Aos ignorantes que andam atacando macacos

Os macacos são inocentes, os mosquitos não. (Foto: Davi Santana CC BY-SA)

Os macacos são inocentes, os mosquitos não. (Foto: Davi Santana CC BY-SA)

Acordei essa manhã com alguns vizinhos gritando “Ei, eu estou aqui. Cadê vocês?”. Na verdade eu só sei que estavam dizendo isso porque entendo um pouquinho a língua deles, não falam português. Essa frase acima na língua deles soa como um longo assovio bem agudo que os outros repetem sempre que escutam. Esses vizinhos são micos e, não. Eu não estou com medo deles.

Já faz tempo que o verão nos traz notícias de enchentes e desmoronamentos catastróficos. Mas recentemente outra tragédia de verão se tornou rotina, viroses cujos vetores são mosquitos. A cada verão elas se repetem como hits de carnaval. Quando você achava que havíamos chegado ao fundo do poço chega um novo verão e te prova que estava errado. A desse verão é a febre amarela.

Já foram registradas pelo menos oito mortes na região de Teófilo Otoni, Minas Gerais, mas, como sempre, os números parecem ser bem maiores porque muitos casos são suspeitas não confirmadas e há falta de padronização nos dados. A febre amarela é causada por um flavivírus, um vírus de RNA e, ao contrário da dengue e Chikungunya, existe vacina para ela, mas poucas pessoas a tomam com a regularidade necessária até porque epidemis são raras. A doença fica lá, com um pequeno número de casos em humanos ou na natureza, até que ocorra a epidemia.

Os reservatórios desses vírus na natureza são macacos, eles são tão vítimas da doença quanto nós humanos e servem de termômetro para a vigilância sanitária. Macacos mortos podem indicar que uma epidemia está para começar e atingir humanos, portanto são muito importantes. O que acontece é que eventualmente um mosquito pode sugar sangue de um macaco contaminado e em seguida infectar um humano ao picá-lo também. Por isso algumas pessoas estão com medo dos macacos.

Cabe aqui uma explicação. O contágio também pode ser de um humano para um mosquito e então para outro humano, sem passar pelos macacos. Então pela lógica dos agressores também deveríamos apedrejar ou atirar em humanos que se aproximassem. Aliás, eles são bem mais numerosos que os macacos e podem ficar de 3 a 6 dias com o vírus no organismo, sendo transmitido pelos mosquitos, mas sem manifestar os sintomas. O macaco não transmite a febre amarela para humanos sem o mosquito vetor. Também será difícil atacar todo o bando de macacos, no máximo um único indivíduo será afetado e todos os outros nove indivíduos em média.

O mosquito que transmite o vírus entre os primatas é do gênero Haemagogus, mas entre humanos o maior vetor é nosso velho conhecido Aedes aegypti. Assim, poupe suas energias de atacar bugios indefesos e invista em passar e repassar repelente, instalar telas e mosquiteiros e eliminar focos de larvas.

Placozoa – A criptozoologia que existe

Placozoa, o animal mais solitário do mundo (Foto: Hunadam; CC BY-SA 3.0)

Placozoa, o animal mais solitário do mundo (Foto: Hunadam; CC BY-SA 3.0)

Os placozoa são provavelmente os mais solitários animais do universo. Eles são um filo inteiro que só contém uma única espécie: Trichoplax adhaerens. Foram descobertos em 1883 em um aquário marinho na Áustria e desde então foram raramente coletados. Apenas na década de 1970 foram aceitos como um novo filo de animais, mas sua relação de parentesco é obscura. Nenhum dos outros grupos de animais se parece com os placozoa, que podem ter se simplificado de um animal mais complexo ou nunca terem desenvolvido tais novidades evolutivas. Em termos biológicos, isso significa que nenhum dos outros animais assume ser parente próximo dos placozoa, aumentando sua solidão.

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