A Saúde Pública vai mal, obrigado… (e não é no Brasil!)

Enquanto que todas as atenções do mundo científico se voltam para a inauguração do LHC, outras coisas mais comezinhas passam despercebidas… Só que o caso é sério, o risco é enorme e ninguém está dando a devida atenção à coisa.

O Times de Londres publica, em sua edição on-line, a seguinte notícia: «Os “superbugs” levam os hospitais a sua última linha de defesas». (Os “superbugs” são cepas de bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos — veja, por exemplo, a terceira matéria do PressPac da ACS de 3 de setembro). Algumas são velhas conhecidas, como a popular Escherichia coli, que todos nós carregamos dentro de nossos corpos. Algumas vezes, elas se misturam à corrente sanguínea e causam infecções (tais como pneumonias) extremamente graves. Pois bem: na Grã-Bretanha, os casos de E. coli resistentes a antibióticos triplicaram entre 2000 (4%) para 12% em 2006 — em números absolutos, estamos falando de 2.400 casos em um total de 20.000. Apesar do número de casos onde “superbugs” manjados, como as MRSA, os “Estafilococos Dourados”, mencionados na matéria do PressPac, ter diminuído — graças a um maior controle, onde já se usa antibióticos fortíssimos — são as pragas do dia-a-dia que preocupam, já que sua ocorrência é mais corriqueira e a detcção de uma cepa resistente é mais difícil.

E não é só isso… A gente, aqui no Brasil, está saindo no tapa com o Ædes Ægipti por causa da dengue… Nos EUA a “praga da vez” são os “bed bugs”… nossos conhecidos percevejos. A grande mídia não noticia, mas correspondentes meus nos EUA confirmam que as infestações estão cada vez mais freqüentes e as medidas de combate, cada vez mais radicais. Imagine voltar das férias e descobrir que seu apartamento está lacrado, com todos os seus pertences enfiados em sacos plásticos (do tipo de embalar lixo) e tão saturados de inseticida que você tem que mandar todas as suas roupas (sapatos, inclusive) para a lavandeira, enquanto simplesmente joga fora o sofá… Foi o que aconteceu com um deles.

É sempre bom lembrar que a Pandemia da “Gripe Espanhola” começou no quartel de Camp Funston, Missouri, onde se misturavam galinhas e porcos, com soldados que se apresentavam para o treinamento para a 1ª Guerra Mundial. Lá, o H1N1 arrumou um jeito de se transformar de uma gripe aviária para uma gripe suína, e, uma vez que o organismo dos porcos é o mais semelhante ao humano em diversas coisas, virou a Pandemia mais mortífera que o mundo conheceu. O H5N1, por enquanto, é apenas aviário… por enquanto!

Com a “qualidade” da saúde pública do tão decantado “Primeiro Mundo” sendo a porcaria que é (não só em termos de controle de vetores — na semana passada, o EurekAlert tinha quatro ou cinco artigos criticando o uso indiscriminado de Tomografias e Ressonâncias Magnéticas para a diagnose do câncer de mama, demonstrando com dados estatísticos que não só falsos diagnósticos provocam cirurgias desnecessárias, mas o hábito de pedir um “PET Scan” acaba retardando o início do tratamento de casos precocemente detectados — em suma: a tecnologia usada indiscriminadamente está mais atrapalhando do que ajudando…), eu não tenho dúvidas de que, em breve, estaremos a braços com Pandemias totalmente fora de controle.

Isso, se uma (já prevista e até usada com tema do filme “O Dia Depois de Amanhã”) inversão da Corrente do Golfo não atolar os arrogantes “primeiro-mundistas” em metros de neve e gelo… A previsão é de que a Calota do Polo Norte atinja um novo recorde negativo neste ano…

(Mexendo em casa de marimbondos…) Mulheres x Ciências Exatas

Essa veio via EurekAlert…
University of Wisconsin – Milwaukee

Levantando as razões pelas quais muitas meninas evitam ciências e matemática

O trabalho da pesquisadora da UWM é dirigido a acabar com o êxodo das mulheres nas carreiras “STEM” (Science, Technology,  Engineering, and Mathematics)


Nadya Fouad, psicóloga vocacional e Distinguished Professor na UWM, é uma das autoras de um novo estudo sobre o que leva as meninas a se afastarem das ciências e da matemática, durante seus estudos.(Foto de Alan Magayne-Roshak, UWM)


A maior parte dos pais e vários professores acreditam que, se meninas no primeiro e segundo graus escolares não demonstram interesse algum em ciências ou matemática, pouco se pode fazer acerca disto.
Uma nova pesquisa feita por uma equipe que inclui psicólogos vocacionais na Universidade de Winsconsin-Milwaukee (UWM) indica que a auto confiança instilada pelos pais e professores é mais importante para que as meninas aprendam ciências e matemática do que seu interesse inicial.
Muito embora o interesse seja, certamente, um fator que motiva as meninas mais velhas a estudar e obter uma graduação nessas disciplinas, se deveria dar mais atenção a dar confiança em suas habilidades, durante os primeiros estágios de seus estudos, diz a Distinguished Professor Nadya Fouad. Ela é uma dos autores de uma pesquisa de três anos direcionada a identificar os apoios e as barreiras que conduzem as meninas a se interessarem ou não por ciência e matemática durante seus estudos.
“O relacionamento entre autoconfiança e interesse é estreito”, diz Fouad. “Se elas sentem que podem fazê-lo, isso alimenta seu interesse”.
Esta é uma questão de alta prioridade para membros de organizações tais como a National Science Foundation (NSF) — Fundação Nacional de Ciências — e o National Research Council — Conselho Nacional de Pesquisas — que estão preocupados com o número rapidamente declinante de mulheres nas, assim chamadas, carreiras “STEM”  (science, technology, engineering and math) —(ciências, tecnologia, engenharia e matemática).
Muitos jovens estudantes, particularmente meninas, vêem matemática e ciências como “difíceis” e não freqüentam uma aula a mais do que o estritamente necessário, sem perceber que estão se afastando de boas oportunidades nos cursos superiores e carreiras.
A pesquisa patrocinada pela NSF – o mais detalhado estudo sobre este tópico – foi fundo para identificar os fatores específicos que poderiam acabar com o interesse.
“Nos últimos 20 anos, houve todo um trabalho para incentivar o interesse das meninas. Mas eu não acho que seja esse o problema”, diz Fouad, cuja pesquisa encontrou indícios de que os níveis de autoconfiança em tarefas relacionadas com matemática e ciências são menores para meninas do que para meninos.
Complexidade
O estudo rastreou meninas e meninos no ensino médio e no segundo ano de faculdade em Milwaukee e em Phoenix, com o objetivo principal de localizar quando as barreiras para as meninas aparecem e qual é sua influência. Os co-autores incluem Phil Smith, Professor Emérito de Psicologia Educacional da UWM e Gail Hackett, Vice-Reitor na Universidade de Missouri–Kansas City.
O estudo descobriu que autoconfiança não é o único fator importante para as meninas. Os resultados apontam uma questão mais complexa, diz Fouad. Para começo de conversa, não se pode msiturar matemática e ciências em um mesmo saco, ao se projetar intervenções, porque os pontos de apoio e as barreiras para cada disciplina não são os mesmos.
“Também existem diferenças em cada nível de desenvolvimento e outras diferenças entre os gêneros”, diz ela. Isso significa que as intervenções têm que ser moldadas para cada subgrupo específico.
No geral, no entanto. o apoio dos pais e suas expectativas aparecem como o mais forte ponto de apoio em ambos os assuntos e gêneros para os estudantes do ensino médio. Para as meninas, também é um estímulo poderoso professores que estimulem os alunos e as experiências positivas com estes.
O estudo confirma que os velhos estereótipos demoram a morrer. Tanto meninas como meninos percebem que os professores acham que os meninos são mais fortes em matemática e ciências. Para os meninos, isto é um estímulo, enquanto que para as meninas, isto é uma barreira.
As principais barreiras para todas as faixas etárias e disciplinas eram a ansiedade perante os exames e a dificuldade do assunto. Mas mesmo estas eram diferentes para meninos e meninas. Além disso, os gêneros formavam suas percepções subjetivas de matemática e ciências com base nas barreiras e pontos de apoio, mas freqüentemente chegavam a visões diferentes.
No fim das contas, e a percepção, mais do que a realidade, que afeta as escolhas acadêmicas e de carreira de uma pessoa, diz Fouad.
Alvo escolar
Esta é a mensagem que se tira de suas mais de duas décadas de trabalho. Ela própria na quarta geração de professoras universitárias, Fouad estuda avaliações vocacionais interculturais, desenvolvimento de carreiras de mulheres e minorias, e os fatores que levam essas pessoas a escolher certas carreiras.
Ela e Smith estavam entre as primeiras equipes de pesquisadores a apoiarem empiricamente um modelo que identificava o papel proeminente da autoconfiança e expectativa de resultados na predição dos interesses por carreiras.
O próximo passo do estudo da NSF sobre as meninas, matemática e ciências, é examinar o rlacionmento entre as barreiras e os pontos de apoio, e a partir daí, incluir as mulheres que não estão trabalhando nesses campos, a despeito de terem a formação acadêmica em matemática ou ciências. Fouad recebeu financiamentos da UWM para este projeto e acaba de receber meio milhão de dólares para se focalizar nas mulheres na engenharia.
Em âmbito nacional, 20 % dos formandos em engenharia são mulheres, diz ela, mas somente 11 % dos engenheiros são mulheres. Sua pesquisa irá explorar esta lacuna.
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Observação do tradutor: esses dados se referem às condições nos EUA e eu acredito que, no Brasil, os dados sejam ligeiramente diferentes, bem como os “pontos de apoio e barreiras” mencionados no artigo. Eu também gostaria de receber alguns comentários de nossas cientistas sobre o assunto, com suas visões pessoais.>/p>

Essa escapou do “Improbable”…

Via EurekAlert, uma notícia que merecia (ou será que não?…) estar nos Anais da Pesquisa Improvável.
Cientistas da Caltech descobrem porque moscas são tão difíceis de apanhar

PASADENA, Calif.  — Nas duas últimas décadas, Michael Dickinson tem sido entrevistado por centenas de repórteres acerca de sua pesquisa sobre a biomecânica do vôo dos insetos. Uma pergunta da imprensa sempre embatucou ele: Por que as moscas são tão difíceis de pegar?

“Agora eu posso finalmente responder”, diz Dickinson, o Esther M. and Abe M. Zarem Professor de Bioengenharia no Instituto de Tecnologia da Califórnia (California Institute of Technology – Caltech).

Usando imageamento digital de alta velocidade e alta resolução de moscas de fruta (Drosophila melanogaster) confrontadas com um mata-moscas em posição ameaçadora, Dickinson e a estudante de pós-graduação Gwyneth Card descobriram o segredo da manobra evasiva da mosca. Muito antes da mosca decolar, seu pequeno cérebro calcula a posição da ameaça iminente, traça um plano de fuga e posiciona suas pernas em uma posição otimizada para saltar para fora de seu curso, na direção oposta. Toda esta ação ocorre em cerca de 100 milissegunods desde que a mosca percebe o mata-moscas.

“Isto ilustra o quão rápido o cérebro da mosca pode processar as informações sensoriais em uma resposta motora apropriada”, declara Dickinson.

Por exemplo, os vídeos mostraram que o mata-moscas descendente — na verdade um disco preto com 14 cm de diâmetro, caindo em um ângulo de  50° na direção de uma mosca colocada no centro de uma pequena plataforma — vem da frente da mosca, a mosca move suas pernas do meio para a frente e se inclina para trás, então se ergue e estende suas pernas para saltar para trás. Entretanto, quando a ameaça vem de trás, a mosca (que tem um campo de visão próximo de 360° e pode ver atrás de si) move suas pernas do meio um pouco para trás. Com uma ameaça lateral, a mosca mantém suas pernas do meio estacionárias, mas inclina todo seu corpo na direção oposta, antes de saltar.

“Também descobrimos que, quando a mosca traça os movimentos que antecedem a decolagem, ela leva em conta a posição de seu próprio corpo na hora em que percebe a ameaça”, diz Dickinson. “Assim que ela percebe uma ameaça se aproximar, o corpo da mosca pode estar em qualquer postura, dependendo do que ela estiver fazendo na hora: se esfregando, comendo, andando ou fazendo corte. Nossas experiências mostraram que a mosca, de alguma forma, ‘sabe’ se precisa adotar mudanças de postura grandes ou pequenas para chegar à posição ideal para a decolagem. Isto significa que a mosca tem que integrar a informação visual que vem de seus olhos e diz de onde vem a ameaça, com a informação sensório-mecânica vinda de suas pernas, que diz como se mover para alcançar a posição de decolagem ideal”.

Os resultados fornecem um novo enfoque sobre o sistema nervoso da mosca e sugere que, dentro do cérebro da mosca, existe um mapa onde a posição da ameaça iminente “é transformada em um padrão apropriado de posicionamento das pernas e corpo antes da decolagem”, afirma Dickinson. “Esta é uma transformação sensório-para-motor razoavelmente sofisticada e a pesquisa prossegue para descobrir em que parte do cérebro onde isso acontece”, diz ele.

A pesquisa de Dickinson também sugere que existe um processo ideal para realmente pegar uma mosca. “è melhor não apontar para a posição inicial da mosca; melhor apontar um pouco à frente para antecipar para onde a mosca vai saltar quando perceber seu mata-moscas”. diz ele.

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O artigo, “Visually Mediated Motor Planning in the Escape Response of Drosophila“, será publicado em 28 de agosto no periódico Current Biology.

A pesquisa foi financiado pelo Instituto Nacional de Saúde e a Fundação Nacional de Ciências.

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Observação do tradutor: e macacos me mordam se o Pentágono não está por trás disso…

Atualizando em 31/08/2008:

Traduttore, traditore… Os termos usados no original são “swat” e “fly-swatter”. “Swat” é “esmagar com um golpe” (grande demais e eu não encontrei um verbo em português que transmitisse a idéia original… aceito sugestões).

E, após uma noite de sono, me lembrei que as pesquisas de Dickinson poderiam ter sido grandemente abreviadas se ele conhecese o trabalho empírico de dois amigos de juventude meus (que – não por coincidência – se pós-graduaram na  primeira turma de Biofísica da UFRJ…), Arnaldo e Paulo Paes de Andrade. A abordagem deles era simples: se aproximar da mosca com as duas mãos, igualmente espaçadas, pelas laterais, e bater palmas pouco acima do lugar onde a mosca estava pousada. Infalível…

Certo, mas pelos motivos errados…

Eu não aprendo nunca!… Eu insisto em denunciar as segundas intenções escondidas em diversas medidas governamentais “para a defesa do cidadão”, mas ninguém me leva a sério.  E, como sempre, me vem com estatísticas… Esquecem que “existem mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas”.

A troco de que eu estou resmungando?… Pelos seguinte: a Ana Cláudia Bessa postou uma excelente matéria no Futuro do Presente, incentivando as pessoas a usarem mesmo o cinto de segurança dos carros. É claro que ela está certa! As benditas estatísticas – realizadas pelas maiores interessadas: as Seguradoras – comprovam que a maioria dos acidentes com vítimas ocorre próximo da residência, do local de trabalho, do mercado, enfim: de um local que o  motorista conhece “como a palma da mão” e por isso relaxa na atenção. Esses acidentes, normalmente ocorrem a baixas velocidades, inferiores a 60 km/h. Nessas velocidades, o cinto de segurança é eficaz. Acima disso, já é recomendável um air-bag

Pois é… Eu caí na asneira de comentar que a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança é uma legislação (nem isso é: o CONTRAN não é “Poder Legislativo”…) hipócrita, safada e beneficia, principalmente, as Seguradoras e a “indústria de multas”. Choveu pedra!… 🙁

Caso seguinte: existem diversos casos de transeuntes inocentes que são atingidos por “balas perdidas”. Vamos tornar obrigatório o uso de coletes a prova de balas?… Todos os dias, pessoas são feridas por objetos que caem de prédios: vamos tornar obrigatório o uso de capacetes de proteção?…

Recentemente, realizaram um plebiscito para decidir se proibiam ou não a comercialização de armas de fogo. Muita gente lamentou o resultado negativo, atribuindo a “culpa” à ausência do poder público na proteção do cidadão. É mesmo?… Então, se mirem no exemplo de um país onde nem a polícia anda armada.

Esse negócio de “eu não gosto, portanto você não pode”, está começando a virar desculpa para falta de educação e grosseria, disfarçada de “política-ou-ecológicamente correto”. Eu que sou gordo e tabagista, tenho ouvido as maiores grosserias de gente “bem-intencionada, que está falando para seu bem”… Não adianta eu só fumar em ambiente aberto e longe das pessoas: sempre aparece alguém, de passagem, e reclama… Alguns vão mais longe e começam a me avisar: “olha o enfarte!…” (e eu abro a camisa e mostro a cicatriz da operação das 4 pontes…) Cara!… Cigarro mata! Eu sei! Mas aporrinhação mata também!… (Antes que alguém lembre: eu controlo meus pulmões e eles vão muito bem, obrigado!… podiam estar melhores, mas eu sou tabagista há 44 anos).

Mas, voltando à vaca fria, o bendito cinto de segurança… Eu me pergunto: se há toda essa preocupação com a segurança das pessoas em geral, por que se permite que passageiros andem em pé nos transportes coletivos?… Ônibus, trem, metrô, bate e freia bruscamente, também… Só que o Zé Mané que anda neles não tem seguro! Então, pode… Mas, se o passageiro de um carro soltar o cinto para apanhar alguma coisa perigosa que caiu no assoalho do carro e “seu guardinha” notar, tome uma multa! (Até me interpelaram: “você solta o cinto com o carro em movimento?”… Solto, sim!… e também ando em pé em ônibus… o perigo é o mesmo, se não for menor). Pombas!… Também é proibido andar com o carro sem pneu sobressalente… Aí, seu pneu fura; você troca. Até você chegar a uma borracharia e consertar o pneu furado, está “fora da lei”! Legal, né?… Se “seu guardinha” te pegar na “blitz”, não é obrigado a acreditar que você está mesmo indo a uma borracharia (e dou minha cara a tapa se todo o mundo vai direto para uma, assim que troca um pneu…) E vai ser mais “engraçado”, ainda, se o pneu tiver furado por causa de um buraco na rua…

Usar o cinto de segurança é correto?… Depende… Você tem air-bags no seu carro?… Se tem, explica isso para “seu guardinha”… Não vai adiantar nada: o uso do cinto é obrigatório. Você está no meio de um enorme engarrafamento, parado como uma lesma reumática, mas devidamente atrelado pelos arreios obrigatórios. (não atenda o celular!… Se “seu guardinha” vir você com o celular na mão – mesmo que seja para andar aqueles 15 cm a cada 15 min – tome uma multa!… Se você tem um bluetooth, tudo bem… celular com bluetooth não “distrai” o motorista…)

E, para por a cereja em cima do “sundae”, ainda me aparecem com a bendita “Lei Seca”!… “O número de acidentes diminuiu sensivelmente!…” Claro! Por causa da cervejinha que você não tomou?… Ou foi porque tiraram os bafômetros do armário e passaram a fiscalizar?… Não é estranho como brotou bafômetro do nada, quando apareceu a oportunidade de arrecadar mais umas multinhas?…

Se você ainda não se convenceu, me resta pedir para ler esta minha tradução: “Por que pessoas espertas defendem más idéias“… e, já que foi até lá, aproveite e leia também “Pitbulls e outras generalizações erradas“.

Recapitulando: eu sou a favor do uso de cintos de segurança (sempre usei, antes mesmo de ser equipamento obrigatório no carro), mas sou contra a obrigatoriedade. Se as Seguradoras quiserem, ponham uma cláusula no contrato que torne o seguro nulo se as pessoas não estiverem usando o cinto, na hora do “sinistro”. Elas têm dinheiro de sobra (te vendem teu carro de novo, a cada três anos…) e advogados, peritos e, se bobear, até “testemunhas” para isso… E sou totalmente contra a “Lei Seca”: fiscalizar o excesso de álcool já era obrigação das “otoridades” de trânsito. Mas chamar um choppinho de “excesso” é que é excesso.

Você sabe mesmo qual peixe está comprando?

Uma matéria no New York Times de hoje, intitulada “Uma história de pescador com um anzol de DNA”,  (assinada por John Schwartz) diz que, provavelmente, não…

Kate Stoeckle e Louisa Strauss, que concuiram o segundo grau neste ano na Trinity School em Manhattan, realizaram uma pesquisa científica freelance onde checaram 60 amostras de frutos do mar, usando uma técnica simplificada de análise de identificação genética para verificar se os novaiorquinos realmente estão comprando o que pensam que estão comprando.
Elas descobriram que, pelo menos um quarto das amostras de peixe com DNA identificável estavam com rótulos errados. Uma peça de sushi, vendida como a raríssima albacora, se revelou uama tilápia de Moçambique, um peixe muito mais barato e produzida em viveiros. Ovas, supostamente de peixe-voador, era de um peixe comum nos Grandes Lagos (Osmeridae). Diversos outros peixes eram igualmente rotulados erradamente, inclusive contendo peixes de espécies ameaçadas.
O mais impressionante – prossegue o artigo – foi a facilidade com que as estudantes realizaram o estudo. Embora a tecnologia seja de ponta, o fato de que qualquer um pode se valer dela, enviando amostras para um laboratório, significa que essa ferramenta de pesquisa, antes restritas aos PhD e Peritos Criminais, pode passar às mãos de consumidores mais atentos e futuros cientistas, em todos os lugares.
O projeto teve início, bem apropriadamente, depois de um jantar,  há um ano. O pai de Kate, Mark, é um cientista e um dos primeiros a propor o uso da técnica de “código de barras de DNA”, que simplificaria o processo de identificação de espécies. Em lugar de seqüenciar todo o genoma, os “codificadores de barras” examinam um único gene. Apesar de ser um especialista em pássaros, o Dr. Stoeckler admite que costuma falar de trabalho durante as refeições.
Para encurtar a história, elas se valeram da colaboração do estudante de pós-graduação Eugene Wong na Universidade de Guelph em Ontário, onde começou o projeto Fish Barcode of Life (inevitavelmente apelidado de Fish-BOL) que concordou em fazer a análise genética. Ele comparou as amostras enviadas pelas secundaristas com o catálogo global com 30.562 “códigos de barra” que representam perto de 5.500 espécies de peixes (laboratórios comerciais cobrariam uma taxa para realizar os testes).
Trezentos dólares em mercadorias após, as jovens pesquisadoras receberam os resultados da Guelph: 2 dos 4 restaurantes e 6 dos 10 mercados pesquisados tinham vendido peixe com rótulo falso.
Os resultados da pesquisa das senhoritas Strauss e Stoeckle serão publicados na revista Pacific Fishing, dirigida a pescadores profissionais. A quantidade de amostras é pequena demais para servir como indício para uma ação legal contra os comerciantes de peixe de Nova York, mas é pouco provável que os resultados sejam uma mera flutuação estatística.
A experiência serve como um caveat emptor para os consumidores de peixe, principalmente porque as estudantes e seus pais se recusaram a divulgar os nomes dos vendedores, temendo represálias jurídicas. E, como elas mesmo observaram, a falsificação dos rótulos pode ter ocorrido em qualquer parte do processo, desde a pesca, à venda.
O Dr. Stoeckle revelou apenas o nome de um vendedor de peixes, cujos produtos passaram com distinção no teste: Leonards’ Seafood and Prime Meats, na Terceira Avenida. John Leonard, o proprietário, disse não estar surpreso com a aprovação de seus produtos no teste do “código de barras”. “Nós vamos lá e compramos o peixe pessoalmente”, declarou ele. “Nós sabemos o que estamos fazendo”. Quanto à tecnologia, o Sr. Leonard disse:  “é boa para o público”, uma vez que “provavelmente vai deixar os donos de restaurantes e mercados mais ‘na ponta dos pés’ ”.
Nenhuma das duas pretende seguir carreira como cientista. Louisa pretende estudar  História da Arte e Kate está ainda indecisa entre Literatura e Psicologia. Ambas vão iniciar este ano na Universidade Johns Hopkins.
As estudantes trabalharam sob a tutela de Jesse H. Ausubel da Universidade Rockfeller, uma das líderes na técnica de “código de barras de DNA”, que declarou que elas “contribuíram para a ciência global”, adiconando às bases de dados, feitas de uma forma semelhante à WikiPedia, na qual todas as pessoas do mundo podem contribuir. Ele acrescentou que a experiência das estudantes é um retorno à época da curiosidade científica: “Há trezentos anos, a ciência era menos profissionalizada”, comentou ele, e os amadores interessados davam contribuições. “Talvez a roda esteja girando de volta a uma posição onde mais pessoas possam participar”.

Mais más notícias sobre a Calota Polar Norte

E, quando você pensa que as coisas já vão mal, aparece uma notícia de que é pior ainda do que se pensava…

O The Observer de de domingo passado (10/08/2008) publicou uma que me deixou arrepiado… O Derretimento do Ártico está se acelerando (matéria assinada por Robin McKie, Editor de Ciências).

O subtítulo é assustador: “Cientistas alertam que o Polo Norte pode ficar sem gelo em apenas cinco anos, em lugar de 60”.

O caso é que as imagens de satélite estão mostrando um fenômeno que, até agora, não tinha entrado nos cômputos: as camadas de gelo começaram a se desintegrar “dramaticamente” (é o termo empregado no original) porque tempestades sobre o Mar de Beaufort no Alaska começaram a sugar correntes de ar quente para o Ártico. Um dos resultados possíveis é que a diminuição da Calota Polar Norte supere a do ano passado.

“É uma corrida cabeça-com-cabeça entre 2007 e este ano, na questão de perda de gelo”, declarou Mark Serreze, do US National Snow and Ice Data Centre em Boulder, Colorado.“Nós pensávamos que a Calota Polar do Ártico poderia se recuperar, depois do recorde do ano passado – e, realmente, até o mês passado o quadro não parecia muito ruim. A Calota estava significativamente abaixo do normal, mas, pelo menos, estava maior do que no ano passado”.
“Mas as tempestades no Mar de Beaufort iniciaram um processo de grande derretimento de gelo e, agora, parece que vai ser uma diferença mínima entre se 2007 ou 2008 vai ser o recordista na menor Calota Polar. Só vamos ficar sabendo quando a Calota chegar ao ponto crítico, nos meados de setembro”.

Nem precisa dizer que isso terá enormes impactos sobre o meio ambiente… O editor começa por mencionar as tempestades que devem varrer a Grã-Bretanha, mas prossegue falando das espécies, tais como ursos polares e focas que se servem do gelo para repousar durante suas caçadas. Ele observa que diversas faixas costeiras deixarão de estar protegidas pelo gelo e sofrerão erosão (que, segundo ele, já está acontecendo no Alaska).

E o tom se tona ainda mais sombrio, quando ele lembra que, sem a Calota de gelo sobre o mar para servir de reforço, o gelo “terrestre” – que inclui as geleiras – pode mergulhar no oceano e elevar o nível dos mares, ameaçando muitas áreas de baixa altitude, tais como Bangladesh e vários arquipélagos do Pacífico. E, ainda lembra: “Sem a camada reflexiva de gelo no Ártico, menos radiação solar vai ser mandada de volta ao espaço, o que deve acelerar o processo de aquecimento global”.

A maior preocupação, diz o editor, é o temor que as águas liberadas pela Calota em derretimento, causem alterações na Corrente do Golfo, enquanto que um Ártico sem gelo durante o verão dê novas oportunidades para a exploração de petróleo e gás – e as conseqüentes disputas sobre soberania sobre as novas áreas de prospecção.

O que realmente perturba os cientistas, entretanto, é sua incapacidade de prever precisamente o que está acontecendo no Ártico, a parte do mundo mais vulnerável aos efeitos do aquecimento global. “Quando fizemos os primeiros modelos informáticos dos efeitos das mudanças climáticas, nós pesávamos que a Calota Polar Norte fosse durar até 2070”, declarou o Professor Peter Wadhams da Universidade de Cambridge. “Agora ficou claro que nós não tínhamos entendido o quão fina essa calota tinha ficado – porque a Calota do Ártico está desaparecendo cada vez mais rápido. A cada poucos anos temos que rever nossas estimativas para baixo. Agora, os modelos mais detalhados sugerem que a Calota do Ártico no verão só vai durar mais uns poucos anos – e, pelo que vimos acontecer na semana passada, eu acho que eles provavelmente estão corretos”.
O principal desses estudos sobre a Calota Polar foi realizado a alguns meses atrás pelo Professor Wieslaw Maslowski da Naval Postgraduate School em Monterey, Califórnia. Usando os supercomputadores da marinha americana, esta equipe fez uma previsão que indica que, por volta de 2013 não haverá mais gelo no Ártico – pouco mais do que uns restos em ilhas próximas da Groenlândia e do Canadá – entre meados de julho e meados de setembro.

Maslowski enfatiza que ficou claro que o gelo não está conseguindo se recuperar durante o inverno e teme que a Calota Polar desapareça em cinco anos, com todas as conseqüências que isto acarreta. E Serreze acrescenta que o gelo está derretendo mais depressa do que os cientistas conseguem atualizar seus modelos informáticos, para entender o que está acontecendo.

Parece que todas as previsões sobre o aquecimento global eram demasiadamente otimistas e que o filme “O Dia Depois de Amanhã” não era tão pessimista assim… (Eu só não acredito no happy-ending mostrado, com os sobreviventes do Hemisfério Norte sendo alegremente acolhidos pelos países da Zona Equatorial… De onde vão tirar comida para esse povo todo?…)

“Sputnik”: um vírus que contamina vírus

Notícia espetacular que eu achei no Le Figaro:

«Sputnik», o virus que causa doenças em outros vírus (Por Jean-Michel Bader — 08/08/2008)

Uma esquipe francesa descobriu o primeiro vírus capaz de atacar seus “primos” oito vezes maiores do que ele.

Os pesquisadores franceses da Universidade de Marselha “mataram dois coelhos com uma só cajadada”. Não só descobriram uma nova cepa de vírus gigantes, como descobriram que eles carregam, dentro de si, um outro vírus minúsculo, ambos até agora desconhecidos. O mais incrível é que este vírus-anão, batizado de “Sputnik”, tem a capacidade de infectar o vírus grande, batizado de “Mama”, a ponto de impedir sua reprodução.

O Mama pertence à classe dos Mimivírus, descobertos em 2003 na mesma universidade pela equipe de Jean-Michel Claverie e Didier Raoult. Quanto ao Sputnik, já se conhecia desde 1915 virus capazes de atacar bactérias, os chamados bacteriófagos (objetos dos Prêmios Nobel de Medicina de 1969 e 1980). Mas esta é a primeira vez que se encontra um “virófago”.

Parasita “obrigatório”

No artigo publicado na Nature, Bernard La Scola, pesquisador do laboratório marselhês, conta como ele e seus colegas “deram à luz” a seu “bebe”: depois de inocular certas amebas, os biólogos constaram que os animais unicelulares foram rapidamente infectados por uma nova cepa de Mimivirus, que eles batizaram de Mama.

Estes têm necessidade de criar, dentro de uma ameba, o que os biólogos chamam uma “usina de virus”, para se multiplicarem. E é nesta “usina” que o “Sputnik” entra como um bom pirata.

Quando observou, pela primeira vez ao microscópio eletrônico, a atividade dentro da “usina” e viu essas pequenas partículas nos virus em formação, Bernard La Scola acreditou que eram apenas fragmentos de ácidos nucleicos (ADN ou ARN), ditos “satélites” (daí o nome “Sputnik”), comumente associados a todos os vírus. Porém, observando mais atentamente, o pesquisador percebeu que se tratava de um verdadeiro vírus, incapaz de se reproduzir sozinho, mas dotado de 21 genes. O “Sputnik” é um verdadeiro “parasita obrigatório” no vírus gigante Mama.

Tal descoberta coloca duas perguntas: o “Sputnik” é um novo sistema de transferência de genes de uma espécie de vírus para outra? É algo razoável, já que três de seus genes descendem de vírus gigantes e um outro dos Archæa (micróbios intermediários entre os eucariotas e as bactérias). O “Sputnik”, portanto, surrupiou material genético daqui e de lá, e poderia fazer o mesmo com outras espécies. A outra questão é sobre o status dos vírus: vivos ou não? Jean-Michel Claverie declara, no artigo da Nature que “não resta dúvida de que se trata de um organismo vivo”, a respeito do Mama. “O fato dele poder ficar “doente” é prova suficiente”. Já Bernard La Scola pondera: “É verdade que, deixados à própria sorte, as partículas virais são incapazes de se reproduzir. Mas a questão é um pouco mais evolutiva: deve-se encarar o vírus como um ser que passa por diversas etapas, um pouco como os insetos: de uma larva, a uma ninfa e, daí, a uma borboleta”.

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Hmmm… fica aqui minha sugestão para os Geeks: que tal desenvolver um “Sputnik” para vírus de computador?… Em lugar de apagar um arquivo contaminado (algo assim como amputar uma mão por causa de um fungo na unha), que tal “contaminar o próprio vírus”?… Seria possível?…

Na Inglaterra, ser “verde”, não é mais “fashion”

Notícia do The Times de ontem, revela que, nos atuais tempos “bicudos”, ser “verde” está fora de moda. Suddenly being green is not cool any more (De repente, ser verde não é mais bacana), é o título do artigo de Alice Thomson. O subtítulo é um pouco menos sombrio: À medida em que as restrições de crédito mordem o bolso, as políticas ambientais vão sendo atiradas à sarjeta. Porém, estranhamente, estamos nos saindo melhor para salvar o planeta.
Em resumo, o velho debate entre os que defendem “vamos gastar um pouco mais, mas ter uma comida menos tóxica e agredir menos o meio ambiente” e os tradicionalistas que argumentam que isso não passa de “frescura de alta classe média”, está sendo ganho pelos últimos, não porque tenham demonstrado que têm razão, ou, pelo menos, tenham demonstrado que a preocupação com o meio ambiente é baseada em exageros. O problema está no bolso do cidadão (sempre a parte mais sensível de sua anatomia…)
A um ano atrás, pesquisas mostravam que 15% dos entrevistados colocavam a conservação do meio ambiente entre suas principais preocupações. No mês passado, esse número caiu para 10%.

De acordo com Andrew Cooper, diretor da firma de pesquisa Populus: “Existe uma correlação direta entre como as pessoas percebem a situação econômica e a importância que dão ao meio ambiente. Quando os tempos estão duros, as pessoas se importam em pagar mais para apaziguar suas consciências.” Isto significa que menos pessoas estão comprando comidas “orgânicas”, quando podem pagar mais barato pela comum. E, com todos os preços dos alimentos subindo, o mercado para alimentos “orgânicos” está sofrendo, também, com as restrições de crédito. A demanda por esses produtos, que tinha crescido 70% de 2002 a 2007, agora está estagnada, de acordo com a consultoria Organic Monitor.

Até nos discursos dos políticos a conservação do meio ambiente está perdendo espaço. Quando a bicicleta do líder do Partido Conservador, David Cameron, foi roubada, o noticiário e os comentários não foram acerca de como ele era “verde” em usar uma bicicleta para ir ao trabalho; a ênfase foi posta no fato de que a sociedade britânica anda tão degenerada que não respeita nem a bicicleta de um VIP.

Gordon Brown também parou de discursar sobre seus painéis solares e do compostador na Escócia, e está tentando se dissociar das taxas municipais de lixo – muito embora essas tenham sido resultantes de planos do governo central para criar taxas para aterros sanitários

Os políticos não estão mais falando em multas para quem não fizer coleta seletiva de lixo para reciclagem; ao contrário, estão falando de incentivos fiscais para quem aderir.
E não é só o aperto econômico que está mudando a opinião das pessoas. Muitos estão cansados de “causas verdes” que acabam causando mais inconveniências do que benefícios. As pessoas não querem um monte de geradores eólicos ao longo das paisagens da Inglaterra, quando as usinas nucleares podem fazer mais pela redução da emissão de gases de efeito estufa [Nota remissiva: o Caio de Gaia já mencionou, neste post, que esses monstrengos eólicos não são as maravilhas que se costuma dizer]. Da mesma forma, os recentes efeitos sobre os preços dos alimentos causados pela onda de produção de biocombustíveis, não ajudaram muito. E sempre existe a questão dos impostos embutidos para financiar a conservação do meio ambiente: na verdade, estão estudando uma redução nos impostos sobre combustíveis a base de petróleo, cujo preço está afetando, principalmente, o preço das passagens aéreas.
Paradoxalmente, aponta a articulista, os britânicos estão adotando comportamentos que beneficiam o meio ambiente. Menos gente está comprando novos eletrodomésticos da “linha branca”. Menos comida tem sido jogada fora. As vendas de água mineral engarrafada cairam. As pessoas estão economizando, fazendo mini-hortas em seus quintais, estão deixando o aquecimento central desligado por mais alguns meses e dispensando um segundo carro para a família, em lugar de comprar um veículo elétrico. E, em lugar de “compensar a emissão de CO2” de suas viagens de férias, simplesmente não estão viajando.
E o artigo termina com a seguinte afirmação: “É a crise econômica que tornou a moda verde não-atraente – mas ela pode acabar se mostrando mais eficaz do que qualquer outra coisa para salvar o planeta”.

Macaco, olha seu rabo!…

Uma notícia do Le Figaro me chamou a atenção: Metade das espécies de primatas correm grave perigo (veja aqui o original em francês). E a causa?… Outra espécie de primata (uma que chama a si própria de Sapiens…) Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, 48% das espécies estão ameaçadas de extinção em um prazo que vai de médio a curto.Um estudo que reuniu dados coletados por diversos cientistas, divulgado no 22° Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia (realizada em Edimburgo, Escócia), com dados de recenseamento coletados desde 1966, mostra que das 634 espécies estudadas, 303 estão na “Lista Vermelha”: 15% classificadas como “vulneráveis”, 22% “em perigo” e 11% “em grave perigo de extinção”.
Diversas ações humanas põem nossos “primos” em perigo: a destruição de seus habitats (por incêndios, desmatamento e ampliação das áreas urbanas) e, por incrível que pareça, a caça. Não só se come os macacos, como ainda servem como animais “domésticos” e como fonte de “medicamentos” na medicina tradicional do Oriente (notadamente a chinesa).
A situação é mais grave na Ásia, onde 71% das espécies estão na “lista vermelha”. Cinco países apresentam situações tidas como catastróficas: 90% das espécies do Camboja, 86% no Vietnã, 84% na Indonésia, 83% no Laos e 79% na China.
Pelas mesmas causas, o México e a Guatemala aparecem a seguir (67% das espécies na “lista vermelha”). As Américas, em geral, têm uma média de 40% de espécies ameaçadas.
Até na África a coisa não vai bem (37% das espécies: chimpanzés, bonobos, colobos…) estão nos “grupos de risco”, dos quais 43% em Madagascar, o santuário dos lêmures…
Mas existem boas notícias, também… Desde 2000, os primatologistas descobriram 53 espécies de primatas, até então desconhecidas, principalmente em Madagascar. A descoberta de uma grande população de gorilas (cerca de 125.000) em regiões remotas do Congo, foi relatada por pesquisadores americanos. E uma para nos fazer ter esperanças: o mico leão preto (Leontopithecus chrysopygus) do Brasil, está se recuperando, graças aos esforços de nossos conservacionistas.

Bem informado?…

“Pérola” encontrada no EurekAlert:

Texas A&M University
Um maior conhecimento sobre o Aquecimento Global leva à apatia, mostra um estudo
COLLEGE STATION – Quanto mais uma pessoa sabe, menos se importa – ao menos é o que parece ser o caso com o Aquecimento Global. Uma pesquisa de amostragem por telefone com 1093 americanos, realizada por dois [sic] cientistas políticos da Universidade Texas A&M e um antigo colega, mostra essa tendência, como explicaram em seu recente artigo na publicação (revisada) Risk Analysis.
“Os entrevistados mais informados tanto se mostraram menos pessoalmente responsáveis pelo Aquecimento Global, como também mostraram menos preocupação com o Aquecimento Global,” declara o artigo, intitulado “Personal Efficacy, the Information Environment, and Attitudes toward Global Warming and Climate Change in the USA”.
O estudo mostrou que altos níveis de confiança nos cientistas, entre os americanos, levava a um menor senso de responsabilidade pelo Aquecimento Global.
A preocupação menor e o menor senso de responsabilidade voltam na face de campanhas de conscientização sobre as mudanças climáticas, tais como os filmes “Uma verdade inconveniente” e “A Era do Gelo: o Derretimento”, e a crescente ênfase dada pela grande mídia sobre o tema.
A pesquisa foi realizada por Paul M. Kellstedt, um professor associado de ciência política na Texas A&M; Arnold Vedlitz, Bob Bullock, titular da cadeira “Governo e Política Pública” na Escola George Bush de Governo e Serviço Público da Texas A&M’s; e Sammy Zahran, anteriormente da Texas A&M e, atualmente, professor assistente de sociologia da Universidade do Estado do Colorado.
Kellstedt diz que as descobertas foram um pouco inesperadas. O foco do estudo não era, diz ele, medir o quanto os americanos são informados acerca do Aquecimento Global, mas em entender por que alguns indivíduos que são mais ou menos informados sobre isso, mostravam mais ou menos preocupação sobre o assunto.
“Neste sentido, nós realmente não tínhamos quaisquer expectativas sobre o quanto conscientes ou inconscientes as pessoas eram acerca do Aquecimento Global”, diz ele.
Mas, acrescenta ele, “A descoberta de que os entrevistados mais informados estavam menos preocupados com o Aquecimento Global e se sentiam menos pessoalmente responsáveis por ele, nos surpreendeu. Nós esperávamos exatamente o oposto”.
“As descobertas, embora de modesta magnitude – existem outras variáveis que nós medimos, que têm efeitos muito maiores sobre a conscientização sobre o Aquecimento Global – são estatisticamente robustas, o que significa que elas continuaram aparecendo, qualquer que fosse a maneira com que modelássemos os dados”.
Medir o conhecimento acerca do Aquecimento Global é um negócio arriscado, acrescenta Kellstedt.
“Isso é verdade para muitas outras coisas que gostaríamos de medir em pesquisas, é claro, especialmente coisas que poderiam causar embaraço nas pessoas (tais como a ignorância), ou que pudessem sofrer alguma pressão social para serem omitidas (tais como preconceitos)”, diz ele.
“Não existem padrões industriais, por assim dizer, para medir o conhecimento acerca do Aquecimento Global. Nós optamos por realizar uma medição direta e entender que outras medições poderiam produzir resultados diferentes”.
Agora, por bem ou por mal, os cientistas têm que lidar com a grande confiança que o público tem neles. “Mas não deve ser consolador para os pesquisadores na comunidade científica que, quanto mais as pessoas confiam nos cientistas, menos estejam preocupadas com suas descobertas” concluem os pesquisadores em seu estudo.

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O que deixa alguma dúvida sobre se realmente cabe aos cientistas algum papel nas decisões éticas… Talvez o principal papel seja esclarecer o público de que a ciência jamais afirmou ter todas as respostas.
Na verdade, os cientistas responsáveis sempre apregoaram não ter, sequer todas as perguntas…

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