“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (01/12/08)
1 de dezembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Exercicio Mantém Seu Cérebro Jovem, Mesmo que Você Seja Velho
Os adultos mais velhos que se exercitam regularmente têm mais vasos sanguíneos pequenos e mais sangue flui em seus cérebros do que pessoas mais velhas que não se exercitam, foi o que os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, descobriram após comparar imageamentos dos cérebros dos dois grupos. O fluxo sanguíneo supre o cérebro com nutrientes e a perda dos pequenos vasos sanguíneos no cérebro, um processo normal de envelhecimento, leva à morte de algumas células cerebrais “Nossos resultados mostram que o exercício pode reduzir mudanças relacionadas ao envelhecimento na vascularização (os pequenos vasos sanguíneos) no cérebro e o sangue flui, explica Feraz Rahman, que apresentou a pesquisa nesta segunda-feira no Encontro Anual da Sociedade de Radiologia da América do Norte. “Nossos estudos mostram que exercícios são uma prevenção eficaz contra o declínio cognitivo nos idosos [e que] a vascularização e a irrigação sanguínea podem ser uma das razões”.
Os imagementos foram realizados nos cérebros de 12 adultos saudáveis com idades entre 60 e 76 anos. Seis tinham participado de exercícios aeróbicos por três ou mais horas por semana, nos últimos 10 anos, e seis tinham realizado exercícios de menos de uma hora por semana. Usando imageamento em 3D, os pesquisadores encontraram menos vasos capilares nos cérebros do grupo sedentário, juntamente com um fluxo sanguíneo mais imprevisível. O grupo ativo tinha mais capilares e uma melhor irrigação sanguínea, o que o autor principal do estudo, J. Keith Smith da Escola de Medicina da UNC, diz demonstrar “a importância de exercícios regulares para um envelhecimento saudável”.
Leveduras Revelam o que Faz Você Envelhecer
Na década passada os pesquisadores descobriram que um tipo particular de gene encontrado em células de levedura, chamado sirtuína, regulava quais genes seriam “ligados ou desligados” em células individuais. O gene da sirtuína também reparava rupturas no DNA, a estrutura em dupla-hélice encontrada em todas as células e que contém as “instruções de montagem” para a vida. Quando a sirtuína ficava atarefada demais em reparar rupturas no DNA, o que normalmente tem um feito cumulativo com o passar do tempo, ela se tornava menos eficiente na tarefa de regular quais genes na célula seriam “ligados” ou “desligados”. Essa perda de eficiência fazia com que as células da levedura envelhecessem.
Uma nova pesquisa, publicada em Cell por David Sinclair da Escola de Medicina Harvard Medical School, em Boston, descobriu que o mesmo processo, envolvendo o mesmo tipo de gene de sirtuína, ocorre nos mamíferos. “Esta é a primeira causa fundamental, em potencial, que descobrimos para o envelhecimento”, declarou Sinclair. “Podem muito bem haver outras, porém nossa descoberta de que o envelhecimento em uma célula de levedura é diretamente relevante para o envelhecimento nos mamíferos, é uma surpresa”.
Após estabelecer a ligação entre a levedura e os mamíferos, através do estudo em ratos, os pesquisadores imaginaram o que poderia acontecer se eles injetassem mais da sirtuína em ratos velhos. “Nossa hipótese era que, com mais sirtuína, o reparo do DNA seria mais eficiente e o rato manteria um padrão de juventude na expressão dos genes em idade avançada”, explica Philipp Oberdoerffer, um co-investigador no estudo. E foi exatamente o que aconteceu, relatam os pesquisadores.
Leonard Guarente, um biólogo do Massachusetts Institute of Technology em Cambridge, que não esteve envolvido no estudo, disse que a pesquisa “deve levar a novas abordagens para proteger as células contra as razias do envelhecimento”. Oberdoerffer declarou: “O que vemos aqui, através de uma demonstração de prova-de-princípios, é que elementos do envelhecimento podem ser revertidos”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Mais sobre Galinhas e Poluição, no “Por Dentro da Ciência” do IAP
Com o Aumento da Demanda por Avicultura Orgânica, Cientistas da área de Alimentos Começam Estudos de Segurança
Por Jim Dawson
ISNS
O dramático crescimento, na última década, na popularidade da avicultura orgânica — principalmente por perus e galinhas — estimulou os pesquisadores de várias universidades a iniciar um extenso estudo sobre a segurança na produção e nos processos de transporte dessas aves para os mercados. A pesquisa, financiada por um fundo de cerca de US$ 600.000, ao longo de três anos, não se baseou em qualquer problema conhecido na indústria de avicultura orgânica, porem na falta de dados acerca das práticas correntes, explicou o bacteriologista e cientista da área de segurança de alimentos da Universidade do Arkansas, Steven Ricke, chefe da equipe de pesquisas.
A meta da pesquisa, prossegue ele, é desenvolver o que é conhecido na indústrias de alimentos como um conjunto de “Boas Práticas de Agricultura” que assegurem a segurança da indústria orgânica. Já que a avicultura natural e orgânica não emprega antibióticos ou outros medicamentos, acrescenta Ricke , uma conjunto de tais medidas é “mais importante ainda”.
A demanda por avicultura orgânica cresceu em 20% ou mais por ano, ao longo da última década, e promete continuar crescendo, embora a venda de aves orgânicas responda por apenas cerca de 2% de todo o mercado avícola, hoje, e continue no domínio de pequenas fazendas independentes e do pequeno agronegócio.
A avicultura orgânica e natural (também conhecida como “de quintal” ou “criada no pasto”) é, atualmente, produzida e processada em instalações menores do que a avicultura “convencional” e isto é uma parte do atrativo para os consumidores. “Entretanto, a produção em pequena escala usualmente não é integrada, o que permite um menor controle da qualidade do produto, o que inclui a segurança dos alimentos, do que nas indústrias de grande porte com produção integrada”, argumenta Ricke. A produção integrada envolve todo um sistema que vai da incubação, crescimento e alimentação das galinhas, e chega ao processamento e transporte dos produtos brutos e manufaturados.
O certificado de “orgânico” pelo governo federal [NT: dos EUA] exige que as aves sejam criadas sem antibióticos, alimentados com ração orgânica e que tenham acesso ao espaço aberto. A avicultura orgânica é caracteristicamente menor e muito mais cara do que avicultura em escala industrial (não-orgânica), porém s aves orgânicas e livres de antibióticos são criadas em condições mais naturais e são vistas por muitos como mais seguras para se comer.
Ricke é rápido em observar que não discute esse ponto de vista. “Eu não tenho qualquer preferência sobre um modo de produção ou outro”, declarou. “Eu estou abordando o caso de um ponto de vista estritamente científico”. Ricke, diretor do Centro de Segurança de Alimentos da Universidade do Arkansas, Fayetteville, vai coordenar 13 especialistas em pesquisas, divididos em quatro equipes, que incluem cientistas da Universidade Texas A&M, Univesidade de West Virginia, das Universidades Cornell e Purdue, e um cientista do Centro Nacional para Tecnologia Apropriada, uma organização que desenvolve projetos de energia e alimentos sustenáveis a nível comunitário.
As equipes vão “analisar a complexa natureza dos problemas associados com a segurança alimentar na avicultura orgânica e natural”, explicou ele. Os especialistas em extensão agrícola envolvidos na pesquisa “têm estreito relacionamento com criadores e processadores a nível estadual e nacinal, bem como especialização em segurança alimentar e contam com especialistas em comunicação que são capazes de abordar essas questões complexas com os criadores, processadores e os distribuidores no atacado e varejo”.
O impacto da pesquisa pode ser “enorme”, declarou ele, “já que tem o potencial de atingir produtores em alta e baixa escalas, processadores, reguladores e acionistas que precisam de assistência na gerência da segurança alimentar”. Os resultados das pesquisas serão submetidas a revistas com revisão por pares, disse ele.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Comentário do Tradutor:
Curioso!… 😯 Ainda ontem o mesmo serviço de notícias publicou uma nota sobre “dirigir de janelas abertas, atrás de um caminhão que transporta galinhas”… Aquela nota não dizia explicitamente, mas, ao se referir a “bactérias resistentes a antibióticos”, claramente não estava falando de “aves orgânicas”.
No dia seguinte, a AIP publica um boletim exclusivamente sobre os “riscos à saúde-pública” (embora a expressão não seja usada em ponto algum do texto… está tudo nas entrelinhas…) da avicultura natural.
Pode ser que a eleição do Barack Obama seja um indício de mudança de atitude na política americana… Mas as Associações Científicas continuam apresentando uma atitude lamentável… Eles sabem bem de onde vêm os grants que garantem seus empregos… (Já repararam que eu parei de me interessar pelo “Press-Pac” Semanal da ACS?… Aquilo não era “divulgação científica”: era propaganda barata… 😥 )
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (24/11/08)
Inside Science News Briefs
24 de novembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Não Siga as Galinhas na Estrada
Dirigir atrás de um caminhão que transporta galinhas de uma granja para um abatedouro pode ser uma péssima idéia, de acordo com os pesquisadores da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins em Baltimore. Em um artigo publicado no Journal of Infection and Public Health, os cientistas encontraram “um aumento no risco de contaminação por bactérias patogênicas, tanto do tipo suscetível como do resistente às drogas, nas superfícies e no ar dentro dos carros que viajavam atrás de caminhões que transportavam broiler chickens” [nota do tradutor: eu não conhecia o que era uma broiler chicken, e, pelo que eu entendi na WikiPedia, é uma espécie híbrida, criada para produção em escala industrial, meio parecida com os “Chester” e semelhantes — os biólogos são particularmente bem vindos para trazer maiores esclarecimentos]. Os pesquisadores realizaram o estudo na Península Delmarva, uma área costeira atlântica, partilhada pelos estados de Delaware, Maryland e Virginia. Essa região tem uma indústria avícola florescente e uma das maiores densidades de broiler chickens por hectare dos EUA.
As galinhas são transportadas, quase sempre, em caixas abertas sobre a carroceria aberta de caminhões, sem qualquer barreira eficaz para impedir que os patógenos sejam liberadas no ambiente, constataram os pesquisadores. Estudos anteriores já tinham constatados que as caixas abertas ficavam contaminadas com fezes e bactérias. Para o estudo da Johns Hopkins, a pesquisadora biomédica Ana Rule e seus colegas coletaram amostras do ar e das superfícies de carros que viajavam a uma distância de dois a três carros de distância, atrás dos caminhões de galinhas, por uma distância de 17 milhas. Os carros foram conduzidos com os aparelhos de ar condicionado e ventilação desligados e com as janelas abertas. As amostras colhidas dentro dos carros mostraram concentrações maiores de bactérias, inclusive de cepas resistentes a antibióticos, que poderiam ter sido inalados. Também foram encontradas bactérias em uma lata de refrigerante dentro do carro e na maçaneta externa da porta do carro.
“Nosso estudo demonstra que existe um real potencial de exposição, especialmente durante os meses de verão, quando as pessoas dirigem com as janelas abertas”, declarou Rule. “O verão é igualmente uma época de tráfego pesado em Delmarva por causa dos veranistas que vão para os balneários”.
Música, Rítmo e o Cérebro
As pessoas em todas as culturas se mexem ao ritmo de músicas e os pesquisadores de vários ramos da ciência estão usando essa aparentemente irresistível resposta à música para estudar como o cérebro humano interage com o ritmo e o tempo. O musicólogo finlandês Petri Toivianen, em um encontro ocorrido neste mês na Sociedade de Acústica da América em Miami, Flórida, descobriu, em um estudo, que o tipo de tempo que uma pessoa ouve, dispara uma resposta fisico-rítmica específica. “Níveis de pulsação diferentes [na música] são associados com diferentes padrões de movimentos”, disse Toivianen em um sumário de seu trabalho. Toivianen trabalha na Universidade de JyVaskyla (é o nome da cidade). “Mais comumente, o movimento dos antebraços tende a ser sincronizado com os movimentos de um tempo, o movimento dos braços com o período de dois tempos e o movimento do tórax com um período de quatro tempos”. Ele também descobriu que os movimentos das pessoas, ao menos daquelas em seu grupo de estudos, “tendia a ser melhor sincronizado com os tempos” quando o andamento da música era de dois tempos por segundo. Se fosse mais rápido ou mais lento, as pessoas tinham mais dificuldades em seguir precisamente o tempo.
A pesquisadora da Florida Atlantic University , Summer Rankin, descobriu que as pessoas que escutam uma música podem prever mudanças no andamento, antes delas acontecerem, mesmo que não sejam familiares com uma determinada música. Uma análise das performances musicais exibiu um tipo particular de regularidade, chamada de estrutura fractal, disse ela em um sumário do estudo. Uma propriedade importante da série temporal de estrutura fractal, tal como uma performance musical, é que as mudanças passadas são extraordinariamente úteis para fazer previsões, mesmo em um futuro distante, declarou ela. De modo que, seja Jimi Hendrix ou a Banda dos Fuzileiros Navais executando o Hino Nacional Americano, os intérpretes “formatam suas performances de acordo com um princípio geral da natureza e as pessoas percebem essa estrutura temporal facilmente e naturalmente prevêem o que vai acontecer no futuro”, explica Summer.
Porque se mover ritmicamente em função de um tempo musical é uma parte ianta do comportamento humano, a perda dessa habilidade por uma pessoa que sofrer do Mal de Parkinson ou outras doenças que prejudicam os movimentos podem ser catastróficas, declarou o pesquisador John Iversen, do Instituto de Neurociências de San Diego, Califórnia. Iverson, em um artigo apresentado no encontro da Sociedade de Acústica, declarou que, embora os pacientes com Parkinson freqüentemente tenham grande dificuldade em iniciar ou continuar ações mecânicas básicas rítmicas, tais como caminhar, a conexão entre a música e o movimento pode ser usada para ajudar a mitigar desordens motoras. Estudos antigos demonstraram que alguns pacientes de Parkinson podem ser “descongelados” e serem capazes de caminhar quando sincronizam seus movimentos com música. O mecanismo cerebral que permite que isso aconteça não é compreendido, explica Iversen, e sua pesquisa tenta resolver esse mistério. Seu estudo demonstra que, quando as pessoas ouviam quatro notas musicais idênticas, mas eram instruídas a imaginar que o tempo estava na primeira ou na segunda nota, seus cérebros reagiam aos tempos. A pesquisa sugere que “não só o som pode ajustar nossos movimentos, mas, em sentido oposto, há um mecanismo pelo qual os processos motores podem formatar nossa percepção auditiva”. Diga ao seu cérebro que ele está ouvindo um tempo e ele ouvirá.
Mudanças Climáticas Podem Nos Expor a Poluentes Mais Danosos
Uma revisão de recentes estudos que abordam o impacto das mudanças climáticas na qualidade do ar, indica que as pessoas estão mais sujeitas a sofrer crescentes problemas de saúde porque estarão sujeitas a poluentes mais poderosos. A revisão, realizada por dois cientistas da publicação Environmental Health Perspectives, diz: “As projeções sugerem que as mudanças climáticas vão aumentar as concentrações de ozônio na troposfera . . . o que pode aumentar a morbidez e a a mortalidade”. Os autores da revisão, Kristie Ebi, consultora de várias organizações de saúde, e Glenn McGregor, da Universidade de Auckland, Nova Zelândia, descobriram que a exposição a elevados níveis de ozônio ao nível do mar “está associado com um maior número de internações por pneumonia, obstrução pulmonar crônica, asma, rinite alérgica e outras doenças respiratórias”. Usando estatísticas da Organização Mundial de Saúde, os pesquisadores notaram que, no ano de 2000, no mundo inteiro, ocorreram 800.000 óbitos e 7,9 milhões de “aos perdidos por incapacidades físicas” – uma medida que serve tanto para óbitos prematuros como para os tempos de incapacitação física – por problemas respiratórios, doenças pulmonares e câncer atribuído à poluição do ar urbano. A nota otimística no relatório é que a redução da emissão de gases de efeito estufa reduziria a ameaça da poluição por ozônio e “melhorar a saúde da corrente e das futuras populações”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (20/11/08)
Inside Science News Service
20 de novembro de 2008
Mentes Criativas da Ciência e do Cinema Trocam Idéias em Hollywood
Nova inciativa da Academia Nacional de Ciências reúne os principais diretores de filmes com os principais cientistas
Por Emilie Lorditch
Colaboradora do ISNS
Hollywood, Califórnia (20/11/2008) – Quando os mundos da ciência e de Hollywood colidem, os resultados freqüentemente realçam as diferenças entre os dois reinos, em lugar de celebrar suas semelhanças. A Academia Nacional de Ciências está tentando mudar isso com uma nova iniciativa chamada “Intercâmbio entre Ciências e Entretenimento”.
“Este é o primeiro esforço formal da Academia para entrar em contato com Hollywood”, disse Ralph Cicerone, presidente da Academia Nacional de Ciências. “Nós estamos muito entusiasmados em lançar esta iniciativa”.
Na Creative Artists Agency em Los Angeles, na quarta-feira, diretores de filmes e roteiristas foram inspirados e entretidos enquanto ouviam alguns dos principais cientistas e engenheiros do país falarem acerca de suas pesquisas.
“É como apresentar seus dois melhores amigos que jamais haviam se encontrado antes”, declara Jerry Zucker, diretor dos filmes “Apertem os Cintos: o Piloto Sumiu!” e “Ghost”. “Os Cientistas e Hollywood são realmente duas faces da mesma moeda”.
A meta da inciatica é por em contato a indústria do entretenimento com cientistas e engenheiros para que trabalhem juntos em tudo, de filmes, passando por televisão e chegando até aos video games . O apresentador da abertura do Intercâmbio foi Seth MacFarlane, criador e produtor da série de desenhos animados “Uma Família da Pesada”. Ele encorajou os participantes a se entusiasmarem com a ciência.
“Eu cresci assistindo “Viagem às Estrelas” e me lembro que costumávamos nos entusiasmar muito com a NASA e o que eles faziam, mas não se ouve mais falar deles e as pessoas parecem ter perdido o interesse. Nós precisamos fazer com que as pessoas voltem a se entusiasmar com a ciência, porque existem várias coisas interessantes acontecendo”.
Os diretores, produtores e roteiristas de Hollywood tiveram uma oportunidade de aprender acerca dos tópicos mais “quentes” da ciência e da engenharia com os alguns dos principais experts de vários campos de pesquisa. Steve Chu, físico e diretor do Lawrence Berkley National Lab, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1997, descreveu o futuro das mudanças climáticas, mostrando efeitos do aquecimento global que vão se fazer sentir ainda em nossas vidas. Doenças raras e infecciosas foram descritas por Bonnie Bassler, uma bióloga molecular da Universidade Princeton que levou sua carreira estudando bactérias que brilham no escuro.
O astrofísico Neil deGrasse Tyson, diretor do Planetário Hayden do Museu Americano de História Natural, discorreu sobre nosso lugar no universo, enquanto que o futuro da medicina personalizada e genômica foi discutido por J. Craig Venter, um biólogo que liderou o esforço para seqüenciar o genoma humano.
O assunto Inteligência Artificial e robótica avançada foi explorado por Rodney Brooks, um roboticista e engenheiro-chefe da Heartland Robotics, enquanto alguns dos mistérios do cérebro eram revelados pelo neurologista V.S. Ramachandran, diretor do Centro para Cérebro e Cognição da Universidade da Califórnia em San Diego.
Embora a ciência subjacente a algumas palestras fosse complicada, as sessões evitaram o clima de palestras acadêmicas, por causa do ambiente descontraído que permitia aos profissionais da indústria do cinema fazer perguntas e conversar informalmente diretamente com os cientistas.
Zucker resumiu o evento, usando a famosa fala de Humphrey Bogart em “Casablanca”:“Isto é o início de uma bela amizade”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Opinião pessoal do tradutor: é… a coisa está feia!… Antigamente, Holywood ia procurar os Asimov da vida para “consultor científico” de filmes como “Viagem Fantástica”. Agora é a Academia de Ciências que vai atrás de Holywood para ensinar um pouco de “ciência de verdade” para os diretores e roteiristas. Patético!… 😥
Depois, quando eu digo que a ciência está tão “esotérica” que Joe, the Plumber não consegue mais diferenciar entre ciência, pseudo-ciência e mera picaretagem, ainda tem gente que protesta…
“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (17/11/08)
Inside Science News Briefs
17 de novembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Nascimento de Nosso Sistema Solar Encontrado na Poeira de um Cometa
As concepções artísticas do nascimento de nosso Sol e de nosso Sistema Solar geralmente mostram uma nuvem gigante de poeira rodopiando na vastidão do espaço. Enquanto a poeira colapsa para dentro, ela começa a lampejar mais quente e mais brilhante, até que se cria uma bola de gás quente e densa que conhecemos como o Sol. Logo depois, na escala de tempo astronômica, se formam os planetas a partir da poeira e do gás que giram em torno do novo sol.
Tudo isso realmente aconteceu a cerca de 4,5 bilhões de anos atrás e os cientistas que estudaram três pequenos grãos do que pode ter sido parte dessa poeira original — retirada do cometa Wild 2 por uma espaçonave em 2004 — relatam que essa poeira é rica em cálcio e alumínio, dois dos primeiros minerais a se solidificarem na infância de nosso Sistema Solar. Os cientistas da Universidade de Chicago que estão realizando as pesquisas, batizaram as partículas de Inti, Inti-B e Inti-C, o nome do deus solar dos Incas. Os minerais contidos nas partículas, que são muito menores do que a espessura de um fio de cabelo humano, provavelmente se formaram bem no interior da nuvem de poeira primordial que criou o Sol.
Embora as partículas sejam interessantes em si próprias, elas levantaram a questão sobre como elas saíram do centro da nuvem primordial e foram parar em um cometa gelado que os cientistas acreditam ter-se formado nos limites externos do Sistema Solar. A existência das partículas no cometa indica que ou havia turbulência na nuvem d poeira original, ou que ocorreu um fenômeno chamado fluxo bipolar (veja uma imagem deste fenômeno aqui) no jovem Sol, aventou Steven Simon, um geofísico da Universidade de Chicago. Em um artigo publicado na edição de novembro de Meteoritics and Planetary Science, Simon e outros 11 cientistas dizem que a descoberta das partículas pode também indicar que temos que repensar como se formam os cometas.
“Porque eles [os cometas] são carregados de gelos, nós sempre pensamos que eles são objetos do Sistema Solar Exterior”, declarou o geofísico Lawrence Grossman, um co-autor do estudo. “Mas pode ser que os gelos dos cometas tenha se formado muito mais perto, depois que a parte interior da nebulosa solar se resfriou, e incorporado o material de alta temperatura que se formou antes”. Existe, ainda, uma outra possibilidade, dizem os cientistas: talvez o material no cometa tenha se formado em torno de outra estrela, uma similar ao Sol, e vindo à deriva até as bordas externas de nosso Sistema Solar.
Tudo isso a partir de três grãos de poeira.
A Vida Anda Complicada? Durma um pouco.
Embora a ciência esteja longe de realmente entender o real papel do sono em nossas vidas, psicólogos da Universidade de Chicago acabam de publicar uma pesquisa que demonstra que o sono ajuda a mente a aprender tarefas complexas e ajuda as pessoas a se lembrarem como realizarem essas tarefas, depois que elas esqueceram como fazê-las. O teste envolveu ensinar a grupos de estudantes do nível médio como jogar video games complicados e testar, depois, quantas habilidades eles se lembravam e quantas eles tinham esquecido. A diferença nos escores dos grupos foram correlacionados entre o grupo que tinha dormido entre o aprendizado e o jogo, e o que não tinha dormido. “Os pesquisadores demonstraram, pela primeira vez, que pessoas que tinham ‘esquecido’ como realizar uma tarefa complexa 12 horas depois do treinamento, descobriam que essas capacidades ficavam restauradas após uma noite de sono”, declara um press release da Universidade de Chicago.
“O sono consolidou o aprendizado, restaurando o que tinha sido perdido durante o decurso de um dia após o treinamento e protegendo o que tinha sido aprendido contra perdas subseqüentes”, afirmou o psicólogo Howard Nusbaum. “Estas descobertas sugerem que o sono tem um importante papel no aprendizado de habilidades em geral, estabilizando e protegendo a memória”.
Os 200 estudantes envolvidos no estudo tinham pouca experiência com video games, declararam os pesquisadores. Os estudantes eram submetidos a um teste preliminar para estabelecer seu nível inicial de performance nos jogos e, então, eram ensinados a jogar. Um grupo era treinado de manhã e testado 12 horas depois, permanecendo acordados por todo o tempo. Outro grupo era treinado de manhã e testado na manhã seguinte. Dois outros grupos eram treinados à tarde e então testados 12 e 24 horas depois, respectivamente. Ambos os grupos eram deixados dormir depois do treinamento.
Os estudantes que foram testados 12 horas depois, sem dormir, viram seus escores cairem em 50% com relação aos escores obtidos logo após o treinamento. Os que tiveram uma noite de sono tiveram uma melhora de 10% em seus escores. Os que foram treinados à tarde e deixados dormir antes de serem testados novamente, viram melhorias similares em seus escores.
Nusbaum argumenta que, durante o sono, as distrações do dia são purgadas “e o cérebro fica pronto para realizar seu trabalho”. A pesquisa foi publicada na corrente edição de Learning and Memory.
Aprender de Novo é Mais Fácil
Os cientistas do Instituto Max Planck de Neurobiologia em Martinsried, Alemanha, descobriram que é mais fácil reaprender algo que já se soube e se esqueceu, do que aprender algo novo. Os pesquisadores já sabiam há muitos anos que o aprendizado ocorre e as memórias são criadas quando as células nervosas no cérebro fazem novas conexões entre si. Esses pontos de contato são chamados “sinapses” e permitem que a informação seja transferida de uma célula para a seguinte. Quando a conexão é rompida, a memória também é. “Nós esquecemos o que aprendemos”, dizem os pesquisadores.
Os cientistas queriam saber o que acontece no cérebro quando este aprende alguma coisa, esquece e, então, tem que aprender novamente. Monitorando o desenvolvimento das células em um cérebro, enquanto uma informação visual era enviada, então bloqueada e, depois, enviada novamente depois de vários dias, os pesquisadores perceberam que, quando as conexões entre os nervos erm rompidas, as células que mantinham a “memória” da informação original continuavam, mas eram postas fora do circuito. Quando as imagens retornavam, em lugar de usar células novas, o cérebro simplesmente religava as antigas.
“Uma vez que uma experiência que tenha ocorrido [dentro do cérebro] pode acontecer outra vez em uma ocasião posterior”, alega o pesquisador chefe Mark Hubener, “o cérebro aparentemente opta por reservar algumas ligações [sinapses] para um caso de necessidade”. Hubener e os outros pesquisadores no projeto afirmaram que isto é uma importante informação para a compreensão dos “processos fundamentais do aprendizado e da memória”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Você faxinou sua casa hoje?…
Via EurekAlert:
National Institute of Standards and Technology (NIST)
Nanopartículas pela casa: Mais e menores do que as anteriormente detectadas
Partículas extremamente pequenas, na escala de nanômetros, são emitidas por aparelhos domésticos (principalmente os de cozinha) em quantidades abundantes, muito maiores do que as das nanopartículas maiores, detectadas anteriormente — revelam os pesquisadores do National Institute of Standards and Technology (NIST). As assim chamadas “partículas utra-finas” (“ultrafine particles” = UFP) variam de 2 a 10 nanômteros. Elas são emitidas por veículos motorizados e várias fontes domésticas, e começaram a atrair a atenção por causa de indícios crescentes de que podem causar doenças respiratórias e cardiovasculares.
Os pesquisadores do NIST realizaram uma série de 150 experiências, usando fornos a gás e elétricos, e torradeiras para estabelecer seus impactos no nível doméstico de nanopartículas. Estudos anteriores ficaram limitados a medir partículas com diâmetros maiores do que 10 nm, porém a nova tecnologia usada nas atuais experiências permitiu aos pesquisadores detectar partículas de até 2 nm — aproximadamente 10 vezes o tamanho de um átomo grande.
Esta faixa inexplorada entre os 10 e 2 nm contribuiu com mais de 90% de todas as partículas produzidas pelos tostadores a gás e elétricos abertos. Os fornos a gás e elétrico e a torradeira produziram a maior parte das UFP na faixa entre 10nm e 30nm.
O resultado dos testes deve afetar futuros estudos sobre a exposição de pessoas a partículas associadas a efeitos na saúde, principalmente porque a exposição a essas UFP no ambiente doméstico pode ser freqüentemente maior do que a exposição às mesmas em ambientes abertos.
Os pesquisadores vão continuar a pesquisar a produção de UFP por fontes domésticas. Muitos pequenos aparelhos domésticos, tais como secadores de cabelos, ferros a vapor e ferramentas elétricas, incluem elementos aquecedores que podem produzir UFP. As pessoas freqüentemente usam esses pequenos aparelhos a curtas distâncias por períodos relativamente longos, de forma que a exposição pode ser grande, mesmo que as emissões sejam baixas.
As experiências foram realizadas em uma casa-para-experiências com três dormitórios, construída no NIST e equipada para medir taxas de ventilação, condições ambientes e concentrações de substâncias contaminantes.
Artigo: L. Wallace, F. Wang, C. Howard-Reed and A. Persily. “Contribution of gas and electric stoves to residential ultrafine particle concentrations between 2 and 64 nm: Size distributions and emission and coagulation rates”. Environmental Science and Technology, DOI 10.1021/es801402v, publicado online em 30/10/2008.
“Por Dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (14/11/08)
Inside Science News Service
14 de novembro de 2008
O que o Presidente-Eleito Obama Precisa Saber Sobre Física
Terrorismo Biológico e Nuclear, Energia e Clima estão entre os principais tópicos
Mesmo os cientistas têm dificuldades em se manter em dia com o constante influxo de novas descobertas das pesquisas. Então, como o presidente dos EUA, no meio de um nevoeiro de questões a resolver diariamente, pode esperar se manter informado sobre desenvolvimentos científicos e tecnológicos que possam ter um impacto sobre a sociedade? Richard A. Muller, um professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, aborda esse problema em seu novo livro, “Physics for Future Presidents” (“Física para Futuros Presidentes”). O livro se divide em cinco abrangentes áreas de tópicos que definem essencialmente as questões mais “quentes” dos dias de hoje: terrorismo, energia, nucleares, espaço e aquecimento global. Muller acredita que qualquer um que deseje ser um líder mundial precisa ter um núcleo de conhecimento nessas áreas.
O livro de Muller é baseado em um curso que ele vem ensinando em Berkeley há anos, de forma que ele teve tempo suficiente para pensar acerca do que o líder mundial precisa saber — ao menos sobre a parte do conhecimento que diz respeito ao mundo material. Eleito o melhor curso do campus, o curso de Muller, “Physics for Future Presidents” (“Física para Futuros Presidentes”) não faz uso de equações ou de descrições matemáticas detalhadas. Em lugar disso, o curso fornece uma apreciação dentro do bom-senso, porém acurada, de certos perigos e oportunidades tecnológicos.
Por exemplo, Muller acredita que o presidente deve saber sobre níveis de radiação (que é a dose cumulativa que é importante para efeitos médicos), acerca da diferença entre explosões de fissão e fusão nuclear (as últimas são muito mais poderosas), acerca do conteúdo energético de várias substâncias (gasolina, e até biscoitos, têm mais energia por peso do que TNT), e acerca do custo relativo da eletricidade obtida através das baterias usadas em telefones celulares, computadores e automóveis. O presidente deve ser capaz de absorver de maneira inteligente as informações acerca do impacto da tecnologia humana sobre o clima e que um dia excepcionalmente quente ou frio não é um indicador do futuro do clima.
O presidente não pode se dar ao luxo de aprender sobre essas coisas, tais como o perigo da radiação, no último minuto, argumenta Muller, porque, em certas circunstâncias, cada segundo conta. Considerem, por exemplo, a detonação de uma “bomba suja”, ou seja, uma explosão comum (não-nuclear) que espalha materiais radiativos. As baixas, destruição de coisas e até a radiação residual, provavelmente seriam muito pequenas. “O maior perigo de uma arma radiológica é o pânico e a histeria desnecessária que ela causaria. Uma “bomba suja” não é realmente uma arma de destruição em massa, mas é potencialmente uma arma causadora de pânico em massa”, afirma Muller. A alocação de recursos durante uma crise — militares, médicos, atendimentos de emergência e engenharia — necessitam de raciocínio rápido e preciso.
Muller encara a física como a “arte liberal de alta tecnologia”, na medida em que os físicos são treinados a resolver problemas em uma vasta gama de tópicos, muitos dos quais relacionados com os próprios tópicos — tais como as questões de energia e nucleares — que fazem parte do arcabouço do várias questões de segurança nacional. Provavelmente por causa disso, vários Consultores Científicos dos presidentes foram físicos.
Os Consultores Científicos vem perdendo o prestígio que já tiveram, acredita Muller, porque eles — e os cientistas em geral — são percebidos mais como um “grupo de pressão”, cuja meta é apenas obter mais verbas federais para a ciência. Um bom Consultor Científico presidencial, argumenta Muller ironicamente, não deveria “aconselhar tanto”. Em lugar disto, ela ou ele deveria agir como um sistema de alerta antecipado, informando ou instruindo o presidente (mas não fazendo “lobby”) em questões de ciência e tecnologia e seus possíveis impactos.
Muller tem uma longa experiência em fornecer assessoria científica para o governo. Por muitos anos ele foi um membro dos “Jasons”, uma organização dos principais cientistas que realizam encontros de um mês ou mais, durante cada verão, para estudar assuntos específicos — a maior parte deles relacionados com a segurança nacional — que sejam do interesse do Pentágono ou de outras agências federais. Esse trabalho, diz Muller, ensinou a ele o valor de fazer várias perguntas idiotas e acreditar necessariamente em tudo que é dito pelos experts.
Teste seus próprios conhecimentos presidenciais sobre ciências. A revista Nature apresenta um conjunto de perguntas do curso de Muller em seus website: www.nature.com/news/specials/climatepolitics/index.html
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (12/11/08)
Inside Science News Service
12 de novembro de 2008
Altos Padrões de Vida, mas com Menos Energia
Relatório faz Recomendações para a Economia de Energia em Edifícios e Automóveis
Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS
Usar a energia de maneira sábia vai ajudar a encher seu bolso, proteger o meio ambiente e, talvez, melhorar a segurança nacional — isto de acordo com um novo relatório sobre eficiência energética emitido pela Sociedade Americana de Física (American Physical Society = APS), a principal organização de físicos nos EUA. O relatório, que contempla o aumento da eficiência energética nos setores de transportes e da construção civil, faz diversas recomendações específicas para políticas, tais como conseguir independência dos combustíveis fósseis em novas construções até 2030; alcançar um rendimento de 35 milhas por galão (cerca de 15 km/l) para automóveis e caminhonetes até 2020 e de 50 milhas por galão (cerca de 21,5 km/l) até 2030; diminuir o consumo de energia per capita por todo o país; e aumentar a quantidade de dinheiro investido pelo governo federal em pesquisas sobre energia, até chegar aos patamares de 1980.
O presidente do comitê que preparou o relatório, Burton Richter, um cientista em Stanford e ganhador de um Nobel de Física, diz que estamos agora em uma era de instabilidade energética. Porém, diferentemente das crises anteriores, tais como a que atingiu os EUA em 1979, os atuais problemas energéticos provavelmente serão de longo prazo. A dependência americana de petróleo importado é muito maior do que era há 30 anos, existe uma competição com economias em desenvolvimento — especialmente a China e a Índia — por fontes de energia e, atualmente, temos consciência de um problema praticamente desconhecido em 1979, mais exatamente a ameaça ao clima criada pelas massivas emissões de dióxido de carbono.
De algumas formas, as coisas vão melhor do que há 30 anos. Os EUA, através de grandes melhoramentos na produtividade, foram capazes de cortar pela metade a quantidade de energia necessária para a produção de cada unidade do Produto Interno Bruto (PIB). Essas são as boas notícias. As más notícias são que os EUA ainda usam mais energia per capita do que qualquer outro país, exceto o Canadá. Os custos rapidamente crescentes dos combustíveis, a importação massiva de petróleo de lugares instáveis ao redor do globo e as preocupações de que a continuada dependência de combustíveis fósseis estejam alterando o clima, tudo isso realça a necessidade de aumentar a eficiência.
A eficiência energética é a quantidade de energia que alimenta um dispositivo, seja uma lâmpada ou um veículo, que realmente resulta no efeito desejado, tal como a produção de luz ou o movimento. A geração de energia elétrica em uma usina, por exemplo, é em média de 33% de eficiência. Somente cerca de um terço da energia contida em um certo peso de carvão se torna eletricidade; o resto se perde como calor.
Em seu exame do uso de energia no setor da construção, o estudo sobre eficiência da APS afirma que, por volta do ano de 2020, será economicamente factível construir prédios residenciais que não necessitem de consumo de combustíveis fósseis, exceto em climas muito quentes e úmidos. Tais “edifícios de energia-zero” (“zero-energy buildings”, ou ZEB) pode ser feito principalmente com tecnologia já existente, através de uma enorme diminuição na quantidade de energia necessária para aquecer e iluminar o edifício, e através de um maior emprego de fontes de energia renováveis, tais como painéis solares o topo. Muitos experts em energia abraçaram esta meta e até o Departamento de Energia do Governo dos EUA declarou que a construção de ZEB deve ser a meta para a construção de novos prédios do governo federal.
Diminuir a dependência dos edifícios comerciais do consumo intenso de energia é mais difícil do que o caso dos edifícios residenciais, por causa das diferenças de tamanho, formato e das demandas colocadas sobre os sistemas de aquecimento/refrigeração e iluminação. Porém, argumenta o relatório da APS, até com edifícios comerciais se pode chegar a zerar as necessidades de consumo de combustíveis fósseis por volta do ano de 2030.
Entretanto, para atingir essas metas, será necessário realizar muito mais pesquisa sobre energia. O relatório demonstra que o aumento de recursos só precisa chegar ao ponto que existia em 1980. As pesquisas naquele tempo levaram a um importante aumento nos padrões de eficiência. Por exemplo, as lâmpadas fluorescentes compactas e os refrigeradores atualmente usam apenas um quarto da energia em comparação com os modelos disponíveis há 30 anos. Os aparelhos de ar condicionado são duas vezes mais eficientes do que os de 1980. Esses melhoramentos dramáticos do uso de energia poderiam ser mantidos, argumentam vários experts, mas somente se um programa coordenado de pesquisas energéticas for posto em ação. Os melhoramentos se auto custearão na forma de menores contas de combustível.
A eficiência pode continuar a melhorar? Não teremos chegado ao ponto de extrair toda a eficiência possível? Bem, a Europa usa aproximadamente metade da energia elétrica per-capita da América, com a mesma qualidade de vida. Um menor consumo de energia pode ser possível nos EUA? Já é. O consumo per-capita de energia na Califórnia, cerca de metade da média nacional, vem se mantendo no mesmo patamar nos últimos 30 anos, principalmente por causa de um ambicioso programa de padrões para eletrodomésticos e outras inovações nos projetos de edifícios.
No fronte dos transportes, o relatório da APS reclama por melhores padrões de rendimento para carros e caminhonetes: uma frota com um consumo médio de 15 km/l até 2020 e 20 km/l até 2030. O relatório declara que as metas para 2020 são factíveis com os conhecimentos atuais de projetos, mas a meta para 2030 necessitará de esforços coordenados de pesquisa adicionais. Especialmente na área de baterias, que teriam que ser muito mais econômicas em termos de preços e capacidade de armazenagem de energia, os níveis de pesquisas e incentivos para a comercialização precisam ser aumentados.
O relatório sobre a energia da APS também deixa claro que, ao mesmo tempo que se deve avançar na pesquisa de componentes energéticos específicos, tais como baterias, eletrodomésticos, ou automóveis, é igualmente importante custear a pesquisa básica, o tipo de trabalho que resulta em novos conhecimentos fundamentais sobre novos tipos de materiais e processos de conversão de energia — e pesquisas aplicads de longo prazo que freqüentemente não é contemplada no orçamento federal de pesquisa e desenvolvimento.
Uma cópia do relatório pode ser obtida em: www.aps.org/energyefficiencyreport
Phillip F. Schewe é um escritor de ciências do Instituto Americano de Física e autor de “The Grid: A Journey Through the Heart of Our Electrified World” (National Academies Press, 2007).
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (10/11/08)
Inside Science News Briefs
10 de novembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Anuais versus Perenes — Não é uma questão de “Fundo de Quintal”
Os cientistas no Instituto de Biotecnologia em Gent, Bélgica, descobriram o que torna as planas “anuais”, o que significa que elas vivem uma estação de crescimento e morrem, ou “perenes”, o que significa que elas renascem a cada primavera. A diferença, de acordo com o trabalho do cientista Siegbert Melzer, se resume a dois genes críticos que induzem a floração que, quando inibidos, podem transformar uma anual em perene. O rápido crescimento de flores e, em seguida, de sementes, é a estratégia que a maioria das anuais usam para se propagarem de uma geração para a próxima e de uma estação de crescimento para a outra. As anuais passam por “um rápido crescimento, após a germinação, e uma rápida transição para a floração e formação de sementes, economizando, assim, a energia necessária para a criação de estruturas permanentes”, diz uma declaração do Instituto acerca da pesquisa. “Elas germinam rapidamente depois do inverno, de forma que nascem antes das outras plantas, evitando, assim, a necessidade de competir por alimentos e luz. O truque é, basicamente, criar tantas sementes quanto possível em um tempo tão curto quanto possível”.
As perenes, em lugar disto, constroem “estruturas”, tais como botões, bulbos ou tubérculos que sobrevivem ao inverno, contendo células que ainda não estão especializadas e que, quando a nova estação de crescimento chegar, podem ser convertidos em caules e folhas. Uma anual usa todas as suas células não-especializadas para criar flores e, desta forma, após espargir suas sementes, morre. O crescimento das flores é disparado pela sensitividade da planta à duração do dia e da quantidade de luz solar. Quando a luz está no ponto certo, os “genes indutores da floração” são ativados. Desativando-se dois dos genes que induzem a floração na Arabidopsis thaliana, uma planta florescente cujo genoma foi inteiramente seqüenciado, os pesquisadores criaram plantas mutantes que “já não podem induzir a floração, mas… podem continuar a crescer vegetativamente ou florescer muito depois”. Uma vez que as plantas não usam todo seu estoque de células não-especializadas para fazer flores, elas se tornam perenes, capazes de continuar a crescer por um longo tempo. E, tal como perenes verdadeiras, as anuais alteradas mostram um crescimento secundário com formação de madeira.
Por que acontecem mais ataques cardíacos e derrames durante a manhã?
Ataques cardíacos e derrames ocorrem com mais freqüência durante a manhã, logo quando o relógio biológico das pessoas está “ligando” diversos sistemas físicos, se preparando para as atividades diárias. Os cientistas há muito tempo já conheciam esta ligação entre os ritmos biológicos e os ataques cardíacos, mas, agora, os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Emory descobriram que os ritmos diurnos das células que revestem os vasos sanguíneos podem ser parte do motivo. As células endoteliais nos vasos sanguíneos servem como uma interface entre o sangue e as artérias, controlando o tônus arterial e ajudando a impedir a formação de trombos que levam a ataques cardíacos e derrames, argumenta uma nota dessa escola de medicina. Essas células, que ajudam os vasos sanguíneos a relaxar, são criadas a partir de células progenitoras originadas na medula óssea.
Em seu estudo, Ibhar Al Mheid, um médico e pesquisador em cardiologia, mediu amostras de sangue retiradas de uma dúzia de pessoas saudáveis de meia idade, a cada quatro horas durante 24 horas. Foi descoberto que a capacidade de relaxamento dos vasos sanguíneos e do crescimento das células progenitoras atinge um pico à meia noite, cerca de quatro horas depois do pico no número de células endoteliais. “O revestimento de nossos vasos [sanguíneos] parece funcionar melhor à noite do que durante o dia”, declara Al Mheid. “A função endotelial fica particularmente deprimida nas primeiras horas da manhã”.
Estudos anteriores do ritmo biológico do coração humano, realizado por outros pesquisadores, mostra que vários fatores regulam a eficiência do próprio coração e que ele, na média, é mais capaz de tolerar estresse por volta das 5 horas da tarde e menos capaz de lidar com o estresse por volta das 9 da manhã.
Talvez os dinossauros não dançassem, afinal…
Uma notícia veiculada pelos geólogos da Universidade de Utah de que teriam encontrado uma “pista de dança de dinossauros” — uma área remota contendo ao menos um milhar de pegadas de dinossauros — foi contestada por um grupo de paleontologistas que visitou o local. Uma semana após a “pista de dança” ter sido alvo da atenção da mídia mundial, quatro chatos invejosos paleontologistas de outras instituições foram até a área dentro do Vermillion Cliffs National Monument na fronteira Arizona-Utah. Eles relataram que viram rastros de dinossauros ao irem para o local, porém nenhuma pegada na própria “pista de dança”.
“Simplesmente não há rastros ou características de rastros reais nesse lugar”, declarou o bolha Brent Breithaupt, diretor do Museu Geológico da Universidade do Wyoming. As depressões que os geólogos da Universidade de Utah interpretaram como pegadas fósseis são, mais provavelmente, buracos de erosão, disse a equipe de estraga-festas paleontologistas. Marjorie Chan, catedrática de geologia e geofísica em Utah, foi uma dos co-autores no artigo que descrevia as depressões como prováveis pegadas de dinossauros. Sua reação aos comentários dos sem-graça paleontologistas, ela declarou que, se os buracos são de erosão, eles são de um tipo extremamente incomum, comparados com os buracos de erosão na região.
Chan e Winston Seiler, que realizou a pesquisa como parte de sua tese de mestrado, disseram que não vão desdizer seu estudo que foi pulicado na Palaios, uma publicação internacional de paleontologia. Porém reconheceram que existem argumentos a favor das marcas serem buracos de erosão, em lugar de pegadas de dinossauros, e observaram que essa possibilidade foi citada em seu artigo. “A ciência é um processo evolutivo no qual buscamos a verdade”, declarou Chan. “Nós observamos o adequado processo científico de cuidadosos estudos comparativos com outros estudos publicados e pela revisão por pares. Nós fizemos uma considerável auto-crítica do projeto e chegamos a uma conclusão diferente da dos paleontologistas, mas estamos abertos ao diálogo e visamos contribuir para resolver a controvérsia”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (27/10/08)
Inside Science News Briefs
27 de outubro de 2008
Por Chris Gorski e Jim Dawson
Inside Science News Service
“Laptops” Vibrantes
Dois pesquisadores da Califórnia, tirando vantagem dos chips com acelerômetro dos novos modelos de computadores “laptop”, estão montando um link público atavés da Internet que usa esses chips para criar um amplo sistema de detecção de terremotos. Quando um terremoto balançar, por exemplo, o Sul da Califórnia, os “laptops” ligados através de um software especial à Quake-Catcher Network (“Rede Pega-Terremotos”) automaticamente vão reportar o tremor. Se os cientistas, de repente, receberem relatórios de muitos “laptops”, vão saber que provavelmente está acontecendo um terremoto. A rede é gerenciada por Elizabeth Cochran na Universidade da Califórnia, Riverside, e por Jesse Lawrence na Universidade Stanford.
Embora os detectores científicos de terremotos sejam muito mais sensíveis do que um “laptop” comum, são também muito mais caros, custando entre US$10.000 até US$100.000. E os detectores de verdade podem captar sinais sutis de terremotos distantes que ficam além da sensibilidade dos “laptops”. Porém, explica Lawrence, “com vários sensores mais baratos, em lugar de adivinhar onde os tremores mais fortes foram sentidos pela interpolação dos dados dos sensores, nós deveremos ser capazes de saber onde os tremores fortes estão sendo imediatamente sentidos, porque teremos sensores [na forma de computadores “laptop”] no local”.
Qualquer um com um computador do tipo “laptop” ou “desktop” que contenha um chip sensor de movimento pode se juntar à Quake-Catcher Network pelo site http://qcn.stanford.edu. O software necessário para transformar seus “laptop” em um detector de terremotos está disponível no site e é o mesmo software usado pela organização SETI [Search for Extra Terrestrial Intelligence] que permite que as pessoas usem seus computadores domésticos para ajudar a encontrar inteligência alienígena. A rede de terremotos tem filtros que podem distinguir entre um terremoto real e “mão pesada” na digitação.
Geo-biólogos que estudavam material extraído por uma broca de sondagem em Ancora, Nova Jersey, descobriram um aglomerado de cristais magnéticos com a forma de pontas de lança, formados por processos biológicos, que eles batizaram de “Estrela da Morte Magnética”. Esses cristais de óxido de ferro estavam agrupados em um formato esférico que parece ser diferente de qualquer organismo conhecido no registro fóssil.
“Imagine nossa surpresa em descobrir não só uma floração fóssil de bactérias que produziam magnetos de óxido de ferro dentro de suas células, mas também um conjunto inteiramente novo de organismos que construíam cristais magnéticos de tamanho gigantesco”, disse o estudante pós-doutorando do California Institute of Technology, Timothy Raub, que coletou as amostras de um núcleo extraído para a prospecção de petróleo que estava em um armazém da Universidade Rutgers em Nova Jersey.
As bactérias usam o material magnético em suas células para se orientarem com o campo magnético da Terra. Os pesquisadores, das Universidades McGill e Princeton, bem como do Caltech, declararam não saber se esse tipo de organismo está extinto atualmente, ou se simplesmente nunca tinha sido encontrado antes.
Os cristais magnéticos apareceram na rocha em tamanhos incomumente grandes, até oito vezes maiores do que os maiores cristais bacterianos de óxido de ferro até então encontrados. Na publicação na Proceedings of the National Academy of Sciences, os autores declaram que a parte intermediária da costa atlântica dos EUA deve ter sido um ambiente rico em ferro a 55 milhões de anos atrás, muito diferente do que é hoje. De acordo com o co-autor Robert Kopp, “Esses fósseis podem estar contando uma história acerca de uma modificação radical do ambiente: Imagine um rio como o Amazonas correndo, ao menos ocasionalmente, onde hoje está o Potomac”.
Hipnotizadores Induzem Experiências de Sinestesia e fazem a Letra “A” Sumir
Pesquisadores de Israel, Inglaterra e Espanha colaboraram em um projeto que demonstrou que pessoas com cérebros comuns são capazes de passar por experiências sinestésicas, o que significa que, estimulando um dos sentidos, se pode causar o uso involuntário de outro. Exemplos desse fenômeno incluem pessoas verem consistentemente um certo algarismo com um determinada cor, ou quando ouvir um certo som dispara a sensação de um determinado sabor. As descobertas, publicadas em Psychological Science, contradizem a crença, até então prevalescente, de que a sinestesia só acontecia com pessoas que tinham conexões sinápticas extra em seus cérebros.
Usando uma técnica chamada sugestão pós-hipnótica, os pesquisadores demonstraram que é possível induzir pessoas a terem experiências sinestésicas. Um dos testes feitos para confirmar que os participantes estavam realmente tendo experiências de sinestesia envolveu pessoas que tinham recebido a sugestão pós-hipnótica para ver o algarismo “7” na cor vermelha, se elas podiam ver o algarismo impresso em preto sobre um fundo vermelho. Se os participantes não fossem capazes de ver o algarismo, os pesquisadores concluiriam que a sinestesia induzida por hipnose era real. A pesquisa demonstrou que “conversas em paralelo” entre as células cerebrais podem causar experiências de sinestesia e não conexões extra no cérebro. O co-autor Cohen Kadosh declarou que “isso nos leva um passo adiante na compreensão das causas da sinestesia e das interações transcerebrais anormais”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.