Evitando virar almoço 8 – Mimetismo batesiano

Lembra que na semana passada falamos que vários animais venenosos têm a mesma coloração para passar a mesma mensagem? Chamamos essa mensagem de uma sinalização honesta (é verdade, os animais são venenosos), e esse padrão de mimetismo mülleriano. No entanto, existem casos em que presas perfeitamente comestíveis e saborosas enganam seus predadores se fazendo passar por venenosas. Essa é uma sinalização desonesta e chamamos esse padrão de mimetismo batesiano.

Parece, mas não é. Uma sinalização desonesta. Fonte: Katatrepsis.com

Parece, mas não é. Uma sinalização desonesta.
Fonte: Katatrepsis.com

Nesse caso, animais palatáveis imitam os padrões de cor de animais venenosos. É o caso das falsas corais, por exemplo. É também o caso dessa mosca (direita), que imita com perfeição essa vespa do lado esquerdo. Perceba que, para a mentira continuar colando, alguém precisa confirmar a história de que aquela cor significa perigo. Ou seja, é preciso haver mais modelos (corais verdadeiras e vespas) do que mímicos (corais falsas e moscas).

Pensamento de Segunda

Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na verdade é este o saber.

Confúcio

Evitando virar almoço 7 – Coloração de advertência

Até agora falamos de formas da presa não ser visível, mas alguns animais estão longe disso. Muitas vezes isso tem a ver com a seleção sexual (pense num tiê-sangue), mas algumas vezes essas cores berrantes, aposemáticas é o termo técnico, são um aviso de que predar aquele animal não seja uma boa ideia.

Aposematismo: preto, amarelo e vermelho significam ‘pare’. fonte: utah.edu

Esse é o caso da coral verdadeira, de alguns maribondos (sempre parece que falta um M nessa palavra) e sapos veneno de flecha. Repare em como o vermelho o amarelo e o preto são comuns nesses animais. Isso acabou se tornando meio que um padrão na natureza. Assim os predadores aprendem (formam uma imagem mental como no caso da semana passada) que aquelas cores devem ser evitadas. É o que os especialistas chamam de mimetismo mülleriano. Semana que vem falaremos mais sobre mimetismos.

Pensamento de Segunda

Pensamentos elevados exigem uma linguagem elevada.

Aristofanes

Sorteio do Livro Um Mundo, uma Escola

Eu e a Cristina estamos sorteando o livro “Um mundo, uma escola” no Cientista S/A. Recebi esse excelente livro, editado pela editora Intrínseca e escrito pelo fenômeno da revolução educacional Salman Khan, para resenhar. Veja as regras para concorrer no Post do Cientista S/A.

Evitando virar almoço 6 – Polimorfismo

O polimorfismo para mim é um dos modos mais espertos de evitar ser comido. Você é um predador no supermercado, está caçando seu biscoito preferido e nada de encontrá-lo. Cansado, pergunta a um funcionário do mercado se acabou o produto naquela semana. Ele responde que não e em 3 segundos te aponta o biscoito num ponto da prateleira que você tinha olhado dez vezes. O mesmo biscoito, mas o pacote está completamente diferente. Outra cor. E no rótulo diz: “Agora em nova embalagem!” Por que você não encontrava o biscoito?

Ser diferente é normal, e vantajoso. Fonte: sciencedaily.com

Predadores formam na cabeça uma imagem daquilo que estão procurando, como você fez com seu biscoito. Mesmo que ele passe os olhos por uma presa, se ela não se encaixar no padrão que ele está procurando, é como se o cérebro não registrasse. Se o seu biscoito não quisesse ser comido ele poderia vir cada hora numa embalagem. Você não conseguiria formar uma imagem de busca mental e demoraria para encontra-lo. É isso que acontece com os animais polimórficos, eles têm cores diferentes de outros da sua mesma espécie.

Pensamento de Segunda

Uma criança chega à beira de um lago profundo com sua mente preparada para maravilhar-se.

Edward Wilson

Evitando virar almoço 5 – Mascaramento

Um modo interessante de evitar ser comido é não parecer com comida. Por exemplo, muitas aves comem freneticamente lagartas, mas quem é que comeria um cocô de passarinho? Eureca!

Tem gente que faz de tudo para não aparecer. Fonte: Folhinha

Por acaso algumas lagartas nasceram com uma leve semelhança com uma titica, e graças a essa leve semelhança, essas lagartas tiveram uma leve vantagem sobre suas parentes. Dê tempo o suficiente a essa fórmula e você terá uma lagarta idêntica a titica de passarinho, como a dessa foto. Isso certamente suscitaria toda uma série de piadas de mau gosto sobre o bebê se parecer mais com o pai ou com a mãe na maternidade das lagartas, mas o importante é a proteção que confere.

Pensamento de Segunda

Cientista não é uma pessoa que dá as respostas corretas, mas alguém que faz as perguntas certas.

Claude Levi Strauss