O “Milagre” do vôo 1549
O Contraditorium já expressou bem, então aqui só vai esse gráfico acima feito de qualquer jeito; a opinião de quatro especialistas no NYT sobre o que salvou os passageiros; Levitt lembrando como havia comentado em 2006 como “ridículas” as instruções dadas a respeito “do evento improvável de um pouso na água”; e como o mais curioso foi Steven Johnson publicar poucas horas antes do acidente no BoingBoing sobre como fazia sete anos que não havia nenhum acidente fatal nos EUA. A marca ainda continua, mas Johnson prometeu “nunca mais dizer algo em público sobre segurança em aviação”.
E, claro. Este vídeo do Daily Show comentando o milagre do vôo 358 da Air France em 2005:
“Se os passageiros tivessem morrido e três dias depois ressuscitado, aí sim isso seria um milagre”.
Que fique claro, embora seja ótimo rir com o acidente da US Airways, a tragédia da TAM não é motivo para tal. Mas atribuir a deus tudo que acaba bem, enquanto se buscam culpados apenas quando dão errado (e olhe lá), é o caminho para que mais “milagres” não aconteçam.
Porque “milagres” e “tragédias” aéreas não são atos e vontades de deus. Se deus quisesse que voássemos teria nos dado asas, como a enorme sabedoria religiosa bem nos ensinou.
Que os EUA não tenham nenhum acidente aéreo com vítimas fatais há sete anos é resultado de um enorme esforço racional e humano para que sejam evitados.
Que o Brasil esteja batendo recorde após recorde de acidentes aéreos e vítimas fatais em anos recentes é responsabilidade de uma série de pessoas que talvez tenham mesmo deixado tudo nas mãos de deus.
Discussão - 2 comentários
Muito bem exemplificado. Pilotos muito bem preparados, treinados, um ótimo controle aéreo e uma grande segurança no embarque é o que torna os EUA hoje um exemplo em termos de segurança.
Enquanto nós, como sempre atrasados, mostramos para o mundo um grande exemplo do que não se deve fazer.
Gostei dessa:
“Se os passageiros tivessem morrido e três dias depois ressuscitado, aí sim isso seria um milagre”.
🙂