Sarah Chapone

Sarah Chapone (1699-1764) foi uma filósofa britânica notável por sua obra “The hardships of the English laws in relation to wives” (1735), onde ela argumenta que as leis inglesas colocavam as mulheres casadas em uma situação de escravidão, negando-lhes a identidade de “súdito livre”. Inspirada por Mary Astell e precursora de Mary Wollstonecraft, Chapone defendeu a igualdade intelectual entre homens e mulheres e reivindicou direitos civis e liberdade legal para as mulheres. Em sua obra, Chapone utiliza exemplos de julgamentos e casos de violência contra mulheres para ilustrar a tirania masculina e a injustiça das leis. Ela também se baseia em Thomas Hobbes para discutir as noções de liberdade e poder paterno e materno. Além disso, Chapone critica a falta de equidade legal, onde os homens eram frequentemente absolvidos por tratamentos brutais contra suas esposas, enquanto as mulheres não tinham propriedade nem direitos sobre seus filhos ou bens. A filósofa também questiona o papel da polidez e do cavalheirismo da época, mostrando que a violência contra as mulheres era comum e não se restringia às classes pobres. Ela também destaca o dano psicológico causado pelos maus tratos e a falta de reparação legal. Chapone argumenta que a isenção de punições civis para as mulheres era um problema, pois as privava de serem vistas como súditas livres e de terem livre agência social. Apesar de ter escrito pouco, Sarah Chapone é reconhecida por sua coragem em desafiar as normas de sua época e por suas contribuições para o feminismo cristão. Suas obras incluem “The hardships of the English laws in relation to wives” e “Remarks on Mrs. Muilman’s Letter to the Right Honourable The Earl of Chesterfield”. Sua correspondência com Samuel Richardson também é considerada importante para entender seu pensamento. A recepção de sua obra foi mista, com críticas de homens que consideravam suas reivindicações injustas e exageradas. No entanto, seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento do pensamento feminista e para a luta pelos direitos das mulheres, que só encontraram reparação legal muitos anos após sua morte.

 

Sobre a autora do verbete: Mariana Dias Pinheiro Santos é doutoranda em Filosofia UFPR (Universidade Federal do Paraná). Possui graduação e mestrado em filosofia pela UFS (Universidade Federal de Sergipe), tendo recebido menção honrosa do prêmio ANPOF (2024) em reconhecimento à excelência acadêmica e à contribuição significativa de sua dissertação, e recebido 1 lugar do PRÊMIO DESTAQUE da UFS (2021) pelo desenvolvimento e apresentação de seu trabalho de Iniciação Científica. É membro da Associação Brasileira de Estudos do Século XVIII (ABES XVIII), da Société internationale d’étude du dix-huitième siècle (SIEDS), do grupo de pesquisa de Ética e Filosofia Política da UFS, e do grupo de pesquisa de Ética e Filosofia Política da UFAL (Universidade Federal de Alagoas). Atualmente dedica-se à pesquisa sobre o ideal de polidez como formadora do caráter cavalheiresco na filosofia das luzes da Grã-Bretanha.

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