Overdose de Fofura – e um experimento bizarro

Bebê lemure

Entre os lêmures estão os menores primatas do mundo (valeu, Takata!), e Tahina, nascida no ano retrasado no zôo Besancon na França bem pode ser um dos mais “uóóó´” no planeta. É um dos únicos 17 lêmures Propithecus coronatus vivendo em cativeiro, tratada com todo o cuidado pela equipe de veterinários. Confira mais fotos adoráveis desta coisa esquisita no Mail.

A imagem irresistível de Tahina abraçando o urso de pelúcia lembra o estudo clássico de Harry Harlow com macaquinhos e mães de pelúcia, explicado pelo scibling Luis Azevedo no Ciência Ao Natural, em A Natureza do Amor:

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A Cérebro e Mente também tem uma boa página com mais fotos (coloridas) explicando o experimento de Harlow: As Necessidades Vitais dos Bebês.

E, sendo este o admirável mundo novo da internet, é claro que você pode conferir filmes dos experimentos no SeuTubo, apresentados pelo próprio:

Depois de conhecer o experimento, ele pode soar meio cruel, mas há meio século o sofrimento de alguns macaquinhos permitiu descobertas que em parte garantem que a pequena Tahina ganhe um ursinho de pelúcia para abraçar: é cientificamente demonstrado que lhe faz um bem danado. [foto via pya]

“Nature By Numbers”: Fibonacci e a matemática como descrição do mundo

No início do século XIII, um certo Leonardo de Pisa investigou o problema do que aconteceria a um casal de coelhos. O casal faria o que casais (de coelhos, pelo menos) inevitavelmente fazem assim que podem, e geraria mais coelhinhos. Suponha que a cada mês cada casal de coelhos gere um novo casal, e que esse casal depois de um mês gere outro casal, e assim por diante. A nada milagrosa multiplicação dos coelhos. Você começaria com 1 casal, no mês seguinte teria 2 casais, então 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55…

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Esta sequência de números (a rigor começando com 0 e 1) seria conhecida como números de Fibonacci, como Leonardo de Pisa também seria melhor conhecido, e há várias curiosidades nesta sequência, como o fato de que a razão entre os números adjacentes tende a convergir para o valor de ~1,61, que é nada menos que a razão áurea, ou phi.

Mas estes dois parágrafos mal escritos nem começam a fazer jus ao que em pouco mais de três minutos o espanhol Cristobal Vila consegue ilustrar em “Nature By Numbers”, o vídeo no topo deste post. Iniciando com a sequência de Fibonacci, a animação computadorizada logo enche os olhos com a construção da espiral áurea e passa para como esta ordem matemática poderia ser vista na natureza, como a concha de um Nautilus, a disposição das sementes de um girassol e os alvéolos de uma libélula – estes, dispostos no vídeo de acordo com diagramas de Voronoi.

Depois de assistir ao vídeo, não deixe de conferir também “a teoria por trás do filme”, oferecida pelo próprio autor, disponível em inglês e espanhol. E aí, você poderá descobrir algo além das belas imagens, algo chocante. Uma conspiração promovida por muitos educadores e divulgadores de ciência já há muito tempo!

Descubra o que não querem que você saiba, qual o verdadeiro significado da “conspiração Fibonacci” e a natureza matemática na continuação.

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Cajun Crawler: O Patinete de Theo Jansen

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As esculturas cinéticas do artista holandês Theo Jansen já apareceram até em comerciais, e claro, aqui em 100nexos.

Pois, inspirados por Jansen, um grupo de estudantes da Universidade de Louisiana criou um scooter com o mesmo mecanismo de pernas:

Avance o vídeo para 1 minuto para ir direto às cenas do que parece um caranguejo por controle remoto. Com doze patas. De alumínio. Em um patinete.

Jansen em certo momento de megalomania, como comentou o Bessa, compara suas criações à reinvenção da roda. Só um tanto exagerado, mas para quem sonhou em andar sobre caranguejos mecânicos, o futuro já chegou. [via MAKEzine]

A Grande Coincidência Cósmica: Eclipses e a Dança das Mil Mãos

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Já dizia o Papa Ibrahim César que “o mundo é fodásticamente mágico”. As montanhas flutuantes de Avatar deslizando sobre campos de anti-gravidade (?) em Pandora podem ser belas fantasias, mas a realidade das montanhas de água com a massa de dez mil aviões jumbo flutuando no céu, mais conhecidas como nuvens, é no mínimo algo tão complexo, maravilhoso e encantador.

Há muito, muito mais para ser desvendado, compreendido e apreciado, e entre esses detalhes incríveis que passam comumente despercebidos, estão os eclipses totais do Sol.

Eclipses em si mesmos não são eventos tão raros. O alinhamento entre um planeta, um de seus satélites e o Sol é interessante, mas não é algo raro. Nos diversos outros planetas do sistema solar, você verá eclipses, até com mais frequência do que na Terra.

Mas um eclipse solar total, e mais, um eclipse solar total em que a lua encubra quase perfeitamente o Sol, sem muito mais, sem muito menos… este é um fenômeno que só podemos observar do planeta Terra. E só podemos observar durante um período determinado, pois há alguns milhões de anos, e daqui a mais outros milhões de anos, esta conjunção não se fará tão perfeita.

Porque, e este é o detalhe mais incrível de todos: esta conjunção é uma mera coincidência.

Não há nenhum mecanismo físico que determine que, para nós sobre a superfície terrestre, o tamanho aparente da Lua seja aproximadamente o mesmo que o tamanho aparente do Sol. Ocorre que a Lua já esteve muito mais próxima do planeta – e portanto, surgia muito maior na abóbada celeste – e está gradualmente se afastando, diminuindo seu tamanho aparente.

Nós vivemos em uma época em que este tamanho é aproximadamente o mesmo que o do Sol, e assim podemos apreciar imagens como a que adorna o topo deste texto: uma combinação digital de múltiplas imagens capturadas do eclipse total de 2008 na Mongólia. Ao fundo se vê a corona solar, jatos de plasma hiperquentes com várias vezes o tamanho da Terra, e em primeiro plano pode-se ver claramente a superfície… da Lua! Que encobre quase perfeitamente a superfície do Sol.

Lembra a fantástica “dança das mil mãos” chinesa, mas é uma dança realizada pelos dois principais corpos que adornam nossos céus todos os dias, todas as noites.

Atrás da dançarina na frente, a Lua, está o Sol, e suas mãos são a corona registrada na imagem ao topo.

Escrevi há alguns anos um texto mais longo sobre esta grande coincidência cósmica, que é uma leitura recomendada especialmente para qualquer um que já esteja tentado a alguma interpretação mística envolvendo deuses ou mesmo extraterrestres para explicar esta coincidência: O Lado Escuro da Lua, a Grande Coincidência Cósmica e uma Explicação Heterodoxa.

Simplesmente, coincidências acontecem.

O deslumbramento e a simples perplexidade que esta coincidência provoca, no entanto, merece toda surpresa e apreciação. E ela não surge apenas durante eclipses solares: basta olhar para o céu e lembrar que o tamanho do Sol é aparentemente o mesmo que o da Lua.

Por puro acaso.

Um Sol Artificial em Inuvik

Inuvik é uma pequena cidade no extremo norte do Canadá, com pouco mais de 3.400 habitantes… e um mês inteiro na escuridão, como parte da noite polar no inverno.

Em um momento de genialidade publicitária para promover a marca de sucos Tropicana, em 8 de janeiro passado a companhia lançou no ar um “sol artificial”, para oferecer “manhãs mais claras aos canadenses”.

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Composto de um balão de hélio de dez metros com lâmpadas emitindo um total de 100.000 lumens, segundo a agência de publicidade este seria aproximadamente o fluxo luminoso do Sol em um dia claro. E não é que a afirmação pode estar correta? Em um raio de quase quatro quilômetros, a marca de suco realmente criou um Sol artificial – um que estava apenas bilhões de vezes mais próximo, o que sem dúvida tornou as coisas um tanto mais fáceis.

Curiosamente, a tecnologia em si mesma não é nova. É original da companhia Air Star, e já vem sendo usada em shows e gravações cinematográficas há algum tempo. O melhor: há modelos de balões de iluminação ainda mais potentes. Embora a publicidade tenha vendido os balões como “sóis”, eles lembram mais grandes luas artificiais.

E luas artificiais lembram uma cena genial imaginada por Stanley Kubrick e retratada por Steven Spielberg no filme “A.I.: Inteligência Artificial” (2001):

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Já sóis artificiais… iluminar cidades durante a noite polar…

Uma das primeiras aplicações propostas para a tecnologia espacial foi justamente o lançamento de gigantescos espelhos em órbita, que poderiam dirigir a luz do sol para qualquer ponto do planeta. Segundo o pioneiro alemão Hermann Oberth, um grande espelho espacial com quilômetros de diâmetro poderia derreter o gelo do ártico e controlar o clima terrestre, por exemplo.

Se isso assusta um pouco, Oberth originalmente sugeriu a idéia do espelho na década de 1920 como uma possível arma capaz de vaporizar cidades. Afinal, já antes de Cristo, Arquimedes teria demonstrado o poder de espelhos – ou pelo menos, assim dizia a lenda.

Também diz a lenda que os nazistas chegaram a considerar a idéia seriamente. Mas esta é uma outra história, para outro post.

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Sóis artificiais de balões de hélio para vender suco de laranja ou iluminar shows soam melhor agora, não? Propagandas podem ser geniais ao combinar tecnologia com idéias realmente inspiradoras. [via Geeks are Sexy, Gizmodo]

Um espetacular mergulho pelos cânions de Marte

Candor Chasma é um dos maiores cânions do sistema de Valles Marineris em Marte. E agora você pode viajar a 160km/h sobre as depressões de até sete quilômetros de profundidade, em uma animação de Adrian Lark criada em tempo real a partir de dados da NASA/JPL/UA.

Como Doug Ellison comenta no blog da Planetary Society, é algo como “o helicóptero do noticiário local voando”. Em outro planeta.

mais vídeos no canal de Lark no Youtube, em uma indicação da Giseli Ramos.

A Luz da Vida

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Para relaxar bem no meio da semana, ao som de “Clair de Lune“, as formas de vida fosforescentes criadas por Daihei Shibata enchem os olhos lentamente do início ao fim. Lembra muito uma mistura dos efeitos da noite brilhante em Avatar e as viagens de fotografia macro em A Fonte da Vida.

Tudo inspirado, claro, em formas bioluminescentes, e Daihei descreve o vídeo contando como “a vida ilumina a si mesma, e então começa a iluminar novas formas”. Além dos vaga-lumes, nós mesmos brilhamos (muito no Corinthians).

O vídeo tem um rápido peitinho gerado por computador ao final, então pode não ser muito seguro no trabalho, mas é tudo com muito bom gosto.

Assista em tela cheia e relaxe por alguns minutos.

Colisão de Anéis de Vórtice: da Clarividência às Supercordas

Colisão Frontal de Anéis de Vórtice Coloridos”. Um título humilde para um vídeo sensacional, via Fluid Mechanics Group da Universidade Nacional de Singapura. E há mais no título!

“Note a formação de pequenos anéis do cruzamento dos filamentos de vórtice ondulados dos anéis maiores”.

Dois vórtices maiores colidindo, resultando em uma série de vórtices menores. Lembra a colisão de partículas, e de fato, a lembrança é apropriada porque a associação não é nada nova. Muito antes que cordas se tornassem moda na física de partículas, um dos primeiros modelos propostos para o átomo por William Thomson, mais conhecido como Lorde Kelvin, sugeriu que átomos eram anéis de vórtice propagando-se pelo éter.

Como Michael Fowler especula, Kelvin foi provavelmente inspirado em sua idéia revolucionária por demonstrações da estabilidade de vórtices como esta:

O vídeo é uma simulação de Paul Nylander, mas vórtices toroidais podem mesmo fazer esse truque, passando um através do outro, e em condições ideais perpetuariam essa dança eternamente. E o éter luminífero, acreditava-se, ofereceria estas condições ideais. Nylander também oferece esta visualização que ajuda a enxergar o que ocorre e como esta estabilidade se mantém (clique na imagem para outro vídeo):

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Tudo muito belo, mas infelizmente, vórtices não são estáveis em muitas outras formas além de simples anéis, e não são assim realmente um bom modelo para átomos como propôs Kelvin. Mais do que uma boa analogia (“átomos são cordas como as de um instrumento musical!”, ou “são como pequenos sistemas solares!”, ou “são como anéis de fumaça!”), o que realmente vale em ciência, e particularmente na física, são boas ferramentas matemáticas, e a dinâmica de fluidos ao final não pôde oferecer muito avanço para predizer o comportamento de átomos e partículas.

A idéia inspirada de Kelvin sim impulsionou muito o avanço da própria dinâmica de fluidos e mesmo da matemática, com a teoria da nós na topologia.

Curiosamente, até ocultistas ao final do século 19 abraçaram a idéia de Kelvin. Pseudociência: sempre parasitando a ciência real, ao mesmo tempo em que alega estar além da entidade de que depende. O caso aqui não foi diferente, enquanto há evidência de que os ocultistas não só copiaram a idéia de Lorde Kelvin, como também dados de livros didáticos bem científicos para fundamentar suas visões supostamente místicas.

J. Michael McBride conta toda a história das “Lições Científicas Sérias da Observação Direta de Átomos por Clarividência”.

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Mas não sejamos tão duros, pelo menos com o Lorde Kelvin, aquele que proclamou que o avião seria impossível. A idéia de átomos de vórtice foi mesmo revolucionária, ela encontra sim uma correlação com teorias de cordas modernas, e pode não ter sido uma idéia ruim.

Assim é a ciência, e é mesmo possível que teorias de supercordas acabem se aproximando ainda mais da proposta original de Kelvin.

O que podemos dizer ao certo é que vórtices são fascinantes, estejam ou não por trás das partículas fundamentais da física. Como fumaça já são mais do que sensacionais.

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