Todos os (bebês) japoneses são (ainda mais) iguais?

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Deve ser fácil perceber que os dois rostos acima pertencem a duas pessoas diferentes. Mas e quanto aos bebês abaixo? Seriam mesmo dois bebês?

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Cognitive Daily comenta um estudo liderado por Dana Keufner em que estudantes italianos precisavam identificar rostos de bebê, e provavelmente como você acima, os resultados de dois experimentos indicaram que “adultos reconhecem mais facilmente faces de adultos do que faces de recém-nascidos e crianças”. Todos os bebês realmente parecem ter cara de joelho.

Em um terceiro experimento, no entanto, conduzido com adultos que passam muito tempo com crianças – professores de pré-escola – a diferença foi muito menor. Passar pelo menos 30 horas por semana olhando para rostos de criança realmente fez com que percebessem as diferenças das caras de joelho muito melhor.

Nossa dificuldade em diferenciar rostos de pessoas muito mais novas ou velhas é o chamado “efeito da outra idade”, e como brincamos no título deste post, o efeito da outra idade é análogo ao mais bem documentado “efeito da outra raça”, que nem deve ser necessário explicar.

Há várias pesquisas fascinantes também sobre o efeito da outra raça, como este indicando como o efeito se desenvolve em bebês, e é curioso descobrir que bebês de alguns meses de idade não só não exibem os efeitos de outra idade ou raças, como também podem reconhecer a diferença entre faces de animais de outras espécies. Se para você todo chimpanzé é igual, a um bebê que só sabe mamar e sujar as fraldas as diferenças podem ser óbvias.

Depois de nove meses, contudo, os efeitos de outras idades, raças (e espécies) já entram em ação. Mas há outro estudo evidenciando como o efeito é reversível (PDF): crianças coreanas adotadas entre as idades de 3 a 9 anos por famílias caucasianas européias identificaram faces… caucasianas com maior facilidade, exatamente como o grupo de controle de crianças francesas. O cérebro pode se adaptar a novos tipos de rostos sem tanta dificuldade, como os professores de jardim de infância já devem ter sugerido.

Tudo isso sugere que não são tanto as faces de outras idades ou raças que são todas iguais, e sim as faces com que convivemos mais que se tornam mais facilmente diferenciáveis. Perceber rostos como diferentes é pelo visto um processo cognitivo rápido mas que só funciona em determinado tipo de faces. Nós trocamos a habilidade de diferenciar uma ampla variedade de rostos que quase nunca vemos, mas a grande esforço e tempo, pela capacidade de diferenciar sem dificuldade em uma fração de segundo os rostos que vemos todos os dias.

No experimento de Keufner com bebês, inverter os rostos apresentados fez não só com que a precisão da identificação diminuísse tanto para adultos como para bebês, mas que também se tornasse igual. De cabeça para baixo, todos têm cara de joelho, sejam adultos, bebês, caucasianos ou asiáticos.

Descobrir estes atalhos e “bugs” de como nosso cérebro processa rostos não deve ser tanto surpresa, em especial rostos de ponta cabeça.

Discussão - 5 comentários

  1. Patola disse:

    Tá bem, mas você continua errando o uso de "todos" e "todas". O certo é "todos os bebês"... 😛

  2. Kentaro Mori disse:

    Corrigido! 🙂

  3. Cacá disse:

    Essa história de clonagem é a maior baboseira, já era feita pelos japas ha milhares de anos!

  4. Nilson disse:

    Em alguns filmes norte-americanos em que tem aqueles caras branquelos meio avermelhados e cabelos mais ou menos claro acabo confundindo os personagens e tendo dificuldade de acompanhar o filme (assisto muito poucos filmes). É estranho porque no Brasil existe muita diversidade de pessoas. Pode ser que realmente meu cérebro seja mesmo ruim para acompanhar histórias e guardar faces. Mas este texto me dá um pouco de tranqüilidade. Talvez seja normal.

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