Brasil Ameaçado – Tubarão Lagarto

O tubarão lagarto está extinto no Brasil, parte disso se deve ao fluxo de grandes navios. (Imagem: Elasmolab)

O tubarão lagarto é uma espécie considerada extinta no Brasil. Esse tubarão alimenta-se prioritariamente de crustáceos e habita águas de 10 a mais de 300 m. São fortemente dimórficos, sendo que os machos são esguios e as fêmeas mais pesadas; os machos também têm dentes maiores. Medem cerca de 70 cm, sendo uma espécie pequena de tubarão. O declínio dessa espécie foi atribuído a modificações das áreas reprodutivas devido ao tráfego naval. Dessa forma, preferir produtos nacionais a importados pode ser uma forma de estimular a economia do Brasil e ainda ajudar espécies em condições semelhantes à do tubarão lagarto.

Brasil Ameaçado – Epinephelus itajara

Sem ressentimentos. Um quase me matou, mas advogo em sua defesa (Imagem: Wikipedia/Albert Kok)

Era dia de tomar o voo de volta e eu decidi fazer um último mergulho de snorkel na praia próxima ao hotel em Fernando de Noronha. Já estava nadando de volta quando vi lá no fundo um vulto muito grande nadando para dentro de uma toca. Puxei o ar, afundei, agarrei-me à boca da toca e puxei o corpo para dentro. Sem saber eu havia encurralado lá dentro nosso brasileiro ameaçado dessa semana, um mero. Sem ter para onde fugir o enorme peixe disparou por cima de mim me acertando em cheio no peito. A pancada me fez cuspir o ar que tinha guardado nos pulmões a uns 4 m de profundidade. Pensei que fosse me afogar. Não faço ideia do tamanho desse mero, qualquer estimativa seria proporcional ao medo que eu passei, mas alguns animais passam dos 300 kg. Eles habitam parcéis, naufrágios e plataformas onde se entocam. Seu grande tamanho, comportamento curioso em relação ao homem e ciclo de vida lento fazem com que a pesca exerça forte pressão no declínio populacional dos meros. Uma forma de proteger os meros é não praticar a caça submarina nem consumir os produtos de caça ilegal. A pesca do mero no Brasil é proibida por lei.

Brasil ameaçado – Crenicichla cyclostoma

Barragens de hidrelétricas são só mais um problema para esse habitante de rios assoreados que já foram alvo de comércio ornamental. (Imagem: oocities.com/Frank Warzel)

Este ciclídio de 10 cm habita o fundo de riachos tropicais da bacia do baixo Tocantins, na Amazônia. Ciclídios são animais muito dependentes do fundo do rio, portanto sensíveis à devastação das matas ciliares. Eles também têm complexo cuidado parental, o que torna seus ciclos de vida mais longos e o número de filhotes menor. Uma série de hidrelétricas têm sido construídas na área de ocorrência dessa espécie, então, se você quer protegê-la, economizar energia elétrica já é um bom começo.

Brasil Ameaçado- Peixe canivete (Characidium vestigipinne)

Characidium vestigipinne, tão raro que a única foto que encontrei foi de um exemplar de museu (imagem: B. Callegari/projeto-saci.com)

Este peixe canivete é outra dessas espécies recentemente descritas (2000, apenas 15 anos atrás) e que já constam de listas de espécies ameaçadas. O problema é novamente a distribuição muito restrita da espécie a um arroio na Bacia do Alto Rio Uruguai. Esses arroios cortam propriedades rurais pecuaristas e acabam sendo represados para servir de bebedouro para o gado ou são pisoteados pelos animais, o que resulta em mudança do leito e da transparência da água. Canivetes são peixes de fundo que dependem muito das características do leito do rio e capturam itens alimentares que enxergam descendo o rio com a correnteza. Tanto o pisoteio quanto o represamento tornam esses arroios inabitáveis para os peixes canivete. Uma dúvida comum diz respeito à condição verdadeira desses animais como uma espécie. Entre o gênero Characidium existem várias espécies pertencentes a um complexo afim a Characidium zebra. Se considerássemos todos esses animais como pertencentes apenas à espécie C. zebra, não haveria ameaça nenhuma de extinção, já que muitas dessas espécies são bastante numerosas. No entanto, considerar cada espécie separadamente deixa algumas delas em maus lençóis. No caso de C. vestigipinne o que a diferencia das demais espécies é a segunda nadadeira dorsal vestigial e a presença de alguns caracteres dimórficos, diferentes entre machos e fêmeas. Seria isso suficiente para considerá-la uma espécie à parte? Os especialistas consideram que sim. Na dúvida, não custa proteger essa população isolada no Rio Grande do Sul. Uma forma de fazê-lo é impedir que o gado se aproximasse de rios.

Evitando virar almoço 3 – Transparência

Semana passada falamos sobre a camuflagem e animais que mudam de cor. Acreditem, mesmo isso pode custar energeticamente ao animal. Ele gasta energia mudando de cor e fica restrito a um local se for camuflado, mas não mudar de cor. Outra saída seria ser transparente.

O colega Jansen Zuanon descobriu alguns peixes bastante transparentes, como o dessa foto. Ele os denominou, a liga quase invisível. Fonte: Neotropical Ichthyology.

O colega Jansen Zuanon descobriu alguns peixes bastante transparentes, como o dessa foto. Ele os denominou, a liga quase invisível. Fonte: Neotropical Ichthyology.

Um animal transparente pode passar despercebido em qualquer tipo de ambiente. Alguns são mais, outros menos transparentes. Os cientistas nunca viram nenhum animal completamente transparente… por motivos óbvios. Mas isso não importa muito, porque nenhum predador tem a visão completamente perfeita também. Então ser um pouco transparente pode te ajudar a sobreviver um pouco. E sobreviver um pouco, em termos evolutivos, costuma ser o suficiente.