Dinossauros tinham gosto de… frango?

Qual seria o gosto da carne de uma iguana? Pomba? Ou um… Tiranossauro? Pois em “Tastes Like Chicken” (PDF em inglês), ou “Tem gosto de frango“, Joe Staton do Museu de Zoologia Comparada de Universidade de Harvard aborda a questão. Com ciência! E oferece este diagrama:

taste.png

Como Staton informa, os organismos com caixas antes das legendas foram usados como “fontes de dados no modelo”, leia-se, ele mesmo experimentou a carne onde possível ou confiou no relato de pessoas que o fizeram. Isso inclui humanos, que teriam gosto de porco. Aqueles sem caixas, como o rato, a salamandra gigante ou o Tiranossauro tiveram seu gosto inferido baseado em ancestrais comuns.

Pois este artigo publicado nos Annals of Improbable Research, publicação da organização mais conhecida por conceder o prêmio IgNobel, faz rir e então pensar. De todas as formas de verificar e aplicar conhecimentos de biologia e zoologia, incluindo a teoria da evolução, o gosto da carne de animais tetrápodos – com quatro patas – parece razoavelmente compatível com o esperado. Animais com ancestralidade comum geralmente têm gosto parecido.

É esta segurança que leva Staton a sugerir que dinossauros, ancestrais da própria galinha, tinham gosto de galinha. Ou vice-versa. Ou melhor, como ele conclui,

“Como resultado deste estudo, devo concluir que o sabor de uma carne depende mais de herança comum … Muitos animais têm gosto parecido porque evoluíram de um ancestral comum que tinha tal gosto. O cerne de nosso argumento é que o sabor “como de frango” é ancestral (isto é, plesiomórfico) para pássaros e muitos outros vertebrados. De fato, a ênfase em galinhas na declaração ‘tem gosto de galinha’ é imprecisa. O ancestral comum da maiorr parte dos tetrápodos teria um gosto similar, se ele apenas estivesse por aí para ser cozinhado e comido. Eu assim proponho que o uso da expressão ‘tem gosto de frango’ seja banida do uso comum, substituída por ‘tem gosto de tetrápodo‘”.

[via RicBit]

– – –

ATUALIZAÇÃO

O trabalho de Staton é original de 1998, e busca tanto fazer rir como pensar, em linha com o IgNobel. Ainda assim é interessante indicar esta notícia, escrita pelo SciBling Reinaldo José Lopes e indicada pelo Roberto Takata na ciencialist, de que:

Dino tinha gosto de frango, diz estudo
Americanos conseguiram extrair colágeno de tiranossauro com 65 milhões de anos.
Proteína se parece com equivalente de galinha, reforçando ligação de dinos com aves.

A ligação entre dinossauros e aves é proposta há mais de um século, desde não muito tempo depois que a própria teoria da evolução foi formulada, em verdade. Assim não é uma surpresa tão grande, e Staton não merece o Nobel por seu trabalho gastronômico.

Não deixa de ser curioso notar ainda assim como diferentes evidências e linhas de raciocínio apóiam a biologia moderna. Um tour gastronômico de carnes exóticas é plenamente compatível com a mais avançada paleobiologia molecular.

Enicycle: o uniciclo elétrico

Melhor que circo, é o Enicycle, invenção de um esloveno capaz de percorrer até 30 km com uma carga de bateria. Em uma só roda!

Assim como o conhecido Segway, é uma combinação de motor elétrico + giroscópios + microcontrolador, garantindo que você não precise passar meses aprendendo a se equilibrar. A eletrônica trata de equilibrar o Enicycle… mas apenas em um eixo, para frente e para trás!

O equilíbrio para os lados ainda deve ser feito pela pessoa sentada, o que exige alguns minutos de familiarização, mas pelo visto nada muito mais complicado do que andar de bicicleta. Como o Murilo, do Tecnologia Inteligente, notou, “o equilíbrio em um eixo só, que é o caso do Segway e desse Enicycle, não é tão bacana quanto quando usam como base uma esfera (e aí você pode andar em qualquer direção, ou seja, você tem um veículo holonômico)”.

Sim, isto não seria o 100nexos se não apresentássemos o vídeo de um magnífico robô capaz de se equilibrar sobre uma bola. É o Ballbot:

Demonstração de anti-gravidade?

Será verdade? Será mágica? Será um truque? Computação gráfica? Edição de vídeo?

Pois é ciência! <risada maluca>Bwahahahahaha</risada maluca>

Read on para mais vídeos e explicações.

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Pinguins robô voadores

É preciso dizer mais? Novas criações da Festo, que vem explorando seus músculos pneumáticos com outros exemplos tantalizantes como o braço humanóide, a medusa, arraia ou o peixe.

Bônus: o BigDog da BostonDynamics vai à praia:

Tenha medo. Tenha muito medo. [Fogonazos, Nerdcore]

Sua pizza em dois dias, em (quase) todo o planeta

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Se você subitamente se visse teletransportado a um ponto aleatório do planeta (e este fosse, para sua sorte, em terra firme), quanto tempo uma pizza demoraria para chegar?

Surpreendentemente, pesquisadores da Comissão Européia e do Banco Mundial estimaram que 90% das terras estão a menos de 48 horas de viagem terrestre ou marítima de uma grande cidade. Presumindo que toda cidade com mais de 50.000 habitantes tenha pelo menos uma pizzaria, podemos supor que sua pizza seria realmente entregue em dois dias em (quase) todo o planeta. Nada mal. E isso deixando de lado a via aérea.

Clique na imagem acima para conferir o mapa em maior resolução no sítio da Comissão Européia. Quanto mais escura a cor, mais tempo de viagem até a cidade grande mais próxima. E qual seria o ponto mais remoto da Terra?

34.7°N, 85.7°L

São as coordenadas de um ponto no Tibete, de onde você levaria quase um mês para viajar às cidades mais próximas de Lhasa ou Korla. Mais do que florestas, selvas, desertos ou tundras, pelo visto é a combinação de alturas extremas e clima correspondentemente inóspito que se mostram como maiores empecilhos. Não deve ser mera coincidência que enquanto comemoramos um século da conquista dos pólos, a escalada ao “topo do mundo” no Everest tem pouco mais de 50 anos. Claro que a Antártida nem está incluída no mapa, sendo um continente à parte.

Ainda assim, a extensão pela qual nos estendemos pelo globo é notável. Considere ainda que neste exato momento há três astronautas (um russo, um americano e um japonês) na Estação Espacial Internacional, a 350 km de altura dando 16 voltas ao redor do planeta ao dia, e mais do que nunca é um mundo pequeno.

Nem tudo é motivo de comemoração. A proliferação de homo sapiens por todos os recantos é, a propósito, uma das explicações para a impressão popular de que aconteceriam mais catástrofes naturais em tempos modernos, sinais dos tempos, talvez.

Embora sim haja indicação de que eventos climáticos extremos estariam se tornando mais comuns, devido justamente a todo o impacto ambiental de tantas pessoas; terremotos, por exemplo, devem ser tão comuns hoje quanto eram antes que inventassem a roda. Mas hoje há muito mais seres humanos espalhados por todos os confins do planeta, vulneráveis a todo tipo de evento.

Os dados e os métodos utilizados na pesquisa, bem como maiores detalhes, estão disponíveis: Travel time to major cities: A global map of Accessibility. A New Scientist compilou uma galeria comentada com algumas das principais surpresas. [via Fogonazos]

A Extinção dos dinossauros

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“Mecanismo de Escape 3: Explosão de Ar
Quando um cometa ou asteróide atinge um planeta, ele cria uma enorme explosão que joga rocha, água, dinossauros e ar ao espaço”.

Segundo J. Jacques, teria sido publicado na Scientific American. [via LiveJournal, RicBit]

Como cortar o cérebro de Einstein

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Você confere acima o que talvez seja uma das cenas mais inclassificáveis na história da ciência. O objeto branco dentro do pote de formaldeído é um pedaço do cérebro de Albert Einstein. Sim, Einstein. A faca e a tábua usadas são utensílios comuns de cozinha para cortar pão. Sim, pão. Pão de Thomas Harvey, o homem cortando o cérebro de Einstein para dar de souvenir para Kenji Sugimoto, um professor japonês fanático pelo físico alemão, que logo levará a relíquia para um bar de karaokê.

Mas como?

A história inacreditável do “como” é documentada em “Einstein’s Brain” (1994) de Kevin Hull. Você pode conferir uma detalhada (e hilariante) resenha em “O Cérebro de Einstein“, mas caso entenda inglês, pode e deve assistir ao documentário completo, com mais alguns comentários nossos sobre o desenrolar da história, a seguir.

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Computador a água?

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[imagem:
sxc.hu]

Estamos mais acostumados a ver a água como terrível inimiga dos computadores, ou no máximo, como um sistema de refrigeração para componentes eletrônicos que podem se aquecer mais do que torradeiras. Nem sempre foi assim, e mais importante, nem sempre deve ser assim.

Computadores em que a água é componente essencial das operações são quase tão antigos quanto os semicondutores que dominaram toda a tecnologia de computação, e curiosamente podem ser mais simples de entender.

Em 1949 o economista Bill Phillips criou o MONIAC, acrônimo inglês de Computador Analógico de Renda Monetária Nacional, efetivamente um computador hidráulico de dois metros de altura. Clique na imagem para conferir um vídeo de demonstração (requer o plugin Quicktime):

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Composto de vários tanques interligados em que água circula, hoje pode lembrar um grande projeto de feira de ciências do ensino médio, mas Philips mostrou que o MONIAC possuía uma precisão de ±2%, modelando sistemas e teorias econômicas não tão simples que computadores eletrônicos da época teriam um bom trabalho para simular. E nunca de forma tão visual e clara.

O fluxo de água representa o fluxo de dinheiro na economia, que pode ser controlado por válvulas e bombas, levando à acumulação nos tanques representando diferentes aspectos da economia, como saúde e educação. O computador hidráulico foi criado originalmente com fins educacionais, mas funcionava tão bem que foi usado também para simular idéias econômicas. De doze a catorze máquinas similares foram construídas, e o principal atrativo é que o primeiro MONIAC foi criado a um custo de 400 libras utilizando peças usadas de bombardeiros da Segunda Guerra.

Fabuloso, adorável, mas alguns diriam, com certa razão, não muito prático – afinal, a internet não deve ser “uma série de tubos”. Pois este não é o fim da história, conheça a fluídica.

Uma das principais vantagens da eletrônica de estado sólido integrando os nossos chips é que é uma… eletrônica de estado sólido, sem partes mecânicas ou componentes muito propensos a falhas como válvulas ou bombas. A fluídica é fascinante ao concretizar computação em que o único elemento que se move é o próprio fluido. Se na hidráulica alguns mais pedantes poderiam dizer que os computadores são também mecânicos, na fluídica são fluidos em interação que efetuam operações lógicas.

Como isso é possível? Isso é mesmo possível? Como fluxos de líquido podem fazer cálculos? Alguns diriam, “pensar”? Confira a imagem abaixo, é um computador fluídico rudimentar. Com LEGO:

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E saiba mais lendo o excelente post do Murilo no Tecnologia Inteligente contando algo da história, aplicação e futuro desta área: Fluídica: Computação a Água.

Um transplante de cabeça (ou de corpo) para Stephen Hawking

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Há alguns anos traduzi e publiquei um artigo contando “Uma Breve História das Cabeças de Cachorro Decepadas“. Envolvia as experiências do Dr. S.S. Bryukhonenko no Instituto de Fisiologia e Terapia Experimental na antiga União Soviética, nas primeiras décadas do século passado. Experiências com cabeças de cachorro decepadas, cortadas fora, mantidas vivas artificialmente por alguns segundos. Cabeças decepadas vivas. O tema é intrigante e perturbador.

O filme divulgando as experiências, com o singelo título de “Experimentos na Ressuscitação de Organismos“, inspirou mesmo um videoclipe recente da banda Metallica com nada menos que zumbis. Embora seja provavelmente apenas uma dramatização (e certo exagero) dos resultados reais, como Ken Freedman bem comenta no artigo, os soviéticos sim alcançaram certo sucesso na área, incluindo a criação dos cachorros de duas cabeças pelo também soviético Vladimir Demikhov. O doutor conectou a cabeça de um cachorro ao corpo de outro, e os dois (ou seria um?) viveram por certo tempo.

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[Cachorros de Demikhov em exibição no Museu de História Médica na Letônia. Foto de Andy Gilham]

“Para quê criar cachorros de duas cabeças?”,você pode perguntar. E terá feito a mesma pergunta que um brilhante neurocirurgião americano chamado Robert White. Responsável por inovadoras técnicas de neurocirurgia, White sem dúvida explorou os limites mais extremos de sua área com uma idéia relativamente simples. Nada de cachorros de duas cabeças, White queria concretizar em seres bem humanos o transplante de cabeça (ou de corpo inteiro, dependendo de seu ponto de vista). E em busca de um modelo animal mais próximo de nós, concretizou seu objetivo com macacos.

Continue lendo para conferir um fascinante documentário apresentando uma entrevista recente com White, acompanhada de cenas de seus experimentos. Segundo ele, o transplante de cabeça (ou de corpo inteiro) seria possível hoje, e o físico Stephen Hawking poderia ser o primeiro a se beneficiar de tal técnica.

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O que é ciência? O que é Pseudociência?

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Por Donald E. Simanek

Um visitante de meu website pergunta "Qual é a definição de pseudociência?". É uma pergunta justa, mas desafiadora. Normalmente esperaríamos que os praticantes de uma disciplina a definam, mas neste caso os praticantes de pseudociência não reconhecem a validade do rótulo.

A pergunta se traduz para "Como se distingue entre ciência e pseudociência". Talvez nós devêssemos primeiro chegar a uma definição de ciência. Mesmo isto não é uma tarefa fácil, já que ela tem tantas nuances. Livros inteiros foram escritos sobre o assunto.

O cientista poderia responder "eu reconheço pseudociência quando eu a vejo". Mas os limites entre a ciência e a pseudociência são nebulosos. Às vezes é difícil distinguir especulação científica sofisticada de pseudociência.

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