Um guia rápido para o novo Google Reader

greader_1000

Com as mudanças colocadas em prática hoje, as funcionalidades sociais do Google Reader foram extintas. E agora?

O botão +1 substitui o antigo “Like, você clica e estará promovendo a popularidade do item que está lendo. Importante: ao clicar neste botão você não estará compartilhando o item que está lendo com ninguém. Veja o próximo item.

Para onde foi o botão de “Share”, para compartilhar posts? Ele está no topo do Reader! Do lado superior direito:

readershare

É preciso selecionar o item que você quer compartilhar e então clicar em “Share” no topo, escolher os círculos com que deseja compartilhar e então finalmente em “Share” outra vez.

Também é possível compartilhar um item no Google+ dentro do item, clicando no botão +1, passando o mouse sobre ele para ver a opção de “Share on Google+”, selecionando os círculos e compartilhando.

Screen shot 2011-10-28 at 2.01.30 PM

Anteriormente, ao compartilhar um item você o compartilhava com todos seus amigos ou mesmo com toda a rede. Agora, para compartilhar com o mesmo nível de abertura será preciso escolher os “Extended Circles”. Do contrário, apenas as pessoas nos círculos que você escolheu verão seu item, e mesmo que alguém destes círculos queira “re-compartilhar” o item com mais pessoas, poderá ter problemas.

Sim, são no mínimo três cliques, talvez mais, para substituir uma funcionalidade que na versão anterior do Google Reader necessitava de apenas um clique ou tecla.

E o bookmarklet para compartilhar qualquer página? O Google Reader se integrava com o Notes para permitir compartilhar páginas com um bookmarklet. Ele não funciona mais, mas há o bookmarklet do Google+. Ele permite compartilhar a página atual no G+ com um clique.

Para onde foram meus amigos? Quem eu seguia, quem me seguia? Todos estão no Google+ e a única forma de ler os itens deles, e deles lerem os seus, será através dos streams de círculos no Google+.

Mas onde estão os meus amigos do Reader no Google+? Para descobrir todos a quem você seguia e quem lhe seguiam, será preciso acessar as configurações do Reader. Dentro do Reader, no canto superior direito há uma engrenagem, acesse “Reader Settings”, e então a tab “Import/Export”.

Lá você encontrará tanto a “List of people that you follow” quanto a “List of people that follow you” para fazer o download no formato JSON. O nome e endereço dos perfis deles estão lá, nos arquivos exportados following.JSON e followers.JSON.

E o que faço com esses JSON? O formato JSON foi feito para ser mais amigável e compreensível, mas se você abrir mesmo a pequena lista de amigos que acabou de baixar nesse formato em um editor de texto, pode não entender nada.

Thiago Avelino criou um app que filtra os arquivos JSON e lista o endereço dos perfis: http://readertogplusfriends.appspot.com/

Ainda será preciso visitar cada um dos perfis e adicioná-los um a um aos círculos do G+.

E agora? Se você se antecipou à mudança e já criou um círculo com todas as pessoas que você seguia no Reader, ou se os criou agora, basta acessar o stream desse círculo no G+ e basta que todos nesse círculo passem a compartilhar os itens no G+ e basta que aqueles que o seguiam também tenham criado seus círculos incluindo você e você também compartilhe tudo no G+ e nenhuma das pessoas tenha se confundido ou esteja compartilhando com círculos fechados para que tudo fique quase como era antes.

O Google Reader era, e continua sendo, a forma mais prática de consumir conteúdo da rede. Os sites disponibilizam o feed RSS de seu conteúdo, e o Reader, em um aplicativo completamente na nuvem, permite que você organize e acompanhe esses feeds em tempo real a partir de uma única interface focada no conteúdo. Lamentavelmente, esta atualização pouco (ou nada) adicionou de funcionalidade no Reader como leitor de feeds.

O Google Reader também era, e não é mais, uma rede social distinta focada nos usuários desse aplicativo.

100nexos, o vídeo. Com macacos

Assista ao vídeo. São macacos. No começo, as selvas no coração da África e as tentativas de comunicação com nossos parentes símios. Sua fisiologia não permite que falem como nós, mas como nós, eles têm mãos. E como nós, têm olhos e olhares que expressam a qualquer ser humano com alguma humanidade que há uma porção desta mesma humanidade mesmo naqueles classificados como não-humanos.

Logo, a insana jornada de alguns destes macacos da selva, atravessando um oceano até um outro continente, onde seriam treinados para serem pioneiros de uma das maiores viagens que a vida no planeta já empreendeu. A viagem ao espaço sem vida.

Tão próximos e tão distantes, foram chimpanzés os primeiros macacos no espaço. Lançados por humanos, antes de humanos, para garantir a segurança de humanos. Humanos que ao final também são macacos. Enquanto os macacos orbitavam em cápsulas espaciais a selva onde nasceram, também sobrevoavam macacos humanos matando uns aos outros.

Se há uma imagem que resuma a ideia central que este blog pretende transmitir é a de um macaco no espaço. É a ideia de que macacos sejam capazes de feitos extraordinários como lançar macacos ao espaço. Mas ainda sejam macacos.

1090_ham-un-chimpanze-dans-l-espace_1606

O macaco no vídeo? Ele retornou a salvo à Terra e viveu por mais 17 anos nos zoológicos de Washington e então da Carolina do Norte. Somos capazes de feitos extraordinários. Mas ainda somos macacos.

[Clipe espetacular de M83, “Wait”]

Dois Prêmios Nobel?

Marie_Sklodowska_16_years_old-challenge-accepted

Desafio aceito”. É quase o que se pode ver nesta fotografia de Marie Skłodowska Curie aos 16 anos, mais conhecida como Madame Curie, até hoje a única pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em categorias diferentes, em física e química.

As conquistas de Marie Curie se tornam ainda mais extraordinárias quando apreciamos sua vida. Curie foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a se tornar titular da Universidade de Paris – porque a universidade de seu país de origem lhe negou o cargo porque era, afinal, uma mulher.

Em parceria com Pierre Curie, com quem se casou, a dupla dedicou seus esforços à ciência no estudo da radioatividade, em uma bela história que lhes rendeu o primeiro Nobel em física. Enquanto até hoje se fala em mulheres pilotando fogão, Marie Curie pilotou um caldeirão químico purificando, com a força de seus próprios braços em condições extremas, literalmente toneladas de material na descoberta do polônio e rádio.

Pierre morreria tragicamente em um acidente em 1906, mas Marie continuou seus esforços e foi reconhecida novamente em 1911 com o Nobel em química. A história já seria admirável se parasse aqui, mas Marie decidiu não patentear os processos de purificação que desenvolveu porque acreditava que o conhecimento pertencia à humanidade. Sempre viveu humildemente.

Tudo isso seria quase inacreditável, mas se torna ainda mais surpreendente porque Marie ainda foi uma mãe de duas filhas. Uma delas, Irène, em conjunto com seu genro, Frédéric, também receberia o prêmio Nobel de química em 1935, um ano após sua morte.

Mesmo em sua morte Marie Curie representou um ideal de vida. Ao descobrir a radioatividade, Curie acabou contaminada com doses letais de radiação. Suas anotações da época em que trabalhou purificando materiais são radioativos até hoje, preservados em caixas de chumbo, mas o conhecimento que avançou realmente impulsionou revoluções científicas.

Marie Curie, desafio cumprido. [via Kuriositas]

De onde vem o Mol?

Watchmen-Dr-Manhatten-Logo-500x375

“Juro lealdade ao mol, à União Internacional de Química Pura e Aplicada e à massa atômica que representa, um número, bem divisível, com átomos e moléculas para todos” – Sylvia Cooper, estudante secundária de West Virginia, EUA

Hoje, dia 23/10, precisamente das 6h02 da manhã às 6h02 da noite estará sendo celebrado o Dia do Mol, a unidade básica da química representado na constante de Avogadro, 6,02 x 10^23.

Renato Russo já expressou seu ódio à química, e o mol, como uma de suas unidades básicas serve bem para entender por que a matéria é tão pouco apreciada.

É fácil encontrar a definição dada pelos livros-texto do mol. É “a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quanto são os átomos contidos em 12 gramas de carbono-12”. Todos recitamos isso como robôs, mas por quê?

Você sabe de onde vem o mol?

A resposta fundamental está não no carbono-12, mas no hidrogênio-1. Composto de um próton positivo e um elétron negativo, é o átomo mais simples e em um mundo ideal, 1 grama de hidrogênio-1 teria 1 mol de átomos. Seria tão mais simples entender o mol!

Basta pegar uma balança ultra-precisa e medir a massa de 1 próton e 1 elétron para chegar à massa de 1 átomo de hidrogênio, e então calcular quantos átomos desses são necessários para chegar a 1 grama. Vamos fazer isso?

A massa do próton é de 1,67 x 10^-24 gramas. A massa do elétron é 9,11 x 10^-28 gramas, mais de 1.800 vezes menor e para nossos cálculos de verso de envelope, vamos ignorá-la.

Agora, façamos a conta muito complexa da regra de três e vamos dividir:

1 g / (1,67 x 10^-24 g)

Para obter o número aproximado de átomos de hidrogênio-1 contidos em 1 g.

O resultado?

5,99 x 10^23

Parece familiar? É praticamente a constante de Avogadro que celebramos hoje, 6,02×10^23, ou seiscentos e dois quintilhões. Isso não é coincidência, em um mundo “ideal” o valor seria exatamente igual, e seria muito mais fácil entender de onde vem o mol. 1 grama de hidrogênio-1 possuiria exatamente 1 mol de átomos.

De onde vem a diferença? Pode-se pensar que a diferença vem da massa do elétron que desprezamos, mas este é apenas parte do problema. A resposta “porque sim” é porque não se usa o hidrogênio-1 como padrão, e sim o carbono-12. Mas por quê? Por que definimos o mol como o número de átomos em 12 gramas de carbono-12?

Bem, pesar um único átomo é muito complicado. Historicamente, nem o hidrogênio nem o carbono foram usados inicialmente: usava-se o oxigênio, porque ele se combina com quase todos os outros átomos, formando desde o dióxido de carbono no ar ao óxido de ferro da ferrugem, facilitando muito a análise. Mas mesmo nisso havia uma complicação: físicos mediam apenas o isótopo puro de oxigênio-16, porque seus espectrômetros permitiam essa precisão, enquanto químicos lidavam com a mistura de isótopos de oxigênio 16, 17 e 18 que ocorre naturalmente no ar que respiramos – e é extremamente difícil separar isótopos quimicamente. Não vivemos em um mundo “ideal”.

Em 1961 após uma sangrenta batalha, ou melhor, uma pacífica convenção, físicos e químicos chegaram a um acordo e passaram a usar o carbono-12 como referência, que é o que usamos até hoje. Essa nova referência significou que tanto físicos quanto químicos precisaram ajustar suas tabelas apenas um pouco para que houvesse finalmente um padrão unificado.

Mas por que não se usou o hidrogênio-1? E afinal, por que, se a massa de prótons e nêutrons é praticamente idêntica, o peso atômico do carbono-12, com seis prótons e seis nêutrons, não é exatamente 12 vezes maior que o do hidrogênio-1, com um próton?

A resposta é uma bomba. É a energia nuclear que mantém o núcleo unido, e como Einstein formalizou na famosa fórmula, E = mc^2, essa energia equivale a massa. É uma massa muito pequena, a diferença entre usar como referência o hidrogênio, o carbono ou o oxigênio é menor que 1%, mas ela existe e multiplicada pelos quintilhões que existem em apenas 1 grama de hidrogênio, é uma das mais poderosas forças que já dominamos.

É devido a essa energia nuclear, equivalente a massa, que não podemos simplesmente somar a massa individual de prótons e nêutrons para chegar à massa de todos os átomos. É devido a essa, e algumas outras histórias, que não usamos o hidrogênio como referência para o mol, e é por isso que precisamos decorar, arbitrariamente, que o mol é definido por 12 gramas de carbono-12.

Entender de onde vem o mol é entender desde a ideia básica por trás da constante, que dificilmente é ensinada, até os detalhes tanto históricos quanto da própria natureza que fizeram com que tenhamos chegado a essa definição. É um tanto mais complicado, mas uma vez que você compreenda, deve entender a lógica por trás de tudo isso, indo desde a massa de um único próton à energia nuclear que o une a outras partículas para formar átomos mais pesados.

Entender por que o mol é tão importante, e a definição de mol envolvendo 22,4L, bem, essa fica para o Dia do Mol do ano que vem!

“Obrigado por apontar o meu erro”

100_0028s
[
Edward Nelson]

A aritmética é uma das representações mais puras de uma realidade objetiva. Na distopia de George Orwell, 1984, o protagonista finalmente sucumbe à loucura do regime opressor quando passa a aceitar que “2+2=5”. A partir daí, sua sanidade já não é mais nem uma memória distante – é um conceito completamente abandonado. Sem aritmética, absolutamente tudo é possível e onde absolutamente tudo é possível nada deve ser real.

Pois que o anúncio do professor de matemática, Ed Nelson, de que a aritmética é inconsistente seria uma das maiores revoluções na história da ciência. Como brinca Steven Landsburg, “seria uma notícia muito mais impressionante que neutrinos mais rápidos que a luz, que o Sul ganhou a Guerra Civil Americana ou que toda a vida na terra foi projetada por um ser inteligente”. Seria muito mais impressionante que o que alguns chamam de Deus.

Professor da Universidade de Princeton, Nelson é um ultrafinitista que vem há muitos anos questionando a consistência dos axiomas de Peano, que formalizam aquilo que chamamos de aritmética. Se tais axiomas forem de fato inconsistentes, realmente existiria algo contraditório como “2+2=5” que não seria fruto de uma mente insana, mas da matemática em si mesma.

Foi no dia 26 de setembro de 2011 que o professor Nelson divulgou o que seria a prova desta inconsistência, em duas versões, prometendo uma outra mais extensa a ser publicada com mais detalhes. Seria o marco de sua carreira e sua entrada para a História.

Em alguns dias blogs científicos especializados em matemática borbulharam de discussão sobre a prova, e em n-Category Cafe Terence Tao, ganhador da medalha Fields, expôs uma falha na prova. Nelson não concordou com a contestação, publicando uma réplica nos comentários, mas ao mesmo tempo Daniel Tausk, professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP também discutiu a falha de forma privada com Nelson.

Em 1 de outubro, menos de uma semana depois de seu anúncio, o professor Ed Nelson publicou o comentário em resposta a Tao:

“Você está certo mesmo, e minha réplica original estava errada.

Obrigado por apontar o meu erro.

Eu retiro o meu anúncio [de ter encontrado uma prova de que os axioma de Peano são inconsistentes]”.

Pense bem nisto. A beleza ética e a estatura moral que fazem um professor respeitado reconhecer em alguns dias que o trabalho em que investiu anos estava simplesmente errado, e a agradecer àqueles que apontaram seu erro, é o lado humano e moral da filosofia de Popper de que só sabemos que algo é científico quando pode ser provado falso.

Se a aritmética representa a pureza de uma realidade objetiva, poucas palavras podem representar tão bem a busca sincera por se aproximar desta realidade quanto “obrigado por apontar o meu erro”.

No caso aqui, especialmente belo porque o erro era justamente sobre a inconsistência da aritmética. Na frieza da objetividade está o lugar comum que fundamenta o que de melhor podemos fazer com tudo aquilo que nos é subjetivo. [via Albener Pessoa, thx!]

O Universo em uma Bolha de Sabão

epic-win-photos-soap-bubble-photography-win

Tom Storm descobriu por acaso que bolhas de sabão podem gerar imagens incríveis através de seu reflexo.

Ou reflexos, no plural, porque o que vemos na imagem é o reflexo na parte externa sobreposto ao reflexo na parte interna da bolha.

Daí porque as imagens estão duplicadas, e uma delas está invertida. A invertida é o reflexo da parte côncava da bolha no seu lado de dentro. [via Win]

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM