. Dificilmente a Marinha (ou qualquer outra Força Singular) é chamada a dar explicações aos congressistas (navio não dá voto…).
Para se ter uma idéia da medida da ignorância com que as Forças Armadas são tratadas, uma vez o Serviço de Auditoria da Marinha (a controladoria interna que verifica a correção das contas — e, volta e meia, manda um comandante ou outro para o Tribunal) recebeu um telefonema de um setor qualquer do Tribunal de Contas da União (órgão do Congresso Nacional) perguntando: “para que a Marinha queria um trem?” Depois de muitos contatos com as Bases Navais, Arsenal da Marinha e todas as Unidades que poderiam, por algum motivo arcano, ter um trem em sua posse, o Serviço de Auditoria da Marinha respondeu ao Tribunal de Contas que a Marinha não tinha trem algum e perguntando em que relação de material aparecia o tal trem. Resposta recebida: “Como não? E esse tal “Trem da Esquadra?”. Para quem nada sabe de expressões navais, Trem da Esquadra é o comando enquadrante dos navios que prestam apoio à esquadra: rebocadores de alto-mar; navios-oficina, petroleiros e outras embarcações de apoio. O termo pode parecer estranho, mas é tradição: as tralhas não-combatentes que qualquer Força é obrigada a ter, são conhecidas como “Trem de Guerra“. Bastava a “otoridade” lá do Tribunal de Contas perguntar: “Que Unidade é essa: ‘Trem da Esquadra’?”; não perguntar: “para que a Marinha queria um ‘trem’?”.
Muitos poderão estar se perguntando: “Afinal, para que o Brasil quer uma Marinha? Ou mesmo, Forças Armadas?” Minha primeira resposta para isso é que “Forças Armadas” são como um Seguro: você paga, rezando para nunca ter que usar!… Segundo, enquanto a América do Sul for o que é, é conveniente manter uma Força Armada pronta e adestrada. As nossas fronteiras com a Colômbia e o Peru são uma terra-de-ninguém, onde os governos colombiano e peruano não mandam nada. A Venezuela tem uma antiga reivindicação de tomar metade do terrirório da Guiana (para extender isso um pouco mais para o Sul e tomar uma parte de Roraima, não custa nada…). O Brasil roubou dois pedaços do território boliviano: o Acre e o saliente de Corumbá (que contém as jazidas de manganês de Urucum); a Bolívia pode, perfeitamente, resolver tomar de volta (olha só o que eles fizeram, agorinha mesmo, com os preços do gás natural — e olha que quem construiu o gasoduto foi o Brasil…) . Os uruguaios são um país que se tornou independente duas vezes: a primeira, de Portugal (como Província Cisplatina) e a segunda, da gente. Os paraguaios não têm nenhum amor pelos brasileiros: a fase final da Guerra do Paraguai foi, simplesmente um genocídio (o Paraguai começou a guerra com 5 milhões de habitantes; hoje, eles são pouco mais do que isso…). Quanto à Argentina… Bom, de um país que resolve encarar a Inglaterra por causa das Ilhas Malvinas, pode-se esperar qualquer coisa (e as recentes atitudes deles, em relação ao Mercosul, mostram que eles não estão dispostos a ver o Brasil assumir a liderança da América do Sul). Mas guerra? Que guerra?… Os holandeses achavam isso em 1940, até que acordaram com as tropas Nazistas nas suas ruas… A Suiça é neutra, mas tem um exército, uma força aérea e um sistema de mobilização de forças que foi copiado por Israel…
É uma situação de merda? É… Mas fechar os olhos para isso é suicídio. A Amazônia e o Pantanal são alvos cobiçados, inclusive pelas grandes potências militares. Se não fosse a Marinha, as frotas pesqueiras internacionais já teriam acabado com toda a vida marinha em nossas costas (alguém ainda se lembra da “Guerra da Lagosta”? Quando os franceses mandaram uma esquadra para proteger os navios lagosteiros deles que estavam acabando com as lagostas do Nordeste do Brasil?). Alguém tem alguma dúvida de que o Brasil precisa de uma guarda-costeira? Se tem, malandro, vai estudar um pouco de história; depois volta para a gente conversar…
Mas o Lulinha quer apenas o prestígio de dar pitaco no Conselho de Segurança da ONU… Afinal, não é ele quem vai para a guerra, né?…
Ah! Sim… E os salários dos militares, ó!… Sou integralmente solidário com todos os Servidores Públicos. Todos os salários estão pela hora da morte. Mas, na hora da morte, são os milicos quem vai na frente. Como dizia Rudyard Kipling:
And ‘Shut him out! The brute!’
But it’s ‘Thin red line of heroes’
When the guns beguin to shoot…”
A Pesquisa científica
Salve, Pessoal! No meu artigo anterior, eu termino com a afirmativa: Ciência é isso: a melhor explicação que se pode obter com a tecnologia disponível, daquilo que é observável!
Resta saber, então, como obter essa melhor explicação possível.
O primeiro filósofo a estabelecer o que nós, atualmente, chamamos de “pesquisa científica” foi Francis Bacon (sobre ele, eu recomendo a página em inglês da WikiPedia — a página em português é fraquíssima). Ele foi o primeiro a propor que as “Leis da Natureza” fossem deduzidas a partir de medições e experimentos, ou seja, adaptar as idéias aos fatos e não os fatos às idéias, como era, até então, a moda. Na introdução de sua obra Novum Organum, ele explica que as idéias das pessoas são distorcidas pelo que ele chama de “Ídolos”. Os Ídolos de Bacon, como são conhecidos, são as distorções na forma de pensar que todos temos: Ídolos da Tribo, a forma de pensar decorrente da origem étnica da pessoa; Ídolos da Caverna, que são as distorções devidas às experiências pessoais de cada um; Ídolos do Mercado, que são as distorções causadas pelo uso coloquial de cada linguagem; e Ídolos do Teatro, resultantes da aceitação irrestrita da “opinião oficial” (ou “opinião pública”: o famoso “todo o mundo sabe que…”). Como fazer, então, para se livrar das interpretações errôneas das idéias expressas por outros, e mesmo das observações errôneas feitas por outros, distorcidas pelos Ídolos?
A resposta de Bacon é um verdadeiro “ovo de Colombo”. As “Leis” ou “Princípios” enunciados deveriam ser, não só fruto de medições e observações, como deveriam propor experimentos, sob condições claramente descritas, que pudessem ser reproduzidos por outros pesquisadores para a comprovação dos resultados obtidos. Uma decorrência inevitável desse método é que a única linguagem realmente universal: a matemática, passa a ter uma enorme relevância no processo de pesquisa científica.
Ocorre que, atualmente, as fronteiras da ciência foram grandemente ampliadas. A química e a física vieram substituir a alquimia (e, se não consguiram — ainda — a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida, descobriram processos para transmutar elementos e avançaram muito nos conhecimentos sobre a composição da “matéria”), a Astronomia veio substituir a Astrologia (embora a Astrologia ainda encontre adeptos — entre eles yours truly) e a Medicina e a Bioquímica progrediram bastante na direção apontada por Paracelso. No início do século passado, registraram-se avanços espetaculares na Física e Química, chegando-se exatamente ao problema atual: os domínios do muito grande e do muito pequeno.
Na Química Orgânica chegamos à descoberta das macromoléculas, polímeros e, principalmente, ao DNA. E constatamos que essas moléculas têm estruturas tão complexas que desafiam nossa capacidade de processamento de dados. Na Física, como já mencionei anteriormente, a Escala Cósmica e a Subatômica continuam a escapar à percepção de nossa tecnologia disponível. É até engraçado ler os contos de sci-fi dos meados do século passado e encontrar “Cérebros Eletrônicos” (de proporções gargantuescas, é claro: os computadores de “estado sólido” só foram aparecer na década de 1970) “dominando o mundo”. Em 2005, o melhor dos supercomputadores ainda não consegue lidar com um modelo de núcleo atômico maior do que o Hélio… E o melhor Modelo Cosmológico disponível, o do Big Bang, ainda tem muito caminho pela frente para explicar como o Universo chegou ao estágio atual. A cada nova descoberta da Astronomia, surgem novas questões sobre o modelo.
E é nesse atual “estado da arte” que surgem as tentativas daqueles que se assustam com um Cosmos de proporções inimagináveis, de voltar a “Escrituras Sagradas” e empurrar o pinto para dentro do ôvo, e este para dentro da galinha de novo (sem abdicar da Internet, é claro…)
Vamos por umas reticências por aqui e mudar (no próximo artigo) para a questão da religiosidade.
Não dá para não comentar!…
Salve, Pessoal! Eu ia continuar com o papo “ciência vs. religião” e estava até preparando uma matéria sobre “O que é Pesquisa Científica”, mas os recentes eventos políticos mercem um comentário.
Abaixo vai transcrita uma matéria publicada no “O Globo on Line” de hoje:
“27/05/2005 – 16h53m
Heloisa Helena diz que PT recorre ao mesmo ‘balcão de negócios’ do governo FH
Agência Senado
BRASÍLIA – A senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) acusou nesta sexta-feira o PT de recorrer ao “mesmo balcão de negócios sujos” que seria usado pelo governo passado para impedir a instalação de CPIs, embora, em sua opinião, com menos competência. Heloisa disse que a CPI dos Correios certamente vai funcionar e destacou que o instrumento não tem contra-indicações porque não paralisa os trabalhos do Congresso nem impede investigações paralelas por órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público.
– Além de verificar o vergonhoso balcão de negócios para que parlamentares retirassem assinaturas do requerimento que pediu a instalação da CPI dos Correios, agora estamos assistindo ao anúncio de novas manobras protelatórias. Falam em tentar barrar a CPI na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, em não aprovar requerimentos convocando personalidades para depor e até em não dar quórum para que possam acontecer as reuniões – protestou Heloisa Helena.
Sobre o fato de a PF e o Ministério Público já estarem investigando as denúncias, Heloisa Helena lembrou que a CPI, além de ter poderes para quebrar sigilos bancário, fiscal e telefônico, possibilita maior transparência à apuração dos fatos, dificultando o trabalho de quem quer impedir as investigações.
– Outra mentira dos representantes da base de bajulação do governo Lula, que também era usada pelo governo FHC, é a velha desculpa, a velha cantilena enfadonha e mentirosa de que não tem fato determinado. Existe um fato, sim. Existem indícios relevantes de crime praticado contra a administração pública – afirmou.”
A Senadora Heloisa Helena é uma das que foram expulsas do Partido Stalinista dos Trabalhadores, por votar contra a indicação do Henrique Maisdólares Meirelles para presidência da Agência Brasil do FMI do Banco Central.
Desse jeito que acoisa vai, eu fico maluco de vez e voto no Enéas!…
Afinal, o que é “ciência”?
Salve, Pessoal! Quem já se deu ao trabalho de ler meus artigos anteriores, pode estar estranhando esta matéria… Afinal, quem é o João para tecer comentários sobre “o que é ciência”? Bom… Apesar de conhecer o adágio “não vá o sapateiro além das sandálias”, conheço também o que diz: “não é preciso ser cozinheiro para saber se a comida está bem temperada”.
E, por incongruente que isso possa parecer, minhas duas principais áreas (atuais) de interesse (além de xingar o governo, é claro…) são “Religiões & Teologias” e “Cosmologia & Física de Partículas” (…tá bem, Daniel: “Física de Altas Energias”). Parece uma contradição, não é? “Misticismo” e “Ciência” são, por definição, antagônicos. Enquanto os místicos têm respostas para tudo, os cientistas têm perguntas para tudo. O místico é imbuído de fé, o cientista, de dúvida. A única semelhança é que ambos buscam respostas para o que não compreendem.
Vamos deixar o misticismo de lado, por enquanto (prometo que volto ao assunto e eu não jogo basquete), e vamos ver algo sobre a “ciência”.
Bem… A primeira observação cabível é que a ciência não é algo definitivo. Exemplificando: nos tempos antigos, “todo o mundo” sabia que a Terra era plana e ficava bem no meio do Universo (isso não é bem verdade: os filósofos gregos já sabiam que a Terra era redonda e sabiam até qual era o tamanho de sua circunferência, mas “todo o mundo” não se lembrava mais disso). Até que apareceram os Galileus e Copérnicos da vida, e demonstraram que não era bem assim. E os Colombos e Magalhães da vida que demonstraram que a Terra, não só não era plana, como “todo o mundo” não era, sequer, “todo o mundo”. É claro que eu estou apresentando a história do ponto de vista em que somos ensinados: o ponto de vista europeu, que divide o mundo em Europa (que geopolíticamente inclui as colônias dos Estados Unidos e Canadá), Oriente Médio, Índias, Extremo Oriente, África, o resto das Américas (derrisivamente chamado de ‘América Latina”, como se a Guiana, Belize, Suriname e demais países da América Insular nem existissem), Oceania (que, para eles se resume em Austrália, Nova Zelândia e “Ilhas Exóticas”, a não ser, talvez, pelo Hawaii) e Antáritica. Relutantemente se admite que a civilização não nasceu na Europa: fala-se no Antigo Egito e na Mesopotâmia, enquanto se omite totalmente as civilizações dos vales dos rios Indo, Ganges, Mecong, Azul e Amarelo (que só aparecem quando Marco Polo fala nelas: até aí, elas não existiam). Deixem eu voltar à vaca fria…
Bom… Saltando dessa concepção primitiva do Cosmos, vamos para o que, atualmente, é reconhecido como ciência: a Terra é um planetinha fuleiro (a Terceira Pedrinha, a partir do Sol), que faz parte de um binário Terra – Lua (a Lua é grande demais para ser um mero satélite), que circunda em órbita elíptica uma estrelinha de 5ª, na periferia de um dos braços de uma galáxia espiral de tamanho mediano, que faz parte de um grupo local de galáxias (algumas delas bem maiores do que nossa Via Láctea), que é apenas um dos incontáveis grupos de galáxias em um Universo Conhecível, porque já se admite que devem existir mais coisas no Universo do que jamais poderemos ver…
Um pouquinho diferente daqueles “mapas mundi” da Idade Média que botavam Jerusalém (por que não Belém?) no centro do “Mundo” que, por sua vez, era o Centro do Universo, né?
Por outro lado, quando Paracelso enunciou que “todas as doenças eram um resultado de um desequilíbrio (al)químico no corpo”, o que passava por ciência, na época, é que havia quatro elementos: terra, água, ar e fogo, aos quais Teofrasto acrescentava três “substâncias”: o enxôfre, o mercúrio e o sal. É bem verdade que os atomistas gregos, no século V A.C., já tinham apresentado um conceito diferente de “matéria”, mas a alquimia lidava com “substâncias” que supunha serem compostas de diferentes misturas dos “elementos”. A ciência dos tempos de Paracelso não estava apta a comprovar o acerto de sua teoria, porque seu conhecimento da estrutura da matéria (principalmente da matéria orgânica) era totalmente insuficiente. Errado? Não! O que, naquele tempo, era conhecido como elementos, hoje é conhecido como fases da matéria, a saber: sólido, líquido, gasoso e plasma (Condensados de Bose-Einstein e Matéria Degenerada não vale…). E o próprio conceito de átomo de Leucipo e Demócrito era bem diferente do atual conceito, que é também bastante diferente daquele apresentado por Rutherford, que nem sonhava com a existência das Forças Nucleares.
No princípio do século passado, ocorreram duas verdadeiras revoluções na Física. Uma foi a introdução do conceito dos quanta de energia, que levou ao ramo da Física de Altas Energias, onde se estuda as partículas subatômicas, ou seja: a composição mais detalhada possível daquilo que chamamos de “realidade”. A outra foi a formulação, por Albert Einstein, da Teoria da Relatividade, que, em última análise, trata da estrutura do Universo. (É importante notar que o link para a WikiPedia em Português fala somente da Relatividade Restrita ou Especial. A Teoria da Relatividade Geral, que é o que se aplica no atual estudo da cosmologia, é mencionada, en passant, como “publicada, dez anos depois, incorporando a gravidade”, como se isso fosse um detalhe menor…). Já na primeira versão a Teoria da Relatividade incluia a famosa equação: E = mc². Isso nos diz que matéria e energia são a mesmíssima coisa, ou dizendo de uma forma mais rigorosa, que a matéria (massa) pode ser traduzida em termos de energia.
Bom, né?… Só que, quase um século depois, ainda não conseguiram conciliar a Cosmologia Relativística com a Física de Altas Energias! Parece brincadeira, mas não é!… E o que é pior, com a tecnologia que dispomos atualmente, ambas as abordagens sobre a “realidade do Universo” parecem rigorosamente corretas, só que não integráveis. É como se o Universo se comportasse de uma maneira na escala “macro” e de outra, na escala “micro”… As abordagens que, inicialmente, pareciam mais promissoras, como as teorias das Cordas (Strings) e “M”, envolvem a existência de uma grande quantidade de dimensões extras (além das quatro do espaço-tempo relativístico) e têm um grande defeito: não oferecem previsões comprováveis por experiências! Ou seja, um monte de matemática complicadíssima e totalmente fora do alcance de nós, meros mortais, e que, até agora, não explicou coisa alguma…
Será que, então, eu estou afirmando que a “ciência” é uma farsa? Eu estaria parafraseando São Paulo: “toda a sabedoria humana é loucura aos olhos de Deus”? Nada disso!
Quando Avogadro previu que um determinado volume de qualquer gás, em condições fixas de temperatura e pressão, deveria conter um mesmo número de moléculas, ninguém tinha a menor noção do que eram “moléculas” (aliás, usava-se livremente os termos “átomo” e “molécula”, um pelo outro). O número de moléculas só foi calculado em 1865 por Johann Joseph Loschmidt. E, aquilo que nos é apresentado na escola como uma “constante”, na verdade é uma decorrência da definição de “grama”, em termos da massa atômica do isótopo de Carbono 12. Da mesma forma, o valor da “constante” da velocidade da luz no vácuo é que define o valor do “metro”.
Ciência é isso: a melhor explicação que se pode obter com a tecnologia disponível, daquilo que é observável!
Parece que o “desconfiômetro” está voltando a funcionar…
Salve, Pessoal! Parece que o “desconfiômetro” da Imprensa Norte Americana (que passou tanto tempo desligado) está voltando a funcionar. O New York Times (on the Web), deste domingo, tem uma reportagem de primeira página, intitulada Army Faltered in Invesigating Detainee Abuse, mostrando que o Exército Americano simplesmente ignorou a morte (em conseqüência de espancamento) de dois prisioneiros na Base de Bagram, no Afeganistão. Já o colunista Frank Rich, no editorial de opinião It’s All Newsweek Fault esculacha o Secretário de Imprensa da Casa Branca, Scott McClellan, por jogar sobre a Newsweek a culpa pelas revoltas populares havidas no Afeganistão, depois que a revista publicou que o Alcorão estaria sendo profanado na Base Naval Campo de Concentração de Guantánamo.
Uma crítica mais velada ao Presidente Bush aparece no artigo In Rare Threat, Bush Vows Veto of Stem Cell Bill, assinado por Sheryl Gay Stolberg, que mostra que Bush está em “rota de colisão” com um importante número de Congressistas do Partido Republicano e mesmo com seu “Garoto Propaganda” Schwarzennegger… Os dois colunistas do Washington Post abordam o assunto com o tom “será que nós vamos deixar a Coréia ficar na frente?”, nos artigos de David S. Brooder, Stem Cell Hope…, e de Michael Kinsley, …And the Fear of the Unknown. Eles temem as conseqüências do “Lisenkoísmo às avessas” do fundamentalista bíblico Bush…
Por outro lado, a prova que o “desconfiômetro” ainda não está calibrado, é o artigo, assinado por Joel Brinkley, U. S. Proposal in O. A. S. Draws Fire as an Attack on Venezuela. O articulista demonstra alguma surpresa porque uma proposta, feita pelos EUA para a criação de um “Comitê da OEA para monitorar a liberdade e o exercício do poder na América Latina” não foi saudado com entusiasmo pelos membros da OEA… Quer dizer que não é preciso vigiar a “liberdade e o exercício do Poder” no Canadá, na Guiana, no Suriname, na Jamaica, em Belize e nas outras ex-colônias não latinas das Américas? E, é claro, esse Comitê só poderia “dar pitaco” na Ilha de Cuba na parte governada por Fidel; no Campo de Concentração de Guantánamo, nem pensar!… Prender e algemar uma criança de menos de cinco anos por se comportar mal no colégio (como aconteceu em St. Petersburg, Flórida) é “correto exercício do poder”!…
Só mesmo em um país que chama seu Campeonato Nacional de Beisebol de World Series…
Lendo o Jornal
Salve, Pessoal! Em uma rápida passagem pelo “O Globo” de hoje, pesquei três “pérolas”, as quais reproduzo e comento, abaixo.
Coluna do Ancelmo Góis n’O Golobo de 21 de maio de 2005
[…]
Viva Lula!
A frase da semana é de Lula. Segundo a “Folha”, na reunião com um grupo de governadores, o presidente desabafou: “Não vou vender minha alma ao diabo para me reeleger.” Está certo.
[…]
Mesmo porque o Diabo não é trouxa e não vai comprar a alma do Lula duas vezes…
Coluna de Dom Eugênio Sales, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, em O Globo de 21/5/05
[…]
Repetindo o que escrevi há muitos anos, ainda quando arcebispo de Salvador: “O que o rico gasta em uma noite, em casas de diversões noturnas, corresponde ao salário mensal de um operário que deve sustentar sua família. E, pela madrugada, quando um se recolhe para dormir, o outro acorda para se encaminhar a um labor cotidiano. Nesta cidade, são milhares que, diariamente, repousam, após terem utilizado o dinheiro alheio, pois o supérfluo do abastado pertence ao pobre.”
O esbanjamento, sim, é uma injúria ao Cristo feita por quem O recebe na comunhão e ao qual pertence como membro do corpo místico.
Que outros o façam, é lamentável. O cristão, entretanto, tem o dever de ser anúncio da boa nova e de ser autêntico. Caso contrário, faz uma obra demolidora da Igreja, diante da comunidade civil e religiosa a que pertence. […]
[…] Mais do que estes crimes, temo a força provocada por essa ostentação. Poderia eclodir, desordenadamente, em determinadas circunstâncias.
Estes são argumentos humanos. Quem vive sua fé, sabe que um dia comparecerá diante do Supremo Juiz. Diz o Senhor: “Todo aquele que der testemunho de Mim diante dos homens, também Eu darei testemunho dele diante do meu Pai. Aquele que Me negar, também eu o negarei” (Mt 10,32-33).
Tão grave como abandonar o nome de católico é professar, por atos, a doutrina contrária. Não ser Cristo onde se vive e se trabalha, especialmente onde se diverte, traz consigo graves conseqüências. Gastar o próprio dinheiro, egoisticamente, conflita com as normas sociais de uma fé que é exigente.
O Cardeal se dirige apenas aos Católicos Romanos, mas a mensagem dele serve para todos os que se professam Cristãos. Aliás, serve para Israelitas, Muculmanos, Budistas, Umbandistas e até Ateus com vergonha na cara.
Por fim, uma matéria que remete a meu post Síndrome do Titanic, quando fala de preservação do meio-ambiente.
Coluna do Arnaldo Bloch – O Globo 25/5/05 (Segundo Caderno)
[…]
Ano a ano a gente vai vendo a Amazônia ser saqueada e dizendo, com cara de bobo: “ah, que pena, tadinha da árvore, olha o mico-leão”. E, no final das contas, nosso inestimável e inalienável monumento segue sempre abandonado à deriva, no caminho para sua futura transformação num puta estacionamento , como profetizam tragicomicamente Casseta & Planeta na canção “Caldo verde”.
Embora CPIs pontuais de alguma forma resvalem na problemática amazônica aqui e acolá, na hora de enfrentar de maneira sistemática as máfias das queimadas, da exploração clandestina, da grilagem, do tráfico de espécies, da caça predatória, na hora de investigar corajosamente por onde passam os canais do inconseqüente império da motosserra , na hora de aferir a quantas anda a concessão de licenças, acaba ficando tudo no âmbito de reforçar a fiscalização e apurar o que houve, numa tranqüila dinâmica de circunstancialidades.
Alguém tem interesse em descobrir a que ponto a destruição criminosa da Amazônia, do Pantanal, das regiões costeiras, das áreas preservadas e das não-preservadas, até que ponto a omissão e a preguiça, estão relacionados com aspectos político-econômicos?
Quanto dinheiro circula para manter o ritmo da devastação em constante aceleração ao longo do tempo, ou, na melhor das hipóteses, percorrendo um ciclo intermitente e imprevisível, em que a má notícia sempre chega a galope e o bom combate segue a cínicos passos de cágado, isso quando não estaca?
Seria o presidente Lula capaz de dar um soco na mesa e encaminhar às lideranças de seu partido e aos aliados uma proposta de CPI ampla e irrestrita da Amazônia, ou do meio ambiente como um todo, de âmbito nacional? Um colega da redação argumenta que seria uma CPI sem princípio e sem fim, pois o que estaria em questão seria mais o modelo adotado historicamente pelo país e pelos seus dirigentes e sociedade, seria como perguntar “por que o capitalismo brasileiro resolveu destruir a Amazônia?”, e aí entraríamos numa questão filosófica-sociológica-histórica.
Então… seriam Lula ou nossos legisladores capazes de investir na mudança deste modelo, em campanhas maciças de mobilização da sociedade, utilização pesada das polícias e das Forças Armadas para atuar na fiscalização? Forças Armadas? Ora, mas se o contingente enviado ao Pará quando do assassinato da freira americana não tinha nem comida suficiente para avançar muito além da base! Aí a gente começa a pensar em fronteiras, em soberania e em outras questões… que pena…
[…]
Vide a última frase: “fronteiras, soberania e outras questões”. Há algum tempo que eu fui curado de meu esquerdismo juvenil por meio do contato com o lumpen proletariat. Sabe? Aquele tipo de pobre que acha que tem direito de extorquir alguma coisa de você, porque você é “bacana”. E mistura na sua noção de “bacana” qualquer um que tenha mais recursos do que ele, não importa por quais sacrifícios o “bacana” tenha passado para adquirir seu status atual… Há, inclusive, os que, totalmente transtornados por essa noção, se acham plenamente justificados para roubar, extorquir mediante sequestro, furtar, etc, porque se acham “vítimas das injustiças sociais”. Para eles, pobre honrado e trabalhador é “otário”…
Pois é exatamente o que eu fico pensando sobre o Brasil ficar fazendo escândalo sobre “o desperdício de recursos nos países do Norte rico”, enquanto que, na esfera interna, na área de sua própria “soberania nacional” (tão decantada quando um gringo diz que a capital do Brasil é Buenos Aires…), não toma providência alguma pela preservação do meio-ambiente! O Brasil gasta uma nota preta com uma instituição chamada “Serviço Militar”, que é uma idéia militarmente ultrapassada desde a metade do século passado. Se gastassem o que gastam para fingir que dão “instrução militar” a um bando de recrutas, todo ano, em uma força profissional (garanto que voluntários não iam faltar), já teriam um instrumento razoavelmente eficaz para patrulhar as áreas de preservação ambiental. Ou, quando mais não fosse, para contratar mais funcinários para o IBAMA…