MOOC – Comportamento Animal

Curso online gratúito de comportamento animal (Imagem: wikipedia.org/ Jurgen Otto)

Essa semana começa o curso online massivo (MOOC) sobre Comportamento Animal pela Universidade de Melbourne e o portal Coursera. Faça sua inscrição pelo clicando nesse link. O curso é inteiramente grátis e tem legendas e Inglês e Espanhol (além de Português de Portugal para as primeiras vídeo-aulas). Eu serei professor assistente (TA) do curso e tenho certeza que também aprenderei um bocado sobre educação a distância de qualidade. Se você quer aprender mais sobre comportamento animal não deixe de se inscrever. As aulas começaram hoje, mas as inscrições ainda ficam abertas algumas semanas.

Por que existem tantas espécies de animais?

Pelo segundo ano o Programa de Pós-graduação de Biologia Animal da UNESP de São José de Rio Preto oferece seu curso de inverno para estudantes de nível médio. O tema desse ano foi a inspiradora pergunta mencionada no título desse post (que obviamente não respondemos completamente, mas que suscitou discussões ótimas sobre evolução, taxonomia, ecologia, biogeografia, comportamento, sistemática, anatomia comparada e histologia). Abaixo algumas fotos do curso, conforme prometi aos meninos que participaram.

Visita ao laboratório de sistemática de Vespas

Visita ao laboratório de sistemática de Vespas

Exercício prático do cálculo de diversidade

Exercício prático do cálculo de diversidade

 

Relacionando forma da cabeça e função alimentar de morcegos

Relacionando forma da cabeça e função alimentar de morcegos

 

Adoro essa expressão de surpresa com as novidades que o mundo natural traz

Adoro essa expressão de surpresa com as novidades que o mundo natural traz

Palestra no Zoológico sobre comportamento reprodutivo e o papel dos zoológicos

Palestra no Zoológico sobre comportamento reprodutivo e o papel dos zoológicos

BioTest

O ensino de Biologia ganhou um aliado moderninho: o BioTest. O BioTest é um jogo sobre conceitos de Biologia em nível superior no estilo de uma forca. Perguntas sobre diversos temas são apresentadas e você precisa descobrir a resposta antes que o tempo se esgote e sem errar as letras. As perguntas são divididas em grau de complexidade e várias são ricamente ilustradas. Também são divididas por área: Biologia Celular, Fisiologia, Bioquímica e Botânica. À medida que você vai marcando pontos pode usá-los para destravar perguntas de outras áreas, para montar a cadeia trófica de um bioma ou para conquistar novos biomas. Você recebe um ranking pessoal e pode ainda integrar uma rede de pontuações comparativas com outros jogadores via internet.

BioTest, o app para ensino de Biologia do LTE Unicamp

BioTest, o app para ensino de Biologia do LTE Unicamp

Achei o jogo bastante intuitivo, inteligente e  com uma interface gráfica bem legal para um aplicativo para tablets e celulares. Algumas vezes fiquei frustrado porque perguntas com texto longo e respostas longas de digitar não geravam uma pontuação alta, já que sua pontuação é proporcional ao tempo gasto para responder a pergunta. É divertido e desafiador responder as perguntas, competir com os outros e tentar se superar (ok, ok, minha pontuação na Biologia Celular foi vergonhosa). Até uma área de avaliação de questões os autores disponibilizaram para os jogadores apontarem textos ou conceitos errados. 

Você precisa responder a pergunta dentro do tempo e sem errar muitas letras.

Você precisa responder a pergunta dentro do tempo e sem errar muitas letras.

Os autores, aliás, são do Laboratório de Tecnologia da Educação do Instituto de Biologia da Unicamp. Juro que fiquei morrendo de inveja do aplicativo e com dor de cotovelo porque não tem questões de Zoologia. Para baixar o aplicativo para sistema iOS (iPad, iPhone e congêneres) por R$ 4,00 basta clicar aqui. Para baixar por R$ 2,00 em aparelhos que rodam Android clique aqui. Talvez esse seja um dos primeiros de muitos apps que vão tomar conta do ensino nessa tendência da gamificação.

Licenciamento ambiental – Profissão Biólogo

Técnica de pesquisa – Profissão Biólogo

Gabarito comentado do ENEM-Biologia

Esse final de semana estão ocorrendo as provas do ENEM. E como Ciência à Bessa também é prestação de serviços, vou apresentar aqui a minha correção e discussão das questões mais ligadas à Biologia da Prova desse ano.

A primeira questão é a 47. Nela apresenta-se o valor dos peixes híbridos na aquicultura, mas também os riscos dessa criação, no caso, a invasão de ambientes naturais. Pergunta-se qual o risco que essa invasão pode causar. O maior problema seria a substituição genética das populações naturais pelos híbridos.

A próxima questão também trata de biologia. O enunciado nos conta sobre o uso de leveduras no preparo de pães e bebidas alcoólicas. Pergunta-se: Por que a massa do pão cresce quando fermenta? Isso é resultado das bolhas de gás carbônico resultantes da fermentação alcoólica. A levedura consome açúcares para produzir energia, mas no processo libera CO2.

Na questão 55, que fala de biodegradação, pergunta-se o que se espera que um microrganismo faça no processo de biorremediação. O microrganismo deve metabolizar a substância tóxica, eliminando algum composto menos problemático para o ambiente.

A questão seguinte, em seu enunciado fala sobre um paciente que, numa região sem saneamento básico, entrou em contato com água de enchente e apresentou alguns dados sintomas. Juro que eu nem sabia os sintomas da leptospirose, mas essa doença é muito característica de enchentes. Além disso, a lista de sintomas era bem genérica (dor de cabeça, febre etc). As outras doenças não tinham muita relação com as enchentes, eram transmitidas de pessoa a pessoa (difteria, tuberculose, meningite).

Na questão 58 pergunta-se qual a definição precisa de reciclagem. Nas alternativas há quatro exemplos de reutilização (vassouras de PET, garrafas retornáveis etc), mas só o derretimento do alumínio das latas para fazer lingotes é um exemplo verdadeiro de reciclagem.

Organismos geneticamente modificados era o tema da questão 60. O enunciado perguntava como uma característica inserida por transgenia se manifestava no milho. No final a questão era uma versão enfeitada do (ah, odeio esse nome!) dogma central da Biologia Molecular. Ele diz que o DNA se transcreve em RNA mensageiro e esse é traduzido em proteínas. É claro que o DNA em questão tem que ser o implantado no milho transgênico, de outro modo só seria manifestada ali a característica do milho normal.

Na questão 63 o enunciado diz que a quantidade de substâncias químicas numa planta varia com o crescimento e ao longo do ano. Pergunta-se como o genoma da planta pode originar essas variações. O que acontece é que o genoma, apesar de relativamente estável, pode ser expresso em maior ou menor intensidade, de acordo com a necessidade.

Na questão 69 o enunciado apresenta um caso em que seres vivos (larvas de moscas) aparentemente surgem de matéria inanimada (arroz), mas explica que desde o século XVII sabe-se que não é bem assim. Aí o importante é saber que os microrganismos ali apresentados não surgiram do nada, mas são os descendentes de seus pais que, em algum momento, passaram por ali.

Meu habitat natural, o cerrado, é o tema da questão 72. Conta-se que as árvores e arbustos desse ambiente precisam resistir à seca e ao fogo. Pede-se uma adaptação desses vegetais aos problemas mencionados. O pé de lobeira que tinha no terreno baldio da quadra onde cresci não tinha uma casca fina, não tinha um caule reto nem folhas estreitas e certamente não tinha raízes aéreas. No entanto, seus brotinhos eram de um verde claro parecido com uma camurça. Pelos nas gemas apicais dão-lhes a proteção necessária.

O desmatamento é a causa de diversos problemas, inclusive alguns de saúde pública. Casos de dengue são muito comuns em regiões recém-desmatadas, de doença de Chagas também. Sem ter animais silvestres para atacar, mosquitos da dengue ou barbeiros passam a alimentar-se de humanos, contaminando-os. É isso que a questão 75 pergunta.

A questão 81 gerou certa celeuma. O enunciado apresenta uma filogenia dos vegetais (Atenção professores, não dá mais para fugir! Sistemática filogenética virou assunto de colégio. Professores de ciências, aprendam sistemática!) com os grupos e suas sinapomorfias. Pergunta-se qual sinapomorfia levou à maior diversificação genética nos vegetais. A dúvida era que a questão poderia ser interpretada de duas formas: 1) Num vegetal, o que leva à diversificação genética? Ou 2) Qual a sinapomorfia do grupo vegetal mais geneticamente diverso? Pessoalmente não enxerguei tanta confusão assim. A pergunta refere-se ao que leva à diversificação genética nos vegetais, ou seja, como as plantas fazem sexo. Isso é feito através de grãos de pólen com fecundação cruzada.

A pergunta 82 trata de osmose. Dá-se a concentração de uma célula e uma solução na qual a célula está imersa e pergunta-se o que aconteceria. Como a concentração na célula (0,15 mol/L) é menor do que na solução (0,20 mol/L), a água sairia da célula através de sua membrana.

Já na pergunta 83 o assunto oficial são os dinossauros, mas um olhar mais atento demonstra que na verdade são as cadeias alimentares. Acredita-se que a grande extinção do fim do Mesozoico tenha sido causada por um meteoro que, ao atingir o solo, levantou uma enorme nuvem de poeira que cobriu toda a atmosfera. Sem luz solar, os grandes vegetais morreram, sem plantas para comer morreram juntos os dinossauros herbívoros. Sem suas presas foram-se também os grandes carnívoros. Sorte a nossa, mamiferinhos já adaptados às trevas. Sorte também a dos dinossauros menores e menos exigentes em termos de alimento, os avós dos nossos pombos, frangos e congêneres atuais.

Cálculos mirabolantes do TRI a parte, ainda acho o ENEM uma prova fraca. A questão 86 é uma evidência disso. Pode soar estranho, mas uma prova eficiente em selecionar tem que ser difícil. Muito difícil! Todos os candidatos vão bem numa prova fácil, é impossível triar os melhores. Já numa prova difícil, especialmente se há muitas questões, fica mais fácil separar o joio do trigo. Sem delongas, todo mundo com um pouco de estudo sabe que obesidade aumenta o risco de diabetes!

O simpático tamanduaí, ou Cyclopes didactylus para os íntimos, é o assunto da questão 88. Infelizmente essa foi outra que me deixou desgostoso. O enunciado conta um pouco sobre esse animal e pergunta a que se refere o texto. Essa é uma daquelas questões que tornam a Biologia célebre entre os alunos de colégio como a ciência da decoreba. Memorizar nomes para passar no ENEM. Biologia NÃO é isso! Habitat é o local num ecossistema onde uma espécie vive. Biótopo é o conjunto das características ambientais que um organismo exige (umidade do ar, temperatura, altitude etc). O nível trópico (melhor seria trófico) é o ponto na cadeia alimentar onde um ser vivo se localiza, produtor, consumidor primário, secundário (o caso do nosso tamanduaí) etc. Nicho é o conjunto dos papeis que uma espécie desempenha na natureza, essa é a alternativa correta. Já potencial biótico é a capacidade de um animal em produzir filhotes. Decorou? Acertou.

Espero ter ajudado e que vença o melhor…

Técnico de Laboratório – Profissão Biólogo

Profissão Biólogo – Produção de mudas para reflorestamento

Fernanda Furlan, responsável pela produção de mudas da Ziani Florestal

Ir na contramão de todos no Mato Grosso e transformar áreas degradadas em florestas é profissão biólogo.

Ir na contramão de todos em Mato Grosso e transformar áreas degradadas em florestas é profissão biólogo.

Meu nome é Fernanda Furlan e sou botânica, trabalhando com produção de mudas exóticas e nativas em um viveiro e implantando as mudas produzidas em reflorestamento. Trabalho para a Ziani Mudas Florestais. Esse mercado até tem espaço para mais biólogos, mas é limitado e a competição com profissionais das engenharias agronômica e florestal dificulta muito nosso ingresso.

Para trabalhar nessa área é necessário entendimento sobre fisiologia, anatomia e taxonomia botânica. Principalmente relacionada à nutrição das plantas e adaptação a diferentes ambientes. Sou supervisora de produção de mudas e de campo. Oriento a melhor produção das mudas com indicações sobre substrato, adubação, luminosidade e umidade. Além de supervisionar a implantação das florestas. Minha carga horária semanal não é definida. No trabalho de campo devemos considerar as adversidades cotidianas, mas a dedicação varia de 40 a 60 horas. Trabalho em ambiente aberto e na zona rural.

Depois de formada em biologia, outras formações foram necessárias, mas nada ligado a mestrado e doutorado. É muito importante que o profissional continue reciclando seus conhecimentos e adquirindo novos também, nessa área há muita competição. Muitas disciplinas me agradaram na graduação. Não segui uma linha de pesquisa específica, o que contribuiu muito para o meu trabalho. Mas no trabalho uso todos os dias os conhecimentos que obtive nas matérias de Estatística, Botânica, Taxonomia, Fisiologia e Anatomia vegetal.

Ainda durante a graduação comecei com um estágio extracurricular junto com outros quatro estagiários de diferentes áreas de atuação. A intenção desse estágio era contratar um profissional. Acabei conseguindo essa vaga assim que me formei.

Contato com a natureza em campo é o que me motiva nessa profissão. Poder acompanhar o desenvolvimento das florestas contribuindo para a conservação dos biomas. Todo dia acontece algo diferente, nunca vivo uma rotina, afinal o ambiente não é controlado. Por outro lado, os desafios estão em conseguir sobressair mesmo com a concorrência de outros profissionais nesta área em busca da remuneração merecida.

Se você deseja obter um emprego como o meu, sugiro que busque um estágio na área e faça cursos e workshops sempre que possível. Busque realizar trabalhos científicos nesta área ainda durante a graduação e se aprimore em áreas paralelas como a engenharia agronômica e florestal. É importante não parar os estudos depois da graduação. A concorrência é muito alta, pois a área é muito promissora nos dias de hoje, o profissional deve sempre buscar meios de se destacar.

Profissão Biólogo – Jogos biológicos

3º setor, Profissão Biólogo