Ciência Cotidiana 6 – Para que tantos produtos de limpeza diferentes?

O “Ciência cotidiana” volta após alguns meses, este com a contribuição imprescindível do Prof. Adley Bergson, colega na UNEMAT e Químico de verdade!

Você entra no corredor de produtos de limpeza do supermercado e dá de cara com aquela extensão de frascos coloridos e perfumados enfileirada até o ponto onde duas paralelas se encontram. São inúmeras opções que os comerciais de televisão te fazem acreditar que são diferentes e indispensáveis. Mas, será que é só uma questão de marketing mesmo? A poção mágica que compõe os produtos de limpeza varia um bocado, mas tem alguns princípios gerais. O principal deles são os surfactantes.

Existem sujeiras de duas polaridades possíveis: as solúveis (polares) e insolúveis (apolares) em água. As que são solúveis são mais fáceis, água mesmo as retira. Mas as insolúveis geram um problema, só aderem a outras gorduras, que sujariam ainda mais o que você quer limpar. A solução encontrada foi uma substância capaz de se ligar à água por um lado e às gorduras pelo outro, os surfactantes. Essas moléculas têm uma cabeça hidrofílica (que adere à água) seguida de uma cauda de hidrocarbonetos (que adere à gordura), quanto mais longa a cauda mais sujeira o surfactante captura. Uma forma do surfactante atuar é fazer uma solução com a gordura, a outra é o mesmo cercar a sujeira deixando as cabeças hidrofílicas para fora, o que chama-se micelas. Assim, quando você passa a água do enxágüe, a micela é levada embora, levando junto a sujeira. Isto ocorre nos mais diversos produtos: detergentes de lavar louça, sabão em pó para roupa, produtos de limpeza pesada, desengordurantes, até xampu e enxaguante bucal.

Então porque não lavamos o chão, a louça, o cabelo e o banheiro com o mesmo produto? Um fator que varia bastante é o pH, detergentes de lavar louça têm que limpar muita gordura, mas não podem agredir a mão, por isso têm-se os detergentes ditos neutros (pH neutro). Xampus precisam de um pH muito melhor controlado, pois irá entrar em contato com o couro cabeludo. Produtos de limpeza pesada não entram em contato com a mão, um pano no máximo, por isso têm o pH bem básico , além de tensoativos que ajudam a espalhar o produto. Desinfetantes precisam, além do surfactante, de substâncias para matar bactérias, como o cloro e benzeno, ambos agem na parede celular bacteriana. Sabões de lavar roupa têm um tal de branqueador óptico, basicamente um corante azul que complementa o amarelado da roupa e gera luz branca. Saponáceos em pó para lavar mármore têm abrasivos, quase um esfoliante para a sua pia.

Só mudam os rótulos?

Só mudam os rótulos?

 

Claro que muito de marketing também está presente na miríade de produtos disponíveis. Afinal, há inúmeras opções de produtos iguais no mercado, todos alegando ser melhores que o do concorrente. Sim, há diferenças químicas nas fórmulas, mas há também muita propaganda.

 

 
 
 
 

 

 
 
 

 

 

 

Mestre-sala e Porta-bandeira


Corte ritualizada na passarela do samba. Obtido em www.flickr.com

Corte ritualizada na passarela do samba. Obtido em www.flickr.com


Não é só entre os animais que o macho tem o papel de cortejar a fêmea. Nós homens, por mais moderninhas que sejam as fêmeas, ainda mantemos este papel. Hoje à noite isso me ocorreu assistindo o desfile das escolas de samba do Rio. Mestre-sala e porta-bandeira nada mais são do que uma corte ritualizada.

Como a atividade física auxilia no controle da pressão?

Meu pai, embora quase sessentão, é uma verdadeira inspiração para meus ensaios de vida menos sedentária. Apesar disto ele de vez em quando leva uns sustos com sua pressão arterial. Justamente por isso esses dias ele voltou a investir mais em atividades aeróbicas, indicação de um médico. Mas logo uma dúvida o encasquetou: “Se exercícios como a corrida e o spinning aumentam a pressão enquanto são praticados, como é que eles podem fazer bem a um hipertenso?” Me perguntou. Eu dei uma explicação que não satisfez nem a ele nem a mim, mas desde então não sosseguei até chegar à que descrevo abaixo.

A pressão em um recipiente depende de dois fatores mais mutáveis: volume e temperatura (P.V= n.R.T, lembram-se?). Se a temperatura aumenta então a pressão aumenta. Se o volume aumenta então a pressão diminui. À medida que você se exercita o coração bate mais depressa e com mais força. O que leva a um aumento na pressão sanguínea, meu pai estava certo. Mas por que isso ajudaria a reduzir a pressão depois. Vamos a uma metáfora.

Seu sistema sanguíneo é formado pelo coração (uma bomba), tubos que saem dele (artérias) e que retornam a ele (veias). O encanamento que compõe o sistema circulatório só difere de canos de PVC em um sentido, são flexíveis. Mais rígidas nos sedentários, mais flexíveis nos ativos. Assim, poderiam ser melhor comparados a uma bexiga de aniversário do que ao cano. Quando você pratica exercícios aeróbicos a pressão aumenta, como se você enchesse a bexiga de ar. Depois que para de se exercitar a pressão diminui, mas o vaso (assim como a bexiga) não é perfeitamente elástico. Ele fica agora meio flácido, mais folgado do que antes. Você aumentou o volume do seu sistema circulatório, maior volume resulta em menor pressão.

Da esquerda para a direita: os vasos sanguíneos de um sedentário, de um ativo durante o exercício e de um ativo em repouso.

Da esquerda para a direita: os vasos sanguíneos de um sedentário, de um ativo durante o exercício e de um ativo em repouso.

Manchetes comentadas 12 – Chimpanzé é morto ao atacar mulher nos EUA

Na tarde de segunda-feira Charla Nash foi brutalmente atacada por um chimpanzé quando chegava para visitar a dona do animal em Connecticut, EUA. Travis, o chimpanzé, provocou ferimentos graves nas mãos e no rosto da vítima que, devido à perda de sangue, segue hospitalizada em estado grave. Além de Charla, a dona do chimpanzé e um policial foram feridos pelo primata. Travis levou vários tiros ao tentar atacar um segundo policial encurralado dentro da viatura.

Primeiro de tudo, que diabos uma mulher fazia tendo um chimpanzé de estimação?!? Graças ao liberalismo estado-unidense manter como pet qualquer animal exótico só exige um registro do animal. Travis tinha 15 anos e já havia estrelado diversos comerciais e programas de TV. Também já havia se envolvido em dois outros episódios com a polícia por agressividade. Ao ver o ataque, sua dona ligou para a polícia e esfaqueou o animal para que interrompesse o ataque a Charla.

O debate sobre a natureza humana sempre intrigou os filósofos. Somos, como propôs Rousseau, bons por natureza ou, como propôs Hobbes, naturalmente maus? Os etólogos aproveitaram a filogenia de nossa espécie e os primeiros estudos primatológicos para tentar responder cientificamente esta questão filosófica. Assim, foram buscar em nossos parentes mais próximos indícios da natureza humana original. A tirar por Travis somos naturalmente violentos. Mas Travis vivia numa situação humanóide desde seus 4 dias de vida. Diz-se que assistia TV e usava o controle remoto, usava o vaso sanitário e se banhava sozinho, até ligar o computador e usar o mouse ele sabia. O convívio com nossa sociedade e cultura poderiam ter desvirtuado Travis. Se, contudo, olharmos para a natureza, a paisagem não será tão diferente. Desde os primeiros trabalhos de Jane Goodall sabemos que os chimpanzés são belicosos, territorialistas e violentos. Alguns matam os filhotes de outras fêmeas e até os comem, o que horrorizou Goodall.

Mas a situação é mais complexa do que isto. Entre nossos parentes mais próximos não temos apenas uma, mas duas espécies igualmente aparentadas. Os chimpanzés são apenas uma delas. A outra são os bonobos. Menores e restritos a uma pequena área florestal no Congo, os bonobos vivem numa sociedade matriarcal, altamente pacífica e sexualizada, sem lutas entre bandos ou agressões entre os indivíduos do mesmo grupo. Compararmo-nos aos chimpanzés apenas seria anti-natural, assim como adotar os bonobos e rejeitarmos os chimpanzés.

Os violentos chimpanzés ou os sensuais bonobos. Qual se aproxima mais do humano primitivo? Em números absolutos os humanos atuais matam muito mais seus semelhantes do que nossos antepassados. Só no conflito entre Israel e Palestina no início do ano foram mais de 1300 mortos. Numa proporção, porém, aproximadamente 2% das mortes nas sociedades modernas deve-se a guerras (incluiu-se aí a I e a II guerras mundiais), já entre os Ianomâmi da Amazônia, quase 40% das mortes devem-se a guerras, segundo Keeley, 1996.

O debate vai longe com argumentos adicionando-se do lado do bom selvagem ou da natureza vermelha em garras e dentes, talvez pertença mesmo mais à filosofia do que às ciências. Independente da nossa natureza, o que importa é como faremos para tornar nossa sociedade mais pacífica.


R.I.P., Mr. Travis

R.I.P., Mr. Travis


Migração

Aqui no Mato Grosso de vez em quando somos brindados por um bando de aves migratórias de passagem. Inúmeras espécies usam o pantanal como sítio de invernagem, onde têm um clima mais ameno (bota ameno nisso) para os meses mais frios do ano em seu habitat costumeiro. Uma dessas espécies, classificada como em risco de extinção, são os maçaricos esquimós Numenius borealis que vêm do extremo sul do continente americano e passa os meses de maio a setembro por aqui, quando o pantanal está mais seco e cheio de alimento dando sopa.


Um outro migrador como eu: Maçarico esquimó Obtido em: www.fiocruz.br

Um outro migrador como eu: Maçarico esquimó Obtido em: www.fiocruz.br


Migração é isso aí. Se um habitat está disponível e oferece melhores oportunidades do que aquele em que você se encontra o trabalho que a mudança dá é pago pelo que se encontra do outro lado da migração. É por isso que o Ciência à Bessa está de e-malas prontas para migrar para o Science Blogs Brasil. O Science Blogs é o melhor condomínio de Blogs científicos do mundo, tem uma longa história de divulgação científica de alta qualidade e inserção em diversos canais como uma revista própria, a SEED. O Lablogatórios foi um excelente habitat para meus primeiros meses de existência, poderia ficar no Lablogs para sempre. Mas já que tem um habitat cheio de oportunidades para explorar, ganhar visibilidade, excelentes novos companheiros para conhecer e melhorar sempre o nível do que vocês lêem, diga ao povo que eu parto. Nos vemos no www.scienceblogs.com.br/bessa.

Dear Mr. Darwin

Dear Mr. Darwin,

 

Hoje, no seu ducentézimo aniversário eu lhe escrevo para felicitá-lo. Alguns me chamariam de louco ou até traidor. Escrever assim a um morto seria trair o ceticismo científico sugerindo uma alma imortal. Não é essa a questão. Idéias garantem a imortalidade, não almas. E a sua, meu caro, é uma baita idéia.

Estou emocionado com seu prestígio, que nada tem a ver com cerâmicas azuis ou ferrovias. Hoje você é mencionado em mais campos de estudos do que você poderia imaginar com seus diversos interesses. Quem diria que Mme. Bovary seria analisado sob o prisma da evolução! Por todo o mundo hoje chegam homenagens a você, espero que tenha tempo de ler essa tão singela carta.

Pessoalmente só queria deixar você tranquilo. Nas disciplinas que estou lecionando sempre faço menção a você, enaltecendo a evolução como o mecanismo maravilhoso que é. Não que não encontre resistências. E não é com sua autoridade que pretendo quebrar essas resistências, mas com a clareza de pensamento que te levou a essa incrível teoria. Permaneço de olhos atentos a revisões da sua idéia, e têm sido muitas, embora nenhuma desmentindo-a, apenas acrescendo-lhe de valor e significado.

Charles, novamente meus parabéns. Fique descansado que por aqui estamos dando prosseguimento ao seu trabalho. E o que nos carece em genialidade tentamos manter com esforço. Feliz aniversário e obrigado por tanto que nos ofereceu.

 

Yours

 

E. B.

Manchetes comentadas 12 – Jovens marcam brigas de rua pela internet


obtido em www.mtv.com.br

obtido em www.mtv.com.br

No último dia 6 de fevereiro um grupo de adolescentes de Brasília foi preso enquanto participava de uma briga marcada pela internet. Na matéria televisiva repórteres e policiais dizem-se chocados com tanta violência. Eu não. Matérias desta natureza logo fazem soar para mim a sirene das bases do comportamento.

O comportamento animal (de qualquer animal, nós inclusive) deve-se a basicamente dois fatores: culturais e biológicos. Os fatores culturais seriam as experiências pretéritas, a educação em todos os aspectos e as recompensas recebidas durante a vida. Os fatores biológicos referem-se a como nosso corpo reage de forma programada geneticamente, mediado por hormônios e órgãos. A adolescência tem componentes explosivos para a violência tanto no aspecto cultural quanto no biológico.

Biologicamente a adolescência é o momento em que o organismo masculino, por ação de um hormônio do hipotálamo chamado GnRH, produz pela primeira vez em grande volume a testosterona nos testículos. A testosterona tem diversos efeitos no corpo: produção de pêlos, aumento da musculatura, produção de sêmen são exemplos. Mas também exerce efeitos comportamentais. Entre eles estão a pulsão sexual típica do adolescente. Está também um aumento da agressividade, seja contra pais, professores ou outros jovens. A testosterona é o hormônio da violência. Que o diga as vítimas de frequentadores de academias que fazem uso de anabolisantes, que nada mais são do que miméticos da testosterona.

Tempestade Hormonal Obtido em www.g1.com.br

Jane Goodall é uma cientista inglesa que mora há mais de 40 anos com chimpanzés na reserva de Gombe, Tanzânia. Logo no início de suas pesquisas ela identificou um momento na vida dos chimpanzés em que eles tornavam-se agressivos com outros jovens, expulsando-os com galhos e pedras ou entrando em agressão direta em lutas bastante atrozes. Estes jovens muitas vezes até tentavam destituir o líder do bando apoiado por outros que se uniam a ele, numa tentativa geralmente ridícula contra um macho muitas vezes maior e mais forte.

Jane Goodall (à esquerda, nunca é demais reforçar) Obtido em: www.famousscientists.com

Jane Goodall (à esquerda, nunca é demais reforçar) Obtido em: www.famousscientists.com


Pelo lado mais cultural, a adolescência é o momento da socialização. O rapaz sai mais constantemente de casa, faz amizades e integra pequenos grupos. O pertencimento a determinado grupo está relacionado a ouvir as mesmas músicas, praticar os mesmos esportes, vestir as mesmas roupas e… odiar os mesmo inimigos. Dessa forma, a coesão do grupo é proporcional à sua capacidade de isolar integrantes de outros grupos, às vezes pela agressão. A ação agressiva resulta numa recompensa em aceitação social pelos colegas, tudo o que um adolescente mais precisa. Assim, o comportamento fica estimulado a repetir-se não só naquele indivíduo como em outros que também busquem aceitação no grupo. Se não há uma punição severa para reprimir o comportamento o ciclo torna-se vicioso.

Eu cresci em Brasília e acho que tenho um pouco, se não de autoridade, de experiência para falar disso. Com a maior parte da população em empregos públicos recebendo bem e com suas ruas seguras, pelo menos no Plano Piloto, Brasília oferece a seus jovens uma grande oportunidade de socializar-se. Muitas vezes esses jovens não têm pais muito presentes devido ao trabalho, muitas vezes essa ausência é compensada financeiramente, mas com poucas regras. Muitas vezes os jovens confiam tanto no status de seus pais que acham que estão acima das regras sociais e seus reguladores, como a polícia. Temos aí uma combinação perigosa.

Antes de terminar vale lembrar. Ser fisiologicamente e socialmente explicável não implica em aprovação ou compreensividade. Talvez implique em uma solução, jamais em uma desculpa. 

 
 

 
 

 

O curioso caso de Turritopsis nutricula

Ao Lucas, envelhecendo hoje e minha boa companhia de cinefilia

disponível em www.benjaminbutton.com
Ontem fui ao cinema assistir O curioso caso de Benjamin Button. Gostei do filme, bons atores, bom roteiro. Segundo a sinopse do Globo o filme conta “a história de um homem que nasce com 80 anos e, com o passar do tempo, vai rejuvenescendo, incapaz de parar o tempo”.
Me fez lembrar um artigo sobre uma água-viva capaz de reverter seu envelhecimento após acasalar e voltar à sua forma juvenil. Turritopsis nutricula.
obtido em: www.ville-ge.ch
O padrão da reprodução em hidrozoários, o grupo que inclui Turritopsis nutricula, é o seguinte: Os ovos fecundados passam por um desenvolvimento embrionário que culmina numa larva minúscula e ciliada. Estas larvas encontram um substrato no mar e se fixam, desenvolvendo-se em um pólipo. O pólipo é a segunda fase do desenvolvimento, lembra grosseiramente uma arvorezinha. No que seria seu caule podem formar-se brotos e o pólipo se reproduz assexuadamente, mas nunca ocorre reprodução sexuada. Nas extremidades, porém, formam-se medusas, a forma mais conhecida da água viva parecida com uma tigela de ponta-cabeça e com tentáculos nas bordas. Em biologia define-se como adulto um organismo que produza espermatozóides e óvulos. Nesse caso, a medusa é a forma adulta dos hidrozoários. No interior da dita tigela formam-se gônadas que liberam óvulos e espermatozóide na água do mar. Após o sexo a medusa tem o bom senso de morrer. No mar ocorrerá a fecundação e recomeça o desenvolvimento embrionário e a larva, fechando o ciclo.
ciclo de vida do hidrozoário Obelia obtido em: www.palaeos.com

Ciclo de vida de Obelia sp. um hidrozoário obtido em: www.ville-ge.ch
Turritopsis nutricula faz uma mágica biológica. Depois de liberar seus gametas a medusa reverte seu processo de envelhecimento e retorna para sua forma juvenil. Um Benjamin Button real! Este processo foi chamado de transdiferenciação e ocorre de forma muito parecida com o envelhecimento normal. Um dos mecanismos mais usados neste processo é a apoptose, um suicídio celular programado. Aparentemente o processo de envelhecer e rejuvenescer pode acontecer ad infinitum, tornando o organismo virtualmente imortal.
A dinâmica das populações depende de quatro fatores principais: nascimentos, mortes, imigrações e emigrações. A primeira e a terceira aumentam as populações, a segunda e a última diminuem. Uma espécie imortal tenderia a uma explosão populacional que a forçaria a emigrar e colonizar novos ambientes. É isso que está acontecendo com Turritopsis nutricula, espalhando-se pelos mares do mundo.
Na verdade, rejuvenescer não deveria ser nada tão difícil. Nossas células carregam o mesmo material genético de todas as células e este não muda, salvo alguns detalhes que não devem interferir no nosso caso, ao longo do tempo. Assim, o DNA da Turritopsis nutricula tem as instruções para produzir tanto a medusa quanto o pólipo. O DNA da borboleta tem as instruções para produzir, não só a borboleta, mas a lagarta. No nosso DNA tem instruções para produzir tanto colágeno, que mantém a pele elástica e sem rugas, aos 80 anos quanto aos 8, estas instruções só não serão lidas. O que Turritopsis faz é voltar a traduzir os genes que codificam para o pólipo e deixar de traduzir os da medusa.
Na teoria muito simples, na prática é que a coisa pega. Isto tem carregado uma grande quantidade de pesquisadores a se interessarem por essas medusinhas de 5 mm numa corrida pelo elixir da juventude. No final todos querem saber como retroceder o relógio do tempo.

As bases biológicas do comportamento

Nada como o cheiro das páginas abertas pela primeira vez. O ruido baixo das folhas se desgrudando umas das outras, o odor da tinta gráfica e do papel virgem. Mas se os preços dos livros de verdade aproximam-se cada vez mais do proibitivo para você, um e-book, ou livro eletrônico, pode bem vir a calhar.

O CNPq abriu um canal para aqueles autores de livros científicos que acreditam que conhecimento não tem dono e deve circular livremente por aí. Um desses autores é Marcus Lira Brandão, professor da USP Ribeirão, que disponibilizou a versão revisada de sua obra “As bases biológicas do comportamento”. O livro é uma compilação de artigos de diversos autores e torna a neurociência um terreno menos árido para os que o têm como guia. Eu, que já sou fiel a esse título desde sua versão impressa, acho o livro o melhor do assunto em português, sempre passo alguns capítulos para meus alunos ingressantes no LECR (Laboratório de Ecologia Comportamental da Reprodução, onde trabalho na UNEMAT).

No mesmo espaço o Prof. Kleber Del-Claro, da UFU, ofereceu outro livro na área de comportamento animal. Introdução à Ecologia Comportamental é a transformação em livro daquele professor que te instiga a saber mais e adorar as aulas. Mais uma leitura indispensável aos meus discípulos que está gratuita online.
Para os interessados e ainda não iniciados, alguns outros canais oferecem muitíssimos títulos nas mais diversas áreas gratuitamente online. São exemplos o Projeto Gutemberg, a e-book cult e o Domínio Público, montado pelo governo federal.

Pensamento de segunda

“A grande tragédia da ciência – a destruição de uma linda hipótese por fatos terríveis.” (Thomas Huxley)