Pensamento de Segunda
Não conhecemos coisa alguma além do nosso modo de perceber os objetos, um modo que nos é peculiar e não necessariamente compartilhado por outros seres.
Immanuel Kant
A caranguejo ferradura adúltera
Naquela manhã no consultório psicanalítico…
Outra vez a Terapeuta aguardava com a porta do consultório aberta a chegada do próximo cliente. Ela detestava ter que fazer isto porque considerava que sua sala deveria ser algo mais reservado. Simbolicamente, o consultório é quase um útero, diria Jung. Então ali estava a Dra., com seu útero aberto, tudo por causa da secretária. Desde que um caranguejo chama-maré com síndrome da hiperatividade beliscara a secretária a ponto de arrancar-lhe a carne, haviam as duas acertado que em dia de consulta daquele ou outros crustáceos a secretária não compareceria. O cliente de hoje era, de fato, um quelicerado, mas a Dra desistiu de discutir os detalhes taxonômicos com a funcionária e a liberou.
A criatura que saiu do elevador mais parecia uma dessas semi-esferas usadas para separar duas pistas seguida de um rabinho triangular esquisito. Arrastava-se com dificuldade desde o paleozóico até o presente, consultório adentro.
Fonte: Searcy & Barret, 2010, Animal Behaviour
-Bom dia, Sra. Límula. Seja bem vinda. Como vão seus 54208 filhos? – Saudou-a a psicanalista.
-Bom dia, doutora. Veja, agora já são 115892, mas não tenho muitas notícias deles. A última vez que os vi foi na forma de ovinhos pela areia da praia.
-Huh! Compreendo. E o que me conta hoje? – Perguntou a analista ajudando a cliente, que media 30 cm, a subir no divã.
-Ah, doutora, a estação tem sido ótima. Acabamos de ter uma maré alta perfeita, o amor estava por todos os lados, as águas tépidas. A sra. já esteve no México na primavera? Tudo é tão bonito lá, as praias têm areias brancas e águas azuis…
-Sra. Límula, a senhora não veio aqui conversar sobre o México. Por que não corta o papo e vai direto ao assunto que está tentando evitar? – Disse a analista em um tom paciente, mas assertivo.
A cliente afundou no divã, seus olhos compostos eram duas bolinhas negras de tristeza.
-Tem razão. É que aconteceu uma coisa essa última maré alta. A caminho da praia eu conheci meu marido. Nos encontramos, conversamos e ele era um macho maravilhoso, tinha uma pegada firme, me fez sentir segura com ele. Passamos meses pareados na orla esperando pela maré certa e a espera foi perfeita, nosso amor só crescia.
-Eu pressinto um “mas” vindo por aí. – Murmurou a psicóloga consigo mesma.
-Mas no dia que subimos à praia não sei explicar o que aconteceu. Assim que chegamos um grupo de quatro machinhos veio conversar, tinham um papo agradável e meu marido não pareceu se incomodar com a presença deles ali. Eles eram simpáticos, mas não eram o tipo que uma garota escolhe como marido, inspiravam mais uma aventura amorosa do que uma relação séria. Ainda assim, suas personalidades descontraídas e sedutoras de quem passa o dia na praia esperando para a azaração me cativou. Ai doutora, meu corpo tinha urgência de sexo que nas últimas semanas eu não tinha dúvida de que seria com meu marido, mas naquele momento aqueles quatro estranhos ali não me saíam do prossoma. Começamos a cavar um ninho e eles se aproximavam cada vez mais, agora se metendo entre eu e meu marido. Aquele que deveria ser o momento de maior privacidade de um casal agora era compartilhado com aqueles quatro rapazes. – À medida que falava, a Sra. Límula procurava no rosto da terapeuta qualquer traço de reprovação que permanecia oculto. Então ela decidiu seguir adiante. – Dra, acasalamos nós seis juntos. Ao mesmo tempo em que eu desovava na areia e meu marido fecundava meus ovos aqueles quatro pervertidos também jogavam seus gametas entre meus ovos.
-A senhora gostou de ser cortejada por tantos machos? – Perguntou a psicanalista.
-Ora, doutora. Isso não é certo! Eu deveria ter deixado a praia assim que aqueles rapazes chegaram. Uma xifosura séria não deveria…- A frase foi interrompida pela analista.
-Poupe seus recalcamentos para seus diálogos internos. Se a senhora veio em busca de perdão tem uma igreja católica ali na esquina. Aqui é um consultório psicanalítico. Aqueles cinco pretendentes te encheram a bola, não foi?
-Foi sim, doutora! Alimentaram meu narcisismo. Eu adorei acasalar com aqueles cinco homens. Não achei certo com meu marido depois de tanto tempo de devoção. Mas, no que se refere a mim, eu adorei o sexo. Sou uma vadia e gosto disso! – Gritou a carangueja numa catarse que terminou em lágrimas que ela tentou esconder com as quelíceras.
A psicóloga esperou alguns instantes até que a cliente se acalmasse. – Sra. Límula, seu marido não é o único xifosuro interessante no mundo. ele é UM deles. Por que acha que não tem direito ao prazer de ter vários parceiros ao mesmo tempo se o mais interessado na sua monogamia, que é o seu marido, pareceu ceder a ela?
-Mas e a minha segurança? Isso de ter vários parceiros não é perigoso? – Foi a vez da cliente perguntar.
-Sua fecundação é externa, isso reduz o risco de doenças sexualmente transmissíveis. Ainda há outros custos possíveis, mas nenhum parece te afetar muito. Sra. Límula, parece ser uma tática entre alguns caranguejos ferradura ser monogâmicos e outros não o serem. Você deveria se preocupar menos e aproveitar mais, ainda mais sabendo que seu marido aceita essa relação aberta. – Concluiu a doutora no exato momento em que a duração da consulta se esgotou.
A terapeuta ficou assistindo enquanto aquela criaturinha tão primitiva e tão complicada se afastava a passos vacilantes. Dava para perceber que ela deixara o consultório ainda não convencida, mas a semana que se seguiria iria se encarregar de convencê-la através de seus diálogos internos.
Johnson, S., & Brockmann, H. (2010). Costs of multiple mates: an experimental study in horseshoe crabs Animal Behaviour, 80 (5), 773-782 DOI: 10.1016/j.anbehav.2010.07.019
Pensamento de Segunda
O perigo real não é de computadores começarem a pensar como humanos, mas de humanos começarem a pensar como computadores.
Sydney Harris
Afrodescendente
Ao Carlos
Para mentes competentes a cota é sempre de 100%
O avaliador olhava impaciente pela terceira vez o item da ficha de inscrição no vestibular que dizia respeito às cotas. Alternava seu foco entre o papel em suas mãos e o rapaz sentado à sua frente, seu cérebro quase fervia num misto de raivoso e intrigado. O rapaz diante do avaliador era magro, cerca de um metro e oitenta. Cabelos bem negros de fios grossos espetados em sua cabeça. Tinha um maxilar quadrado e decidido contornado por uma suave tonalidade azul da barba bem aparada, mas espessa. A boca era estreita como que prenunciando que o rapaz tinha mais a mostrar do que a dizer. Os óculos escondiam parcialmente os olhos miudos de oriental que pareciam se espremer para enxergar melhor os detalhes do mundo. Ele vestia uma calça jeans e camiseta com o que parecia um cartoon com uma piada em inglês sobre ciência que o avaliador não conseguiu entender, mas o rosto e o braço deixavam ver a pele bem branca. Na folha diante de si, no entanto, o avaliador via assinalada a opção de cotista e, em seguida a de afrodescendente.
– Foi o senhor que fez sua própria inscrição no vestibular? – Perguntou enfim dando início à entrevista.
– Fui. – Respondeu o rapaz, que também era mais velho do que a média dos candidatos que participavam das entrevistas.
– E identificou-se como cotista, e afrodescendente?
– Sim.
– O senhor é afrodescentente? – Uma dobra na testa do entrevistador traiu seu disfarce de sentimentos.
– Exatamente. – O rapaz apontava com o indicador da mão esquerda a alternativa marcada na folha de inscrição.
O avaliador suspirou ruidosamente. Em seguida folheou um pouco mais a pasta com o nome do rapaz na capa. Eram os resultados das outras avaliações: prova de múltipla escolha, redação, prova de segunda fase.
– O senhor teve excelentes notas nas provas, escreveu uma redação muito boa. Tem uma pontuação suficiente para ser aprovado em qualquer curso desta universidade, independente de ser ou não cotista. Já esperava que fosse tão bem?
– Esperava ir bem. – Disse o rapaz resoluto.
– Então por que se inscreveu como cotista? – O tom de voz do entrevistador era irritado.
– Porque era um direito meu. – Retrucou olhando o entrevistador nos olhos sem alterar o tom de voz, nem irritando-se em retribuição, nem sucumbindo.
– Era seu direito entrar como cotista?
– Sim.
– Era seu direito alegar afrodescendência?
– Sim.
O avaliador afundou na poltrona escondendo as carótidas saltadas no pescoço com a pasta do candidato. O que o impediu de enxergar uma sutil elevação dos cantos da boca do rapaz.
– Muito bem, fale-me sobre sua família. Quando foi que ela saiu da África?
– Bem, os registros não são muito precisos, mas saímos por volta de cem mil anos atrás. – Respondeu o rapaz.
– Cem mil anos! Isso só pode ser uma brincadeira! Seus parentes deixaram a África há cem mil anos e vieram para o Brasil? – O avaliador tinha o olhar vidrado e quase espumava de raiva.
– Não, antes eles passaram pela Ásia por várias gerações. Estima-se que chegaram à China cerca de 70 mil anos atrás e ao Japão 10 mil anos depois. Ao Brasil minha família só chegou bem mais recentemente, há não mais de um século. – Explicou o candidato.
– Então o senhor confirma que sua família é japonesa? – A pergunta tinha ares de vitória.
– Minha ascendência é africana. Meus ancestrais tiveram uma passagem pelo oriente, mas vieram da África. – Retorquiu o rapaz.
– Qual o nome de seus pais?
– Jiyu Shiso e Antônio Koshowaizu.
– E você é afrodescendente?
– Sim. – Afirmou novamente o rapaz sem se deixar cansar.
– Para mim já chega. Vou chamar o superintendente.
Seguiram-se pelo menos vinte minutos de espera na sala vazia. Era possível ouvir a voz do entrevistador explicando o caso ao superintendente, que respondia com uma voz grave, cavernosa. A espera encerrou-se com a entrada de sopetão do superintendente na sala, quase pondo abaixo as paredes de divisórias que delimitavam o cubículo. O superintendente vestia uma calça social e sapatos baratos desses que se compram em lojas de departamento. Era obeso e sua barriga ameaçava arrebentar os botões da camisa listrada que ainda ostentava dois círculos de umidade sob as axilas. Seu rosto redondo era encimado por uma careca margeada pelo que lhe restara de um cabelo preto e ensebado. Ele não estava feliz.
– Olhe aqui, rapaz. Esta é uma instituição séria. Você quer me convencer de que é um afrodescendente e que sua família emigrou da África há 100 mil anos, o que lhe dá o direito de entrar nesta universidade como cotista?
– Exatamente, senhor. – O pronome de tratamento soava mais como uma afronta do que como respeito.
– Inicialmente achei que você fosse um desses analfabetos que precisam se escorar em algo para conseguir as coisas. Achei que queria usar a cota para entrar na universidade por não ter competência para ingressas sem ela. Mas suas notas me apontam algo muito pior. O senhor é um rebelde que só quer esculhambar com o trabalho dos outros. Um desses ratos que se diverte encontrando brechas legais e se enfiando por elas, mesmo podendo fazer as coisas direito, só porque sabe que não podemos refutar se você se considera um afrodescendente. Pois já vou lhe avisando, aqui não é lugar para quem quer brigar contra moinhos de vento, rapaz!- Bradou o homem.
– Lamento por isso, senhor.
– Você não me provoque, garoto. O que quer dizer com “Lamento por isso”?
– Pensei que a universidade deveria ser o último front de batalha contra os moinhos de vento, senhor. Aquele onde não só os enfrentamos, mas os derrotamos. – Os olhos do rapaz faiscavam e ele não controlou um sorriso.
– Você percebe que se te aprovo coloco em cheque todo o sistema de cotas? Percebe o quanto este sistema assegura que mais pessoas tenham acesso igualitário ao ensino superior no Brasil? – Perguntou o superintendente.
– Mas o vestibular é uma ferramenta de seleção dos melhores para ingressar na academia, não uma ferramenta para que todos tenham acesso à universidade. Se a intenção era dar oportunidades paritárias um sorteio seria mais adequado. Ou então que sejam oferecidas vagas a todos criando mais universidades. – Era surpreendente como a clareza de raciocínio do rapaz era tão grande e, ainda assim, seu interlocutor o compreendia tão pouco.
– Pois bem, você tem algo para nos convencer dessa história estapafúrdia que nos contou? – Se a raiva pela petulância do rapaz e o atordoamento pela resposta anterior não cegassem o superintendente, talvez ele percebesse uma ponta de adimiração pelo candidato raiar.
O rapaz abriu sua pasta e espalhou sobre a mesa alguns artigos científicos sobre as primeiras migrações de Homo sapiens, a colonização das ilhas da Indonésia e Oceania, a Migração pelo estreito de Bering para as Américas. Eram periódicos como a Nature, Proceedings, Science, capítulos de livros clássicos de antropologia e evolução humana. Uns traziam dados de DNA mitocondrial das populações, outros datavam esqueletos fósseis escavados, outros ainda seguiam rastros de ferramentas, arte rupestre e fogueiras. O volume de argumentos era gigantesco.
Uma
semana depois o edital divulgado pelo jornal local estampava o nome do rapaz na lista dos aprovados.
Mega-ciência a bordo
Quem estiver no Rio de Janeiro esse fim de semana poderá conferir uma expedição internacional de investigação da capacidade dos mares ajudarem na absorção do
CO2. O navio espanhol Hespérides está ancorado no pier Mauá e aberto à visitação no sábado, dia 15/1, basta agendar pelo e-mail malaspinario@gmail.com, a equipe também dará uma palestra sobre o projeto no Instituto Cervantes, em Botafogo. O projeto de quase 17 milhões de euros, que irá repetir a volta ao mundo de Alejandro Malaspina em oito etapas, inclui na equipe do projeto estão três brasileiros.
Ciência a Bordo
Fonte: www.expedicionmalaspina.es
A fêmea no poder IV
Ainda na época em que Hillary Clinton disputava com Barack Obama a vaga de candidato à presidência dos Estados Unidos me lembro de um comentário de que uma mulher jamais teria força para definir suas vontades políticas naquele país e que por isso seria uma péssima escolha como candidata. Discordo! Discordo e nossa fêmea poderosa é exemplo disto, a Jaçanã, Jacana jacana.
Uma aluna minha uma vez recortou a foto de uma fêmea de Jaçanã e pregou na parte de dentro do armário que lhe cabia no laboratório, à maneira daquelas fotos dos Menudos na década de 80. Era seu espelho para que todos os dias ela a visse e se lembrasse de como deveria agir. As fêmeas de jaçanã sofrem uma inversão sexual (termo obviamente cunhado por um homem) ao serem o membro dominante do bando, defenderem um território contra invasores e exigirem sexo de seus até quatro parceiros sexuais quando sentem vontade. Se o alimento começa a escassear, a jaçanã avança sobre aves competidoras como o quero-quero e o socó, pia alto, dá-lhes umas esporadas e determina quem é que manda ali. Manter o ninho em ordem, conseguir alimento para os pequenos, cuidar dos filhotes? Nada disso é tarefa assumida pela fêmea, ficando ao encargo do pai-jaçanã. A ela cabe apenas defender o território de competidores, predadores e acasalar.
Aparentemente o pé grande tem mais a ver com conseguir andar sobre plantas flutuantes do que com o comportamento da fêmea
Fonte: ibc.lynxeds.com
Em contraposição à habilidade de lidar com interesses conflitantes da abelha rainha de ontem, o que desejo hoje é que nossa presidenta demonstre a habilidade de impor suas vontades quando elas significarem um bem maior. Acima de tudo desejo a ela a sabedoria de identificar esse bem maior. Esse poder não consigo identificar animal nenhum, macho ou fêmea, que possua. Só sei de um que acha que sabe, mas em geral se engana: Homo sapiens.
A fêmea no poder III
Aos meus amigos Anderson Miranda e Denise Araújo
Abelhólogos poderosos, mas colaborativos
O estadista alemão Otto von Bismarck dizia que a política é a arte do possível. A imagem que me vem à cabeça com esta frase é a de um cabo de guerra com inúmeras pontas, em cada ponta existe um setor da sociedade, um partido político, um interesse internacional, e cada um puxa a corda em sua direção. Quer (e se julga merecedor de) ser beneficiado. Para mim, o que Bismarck quis dizer foi que, em meio a essa disputa toda, o bom político deve saber equilibrar as tensões e abrir mão do que idealizou para atingir um meio-termo que agrade à maioria. É este cenário que aguarda a presidenta Dilma Roussef e só me cabe esperar que ela compartilhe com outra fêmea a capacidade de lidar com conflitos de interesse, a abelha rainha sobre a qual falaremos nesta quarta-feira.
A Rainha passando em revista sua corte, quem é que detem o poder?
Fonte: ucanr.org
Na abelha africana, Apis melifera, as colméias são formadas por centenas de operárias, todas fêmeas, uma rainha e vários filhotes em diferentes estágios de desenvolvimento. O sistema de determinação sexual de machos e fêmeas de abelhas é diferente do nosso, fêmeas nascem de ovos fecundados pelo zangão, machos nascem de óvulos não fecundados que se desenvolvem (partenogênese). Agora faça uma forcinha para me acompanhar no raciocínio matemático! Operárias egoístas podem ter filhos machos com os quais compartilham 50% de seu DNA, no entanto, aquelas que abrirem mão de se reproduzirem para cuidar de suas irmãs mais novas, cuidarão de indivíduos 75% idênticos a si mesmas, desde que a rainha só tenha acasalado com um zangão. Como 75% é mais que 50%, é vantajoso para uma operária que a mãe tenha muitas filhas e nenhum filho. Já para a rainha, tanto filhos machos quanto fêmeas têm 50% de seu genoma. Assim, para ela o ideal seria produzir metade dos filhotes de óvulos fecundados (fêmeas) e metade partenogênica (machos). Está montado o cenário do conflito entre rainha e operárias!
Como líder e fêmea, a abelha rainha sabe que não pode prescindir de sua base aliada, de fato, ela é absolutamente dependente das operárias suas filhas. Assim sendo, a rainha frequentemente cede ao interesse de sua plebe e produz um número maior de filhas do que de filhos, sem, no entanto, deixar de produzir filhos machos. É esta capacidade de negociação e de gerenciamento de conflitos que espero que a presidenta Dilma compartilhe com as abelhas.