A beleza da flor de Feynman

No vídeo, acima, Feynman se queixa de um amigo seu, artista, que diz: “Vocês cientistas não sabem entender a beleza de uma flor: vocês pegam a flor e separam parte por parte, até ela perder a graça”. Ele diz: “Ora, tudo que outras pessoas vêem numa flor eu também vejo, mas vejo muito mais. Eu posso imaginar as estruturas das células lá dentro, e ver como são bonitas. A flor tem beleza numa escala de centímetros, mas também numa escala muitíssimo menor. O fato de que a flor é capaz de desenvolver cores para atrair insetos também é interessante. Isto quer dizer que os insetos enxergam as cores. Será que eles têm também um senso estético? Como se vê, o conhecimento científico só faz aumentar a beleza e o mistério das coisas, não vejo como possa diminuí-lo”.

A tradução em português acima eu encontrei na coluna de Bráulio Tavares, que ainda comenta:

“Eu me arrisco a dizer a Feynman que ele talvez não tenha percebido que grande parte das pessoas que elogia a beleza não se interessa por ela. Gostam das flores e dos crepúsculos como um enfeite para seu lazer, como algo que está ali com a função de proporcionar-lhes deleite. Grande parte da apreciação estética não tem nada dessa curiosidade desinteressada de Feynman. É apenas uma fruição egoísta de um prazer socialmente encorajado. Um sujeito só acha uma flor bonita no instante em que admitir que a flor é tão importante quanto ele”.

Depois disso, passei uma hora lendo todas as colunas de Tavares de uma só vez.

Ah sim, o vídeo de Feynman contando essa história eu já havia visto em um documentário mais longo, onde ele conta várias histórias e fala principalmente de seu pai. Mas achei indicado no Glúon, que anda bem atualizado.

Discussão - 2 comentários

  1. Vinicius Gomes Rocha disse:

    Lembra um excelente livro de Richard Dawkins, de 1988, "Desvendando o Arco Iris".
    O título veio da crítica que o grande poeta ingês Keats fez a Isaac Newton.
    Keats julgava que Newton teria agredido #ou destruído# a beleza do fenômeno, ao explicá-lo cientificamente... a ideia de que o prazer da contemplação estética deve estar dissociada da compreensão intelectual é velha, e muito disseminada, né?

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