Engrenagens Paradoxais

Repare bem: as engrenagens adjacentes estão girando no mesmo sentido!

Engrenagens comuns de rodas dentadas sempre irão girar em sentidos contrários, um fato que não é universalmente apreciado e responde por confusões em logotipos como o abaixo:

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Estas três engrenagens que deveriam representar inovação estão em verdade travadas e jamais irão girar. Em resposta às críticas, e depois do vexame, o logo com engrenagens travadas foi abandonado.

As engrenagens paradoxais patenteadas pelo engenheiro da Renault Jean Mercier desafiam essa lógica. Para entender como funcionam, o vídeo abaixo deve ser esclarecedor:

Devido à forma como o torque é transmitido por partes deslizantes, sua eficiência não é muito alta, o que limita muito sua aplicação. Mas se você pode apreciar engrenagens adjacentes girando no mesmo sentido – e no vídeo inicial, contando mesmo com multiplicadores de torque – perguntar para que servem é um pequeno detalhe.

O Sr Burns e a Torre de Resfriamento

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No que você pensa ao ver a imagem acima? Talvez pense em usinas nucleares, talvez se lembre da usina nuclear do Sr. Burns da série Os Simpsons.

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Esta outra imagem deve ser ainda mais parecida com a usina nuclear de Springfield:

Climate Showdown

Mas alguma coisa está errada. Se você reparar bem, essas duas usinas de energia do mundo real têm, além das torres hiperbolóides que associamos à usina colorida de Springfield, várias chaminés “clássicas”.

As chaminés denunciam como essas não são usinas nucleares. São algumas das usinas movidas a carvão mais poderosas do mundo – a primeira, a de Heilbronn na Alemanha, com capacidade de 950MW, e a segunda, a usina Scherer nos EUA, com capacidade superior a 3GW.

De certa forma é extremamente apropriado que a imagem que associamos a usinas nucleares não seja o reator nuclear em si – as partes laranjas da usina de Springfield – mas sua torre de resfriamento.

Porque o problema não é unicamente o reator nuclear, mas o próprio consumo de energia. Qualquer usina de geração de energia de grande potência realizará trocas de calor em grande quantidade e precisará de grandes torres de resfriamento. Mesmo quando alcançarmos o feito histórico da energia nuclear limpa a fusão, ainda precisaremos de torres de resfriamento. Que provavelmente terão uma aparência muito similar à eficiência das estruturas hiperbolóides tão associadas a usinas nucleares movidas a fissão.

As aparências enganam. A fumaça que surge dessas torres de resfriamento é apenas vapor d’água. Já as chaminés ao fundo podem não emitir fumaça visível, mas estão emitindo enorme quantidade de dióxido de carbono invisível, fazendo com que a usina Scherer seja a maior fonte individual de emissão de dióxido de carbono em todos os EUA, e uma das 20 maiores em todo o planeta.

De pouco adianta lutar contra usinas nucleares se elas são simplesmente substituídas por usinas movidas a carvão que, não por mera coincidência, têm uma aparência externa não muito diferente. E, no que é realmente trágico, podem liberar mais radioatividade ao ambiente e matar mais pessoas que a energia nuclear.

Este post foi inspirado por essa atraente propaganda de uma empresa de energia eólica:

É bem verdade que fazendas eólicas não têm torres de resfriamento. Infelizmente, isso ocorre justamente porque não produzem energia em grande densidade. A maior fazenda eólica do mundo produz menos energia que a usina de Heilbronn e ocupa 400 km2.

Não é possível destruir todas as torres de resfriamento do mundo, elas são consequência natural da termodinâmica e enquanto formos muitos precisando de muita energia, veremos torres de resfriamento.

Science Nation Army

O já clássico “Seven Nation Army” do White Stripes, recriado inteiramente com sons de instrumentos do laboratório de explosões no Imperial College em Londres.

Como se trabalhar em um laboratório onde se exploram os efeitos das explosões já não fosse interessante, ainda passaram uma tarde fazendo rock.

No lado sério, essa repetição de explosões para “extrair uma história coerente de biomecânica” a partir de uma montanha de dados não é muito diferente do trabalho de um músico afinando instrumentos e repetindo performances até obter um resultado consistente.

A equipe responsável pela obra expressa melhor do que ninguém a mensagem:

“O resultado final de uma investigação científica, como uma música, é inevitavelmente o resultado de dias de prática, experimentação e colaboração. Um cientista pode ter uma ideia de como quer que sua investigação soe ao final, mas o processo científico irá expor desafios, testar a criatividade e de vez em quando revelar melodias completamente novas”.

O curioso é que o videoclipe original de “Seven Nation Army” também tem seu lado de curiosidade científica.

Não fiz os cálculos (alguém se dispõe?), mas de vídeos similares explorando fractais em zooms infinitos, aposto que ao final o zoom foi tão grande que a imagem inicial do clipe tem um tamanho maior do que o Universo observável. [via BB]

Faça Contato Imediato

Belíssimo vídeo de Douglas Koke combinando fotografia em lapso de tempo do Very Large Array de radiotelescópios no Novo México, com gráficos remetendo aos sinais que captam do Universo.

Neste exato momento podemos estar sendo banhados pelos tênues sinais eletromagnéticos emitidos por civilizações extraterrenas. Construções gigantescas como o VLA e buscas extensas como o SETI são apenas formas de conseguir captar e comprovar esse sinal em meio ao ruído.

Mas se você acredita que não estamos sós no Universo, e que entre nossos vizinhos intergalácticos estão alguns que transmitem sinais de rádio há alguns milhões de anos, então deve acreditar que sinais muito tênues, talvez abaixo do ruído de fundo, mas ainda assim presentes, permeiam nosso ambiente e mesmo nosso corpo agora mesmo.

Podemos fazer contato imediato com sinais de civilizações extraterrenas desde os primórdios de nossa espécie. O desafio que enfrentamos é comprová-lo, encontrando o sinal em meio ao ruído, transformando a possibilidade em realidade.

Ciclone de Ovelhas, Gato Ouroboros e Síndrome da Mão Alheia

O meme é meu pastor. Ou pelo menos é o pastor dessas ovelhas que, provavelmente assustadas com o carro, correm cada vez mais rápido umas atrás das outras, sem perceber que estão em conjunto apenas circulando o próprio carro do qual pretendem fugir em conjunto.

Esta situação em que o comportamento de rebanho reforça a si mesmo é algo similar ao conceito de meme introduzido por Richard Dawkins, e como ele, alerta sobre como ideias auto-replicadoras podem tomar conta de seus hospedeiros, por vezes em detrimento deles mesmos.

E o vídeo lembra outra imagem adorável do gato mordendo o próprio rabo:

Se o ciclone de ovelhas remete aos memes, o gato mordendo o rabo, como alguns outros animais, remete não apenas à serpente Ouroboros, como a um dos fenômenos neurológicos mais fascinantes, a Síndrome da Mão Alheia.

“Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos, que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos”.

“Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição rara chamada Síndrome da Mão Alheia.”

Para lidar melhor com ataques extremos de epilepsia que a afligiam desde a infância, Byrne passou por uma cirurgia que cortou o corpo caloso, que conecta os dois hemisférios de nosso cérebro. Assim como uma parcela de outros pacientes submetidos à mesma cirurgia, Byrne passou a ver sua mão esquerda agir de forma alheia à sua vontade consciente. “Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, diz. No vídeo acima, vemos sua mão alheia estapeando seu próprio rosto.

Uma das interpretações do fenômeno é a demonstração de como nossa mente é em verdade fragmentada. Cirurgias cerebrais drásticas podem afetar as delicadas conexões que formamos para termos a ilusão de um “eu” monolítico – você, a pessoa que está lendo isso, é a mesma pessoa, você, que estava almoçando ontem, não? – e por vezes mostrar que episódios como pegar-se assobiando uma música sem perceber talvez não estejam tão distantes de ter uma mão com “vontade própria” tentando estrangulá-lo.

As alegorias de Platão e Freud da alma e do cérebro como uma carroça com condutores e cavalos em conflito sobre quais rumos tomar podem ser em verdade uma ilustração simplificada do que seria em verdade uma série de “eus” em nosso cérebro. E, como o gato mordendo o próprio rabo, que parece não entender como sendo uma parte de seu próprio corpo, demonstra, podemos partilhar esta mente fragmentada com outros animais. Esta mente fragmentada composta por diversas ações autônomas, em verdade, talvez seja a regra. Poucos deles partilham da fabulosa ilusão da consciência monolítica, de um “eu” constante e no controle.

Retornando também ao ciclone de ovelhas, é fascinante notar como o gato mordendo o próprio rabo ilustra um conflito individual, mas um análogo ao de ovelhas seguindo umas às outras formando um círculo. Talvez ovelhas formando um círculo possa ser uma alegoria mais apropriada para nossa mente do que uma carroça com condutor e vários cavalos.

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