Pesquisadores e identidades virtuais

Ao professor Gilson Volpato
que acaba de lançar seu site pessoal


Quem é você online?

A forma como a internet tem mudado nossas vidas chega até nossa forma de nos relacionar com os pares e o público em geral. É por isso que muitos cientistas têm buscado na rede mundial firmar sua personalidade. A tendência vai muito além da iniciativa excelente do CNPq de montar a plataforma Lattes, um portal onde todo pesquisador tem uma página contando sua formação, atuação e produção científica (ou, como diriam meus alunos, o Orkut científico). Hoje é mandatório que todo cientista possua e mantenha atualizado seu currículo Lattes. No entanto, pesquisadores e laboratórios vêm investindo muito mais na internet através das vias mais diversas e por muitos consideradas o paraíso da procrastinação.
Mesmo cientistas estabelecidos em suas carreiras, como a geneticista Mayana Zatz, têm usado blogs como meio de comunicação com o público, divulgando sua área de atuação e os resultados de suas pesquisas, isso sem falar em nosso prezado condomínio, o scienceblogs brasil. O twitter tem virado fórum de discussão de artigos de maneira dinâmica como lhe é característico, é o caso deste clube de discussão de artigos em física quântica. O facebook também tem virado foco de divulgação de laboratórios como o  Centro de Comportamento Animal Oxfordshire, na Inglaterra, e até a Fundação Oswaldo Cruz. Aqueles que têm buscado se relacionar com possíveis empregadores investiram mais no LinkedIn e o Youtube tem diversos canais de cientistas como o desse blog mesmo.


O canal Ciência à Bessa no Youtube

Queira você ou não, a internet já traz em seu conteúdo material sobre você (Quem nunca Googlou o próprio nome?). Ao cientista cabe produzir esse material de forma a portar um retrato mais saudável e realista da sua identidade. No entanto, saber divisar tempo para suas tarefas rotineiras e a contribuição a suas redes sociais pode ser um desafio. Não se engane, por mais importante que seja nutrir sua identidade virtual, fazê-lo quando o prazo para um parecer de artigo ou para um relatório de pesquisa batem à porta é procrastinação tanto quanto ler o que a Lady Gaga tomou de café da manhã no twitter ou assistir o último episódio de Zeroes no youtube.

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Bicho Bizarro: Axolotl


Adulto com carinha de bebê
Fonte: axolotl.org

Essa semana nosso animalzinho será está mais distante da nossa realidade, o axolotl é uma salamandra que se mantem aquática até a fase adulta. Essa manutenção das características da larva no adulto ganhou o nome de pedomorfose, no axolotl ela inclui brânquias ao lado da cabeça e uma cauda provida de nadadeira. O axolotl vive em lagos no México (daí esse nome com um quê de Asteca) e para se reproduzir macho e fêmea dançam em círculos, depois o macho se afasta deixando uma estrutura gelatinosa contendo os espermatozóides sobre o qual a fêmea se senta para ser fecundada. Recentemente cientistas injetaram hormônios de metamorfose em axolotls forçando-os a perderem as brânquias e saírem da água, o que gerou um animal diferente das outras salamandras conhecidas, mas vagamente semelhante à salamanda tigre mexicana. Ontogenia e filogenia ou apenas genes homeóticos em ação.

ARKive video - Axolotl showing amphibious adaptations for life swimming under water (external gills) and crawling on land (loses gills)
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Pensamento de Segunda

Se Alfred Kinsey estiver certo, tudo o que eu fiz foi o que vem naturalmente. Nunca me senti uma pecadora.

 

Mae West

Bicho Bizarro: Tuvira


Uma amostra da diversidade de tuviras existente
Fonte: http://accessscience.com/

O animal de hoje é na verdade um grande grupo de espécies de peixes de água doce no Brasil, são mais de uma centena de espécies no Brasil. Sua peculiaridade está neles darem choque. As tuviras têm células musculares modificadas que assumem a função de uma pilha, um lado fica carregado de ions negativos e o outro de positivos, gerando 1 mV cada. Junte muitas dessas células em série e a voltagem aumenta bastante. Na verdade a maioria delas só produz uma pequena descarga elétrica, mas uma excessão famosa é o poraquê, cujo choque pode atingir até 600 V. Esses peixes que vivem em rios muitas vezes de águas barrentas e são ativos à noite usam o campo elétrico que produzem e sentem para se localizar, comunicar-se com outros indivíduos, caçar, evitar predadores e namorar. Chocante, não? As tuviras têm também o corpo desprovido de escamas, olhos diminutos e perderam as nadadeiras pélvicas, dorsais e caudal, se locomovem abanando a longa nadadeira anal. O vídeo abaixo mostra um jacaré atacando um poraquê, uma péssima ideia. O filme virou mania no youtube.

“Gente, é incrível a natureza, o jacaré morrendo eletrocutado”

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Pensamento de Segunda

As fundações de todo império são arte e ciência. Destrua qualquer uma das duas e o império sucumbirá.

William Blake

Bicho Bizarro: Narval

ARKive video - Male narwhals jousting

Essa semana vou falar do unicórnio, ou pelo menos do mais perto do ser mitológico que existe no mundo real. O Narval é um golfinho do Oceano Ártico cujos machos possuem um dente incisivo absurdamente alongado e retorcido, formando uma ponta de mais de dois metros de comprimento se projetando da cabeça desse animal. Como sempre, bizarrices desse tipo são geralmente produtos da seleção sexual. Machos usam essas armas para disputar com outros machos pela chance de acasalar com fêmeas. Estes golfinhos vivem em grupos de apenas cinco animais, mas uma vez por ano migram no inverno para águas ligeiramente mais quentes em reuniões de grupos de até milhares de narvais de modo a evitar predadores como a orca e a morsa. Outro predador dessa espécie são humanos desde os inuites (esquimós) até baleeiros noruegueses que vendem seu dente de marfim.


IUCN- faltam dados para conhecer o estado de conservação
Fonte: http://animals.howstuffworks.com
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Pensamento de Segunda

Humanidade, sejamos menos curiosos em relação a pessoas e mais curiosos em relação a ideias.

 

Madame Curie

Vencedor do sorteio

E o ganhador do livro o terceiro chimpanzé foi o Marcelo com a frase:
Assim como retratado por Stanley Kubrick em 2001 Uma Odisseia no Espaço, me vejo como um curioso e sempre aprendo com a minha curiosidade(não saiu batendo nos outros com ossos).
Parabéns, Marcelo. A equipe da editora record entrará em contato contigo Obrigado a todos os que responderam a enquete.

Bicho Bizarro: Rã madeira


Cara de pau: um casal de rãs madeiras em momentos de intimidade
Fonte: http://animaldiversity.ummz.umich.edu

O bicho bizarro dessa semana é a rã madeira (Rana sylvatica), da qual não me canso de falar. Manter o corpo quente como mamíferos e aves fazem é uma vantagem ao permitir viver em ambientes mais frios, mas esse anfíbio resolveu esse problema de outra forma. Sabe essa frente fria que está gelando boa parte do país? Para a rã madeira, que vive no Alasca e norte do Canadá, ela é fichinha. Ela tolera o frio deixando-se congelar, veja no vídeo desse link. Pouco antes do congelamento seu fígado libera glicose e seu rim uréia de forma a evitar a destruição de células causada pelos cristais de gelo e o ressecamento celular. Tudo fica bem desde que 65% da água no corpo dessas rãs permaneça descongelada. E quando o calor retorna as rãs madeiras procuram poças temporárias e danam a acasalar antes que o inverno retorne. A rã madeira, inclusive, sofre com a redução populacional graças ao desaparecimento dessas poças temporárias, seja pela retração das geleiras, seja pela terraplanagem de extensas áreas.

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Pensamento de Segunda

Acho que iremos à lua porque é da natureza humana encarar desafios.

Neil Armstrong