Use sua TV como um radar


E nem precisa (ou deve) ser uma TV digital. Usando apenas sua engenhosidade alavancada pela ciência, um inglês foi capaz de usar os “fantasmas” em sua televisão para localizar a origem do sinal atrapalhando sua recepção. É o princípio sofisticado por trás dos radares passivos, e vale contar algo sobre como ele o fez.
Antes de mais nada, é preciso explicar o que é um “fantasma”. Ou melhor, todo sabem o que é um fantasma em um sinal de TV, mas a sua causa é menos conhecida. São grandes objetos que acabam refletindo o sinal original da emissora de TV, e como o sinal refletido percorre um caminho diferente para chegar até sua antena, também leva um tempo diferente, e se sobrepõe sobre o original. O resultado é o “fantasma”, algo como um eco.
Note que um objeto grande refletir um sinal de rádio é exatamente o princípio do radar. E, no radar passivo, o que se tem é um dispositivo capaz de perceber as diferenças entre o sinal original e o sinal refletido. Que pode ser mesmo uma televisão com fantasmas.
Sabendo os dados sobre a freqüência do sinal de TV e como é decodificado pelo aparelho, basta medir a posição do sinal fantasma em relação ao sinal original na TV. Com isso, é possível calcular a diferença de tempo e logo a distância percorrida pelo sinal fantasma. Com a posição de sua casa e a da emissora de TV como focos, traça-se assim uma elipse que define todos os pontos que poderiam conter o grande objeto refletor culpado. Foi o que o inglês fez, e ao traçar a elipse, descobriu que ela cruzava um grande conjunto de prédios. Seria ele o culpado?

Para fechar a questão, ele então direcionou sua antena para o grupo de prédios e… o sinal fantasma ficou mais forte! Sua TV e antena, e principalmente, seu cérebro, funcionaram como um radar.
OK, pode ser algo a empolgar apenas a nerds, já que remover as fontes de sinais fantasmas é quase sempre muito pouco prático — é mais simples comprar uma TV digital. Mas como o autor disse, “é provavelmente a coisa mais interessante que já vi na TV há tempos“. Serve para pensar que todos aqueles fantasmas na sua TV analógica são sinais refletidos de objetos que, se você não tiver nada melhor a fazer, pode tentar localizar com precisão.
Também é uma demonstração bela sobre como a ciência simplesmente funciona. Para fazer algo assim, é necessário conhecer a velocidade da luz, e que ela seja constante. A elegância de aplicar todos estes conhecimentos de forma simples lembra como você pode também medir a própria velocidade da luz com um microondas e marshmallows ou chocolate.

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