Brasil Ameaçado – Maçarico esquimó

O maçarico esquimó foi tão mal recebido no Brasil que resolveu não voltar mais. (Imagem: Le Jeune)

Sabe aquele lugar que você visita uma vez e decide nunca mais voltar? O Brasil é um desses para o maçarico esquimó. Essa ave migratória vinha ao Brasil em especial São Paulo, Mato Grosso e Amazonas, mas, com a ocupação dos campos pela pecuária e a agricultura, o habitat que elas visitavam aqui deixou de existir e elas pararam de vir ao Brasil. Na verdade a população dessa espécie como um todo foi muito caçada na América do Norte e declinou bastante, mas muitas dessas aves seguem vivendo em outros lugares do mundo, embora não venham mais ao nosso país. Seu bico longo e curvo a ajuda a revirar o solo em busca de alimento. Por isso mesmo evitar a compactação do solo seria uma forma de preservar essa espécie.

Brasil ameaçado – Phrynomedusa fimbriata

Não, essa não é a perereca do Brasil ameaçado de hoje, é uma espécie do mesmo gênero porque P. fimbriata está extinta. (imagem: Hugo Klaessen/Wikipedia)

Essa pererequinha só é conhecida pelo seu holótipo. Foi descoberta em Santo André, região metropolitana de São Paulo, mas possivelmente ocorria em outras matas de altitude superior a mil metros desde o Paraná até o Rio de Janeiro. É um animal arborícola que se reproduzia em corredeiras da Mata Atlântica, fora isso não sabemos quase nada de sua vida já que há 80 anos nenhum exemplar é avistado apesar de intensas buscas já terem sido feitas. A expansão urbana desordenada de São Paulo provavelmente é a principal responsável por esta extinção. Para evitar que outras espécies tenham o mesmo destino é importante reservar áreas verdes dentro das grandes metrópoles.

Brasil ameaçado – Peixe cachimbo (Micrognathus erugatus)

Um peixe cachimbo raro brasileiro, sua empadinha de camarão custa a vida dele (Imagem: Herald & Dawson, 1974)

Um peixe cachimbo brasileiro raro, sua empadinha de camarão custa a vida dele (Imagem: Herald & Dawson, 1974)

Essa espécie de peixe cachimbo foi descrita a partir de um único exemplar e sua coleta tem sido difícil desde então. É um peixe de fundo aparentado aos cavalos marinhos, mas com o focinho curto e o corpo alongado. São micropredadores, alimentando-se de pequenos invertebrados que vivem no fundo do mar entre algas, rochas e na areia. Os machos guardam os ovos até a eclosão numa dobra de pele ventral, o que restringe o número de filhotes e ameaça as populações. Por viver sempre junto ao fundo, esses animais são ameaçados pela pesca de arrasto muito comum para a captura de camarões. Para ajudar a salvar os peixes cachimbos consuma camarões de criação em vez dos provenientes da pesca no mar.

Brasil ameaçado – Pato mergulhão

Pato mergulhão, um brasileiro ameaçado por suas exigências. (Imagem: Claudio Dias Timm)

O pato mergulhão (Mergus actosetaceus) necessita de riachos rápidos e cristalinos para viver. É um animal migrador e encontrar locais que atendam suas exigências é cada vez mais difícil. Eles alimentam-se de caramujos, peixes e larvas aquáticas de insetos e fazem ninhos nos ocos de árvores próximas aos rios onde se alimentam. Por isso, o desmatamento das margens dos rios e a poluição dos recursos hídricos tem contribuído para seu desaparecimento. Só restam cerca de 250 desses animais no Paraguai, Argentina e Brasil, onde vivem no Jalapão, Chapada dos Veadeiros e Serra da Canastra. É na Canastra que os melhores resultados têm sido obtidos para a recuperação dessa espécie graças à qualidade da água nas cabeceiras do São Francisco. Novamente, é importante que não desmatemos a beira dos córregos para ela filtrar a água da chuva que chega aos rios e para proporcionar local de nidificação para o pato mergulhão e outros animais.

Brasil ameaçado – Lagartixa de areia

Tem brasileiro ameaçado na praia: Liolaemus lutzae. (Imagem: Karina Marques/ arkive.org)

A lagartixa de areia (Liolaemus lutzae) é um pequeno réptil de uns 8 cm que habita dunas em restingas do Rio de Janeiro.  Ela se alimenta de insetos quando jovens e apenas quatro espécies de plantas da restinga que acumulam água quando adultas. Sua reprodução ocorre uma vez só na vida e cada casal produz apenas quatro ovos, o que torna o crescimento populacional dessa espécie muito lento. A crescente ocupação urbana do litoral brasileiro tem empurrado essa lagartixa para mais perto do abismo da extinção. Então, troque o terreno naquele loteamento novo à beira mar que você queria comprar por férias num hotel já construído há anos e ajude a preservar essa e outras espécies da restinga.