Do chão à estratosfera
Vídeo capturado em alta definição de uma viagem do chão até a alta atmosfera, resumido em 5 minutos. Você já pode ter assistido a vídeos similares – a ideia já foi mesmo propaganda viral – mas o diferencial aqui é a grande angular.
Com a lente olho de peixe, os primeiros momentos do vídeo lembram muito os primeiros momentos do clássico “Potências de dez”, outra ideia bem revisitada recentemente.
As imagens podem dar certa vertigem, o que torna ainda mais notável apreciar que há 50 anos atrás, o norte-americano Joseph Kittinger fez essa mesma viagem pessoalmente, nada menos que três vezes. Compare os vídeos modernos capturados com câmeras de alta definição com essas imagens do ponto de vista de Kittinger:
Em 1960, em seu último salto, Kittinger subiu em um balão a uma altitude superior a 31 quilômetros, em uma queda livre que durou quase 5 minutos, com uma velocidade máxima de quase 1.000km/h, tocando a barreira do som. Em queda livre, é preciso repetir. Depois de quebrar vários recordes, incluindo o de ser o humano mais rápido a cruzar a atmosfera (sem o auxílio de nenhum veículo) bem como o de, a rigor, ser o primeiro homem a alcançar os limites do espaço, Kittinger continuou sua carreira militar e foi mesmo prisioneiro de guerra no Vietnã.
Joseph tem hoje 81 anos e vive na Flórida, sendo ainda consultor do projeto de Felix Baumgartner de quebrar seu próprio recorde. Ainda há muitos herois vivendo entre nós. O que antes exigia imenso heroísmo, no entanto, hoje pode ser experimentado de certa forma por qualquer um por algumas centenas de dólares, um balão e uma câmera. [via Fogonazos]
Um mundo sem carros
“E se amanhã, todos os carros desaparecessem?”. Ross Ching concretizou uma Los Angeles sem carros através da mágica da fotografia em lapso de tempo e um tanto de edição de imagens e vídeos – os curiosos sobre o processo, inspirado nas fotografias de Matt Logue, podem conferir sua página sobre Running on Empty.
É um vídeo hipnotizante, ajudado pela trilha de Radiohead, que provoca todo tipo de reflexão. Por aqui, o nexo que oferecemos é Futurama, a utopia tecnológica promovida pela General Motors na Feira Mundial de 1939.
Los Angeles é, hoje, a realização desta utopia tecnológica. As maquetes de 1939 podem não parecer muito modernas hoje, porque nós as vivemos ao dirigir por rodovias mesmo no Brasil, mas na época eram apenas sonhos e fantasias. Ou melhor, eram uma utopia sonhada pela General Motors, de um mundo repleto, sem surpresa, de carros.
Sete décadas depois, a própria General Motors se viu à beira da falência, algo inesperado, mas a utopia que sonhou e promoveu se tornou realidade. O que talvez seja ainda mais inesperado. O adágio de que é preciso tomar cuidado com o que se deseja, porque pode se concretizar, vem à mente, pois vivemos na Futurama da General Motors mesmo nas principais metrópoles brasileiras. E essa não é exatamente uma utopia.
A quem veja nesta uma distopia terrível, entretanto, é preciso tomar cuidado ao desejar que todos os carros desapareçam: o desejo pode se tornar realidade, e o resultado pode não ser um belo clipe contemplativo ao som de Radiohead. Já advogava Sidarta Gautama o caminho do meio, e a este não há highway. [via Nerdcore]
Einstein e Newton na Relatividade do Errado
Isaac Newton estava errado. Albert Einstein está errado. Isaac Asimov estava certo: é A Relatividade do Errado, um ensaio fabuloso e essencial para que se compreenda como Newton estava todavia certo, e Einstein, corrigindo-o, também estava correto. Se isso não parece fazer sentido, “o problema básico”, notou Asimov, “é que as pessoas pensam que ‘certo’ e ‘errado’ são absolutos; que tudo que não é perfeitamente e completamente certo é totalmente e igualmente errado”.
Resumindo a grande lição aqui como só um autor que escreveu 500 livros poderia resumir, Asimov respondeu:
“Quando as pessoas pensavam que a Terra era plana, elas estavam erradas. Quando pensaram que a Terra era esférica, elas estavam erradas. Mas se você acha que pensar que a Terra é esférica é tão errado quanto pensar que a Terra é plana, então sua visão é mais errada do que as duas juntas”.
Não deixe de ler A Relatividade do Errado, que pode ser ilustrada de forma bela na imagem acima, de Daniel Rozin. Parece um Albert Einstein jovem, mas se você se afastar – e se também espremer os olhos – a imagem de ninguém menos que Sir Isaac Newton surgirá. A imagem é tanto de Einstein quanto de Newton.
À distância lembrará o gênio que permitiu que entendêssemos os grandes movimentos celestes. Mais de perto, vemos o jovem físico que refinou a compreensão Newtoniana introduzindo efeitos… relativísticos.
Esta junção de duas imagens, vistas de perto ou longe, é uma ilusão óptica de imagens híbridas desenvolvida no MIT por Oliva e Schyns. [via Experientia Docet]
Vídeo: a língua de uma Diva e um MC
Imagens de ressonância magnética das performances de uma soprano e um MC/beatboxer, do grupo SPAN da Universidade do Sul da Califórnia. [via BoingBoing]
O vídeo lembrou-me imediatamente do conto “Eles são feitos de carne”, de Terry Bisson. Um trecho:
“- Sabe quando você bate na carne ou a cachoalha, e ela faz barulho? Eles falam chacoalhando pedaços de carne um contra o outro. Eles até cantam, espremendo ar pela carne.
– Aimeudeus. Carne que canta. Isso já é demais.”
Eles até cantam, espremendo ar pela carne. Isso é realmente inacreditável.
Jonathan, o Frankenstein
Em meio a relâmpagos e trovoadas de uma tempestade, o cientista maluco, o doutor Frankenstein, comemora descontroladamente. “Está vivo! Está vivo!”, grita enquanto a criação monstruosa que acabará por matá-lo adquire vida. É a imagem gravada fundo na consciência coletiva do complexo de Frankenstein, dos perigos da ciência descontrolada. O anúncio recente de mais um passo na direção de vida sintética provocou medo, enquanto o principal responsável foi imediatamente comparado ao doutor que gritava “está vivo!”. Uma busca por “Craig Venter Frankenstein” retorna mais de 30.000 resultados, muitos dos quais de veículos importantes de mídia.
A história de terror de Mary Shelley cumpre um bom papel ao chamar atenção à necessidade de que conquistas científicas e tecnológicas sejam sempre cercadas de cautela e discussão. Como seres emocionais, contudo, o monstro de Frankenstein talvez fale bem demais com nossos sentimentos e muito pouco com a razão, elemento essencial para que a cautela não se transforme simplesmente em um pânico tão insano quanto o do fictício doutor.
Para lidar com isso na mesma moeda e contrabalançar o jogo, apresentamos aqui um adorável vídeo muito real de Jonathan. Um bebê de oito meses com problemas auditivos, no momento da ativação do implante coclear que permite que finalmente escute sons.
Assista atentamente, na marca de cinco segundos o médico diz “it’s back on again”, ou “está ligado de novo”, e como um interruptor de luz, ou mesmo como um raio, a expressão do bebê muda instantaneamente enquanto nossos corações se derretem pouco a pouco. Mais de 150.000 pessoas já receberam implantes cocleares e passaram a escutar melhor o mundo de sons que nos cerca, em dispositivos eletrônicos que não são movidos a tempestades tenebrosas nem criados por cientistas malucos, mas sim por simples baterias e uma comunidade médica e científica trabalhando para melhorar nossa qualidade de vida. Se você ficou curioso, a amiga Giseli Ramos, “uma ciborgue com ouvido biônico”, conta mais sobre sua experiência com implantes cocleares.
Ciência e tecnologia são instrumentos poderosíssimos que podem nos permitir concretizar praticamente tudo que imaginarmos, sejam estes sonhos ou pesadelos. Compreender melhor estas possibilidades e discuti-las com toda a sociedade é o que diferencia um doutor Frankenstein isolado em seu castelo de centenas de milhares de Jonathans acessando um mundo de sensações com o ligar de um interruptor.
Tema de Doctor Who com Bobinas de Tesla
A banda ArcAttack em uma performance com a música tema do seriado inglês Doctor Who, “tocada” através de descargas elétricas liberadas por bobinas de Tesla, atingindo o artista usando um traje de Faraday. Dr. Who, Tesla e Faraday? É uma concentração absurda de poder enerdético por centímetro cúbico.
Rapidamente, alguns nexos: o tema de Dr. Who foi uma das primeiras músicas sintetizadas de sucesso, é música eletrônica composta por Ron Grainer e concretizada por Delia Derbyshire na BBC, recortando e colando pedaços de fita magnética, em 1963!
Bobinas de Tesla foram inventadas, claro, por Nikola Tesla, ninguém menos que o gênio visionários que concebeu e concretizou sozinho todo o sistema moderno de geração e transmissão de energia elétrica por corrente alternada. Suas bobinas foram e são também importantes nas primeiras transmissões de rádio (que, a rigor, ele também inventou), e na apresentação geram descargas elétricas que aquecem o ar e provocam o zumbido, que pode ser modulado para produzir os diferentes tons da música.
Finalmente, o traje de Faraday é uma referência à gaiola de Michael Faraday, outra figura fantástica da história da ciência. Em uma tempestade, você pode se abrigar no interior de um carro seguro porque a eletricidade passará no exterior do metal. Da mesma forma, o traje metálico protege o artista de ArcAttack.
O próprio Tesla chegou a brincar com descargas elétricas sem usar nenhum traje, mas Tesla era um ser sobre-humano, ele não conta*. [via Geeks Are Sexy]
*O que é uma brincadeira, claro. Nem mesmo Tesla resistiria às descargas que podem ser vistas no vídeo. Podemos sim suportar descargas elétricas porque em alta voltagem elas tendem a percorrer a superfície da pele, mas há um limite fisiológico, relacionado principalmente à intensidade da corrente.
“My name is Darwin, not Darlose!”
“DARWIN: Primeiro veio o Sherlock Holmes cheio de ação, agora temos Darwin cheio de ação. Do novo show ‘Spoof’ de Dana Carvey e Spike Ferestein”.