Brasil Ameaçado – Toninha Franciscana

Toninha franciscana, pequenas e encurraladas em águas rasas são alvo fácil da captura acidental em redes de pesca. (Imagem: Wurtz-Artescienza)

A Toninha franciscana é um golfinho marinho, mas que entra em estuários. São animais relativamente pequenos (1,80 m e 50 kg). Ele vive em águas rasas onde caça peixes como as corvinas. Essa espécie ocorre desde o norte da Argentina até o Espirito Santo onde a água e a alimentação são adequadas. Ao contrário da maioria dos golfinhos, as toninhas não formam grupos numerosos, vivendo geralmente isoladamente. Sua maior ameaça é a captura acidental nas redes de arrasto. Por isso, para preservá-las compre apenas peixes de pescadores que usam tecnologia dolphin safe. O lixo que jogamos nas praias também é frequentemente ingerido por esses animais.

Brasil Ameaçado – Jacu estalo

Ele imita porcos do mato, ele persegue formigas, ele está criticamente ameaçado. (Imagem: Le Jeune)

O Jacu-estalo é um parente dos abundantes anus, mas está criticamente ameaçado. Essa ave Cucculiforme tem uma distribuição bastante estranha, já tendo sido encontrada no Espirito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Bahia e Maranhão, então há uma larga faixa onde ela nunca foi registrada e novos registros existem para o Acre, o Peru e a Bolívia. É possível que a espécie exista em terras intermediárias, mas nunca tenha sido registrada, alternativamente pode já ter sido extinta nessa faixa. Em todo caso, espécies de distribuição ampla ameaçadas de extinção são mais raras do que as fortemente endêmicas. A população mais ameaçada é a que se encontra na Mata Atlântica brasileira. São animais relativamente grandes (~54 cm) que andam no chão da mata atrás de insetos ou voam seguindo correições de formigas comendo as presas que a correição deixa escapar. O som que produz é um estalo seco que faz lembrar o bater de dentes de um porco do mato, daí alguns de seus nomes populares, como Taiassuíra (do Tupi ave porco do mato). Por dependerem de matas intactas para viverem, o jacu-estalo está criticamente ameaçado. Gosta de café? Então procure produtores dedicados a produzi-lo de maneira sustentável e preserve o Jacu-estalo. É que o café é muito produzido em locais onde antes havia Mata Atlântica primária. Preferindo produtores ambientalmente responsáveis você evita que mais matas sejam substituídas por cafezais.

Brasil Ameaçado – Noronhomys vespuccii

O personagem dessa semana está tão extinto que nem imagem dele sobrou. O rato Noronhomys vespuccii é o primeiro exemplo registrado de extinção de um animal devido às grandes navegações. A IUCN atribui inúmeras extinções a esse processo de colonização, mas poucos foram devidamente documentados como no caso desse roedor. O Rato de Noronha também seria o primeiro mamífero brasileiro extinto. Sua extinção é atribuída à introdução de um competidor voraz, o rato europeu, Rattus rattus. Paralelamente predadores introduzidos, como cães e gatos, e a caça aceleraram ainda mais o processo. Quase nada se sabe sobre a biologia dessa espécie. A única descrição deles vivos foi feita por Américo Vespúcio, que foi homenageado no nome desse roedor. Essa espécie mesmo já era, mas outras espécies nativas podem ser protegidas colocando um guizo na coleira do seu gato. Assim você o impede de atacar sorrateiramente um animal nativo.

Brasil Ameaçado – Maçarico esquimó

O maçarico esquimó foi tão mal recebido no Brasil que resolveu não voltar mais. (Imagem: Le Jeune)

Sabe aquele lugar que você visita uma vez e decide nunca mais voltar? O Brasil é um desses para o maçarico esquimó. Essa ave migratória vinha ao Brasil em especial São Paulo, Mato Grosso e Amazonas, mas, com a ocupação dos campos pela pecuária e a agricultura, o habitat que elas visitavam aqui deixou de existir e elas pararam de vir ao Brasil. Na verdade a população dessa espécie como um todo foi muito caçada na América do Norte e declinou bastante, mas muitas dessas aves seguem vivendo em outros lugares do mundo, embora não venham mais ao nosso país. Seu bico longo e curvo a ajuda a revirar o solo em busca de alimento. Por isso mesmo evitar a compactação do solo seria uma forma de preservar essa espécie.

Brasil ameaçado – Phrynomedusa fimbriata

Não, essa não é a perereca do Brasil ameaçado de hoje, é uma espécie do mesmo gênero porque P. fimbriata está extinta. (imagem: Hugo Klaessen/Wikipedia)

Essa pererequinha só é conhecida pelo seu holótipo. Foi descoberta em Santo André, região metropolitana de São Paulo, mas possivelmente ocorria em outras matas de altitude superior a mil metros desde o Paraná até o Rio de Janeiro. É um animal arborícola que se reproduzia em corredeiras da Mata Atlântica, fora isso não sabemos quase nada de sua vida já que há 80 anos nenhum exemplar é avistado apesar de intensas buscas já terem sido feitas. A expansão urbana desordenada de São Paulo provavelmente é a principal responsável por esta extinção. Para evitar que outras espécies tenham o mesmo destino é importante reservar áreas verdes dentro das grandes metrópoles.

Brasil ameaçado – Peixe cachimbo (Micrognathus erugatus)

Um peixe cachimbo raro brasileiro, sua empadinha de camarão custa a vida dele (Imagem: Herald & Dawson, 1974)

Um peixe cachimbo brasileiro raro, sua empadinha de camarão custa a vida dele (Imagem: Herald & Dawson, 1974)

Essa espécie de peixe cachimbo foi descrita a partir de um único exemplar e sua coleta tem sido difícil desde então. É um peixe de fundo aparentado aos cavalos marinhos, mas com o focinho curto e o corpo alongado. São micropredadores, alimentando-se de pequenos invertebrados que vivem no fundo do mar entre algas, rochas e na areia. Os machos guardam os ovos até a eclosão numa dobra de pele ventral, o que restringe o número de filhotes e ameaça as populações. Por viver sempre junto ao fundo, esses animais são ameaçados pela pesca de arrasto muito comum para a captura de camarões. Para ajudar a salvar os peixes cachimbos consuma camarões de criação em vez dos provenientes da pesca no mar.

Brasil ameaçado – Pato mergulhão

Pato mergulhão, um brasileiro ameaçado por suas exigências. (Imagem: Claudio Dias Timm)

O pato mergulhão (Mergus actosetaceus) necessita de riachos rápidos e cristalinos para viver. É um animal migrador e encontrar locais que atendam suas exigências é cada vez mais difícil. Eles alimentam-se de caramujos, peixes e larvas aquáticas de insetos e fazem ninhos nos ocos de árvores próximas aos rios onde se alimentam. Por isso, o desmatamento das margens dos rios e a poluição dos recursos hídricos tem contribuído para seu desaparecimento. Só restam cerca de 250 desses animais no Paraguai, Argentina e Brasil, onde vivem no Jalapão, Chapada dos Veadeiros e Serra da Canastra. É na Canastra que os melhores resultados têm sido obtidos para a recuperação dessa espécie graças à qualidade da água nas cabeceiras do São Francisco. Novamente, é importante que não desmatemos a beira dos córregos para ela filtrar a água da chuva que chega aos rios e para proporcionar local de nidificação para o pato mergulhão e outros animais.

Brasil ameaçado – Lagartixa de areia

Tem brasileiro ameaçado na praia: Liolaemus lutzae. (Imagem: Karina Marques/ arkive.org)

A lagartixa de areia (Liolaemus lutzae) é um pequeno réptil de uns 8 cm que habita dunas em restingas do Rio de Janeiro.  Ela se alimenta de insetos quando jovens e apenas quatro espécies de plantas da restinga que acumulam água quando adultas. Sua reprodução ocorre uma vez só na vida e cada casal produz apenas quatro ovos, o que torna o crescimento populacional dessa espécie muito lento. A crescente ocupação urbana do litoral brasileiro tem empurrado essa lagartixa para mais perto do abismo da extinção. Então, troque o terreno naquele loteamento novo à beira mar que você queria comprar por férias num hotel já construído há anos e ajude a preservar essa e outras espécies da restinga.

Brasil ameaçado – Bagrinho Heptapterus multiradiatus

A espécie é tão ameaçada que nem uma foto confiavelmente atribuída a ela está disponível na internet (Imagem: fishbase.org/Brosse)

O bagre heptapterus multiradiatus é um peixe de cerca de 9 cm que habita a Bacia do Alto Tietê. Tem o corpo longo e a nadadeira anal igualmente alongada. Seus olhos são reduzidos e tem barbilhões longos que usa como sensor tátil e químico para perceber o ambiente. A perda da vegetação ripária, o uso dos riachos que habita como manancial para obtenção de água na Grande São Paulo e a poluição dos rios no Alto Tietê são as principais causas do declínio das populações desse peixe. Destine o escoamento da água de banheiros para a rede de tratamento de esgoto adequadamente, assim você não contribui para a extinção de peixes. Fechar a torneira enquanto escova os dentes ou lava a louça também é uma medida ao alcance de todos e que ajudará esses bagrinhos.

Brasil ameaçado – Cardeal amarelo

O cardeal amarelo, Gubernatrix cristata, é tão capturado por traficantes que está criticamente ameaçado. (Imagem: Edwyn Harvey)

O cardeal amarelo (Gubernatrix cristata) é uma ave que habita o Sul do Brasil, Uruguai e Leste da Argentina. Ocorre em campos abertos e vegetação baixa, onde alimenta-se de sementes. O macho tem coloração amarela mais forte e contrastante com penas pretas na cauda enquanto as fêmeas são mais pardacentas. Vivem em casais ou formam bandos e colocam de dois a quatro ovos por ano em territórios que o macho defende cantando. Devido a essa coloração bonita e seu canto melódico, essa espécie é muito capturada e comercializada por traficantes de animais, a principal causa dela estar criticamente ameaçada de extinção. Sua preservação está entre as prioridades do plano de ação nacional para conservação dos campos sulinos. Além disso, monoculturas de eucalipto têm devastado seu habitat natural. Não criar passarinhos em gaiolas em casa já é uma excelente ajuda para preservar essa ave.