Do Barro ao Espaço (so was Sagan)
Acima, o mapa estelar do K 8538, um disco de barro com escrita cuneiforme representando o céu em quadrantes como visto pelos sumérios há quase três milênios.
Abaixo, o disco folheado a ouro enviado com as sondas Voyager e que já adentra o espaço exterior. Ele contém na parte inferior esquerda um padrão radial com 15 linhas, 14 das quais representam pulsares e sua distância relativa ao Sol.
Há uma semelhança visual entre o disco sumério e o da NASA, e o mais fabuloso é que ela vai além disso. Troca-se o cuneiforme pelo binário e o céu como visto da Terra pela Via Láctea demarcada por pulsares e seu centro, mas os dois riscados cumprem o mesmo objetivo.
Ambos são representações simbólicas do conhecimento adquirido por aqueles que olhavam para as estrelas e permitem que inteligências separadas pelo espaço e tempo possam encontrar umas às outras enquanto ainda olharem para as estrelas. Ambos discos dizem “eu estive aqui”.
Se você conhece algo das constelações, pode estudar o disco sumério e compartilhar este conhecimento através do espaço e tempo com a pessoa que marcou aqueles riscos na argila entre os rios Tigre e Eufrates há milhares de anos. Se não conhece, ainda há tempo de conhecer. E ainda há tempo para descobrir o que são pulsares e como eles permitem localizar nosso sistema solar no espaço-tempo mesmo a muitos milhares de anos-luz de distância.
Algum dia, daqui a muito tempo, em algum lugar, alguma outra inteligência pode encontrar o disco dourado das sondas Voyager e ao compreendê-lo, também compartilhará deste conhecimento. De alguma forma, saberá que você, assim como a cultura, a ciência e particularmente a pessoa que criou aquele disco de barro, existiu.
Porque a inteligência, ainda que rara, é tão Universal quanto as estrelas.