Gnarls Barkley – Gone Daddy Gone (e cores falsas)

O clipe brinca com a ideia de pequenos insetos repugnantes, usando a estética de micrografias coloridas artificialmente. Porque pulgas e moscas não são laranjas ou roxas ou verdes. É ciência aplicada a Gnarls Barkley. De certa forma.

As cores em tons de roxo, verde e laranja quase fosforescentes são uma referência às cores falsas usadas para dar mais vida e facilitar a compreensão de imagens em tons de cinza, como as produzidas por microscopia eletrônica de pequenos insetos. Você confere um monte de belíssimas imagens do mundo micro e nanoscópico no blog da Scibling Fernanda, o Bala Mágica, mas apresentamos aqui mesmo esta singela pulga. Que não é rosa de verdade.

Flea_Scanning_Electron_Micrograph_False_Color

Como o nome diz, microscópios eletrônicos funcionam através de elétrons, que permitem uma resolução muito maior do que raios de luz visível. Infelizmente, elétrons não são refletidos como a luz visível, em um espectro de cores, mas simplesmente como áreas de maior ou menor intensidade. As imagens geradas por essa técnica são assim, quando cruas, em tons de intensidade, cinza, em preto e branco.

Cientistas costumam colorir as imagens tediosas para destacar certas partes. A forma como o fazem não é arbitrária: termografias, por exemplo, costumam representar a radiação térmica emitida em uma cena, com imagens em um arco-íris de cores em que cada cor indica uma temperatura. Comumente cores frias começando com o preto e azul indicam menor radiação e cores mais quentes até o branco, maior. Você também deve conhecer termografias como a visão do “Predador”.

Predator-1

Não são cores reais, são cores falsas de uma paleta multicolorida dando vida a dados originalmente em tons de intensidade. Em preto e branco.

Mesmo imagens astronômicas fabulosas como as produzidas pelo telescópio espacial Hubble contam com uma paleta de cores que não é equivalente a uma visão em “cores reais”. Como microscópios eletrônicos modernos e câmeras térmicas, o Hubble captura imagens através de sensores eletrônicos com particularidades próprias. Ele o faz com diferentes filtros de cor, gerando imagens com informações de cor reais, com o detalhe de que os filtros que usa não são os mesmos que reproduziriam uma visão humana comum.

É por isso que imagens do Hubble podem ser mais interessantes que as captadas por telescópios óticos comuns, não apenas por sua maior resolução, mas porque as paletas de cores buscam realçar ao máximo a informação que pode ser transmitida. Os resultados são mesmo um tanto psicodélicos, pois permitem enxergar algo comumente oculto a simples vista.

Pillars-of-Creation_sm

Psicodélico como um clipe do Gnarls Barkley com pulgas multicoloridas. Artificialmente.

Agora você sabe que pulgas não são roxas de verdade, o Predador é um alienígena que usa uma falsa paleta de 256 cores para realçar uma imagem em tons de preto e branco e as mais belas imagens do Hubble têm cores que não poderiam ser vistas a olho nu. Nada disso é realmente segredo, mas para descobrir estes detalhes é preciso mergulhar um pouco na fonte dos muitos arco-íris do muito pequeno e do incomensuravelmente grande que a ciência nos apresenta.

Ah sim, a mosca com óculos do clipe já foi criada por cientistas.

060328_fly_glasses_big

O óculos foi cortado a laser para servir na cabeça de dois milímetros da mosca, como forma de promover a precisão de superior a um milésimo de milímetro da companhia alemã. E não, a mosca não é azul de verdade, mas isso você já sabia.

Discussão - 3 comentários

  1. N disse:

    A visão do predador me lembrou de um paradoxo: como uma criatura com uma péssima visão desenvolveria uma avançada tecnologia para controlar a luz - e além disso - conseguir invisibilidade até para olhos melhores do que os do seu mundo.

  2. Igor disse:

    E eu que achei que as nebulosas tinham mesmo aquelas cores...Que decepção! 🙁

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