O Gyrobus


O que esses ônibus de aparência terrível têm de especial? São alguns exemplares do Gyrobus, um método de transporte fabuloso, e talvez o mais próximo que teremos de um ônibus movido a corda. Porque, você vê, o Gyrobus estava equipado com uma enorme roda para armazenar energia.
Se você girar uma roda pesada, ela irá continuar girando por um bom tempo, conservando a energia aplicada como uma espécie de bateria. Este princípio simples pode ser aplicado de forma sofisticada em “baterias eletromecânicas” úteis, bastando lidar melhor com os inconvenientes como o atrito do ar, rolamentos e alguns outros. O Gyrobus, desenvolvido na Suíça nos anos 1940, aplicou a idéia na prática, e contava com uma roda de 1,5 tonelada, girada a 3.000 rotações por minuto. Era a bateria eletromecânica do ônibus. Um motor elétrico tratava de “carregar” a bateria, acelerando a roda, e quando o ônibus estava em circulação, o motor se convertida em gerador, convertendo a energia mecânica armazenada em eletricidade que movia finalmente os motores elétricos que impulsionavam a geringonça.
Na fotografia acima, um dos Gyrobus está carregando sua “roda”, em um dos postos de recarga que ficavam a cada quatro quilômetros. Não era uma autonomia muito grande, e as velocidades de até 60Km/h também não impressionavam. Ao final, testada efetivamente com dezenas de ônibus, a tecnologia provou ser pouco confiável e, fatalmente, menos eficiente que formas mais convencionais de armazenamento de energia elétrica. É um dos motivos pelos quais os Gyrobus de 1940 foram quase completamente esquecidos — você pode conferir mais imagens aqui, incluindo uma olhada no chassi de um deles.
Mas a idéia de baterias eletromecânicas não morreu, e continua sendo desenvolvida. Novos avanços em materiais e tecnologias — como rolamentos magnéticos permanentes de supercondutores — podem vir a tornar a idéia prática. Um artigo em Damn Interesting, em inglês, faz um bom sumário do conceito.

Discussão - 2 comentários

  1. Doko disse:

    Flywheels são uma velha novidade. Aparentemente interessantes,na prática elas (ou seriam eles?) tem problemas de mancalização muito sérios para aplicações em larga escala.
    Uma aplicação clássica das Fly´s são satélites (existem dezenas de satélites equipados com Fly de armazenamento energético no espaço hoje em dia). Comparadas com baterias convencionais elas tem muitos ganhos, principalemte em termos de vida útil e ausência de manutenção (um satélite normal carrega as baterias quando está de frente para o sol e usa a energia acumulada quando está na sombra atrás da Terra, ciclo que se repete na maioria dos satélites várias vezes por dia. Nenhuma bateria convencional aguenta isso por dez anos, vida típica de satélite).
    Mas em um carro chacoalhando numa picada asfaltada (que aqui chamam via pública) o papo é bem outro... Haja mancal para aguentar. Mancais magnéticos convencionais tem sua performance limitada pelos materiais magnéticos convencionais e tem pouco para evoluir. Mancal supercondutor é sonho que só vai se realizar caso haja uma revolução na área de supercondutores que os traga para temperaturas decentes. Criogenia em automóvel nem pensar...
    Sinceramente acho que as superbaterias baseadas em nanotecnologia vão ser uma alternativa melhor e mais barata. Mas é só um achismo.
    Outro aspecto digno de nota é que existe um monte de gente estudando esse negócio e tentando encontrar "investidores" para se juntar a eles. Ou seja, é a indústria de vender promessas, não de vender produtos...

  2. cesar disse:

    Muito legal conhecer isto. Acho que uma coisa mais prática mas baseada no mesmo princípio seria utilizar a corda (energia volante) igual o metrô usa p/ tirar o trem da inércia.

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