Design Inteligente x Algoritmo Genético

Brincadeira de criança – balançar de pé, mais rápido, mais alto. Nesta versão virtual, no entanto, quem ganha: o boneco com movimentos programados pelo designer muito inteligente, o usuário “munimuni”, ou aqueles resultado de um algoritmo genético após 22 gerações?

O algoritmo genético simula a evolução natural. De início, os movimentos são aleatórios, desengonçados, em uma convulsão descoordenada. O percurso do balanço foi dividido em 32 partes, e para cada uma delas o boneco pode abaixar ou levantar (0 ou 1). Os melhores movimentos de cada geração são transmitidos para a próxima, com pequenas variações, e assim sucessivamente. É fascinante ver cada batalhão dentro de uma geração e a evolução em pleno curso.

O resultado você vê ao final do vídeo. O boneco verde faz os movimentos programados pelo designer inteligente, muito parecidos com aquele que todos nós fazemos. Já o boneco vermelho, com movimentos determinados pelo algoritmo genético, continua com trejeitos um tanto engraçados. Mas os resultados podem surpreender!

Confira muito mais no canal de 99munimuni no Youtube.

The Buchanan Brothers – “Atomic Power”

O hit dos irmãos country de 1946 revela uma época em que o poder atômico era visto como um presente de deus.

“Ó este mundo está tremendo com sua força e grande poder
Lá enviando ao céu com o fogo de enxofre
Escute o aviso meu caro irmão, cuidado com o que planeja
Você está trabalhando com o poder da própria mão sagrada de Deus

Poder atômico, poder atômico
Foi dado pela poderosa mão de Deus
Poder atômico, poder atômico
Foi dado pela poderosa mão de Deus

Você se lembra de duas grandes cidades em uma terra estrangeira distante
Foi varrido da face da Terra o poder do Japão
Cuidado meu caro irmão, não roube a alegria
Mas o use para o bem da humanidade e nunca para destruir

Refrão

Hiroshima, Nagasaki pagaram um grande preço por seus pecados
Quando varridas da face da Terra suas batalhas não puderam ganhar
Mas no dia do julgamento quando vier o poder maior
Não saberemos o minuto e nem a hora

Refrão”

Em toda sua ingenuidade e viés religioso, esta primeira visão popular do poder nuclear é ao menos em um ponto mais apropriada do que a partilhada por boa parte da população hoje: note como não se atribui um valor positivo ou negativo ao poder atômico em si, e sim a como ele é usado. É uma força poderosíssima, que deve ser usada “para o bem da humanidade” e “nunca para destruir”.

Esta visão deu lugar à posição, também ingênua, de que a energia nuclear é intrinsecamente nociva. Alguns cantariam que o “poder atômico foi liberado pela ardilosa mão do Diabo”, mas deus e diabo, desde o início, somos nós mesmos.

Ramanujan e 11/11/11 11:11:11

“O Twitter divulgou um vídeo que mostra uma visualização global de todos os Tweets mencionando 11:11 no dia 11/11/11. Depois há uma segunda onda que seriam os tweets às 23h11, ou 11:11 PM” – Renê Fraga

O vídeo é curioso pela onda que acompanha o fuso horário, e porque a segunda onda que comenta o 11:11 PM se destaca mais nos EUA, onde de fato se usa a convenção AM/PM e não algo como 23h11. Talvez melhor do que qualquer texto longo isso ilustre como o momento é resultado de uma série de convenções arbitrárias, indo do fuso horário à forma como registramos as horas ao longo do dia.

É o não tão velho dilema de que determinar a data e hora exatas do Fim do Mundo deve lidar hoje com questões de fuso horário, e mesmo do horário de verão. Foi-se o tempo em que o Sol parar no céu era um fenômeno universal.

Enquanto uma pequena parte da população mais crédula esperou algo acontecer ansiosamente nesse momento, outra parte da população mais cética desdenhou da superstição – enquanto imagino que quase todos tenham visto o evento apenas como uma curiosidade.

unic

O que ele revela também é nossa fascinação por reconhecer padrões. O padrão 11/11/11 é óbvio, mas o óbvio é muito relativo. Uma famosa anedota matemática conta que o matemático inglês G.H. Hardy foi visitar o gênio indiano Srinivasa Ramanujan no hospital, mas Ramanujan não era um gênio qualquer: era um gênio matemático, considerado por muitos um dos maiores que já existiu.

“Eu havia pegado um táxi de número 1729 e comentei que o número parecia bem monótono”, contou Hardy, “e esperava que isso não fosse um mau agouro”.

“Não”, respondeu Ramanujan de pronto, “é um número muito interessante; é o menor número que pode ser expresso como a soma de dois cubos [positivos] em duas formas diferentes”.

As duas formas são 1^3 + 12^3 = 9^3 + 10^3 = 1729.

Se para nós 11/11/11 é um padrão interessante evidente, para Ramanujan não só 1729, como praticamente todos os números possuíam e eram parte de padrões interessantes. E como se vê, mesmo entre matemáticos como Hardy e Ramanujan tais padrões podem ser vistos como sinais.

“Todo positivo inteiro é um dos amigos pessoais de Ramanujan” – J.E. Littlewood

A prova de que todos os números são interessantes é mesmo um paradoxo divertido: se houvesse números que não fossem interessantes, então o menor desses números se tornaria automaticamente interessante por ser o menor número não-interessante. E assim por diante.

O arranha-céu e o caminhão de cocô

Menos de uma década depois que John F. Kennedy anunciou que iríamos à Lua e faríamos outras coisas “não porque são fáceis, mas porque são difíceis”, Neil Armstrong deu seu pequeno passo e seu grande salto para a Humanidade.

Em apenas 10 anos, imagens aéreas registram o progresso espetacular de Dubai neste vídeo criado para promover o TEDxDubai 2011. Sobre a areia do deserto onde no século 19 mal viviam pouco mais de 1.200 habitantes, hoje floresce uma cidade moderna rumo a duas milhões de pessoas em torno dos mais altos arranha-céus do mundo.

Moderna, sim, mas assustadoramente moderna: Kate Ascher, autora de um livro sobre os arranha-céus de Dubai, contou em uma entrevista à NPR:

burjtrucks“TERRY GROSS: Então você escreveu que em Dubai eles não têm uma infra-estutura de saneamento que suporte arranha-céus como esse. Então o que eles fazem com o esgoto?

KATE ASCHER: Alguns prédios por lá podem acessar o sistema municipal, mas muitos deles em verdade usam caminhões para levar o esgoto dos prédios individuais e então esperam em fila para jogá-lo na usina de tratamento. Então é um sistema bem primitivo.

GROSS: Bem, esses caminhões podem esperar horas e horas na fila.

ASCHER: É verdade. Disseram-me que podem esperar até 24 horas antes que cheguem ao final. Agora, há um sistema municipal que está sendo desenvolvido e presumo que irão conectar todos esses prédios altos em algum ponto no futuro, mas eles certamente não estão sozinhos. Na Índia muitos prédios são responsáveis por fornecer seu próprio sistema de água e remoção de esgoto. Então é realmente – somos muito afortunados neste país [EUA] de que podemos contar com o fato de nos conectarmos a um sistema urbano que possa lidar com qualquer esgoto que um prédio produza. Esse não é o caso por todo o resto do mundo.

GROSS: Bem, ele realmente ilustra um dos paradoxos da vida moderna, que temos essas estruturas que alcançam o céu e então em um lugar como Dubai você tem uma fila de 24 horas de caminhões esperando para jogar for o esgoto desses prédios.

ASCHER: Isso. É preciso lembrar que um lugar como Dubai realmente emergiu nos últimos 50 anos. Era uma sonolenta cidade beduína há meio século. E o que você faz quando traz os mais sofisticados arquitetos e engenheiros, você pode literalmente construir qualquer coisa, incluindo um prédio de 140 ou 150 andares. Mas projetar uma rede municipal de tratamento de esgoto é de algumas formas mais complexo. Certamente requer mais dinheiro e tempo para ser feito, então um pulou à frente do outro.”

A situação no Brasil está muito mais próxima de Dubai do que dos EUA, onde mais da metade do país não possui saneamento básico e mesmo nas maiores metrópoles urbanas vêem-se luxuosos empreendimentos milionários sendo construídos sem um tratamento adequado de seu esgoto.

O Brasil não surgiu há 50 anos, e sim há 500 anos, e os motivos para este paradoxo são outro ponto em comum com Dubai: a desigualdade social e a disponibilidade de mão-de-obra quase escrava.

Somos já há praticamente uma década líderes mundiais na reciclagem de alumínio, com taxas se aproximando de 100%. Um feito fabuloso se fosse resultado da conscientização popular sobre a redução do impacto ambiental e um sofisticado sistema de seleção de coleta de lixo.

Mas nosso recorde de reciclagem é resultado da conscientização da camada mais desfavorecida da população de que revirar o lixo em busca de latas de alumínio jogadas no meio de lixo orgânico, vidro e mesmo em sarjetas é uma das únicas formas disponíveis de subsistência. Uma multidão de catadores da latinhas que todos vemos ao andar pelas ruas responde pelo nosso recorde.

O futuro moderno onde vivemos é aquele onde temos arranha-céus quase quilométricos que dependem de filas quilométricas de caminhões cheios de cocô, dirigidos por motoristas de cocô pagos para ficar quase um dia inteiro esperando sua vez de despejar o cocô de pessoas mais ricas. Onde celebramos o recorde de reciclagem de alumínio, graças a uma multidão de catadores dispostos a revirar todos os lixos da cidade para coletar as preciosas latas que jogamos fora.

Deve estar claro que o recorde de arranha-céu mais alto do mundo ou o de taxa de reciclagem de alumínio não são indicadores muito confiáveis de desenvolvimento, de fato podem ser exatamente o oposto. E enquanto celebramos o tímido progresso econômico de nosso país e seu posicionamento entre as maiores economias do mundo, é bom lembrar que estes são apenas outros indicadores que vistos mais de perto podem revelar um caminho muito mais longo pela frente. [via BoingBoing]

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