Retrospectiva 100nexos: 2010
Relembrando o ano de Copa e Eleições (com ciência!), a começar pelo Top 10 de posts por visitas.
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Ciência aplicada aos vampiros da saga “Crepúsculo”?
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“Nature By Numbers”: Fibonacci e a matemática como descrição do mundo
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GIFs animados de mecanismos
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Restart, Justin Bieber e a Pirâmide Etária
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O Guia Mangá de Física
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Pinóquio, Deus e a Incompletude de Gödel
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O Sistema Solar em 30 Megapixels
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Tema de Doctor Who com Bobinas de Tesla
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Em que provamos que π=4
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Lançamento da Apollo 11 em câmera lenta
Não contem por aí, mas os vampiros adolescentes e iridescentes responderam sozinhos por um quinto de todas as visitas a estes nexos em todo o ano!
Em 2010 também iniciamos séries de textos abordando a fundo grandes teias de conexões – algumas tão grandes que ainda não as concluímos.
Começamos considerando que A Humanidade não merece ir à Lua (I), (II), (III), (IV), (V), (VI). Não merece mesmo? Qual será o futuro da exploração espacial e nosso lugar no Universo? A série continua!
Iniciamos também uma discussão sobre A Primavera Silenciosa da Nature (parte I), (II), mas a bola foi apenas levantada. A enorme e delicada teia de vidas ainda se estenderá pelo próximo ano.
Conseguimos sim conduzir e concluir uma série de textos! E uma lidando justamente com o fim de tudo. O Apocalipse Inevitável (parte I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (fim). Será este o último Reveillon da história? Não, ou pelo menos, certamente não devido a qualquer calendário maia. Considerar a fragilidade de nossa condição, pelo perigos reais e que povos antigos sequer imaginaram, mas com causas não muito diferentes daquela que os levaram à ruína, é algo que podemos fazer ao considerar o Apocalipse. O Apocalipse é Inevitável, mas pode ser adiado.
Para encerrar o ano, uma seleção adicional de posts que você pode ter perdido:
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O Fiasco da Inteligência
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Os Epiciclos Ptolemaicos de Homer Simpson
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A Escala do Universo: do yocto ou yotta
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Espirrando — e triplicando a resolução de seu monitor
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Colisão de Anéis de Vórtice: da Clarividência às Supercordas
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A Grande Coincidência Cósmica: Eclipses e a Dança das Mil Mãos
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Divulgando ciência “errada” do jeito certo
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Ataque dos salgadinhos gigantes
- Manadas de Homo Sapiens
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A Busca pela Longitude, a uma década do GPS civil
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Somos uma pequena assimetria
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Um mundo sem carros
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Benjamin Redentor
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Teseu e o fio de Ariadne
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Ciência na Copa do Mundo: Troféu, Vuvuzelas, HD e Sorte
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A Garota Afegã em 3D
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Mola Maluca
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Vida
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Baleias, ovelhas e cavalos no espaço
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Somos um epifenômeno
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Black Sabbath: “Iron Man” a meio milhão de Volts
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O Deus Relojoeiro
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Eclipses Antropocêntricos
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Sinédoque: o oceano dentro de nós
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Psico-história e pesquisas eleitorais
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Constelações Humanas
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O navio de Teseu e a impermanência do Carbono-14
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Nuclearoids: brinque de física nuclear
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Gnarls Barkley – Gone Daddy Gone (e cores falsas)
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A Mente Científica
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Feliz Natal!
Sempre, um enorme obrigado pela leitura, e com os melhores votos de um fabuloso 2011!
Feliz Natal!
Enquanto celebramos uma data repleta de diversos significados a NASA divulga este belíssimo vídeo de um pôr-do-sol um tanto diferente.
É um pôr-do-sol marciano, capturado pelas lentes de nossa valente sonda robótica Opportunity.
Em nosso planeta o céu é azul e o Sol ao fim do dia toma tons avermelhados, porém em Marte ocorre exatamente o oposto. O Sol é o mesmo, e do espaço seu tom é branco, o que muda é a atmosfera. No planeta azul ela absorve e então irradia tons azulados, e no planeta vermelho… tons avermelhados. Ao vermos o Sol próximo do horizonte, os raios de luz passam por um caminho mais longo através da atmosfera e esse efeito se intensifica. Seu tom aparente será o do espectro de cores complementares àquelas absorvidas pelo próprio céu: vermelho na Terra, azul em Marte.
Motivo pelo qual Luke Skywalker vendo dois sóis se ponto em Tatooine pode parecer muito bacana, mas uma pequena sonda robótica bem real e mais próxima de R2D2 já assiste a um Sol poente ainda mais interessante.
Com a ciência, comemorar solstícios e o nascimento ininterrupto do Sol pode ir muito além. Feliz Natal!
A Mente Científica
O mais fascinante neste curto vídeo sobre a invenção do compatriota japonês Kazuhiko Minawa não é tanto seu fabuloso aparato através do qual uma enguia elétrica ilumina uma árvore de Natal.
É seu entusiasmado comentário sobre as infinitas possibilidades desta tecnologia:
“Se pudéssemos juntar todas as enguias elétricas de todo o mundo, poderíamos iluminar uma árvore de Natal incomensuravelmente gigantesca. Adoraria ver mesmo do espaço o imenso flash de luz que ela lançaria na Terra”.
Carl Sagan lembrava que se a rainha Vitória em meados do século 19 resolvesse encarregar seus melhores cientistas da tarefa de criar uma forma de transmitir imagens em movimento a enormes distâncias, dificilmente teriam sucesso a despeito de mundos e fundos de um Império sobre o qual o Sol nunca se punha. É porque um discreto acadêmico barbudo trabalhando apenas com equações e seu conhecimento sobre os experimentos científicos em fenômenos curiosos mas de pouca ou nenhuma aplicação prática, ainda não tinha escrito “Sobre as Linhas Físicas de Força”.
O sujeito era James Clerk Maxwell, e o que publicaria seria a unificação de duas forças fundamentais do Universo, indicando que a eletricidade e o magnetismo eram um só e que como ondas se manifestavam entre outros fenômenos como a própria luz. Um certo Albert Einstein, com admiração, comentaria a forma e o significado desta façanha:
“Imagine como Maxwell deve ter se sentido quando as equações diferenciais que formulou provaram que os campos eletromagnéticos se propagavam na forma de ondas polarizadas, e à velocidade da luz! Poucos homens no mundo tiveram o privilégio de uma experiência dessa natureza… e levou aos físicos algumas décadas para que toda a significância da descoberta de Maxwell fosse apreendida, tão imenso foi o salto de genialidade imposto às concepções de seus pares”.
O embasamento físico-matemático que criou finalmente permitiria algumas décadas depois feitos tecnológicos como a transmissão de rádio e toda a tecnologia elétrica e eletrônica que passou pela televisão e chega hoje pela série de “tubos” na rede até as linhas que você lê aqui. Maxwell, no entanto, não havia sido comissionado pela rainha nem buscava inventar a televisão. É pouco provável que jamais tivesse imaginado algo como a Internet. O salto intelectual que deu foi parte de sua muito convencional carreira acadêmica e a frase publicada em que comenta a fabulosa descoberta entendendo a luz como forma do campo eletromagnético chama a atenção pela singeleza com que uma das mais importantes ideias científicas da história foi divulgada.
“… dificilmente podemos evitar a inferência de que a luz consiste de ondulações transversais do mesmo meio que é a causa dos fenômenos elétricos e magnéticos”.
Dificilmente podemos evitar imaginar que apesar do tom, Maxwell, antes e mais do que ninguém à sua época, percebeu sim a relevância do que descobrira, ainda que o século do elétron fundamentado em suas ideias ainda estivesse a décadas de distância. E a alegria e o entusiasmo que deve ter sentido poderão ser melhor imaginados por aqueles que entendem a empolgação de um japonês com a ideia de juntar todas as enguias elétricas do mundo para iluminar uma árvore de Natal gigantesca para ser vista do espaço.
É pouco provável que em algumas décadas vivamos no século das enguias elétricas, mas seguramente continuaremos dependendo do espírito científico que preza o conhecimento pelo conhecimento. [vídeo das enguias via MAKE]