Efeito Matrix: uma ilusão retroativa


“Matrix” popularizou o efeito especial em que o tempo anda cada vez mais devagar até parar, no momento em que Neo aprende a desviar de balas. Todos nós experimentamos algo parecido em situações de estresse, como acidentes de carro, e a sensação está mesmo associada à idéia de que antes de morrer toda sua vida passaria a frente de seus olhos — em algumas frações de segundo. Mas se seu sonho é alcançar esse domínio do sistema, uma pesquisa da Baylor College of Medicine em Houston, EUA, sugere que será tão fácil quanto sair voando de um prédio como o Super-Homem.
Para testar se as pessoas realmente conseguem acelerar sua percepção do mundo em momentos de estresse, vendo tudo passar em “câmera lenta”, os cientistas pediram que diversos voluntários realmente pulassem de grandes alturas. Mas devidamente protegidos, claro, e com um dispositivo que lhes exibia números piscando muito rapidamente. Normalmente, os números mudam tão rapidamente que não podem ser distinguidos, mas se o cérebro realmente funciona mais rapidamente em tais situações, então como os voluntários seriam capazes de ver tudo em “câmera lenta”, ver os números piscando seria possível.
Os resultados: os voluntários em queda livre realmente acharam a experiência eletrizante. Cronometram uma duração subjetiva para a própria queda mais de um terço maior do que a de seus colegas com os pés no chão — comprovando que o tempo realmente pareceu se esticar. Mas se ele se esticou para eles, foram mesmo capazes de ver os números piscando em câmera lenta? A resposta foi não. Sua velocidade de percepção do mundo continuou a mesma.
“Nós descobrimos que as pessoas não são como Neo em Matrix, desviando-se de balas em câmera lenta. O paradoxo é de que pareceu aos participantes que sua queda levou um longo tempo. A resposta ao paradoxo é que a estimativa de tempo e a memória estão interligadas: os voluntários apenas pensaram que a queda levou um tempo maior em retrospecto“, disse o doutor David Eagleman, professor-adjunto de neurociência e psiquiatria e ciência do comportamento na Baylor College.
Que nossa percepção da duração de um evento se altere depois que ele passou é apenas algo mais e fazê-lo dizer: “penso, logo desisto“.
Confira o paper em inglês sobre o estudo, “Does Time Really Slow Down during a Frightening Event?“, e a página pessoal de Eagleman para muito mais.

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