Michel Gondry: Videografia (quase) completa


Já mencionei o trabalho do diretor francês várias vezes por aqui: é porque é um gênio. Efeitos especiais são geralmente menosprezados por intelectuais, mas criar novas formas de efeitos, por vezes enlouquecedoramente simples e ainda assim estupendos, é uma arte. E ainda que Gondry já tenha ganhado um Oscar como co-roteirista de “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças“, é com seus comerciais e videoclipes ao longo de mais de uma década que se aprecia melhor sua criatividade pirotécnica.
Você pode comprar o DVD “The Work of Director Michel Gondry“, completo com seus principais trabalhos, a bunda de sua namorada bem como entrevistas com sua mãe. Necesariamente neste ordem. Como se percebe, imperdível. Mas a internet oferece não só a lista completa de videoclipes de Gondry na Wikipedia, como o Youtube disponibiliza quase todos, incluindo muitos excelentes que não fazem parte de seu DVD. Continue lendo para assistir a quase todos os videoclipes de Michel Gondry, em ordem cronológica.


– “Les Cailloux” – Oui Oui (1989)

Gondry foi bateirista da banda francesa Oui Oui, e seus primeiros videoclipes foram criados para ela. Nada de extraordinário — como a música –, já exibiam há quase vinte anos as brincadeiras e referências infantis que culiminariam em coisas interessantes mas nada geniais como The Science of Sleep. Michel Gondry é um sujeito de quarenta e poucos anos que ainda brinca de massinha.
– “La Tour de Pise” – Jean François Coen (1993)

A criatividade com efeitos simples que garante este post já surge neste vídeo de 1993. Como muitos de seus efeitos, a idéia seria copiada e variada e hoje é bem comum principalmente com a internet. Excelente.
– “Human Behaviour” – Björk (1993)

Como nos clipes para a Oui Oui, referências infantis abundam, com alguns tons de pesadelo, e ainda que eu não ache muito bom, este clipe é considerado fenomenal por muitos. Incluindo a própria Björk, que teria Gondry produzindo vários de seus outros clipes.
– “Lucas With the Lid Off” – Lucas (1994)

Genial, completamente genial. Assista com atenção: todo o clipe foi filmado em uma única tomada. Sem cortes, não há praticamente nenhum efeito especial de pós-produção, o que você vê é o que o cameraman filmou. As brincadeiras com pontos de referência e truques visuais se tornariam sua assinatura.
– “Like a Rolling Stone” – The Rolling Stones (1995)

Quando foi lançado, o clipe foi revolucionário. Foi a primeira aplicação do “efeito Matrix”, em que o tempo parece congelado. Ainda que incontáveis paródias de Matrix já tenham exaurido o impacto do efeito, o original ainda vale.
– “Hyper-Ballad” – Björk (1996)

Movimentos de câmera controlados, múltiplos takes sobrepostos, projeção de imagens. O clipe é claramente inspirado nos efeitos de transparência conhecidos como Pepper’s Ghost, usado para criar “fantasmas” em peças teatrais, e mais recentemente, em falsas “holografias” tridimensionais. No começo dos anos 90, a Sega lançou um arcade com tal efeito, o que também deve ter influenciado o clipe. Gondry é ciência.
– “Sugar Water” – Cibo Matto (1996)

De volta aos efeitos especiais simples. Na verdade, não há realmente um efeito especial aqui, exceto rodar o vídeo de trás para a frente. É um “palíndromo“, a história é a mesma sendo exibida normal e então ao contrário. As duas partes se encontram no meio. Não exatamente genial, mas extremamente interessante e criativo.
– “Feel It” – Neneh Cherry (1997)

Este entra como curiosidade: o próprio Gondry não gostou do resultado final. Segundo ele, a tecnologia à época ainda não permitia fazer o que ele pretendia. O vídeo é realmente levemente tosco, e de um jeito não muito agradável. O francês se redimiria com o clipe de “Come Into My World” com Kylie Minogue, que você confere mais abaixo.
– “Around the World” – Daft Punk (1997)

Um dos mais conhecidos clipes. A integração de música e imagens seria explorada às últimas conseqüências em “Star Guitar”, que você confere abaixo. Muito bom.
– “Everlong” – Foo Fighters (1997)

O que começou com referências infantis, aqui chega às referências oníricas… e o resultado é fenomenal. Boa viagem.
– “Jóga” – Björk (1997)

Vale pelas imagens — fractais e geologia imaginária. Outra boa viagem.
– “Deadweight” – Beck (1997)

Mais viajação. Nada extraordinário. Gondry realmente fez sapatos que andam na sua frente.
– “Bachelorette” – Björk (1997)

Fantástica é a criatividade da cenografia na peça teatral exibida no clipe. Metalinguagem é isso aí. Brilhante.
– “Let Forever Be” – The Chemical Brothers (1999)

Um dos melhores clipes de todos os tempos.
– “Star Guitar” – The Chemical Brothers (2002)

Outro dos melhores clipes de todos os tempos.
– “Fell in Love with a Girl” – The White Stripes (2002)

A idéia de um clipe criado completamente com pixels de Lego soa bem. Mas ela se esgota depois de alguns segundos. Considerando o trabalho, o clipe para executar a idéia tinha que ser curto mesmo. Mas faz sucesso de toda forma. Nada muito especial.
– “Dead Leaves and the Dirty Ground” – The White Stripes (2002)

O efeito aqui é sutil e muito bom. As imagens “fantasma” foram projetadas na cena, mas só aparecem corretamente porque o projetor está muito próximo da câmera, e projeta cenas capturadas anteriormente do mesmo ponto de vista. Complicado? Em resumo, de qualquer outro ponto de vista que não o da câmera, as imagens projetadas surgirão todas distorcidas no cenário — ainda não existem holografias tridimensionais de verdade. Gondry usou exatamente o mesmo efeito em seu mais recente clipe para Paul McCartney. É a inovação em novos tipos de efeitos especiais de que venho falando.
– “Come Into My World” – Kylie Minogue (2002)

Imperdível. A sobreposição de cenas em múltiplas voltas é uma idéia simples, mas de execução extremamente complexa. Exigiu coreografia cuidadosa, várias tentativas, uma câmera de movimentos controlados e muita pós-produção. Se você assistir com muita atenção pode notar algumas partes estranhas, mas o resultado final é mesmo impressionante.
– “Ride” – The Vines (2004)

Mais uma idéia simples, criativa e divertida.
– “Mad World” – Gary Jules (2004)

Mais simplicidade com bons resultados.
– The Denial Twist” – The White Stripes (2005)

Um dos melhores clipes de Gondry, ainda que não seja um dos melhores de todos os tempos. Já blogamos sobre os engenhosos truques usados aqui.
E… isso é tudo, ou pelo menos, os mais relevantes clipes de Gondry. Também há seus muitos comerciais e alguns filmes, mas se você chegou até aqui e assistiu a pelo menos uns cinco clipes, muito provavelmente é mais um convertido à Igreja Gondryana.

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