Pensamento de Segunda
“O conhecimento científico é feito menos pelas respostas corretas do que pelas perguntas mais interessantes.”
Claude Levi-Strauss
Produção de material didático – Profissão Biólogo
Vivian Lavander
Meu nome é Vivian Lavander Mendonça e sou Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da USP, São Paulo. Também fiz mestrado em Ciências pelo Departamento de Zoologia do IBUSP. Hoje atuo na produção de livros didáticos e de outros materiais (jogos, planos de aula etc.) destinados ao ensino de Ciências Naturais e Biologia. Sou uma profissional autônoma; a coleção de livros de Biologia para Ensino Médio da qual sou co-autora foi publicada pela Editora Nova Geração. O mercado de trabalho em que atuo hoje tem espaço para biólogos. Para elaborar materiais didáticos com temas de Biologia é necessário ser biólogo. Há muitos colegas trabalhando em editoras – podem ser contratados para elaborar apostilas, revisar textos e fazer leituras técnicas.
Na minha área é necessário estudar e manter-se constantemente atualizado, tanto nos temas de Biologia quanto nos de Pedagogia. Além disso, deve-se gostar muito de escrever e ser criativo na hora de elaborar atividades. Também é importante ter disciplina e organização para cumprir os prazos exigidos.
O trabalho é intenso. Como trabalho em casa, posso organizar meu tempo, mas quando os prazos finais de entrega se aproximam chego a trabalhar mais de 12 horas por dia, todos os dias! E mesmo quando não estou escrevendo, estou ligada no trabalho, estudando um tema, lendo um livro, tendo ideias para novas atividades… Trabalho no escritório que montei em minha casa, com computador, acesso à internet e diversas obras de referência para consultar.
Com relação à formação, não é necessária nenhuma formação extra além da biologia. Ao contrário da maioria dos meus colegas de turma, eu gostava muito de Botânica e das disciplinas específicas da Licenciatura. Como tenho que escrever sobre os mais variados temas (Evolução, Botânica, Zoologia, Genética, Fisiologia, questões ambientais e outros), estou sempre consultando as obras de referência adotadas nas diversas disciplinas da graduação. Por isso não consigo apontar uma área que mais me seja cobrada em meu cotidiano profissional.
Comecei minha carreira profissional como professora de Ciências e Biologia, um sonho que cultivava desde a infância. Como sempre gostei muito de escrever, fui procurar orientação da Profa. Dra. Sônia Lopes, que é autora de livros didáticos. Ela foi minha orientadora no mestrado, que consistiu na elaboração de um texto didático sobre anfíbios, e foi quem me deu as primeiras oportunidades de elaborar materiais como sua colaboradora.
Quando criança, eu gostava muito de ler, inclusive os livros didáticos. Posso dizer que aprendi mais com os livros do que com as aulas, que consistiam basicamente em copiar matéria da lousa… Assim, minha motivação é imaginar um aluno, em qualquer ponto do Brasil, estudando e aprendendo algo novo ao ler ou resolver uma atividade que eu elaborei. Por outro lado, o livro didático deve ser apenas uma das diversas ferramentas que auxiliam o trabalho do professor, assim como, do ponto de vista do aluno, o livro deve ser apenas um de seus meios de estudo. Considero grande desafio a elaboração de outros tipos de materiais didáticos (principalmente digitais), de boa qualidade e feitos para a realidade brasileira. Esses recursos ainda são muito escassos no Brasil.
Se algum leitor quiser escrever materiais didáticos minha principal dica seria “Leia muito!”. Livros e revistas de divulgação científica, livros diversos destinados ao público para o qual se pretende escrever, livros que inspiram quem deseja ensinar (eu recomendo Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire). E acho importante ter experiência em sala de aula – o professor exercita a transposição didática de conceitos científicos, algo fundamental para escrever materiais que sejam ao mesmo tempo corretos e compreensíveis pelo aluno.
Biomas do Brasil na Rio+20
Entre as diversas atividades que colocam o Rio de Janeiro em ebulição durante a Rio+20 estão ainda algumas opções culturais para a sociedade em geral. Participei de uma delas, a Exposição Biomas do Brasil, como membro da equipe de conteúdo científico. Quem quiser dar uma volta virtual pela exposição pode acessar esse link (que maravilha essas ferramentas que a internet proporciona, quase dispensa uma visita real, com a excessão que não tem picolé grátis no final).
A exposição traz uma amostra da imensa biodiversidade brasileira, discute seu valor e coloca em xeque a visão de que o desenvolvimento econômico rivaliza com a conservação ambiental. O passeio pela exposição oferece uma visita ao que há de mais bonito (boa parte das imagens foram produzidas pelo Luciano Candisani, excelente fotógrafo brasileiro) nos nossos biomas, incluindo uma imersão na Amazônia com um ambiente interativo de mata inundada de 360°.
A exposição ocorre até o dia 22 de Junho no Pier Mauá e a entrada é gratúita. Ficamos na torcida de que, terminada a Rio+20, a exposição viaje pelo país. Para quem não puder ir ao Rio, é possível ver parte da exposição no portal dela na internet.
A exposição é um produto do trabalho vitorioso do José Sabino através da Natureza em Foco. Contamos com o financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e com a execução da UnB e da FINATEC.
Se algum leitor for à exposição adorarei ver aqui nos comentários o que acharam.
Pensamento de Segunda
“Nosso poder científico superou nosso poder espiritual. Temos mísseis guiados e homens desviados.”
Martim Luter King