Bizarra face humana em cimática
A cimática, ou estudo das ondas, é mais conhecida pelas figuras de Chladni, padrões geométricos que se formam de ondas estacionárias em superfícies em vibração.
No vídeo acima (clique para assistir), o padrão lembra um rosto humano. Tenha medo. Ou não. Padrões relativamente complexos, mais ou menos regulares podem emergir de fenômenos relativamente simples. No caso do rosto aparente, a superfície parece assimétrica e composta de um líquido com alguma viscosidade. Pode ser mesmo um fluido não-newtoniano (vulgo piscina de maisena com água).
Humans got served!
Manoi Go, o robô breakdancer. Japonês, claro. Confira seu blog. Fabricado pela Kyosho, o Manoi custa em torno de U$1.500, e pode ser visto fazendo exercícios aqui.
Bonus track: Kobian, o robô capaz de expressar emoções. Um robô emo. Foi criado combinando a cabeça emotiva WE-4RII(2) e o corpo WABIAN-2, ambos da Universidade de Waseda. Japão, claro.
Roombas sonham com ovelhas elétricas? As Tartarugas de Walter
Solte um Roomba – um aspirador de pó robótico – pelo quarto durante meia hora, desligue as luzes e deixe a câmera em longa exposição. O resultado é a bela imagem de SignalTheorist.com registrando o trajeto do pequeno robô percorrendo todo o chão, desde sua espiral inicial passando pela obsessão pelas extremidades do recinto, até passar literalmente por todo o chão.
A inteligência artificial por trás da navegação do pequeno aspirador é certo segredo, mas HowStuffWorks delineia em termos gerais como funciona:
Além de ser uma bela imagem por si só, ela é espetacularmente fabulosa porque remete aos primórdios da robótica e inteligência artificial, em particular, às “tartarugas eletrônicas” criadas por William Grey Walter em 1948. Há mais de seis décadas. Eram as “Machina Speculatrix” Elmer (ELectroMEchanical Robot) e Elsie (Electromechanical Light-Sensitive robot with Internal and External stability), esta última na foto abaixo com Walter e família:
As tartarugas artificiais de Walter estão entre os primeiros robôs eletrônicos autônomos da história, e como tal, eram extremamente simples, mesmo primitivos. O que parece uma cabeça à sua frente era um sensor fotoelétrico, mas diferente de cabeças de tartarugas, girava constantemente 360 graus. Algo como ‘O Exorcista’. Continue lendo para conhecer mais sobre estas adoráveis tartarugas exorcistas e os nexos que as unem ao seu, ao meu, ao nosso livre-arbítrio, consciência e inteligência.
Acupuntura: palitos de dente servem
Não se assuste, não é preciso fincar os palitos pele adentro. De fato os palitos nem são necessários, porque a acupuntura realmente não funciona. Mas antes de todos estes detalhes, vejamos como o mais recente estudo a respeito foi noticiado:
“Um estudo que avaliou a eficácia da acupuntura para tratamento de dor nas costas concluiu que ela não consegue ser melhor do que uma forma falsa desse tratamento, na qual as pessoas são submetidas apenas a picadas superficiais em pontos aleatórios do corpo. O trabalho, porém, trouxe uma revelação surpreendente: as duas formas de acupuntura, a verdadeira e a simulada, parecem ser mais eficazes do que o "atendimento usual" que pacientes de lombalgia costumam receber.
[Folha Online: Acupuntura "falsa" supera medicina comum em teste]
Epa. Acupuntura supera medicina comum? Como, se acabamos de dizer que ela não funciona?
Mais tratamento, melhor resultado
Simples, a notícia está errada, a acupuntura não supera a medicina comum. Os pacientes que receberam tratamento com acupuntura também receberam o “atendimento usual” da “medicina comum”, incluindo todos os anti-inflamatórios receitados pelos médicos. A acupuntura foi um tratamento complementar, uma atenção adicional que parte dos pacientes recebeu. E como tal mostraram uma melhora mais rápida de sua dor.
Reconhecimento automático de faces em Star Trek
Qual é o rosto que mais aparece em Jornada nas Estrelas, a série original? A resposta é óbvia, mas como Spock e McCoy dividem o papel de coadjuvantes em diferentes episódios?
O vídeo acima é um demo da tecnologia desenvolvida pela PittPatt, que reconhece rostos automaticamente a partir do vídeo. Os polígonos coloridos indicam aonde o software detectou e reconheceu um rosto, e se pode ver que o elenco principal é reconhecido com precisão impressionante. Os polígonos brancos indicam quando o programa notou um rosto, mas não pôde identificá-lo – ele ainda está limitado a faces de frente.
Visite a página de demonstração para muito mais clipes e dados garimpados pelo programa a partir de 67 episódios da série original ou a sofisticação técnica do sistema (inclui um clipe do The Office).
[via Technovelgy]
Cheirando estrelas nos confins do Universo
“As estrelas só estão acessíveis a nós por exploração visual à distância. … Nunca poderemos por qualquer meio estudar sua composição química … Considero qualquer noção a respeito da verdadeira temperatura média de várias estrelas como para sempre negadas a nós”. – Augusto Comte, Curso de Filosofia Positiva, 1835.
Para o famoso filósofo francês, certos conhecimentos seriam eternamente inacessíveis. Entre eles estava a composição química ou mesmo física das estrelas, tão imensamente distantes. Mesmo nosso Sol se situa a em torno de 150 milhões de quilômetros de distância, à velocidade luz são oito minutos de viagem. Se o Sol explodisse neste exato momento, ainda teríamos oito minutos da mais completa normalidade até que a catástrofe fosse finalmente notada.
Praticamente todas as outras estrelas no céu estão a distâncias medidas em muitos e muitos anos-luz, tão distantes que mesmo com os mais potentes telescópios continuam sendo pouco mais que minúsculos pontos de luz. Como poderíamos pretender descobrir algo sobre a composição química ou mesmo a estrutura física de pontos de luz que jamais visitamos? As estrelas poderiam ser mesmo pontiagudas, de formas excêntricas ou terem grandes propagandas de marcas intergalácticas em sua superfície, e nós provavelmente nunca saberíamos porque à distância em que se encontram, são meramente pontos de luz. Poderiam ser mesmo pequenos furos em uma grande abóbada celeste.
Pois bem, ainda não cheiramos estrelas. Nem mesmo nosso Sol. Nunca enviamos sondas para coletar amostras da superfície solar, e é pouco provável que o façamos tão cedo. Ainda temos as estrelas acessíveis apenas por “exploração visual à distância”. E ainda assim sabemos, ou pelo menos os astrônomos nos dizem muito, a respeito do Sol e até mesmo estrelas e objetos celestes a bilhões de anos-luz.
Com o perdão do terrível trocadilho, o que os astrofísicos andam cheirando?
Dentro ou fora? O Teorema da Curva de Jordan
No futebol a regra é clara: a bola só está fora de jogo quando ultrapassa completamente as linhas que delimitam o campo, incluindo a linha de gol. Do contrário, está dentro, está em jogo. Mas não há nada simples que não possa ser feito desnecessariamente complicado, e saber se uma bola está dentro ou fora de campo pode se tornar um tanto mais difícil se, por exemplo, o campo fosse demarcado assim:
A bola no ponto A estaria dentro ou fora de campo? Não é necessário um esforço muito grande para descobrir, mas e se o campo fosse… assim:
Haveria muito mais espaço para discutir no dia seguinte se era mesmo escanteio ou se o gol era realmente válido. Impedimento, então…
Felizmente a matemática oferece um método espantosamente simples para resolver a questão – você poderá descobrir se um ponto está dentro ou fora do smiley em menos de cinco segundos – que de quebra a relaciona a questões práticas da vida real (afinal, um campo de futebol assim só em nossas mentes insanas) e outras muito mais profundas como… uma bola sempre estará dentro ou fora de campo? Descubra na continuação.
Se
O famoso poema original de Rudyard Kipling, “If”, em inglês é tão espetacularmente perfeito, e esta leitura por Robert Morley tão apropriada… e, no entanto, só pode ser entendida por quem compreenda essa língua estrangeira.
Se este não for seu caso, não tema. Há várias versões traduzidas ao português, e delas, a abaixo de Guilherme de Almeida me pareceu uma muito boa. Inspire-se:
“Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.Se és capaz de pensar–sem que a isso só te atires,
de sonhar–sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e–o que ainda é muito mais–és um Homem, meu filho!”
[Vídeo via Richard Wiseman’s Blog]
Dias sem fim
Perto dos pólos, além dos círculos Ártico ou Antártico, durante o verão o Sol fica tanto tempo no céu… que pode nunca se pôr, ou pelo menos, não se pôr por vários dias, no que é conhecido como o Sol da Meia-Noite.
O vídeo acima captura o fenômeno no Ártico de forma incrível: acompanhando a trajetória do Sol pelo céu, girando sem parar com uma grande angular, observamos ele subindo e descendo mas nunca se pondo. [via Nerdcore]
Da Pré-História ao Trans-Humanismo em um pote de cerâmica
Os vasos de cerâmica parecem rústicos e primitivos, mas foram criados com uma das mais sofisticadas técnicas de fabricação – com um toque pré-histórico.
Desenvolvidos no Laboratório de Fabricação Rápida de Solheim, em Seattle, EUA, os potes inspirados em cerâmica de nativos americanos (leia-se: “índios”) foram impressos. Tridimensionalmente.
A impressão tridimensional em si mesma não é uma novidade tão grande, mas cabe aqui uma breve descrição. Uma das tecnologias de prototipagem rápida, consiste na fabricação de objetos camada por camada – assim como sua impressora imprime a página linhas por linhas, na impressão tridimensional camadas sucessivas vão sendo dispostas umas sobre as outras até formar o objeto completo. Livres de limitações convencionais, a técnica permite a fabricação de objetos extremamente complexos.
O que é a oportunidade para inserir um clipe de “O Quinto Elemento” por aqui:
Embora esta seja uma apresentação fictícia, é claro, ilustra bem a idéia de fabricação tridimensional por camadas.
Que é a que criou os potes primitivos vistos no início desta nota – olhe com atenção e perceberá as linhas horizontais nos vasos, evidência das finas camadas de frações de milímetro sobrepostas. Com uma diferença muito importante:
Enquanto a matéria-prima usada na impressão tridimensional comum tem um custo de até $100/Kg, o material usado pela equipe de Seattle custa menos de $1/Kg. O segredo?
Ao invés de materiais compostos caros e patenteados não por coincidência pelas empresas que vendem as impressoras 3D, utilizaram pó de cerâmica. Como aglutinante misturaram açúcar de confeiteiro e maltodextrina, e a receita e os processos utilizados foram partilhados abertamente na edição de fevereiro da revista Ceramics Monthly.
Poderia haver algo mais fabuloso que isso? Poderia. A solução de etanol-água utilizada na receita por eles é baseada em vodka.
Depois de impressos tridimensionalmente, os objetos ainda precisam passar por um forno e outros processos dependendo de seu uso. Ao final, encolhem um tanto e se transformam em uma cerâmica porosa, semelhante a uma esponja. A fragilidade pode ser remediada banhando o objeto em diferentes soluções, tornando os objetos mais densos e duráveis:
No meio de toda a tecnologia, que se retorne a uma das primeiras formas de manufatura criadas pela espécie humana – a cerâmica antecede mesmo a civilização em países como o Japão – é algo da poesia histórica do desenvolvimento tecnológico e científico.
E não para aqui, longe disso. Cabem mais alguns nexos.
Há alguns anos o “Evil Mad Scientist Laboratories” já havia criado uma impressora 3D em que a matéria-prima era açúcar puro, solidificado camada por camada com jatos de ar-quente:
O custo do açúcar comum é ainda mais barato que a mistura de cerâmica, mas a utilidade prática de objetos de açúcar derretido não vai muito além de guloseimas.
Outro projeto que busca disseminar as enormes possibilidades dessa técnica de fabricação é o RepRap, que utiliza policaprolactona (PCL), um polímero com um custo em torno de $10/Kg. O projeto RepRap tem como principal objetivo no entanto não apenas utilizar materiais baratos como também ser capaz de se auto-reproduzir. Uma impressora 3D capaz de produzir outra impressora 3D idêntica a si mesma. Já comentei das enormes possibilidades dessa técnica de fabricação?
Algum dia, talvez, até possamos imprimir Millas Jovovichs. [via MAKE]
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– The Printed Pot by Mark Ganter, Duane Storti and Ben Utela
– 3-D Printing Hits Rock-bottom Prices With Homemade Ceramics Mix
– Solid freeform fabrication: DIY, on the cheap, and made of pure sugar
– RepRap Project