Brasil Ameaçado-Preá (Cavia intermedia)

Um preá ameaçado de extinção (Imagem: Nina Furnari)

Um preá ameaçado de extinção (Imagem: Nina Furnari)

Apesar da fama de se reproduzirem desembestadamente, nem todas as espécies de preás gozam de populações enormes. Muito pelo contrário, aliás. Cavia intermedia recebeu o título de mamífero mais raro do mundo devido à sua distribuição extremamente restrita, ocorrendo apenas nas ilhas Moleques do Sul, 10 km ao sul de Florianópolis, que tem 4 hectares. Estimativas populacionais de 2005 sugerem a existência de apenas cerca de 40 animais adultos. Sabemos muito pouco sobre a ecologia dessa espécie, mas parece que eles se alimentam de gramínias em grupos relativamente grandes (até 17 animais), subdivididos em duplas fixas como mãe e filhote. Esses animais se comunicam usando assovios característicos e medem 25 cm, pesando pouco mais de meio quilo. Apesar de seu hábitat estar incluso numa unidade de conservação, a presença humana na ilha não é controlada pelo ICMBio por falta de pessoal e verba. Turistas acampando, introduzindo espécies exóticas e até caçando ali são a principal ameaça a esses preás. Portanto, você pode ajudar Cavia intermedia não colocando os pés no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro na ilha Moleques do Sul (Correção da Nina Furnari que nos informa que tem uma parte do Parque que é continental e merece uma visita). Há um bom motivo para o acesso humano ser proibido.

Brasil ameaçado-tubarão dente liso (Carcharhinus isodon)

Somos uma ameaça até para os ameaçadores tubarões. (Imagem: C. Barret/fishbase.org)

O tubarão dente liso vive em grandes cardumes, alimentam-se de peixes ósseos e distribuem-se próximo à costa desde os Estados Unidos até o Uruguai. São tubarões vivíparos, nos quais os filhotes se nutrem através da placenta da mãe. No momento da cópula o macho segura a fêmea mordendo seu dorso, o que torna fácil identificar a estação reprodutiva ao ver fêmeas com marcas de mordidas nas costas. Seus dentes são mais afilados do que os outros tubarões, também não possuem serrilhado nas margens. Não existem relatos de ataques dessa espécie contra humanos. A recíproca, no entanto, não é verdade. Nos Estados Unidos, o pico de capturas aconteceu em 1999, quando mais de cem toneladas desse animal foram mortos e vendidos. Não encontrei uma estatística confiável para as capturas dessa espécie no Brasil, mas sua inclusão na lista do ICMBio deve reduzir a pressão pesqueira. O problema é que as fêmeas dessa espécie precisam chegar até 1 m de comprimento para reproduzir, o que leva cerca de seis anos. Mesmo assim ela só irá gestar uma média de 3 filhotes a cada 2 anos, tendo grande chance de morrer antes de se reproduzir. Para ajudar o dente liso e diversas outras espécies de tubarões não consuma sopa de “barbatana” de tubarão. Essa duvidosa iguaria oriental estimula a captura de tubarões apenas para amputar suas nadadeiras e descartar o corpo, muitas vezes ainda vivo, do animal no mar.

Brasil Ameaçado – Muriqui (Bra

Grandes, dóceis, caçados frequentemente e ameaçados de extinção. A vida não é justa com os Muriquis. (Foto: Bart vanDorp/flickr.com)

O brasileiro ameaçado dessa semana é o Muriqui do Norte, Brachyteles hypoxanthus. Seu nome em tupi quer dizer “o povo tranquilo das florestas”. Ele é o maior primata brasileiro, pesando até 15 kg. Viaja pelas copas das árvores usando os membros, mas também a cauda preênsil muito habilidosa, alimentam-se de frutos, folhas e flores. Habitam florestas de altitude, a maior população livre hoje fica em Minas Gerais. Também existem macacos dessa espécie se reproduzindo em cativeiro no Rio de Janeiro. Eles estão criticamente ameaçados de extinção tanto pela mais recente lista do ICMBio quanto pela IUCN, principalmente devido à fragmentação da mata atlântica onde habitam. Outro problema recorrente é a caça desses animais, que dizima as populações encurraladas em pequenos fragmentos. O Muriqui é uma das 35 espécies mais ameaçadas do mundo. Para ajudar a preservar o Muriqui você pode incentivar a criação de corredores ecológicos conectando fragmentos ilhados por áreas desmatadas, em especial se viver no Rio de Janeiro, Minas, Bahia ou Espírito Santo. Uma forma de fazer isso é através de Reservas Particulares com reflorestamento.

Brasil Ameaçado – Jararaca de Alcatrazes (Bothrops alcatraz)

Jararaca de Alcatrazes, ameaçadora, mas só se você teimar em entrar em sua ilha sem a autorização do ICMBio. (Foto: ufmg.br)

Parece mentira, mas até animais ameaçadores estão na lista das espécies ameaçadas pelo bicho homem. A Jararaca de Alcatrazes, Bothrops alcatraz, é endêmica (restrita) à ilha de Alcatrazes, no litoral de São Sebastião, São Paulo. Ela mede cerca de meio metro e tem o hábito de subir em árvores e se alimenta de lagartos e artrópodes. Seu veneno é dez vezes mais forte do que o de outras jararacas, causando paralização nervosa (dos receptores neuronais colinérgicos) e toxicidade ao músculo. Mesmo assim, aplicações medicinais da toxina têm sido estudadas. A espécie é considerada ameaçada devido à sua distribuição restrita em uma área de cerca de 10 km², sendo que a ilha vinha sofrendo com exercícios de guerra da Marinha. Para proteger a jararaca de Alcatrazes você deve respeitar as regras de gerenciamento ambiental de unidades de conservação, em especial os parques marinhos. Outra dica é ir treinar tiro ao alvo com simuladores em vez de destruindo paredões de granito com dinheiro público.

Brasil Ameaçado-Cuíca de colete (Caluromysiops irrupta)

Cuíca de Colete: tímida ou ameaçada? (imagem: agriculturaeambiente.com.br)

Esse simpático marsupial é conhecido como cuíca de colete. Cuícas e gambás são marsupiais sul-americanos, parentes frequentemente esquecidos dos cangurus, coalas e tantas outras espécies de marsupiais australianos. Sua situação é controversa, tendo deixado a lista vermelha da IUCN em 1996, já que a instituição entendeu que a espécie é raramente registrada não por ter uma população pequena, mas porque tem hábitos de vida tímidos, sendo noturna, vivendo apenas em florestas virgens e nunca descendo do alto das árvores. No Brasil, no entanto, o ICMBio preferiu ser conservador, até porque essa espécie no Brasil está vendo seu habitat ser esfacelado pelo avanço da pecuária extensiva. Nos países vizinhos onde essa cuíca também ocorre, por exemplo o Peru, é provável que suas populações estejam mais saudáveis. Alimentam-se de pequenos animais, frutos e néctar, este último o torna um dos poucos mamíferos polinizadores que não voam. Possuem uma cauda preênsil e são relativamente grandes, pesando o dobro da média das espécies próximas (450 g). Quer ajudar a Cuíca de colete? Procure comprar apenas carne com selo verde, cuja produção não decorre de desmatamento mais atual.