Dispersei

Já está no ar a nova edição do Dispersando, esta especial sobre o incêndio no Butantan. Você que já conhece os textos deste autor pode agora conhecer sua voz! Acesse http://scienceblogs.com.br/dispersando/2010/05/dispersando_especial_-_butanta.php.

Resultado do concurso fotográfico – O Homem e as águas

Algumas semanas atrás eu lancei um concurso fotográfico com o tema “O Homem e as Águas” para premiar com uma cópia do livro Com Quantas Memórias se faz uma Canoa, da Márcia Denadai e colaboradores, oferecido a mim pelo Instituto Costa Brasilis. Abaixo seguem as fotografias recebidas e seus respectivos autores. No final a foto vencedora. Obrigado a todos os participantes e parabéns pelas belas fotos. Em breve mais sorteios, continuem participando.

 

 

Ana Carolina Mascarenhaz

Ana Carolina Mascarenhaz

 

Andre Cury

André Cury

 

Andre Cury2

André Cury

 

Augusto Motta2

Augusto Motta

 

Cecilia Nabuco

Cecília Nabuco

 

Cecilia Nabuco2

Cecília Nabuco

 

Cecilia Nabuco 3

Cecília Nabuco

 

Cristina Brasao

Cristina Brasão

 

Gustavo Mendes

Gustavo Mendes

 

Isis Diniz

Isis Diniz

 

Isis Diniz 2

Isis Diniz

 

Isis Diniz 3

Isis Diniz

 

João Carlos Nunes

João Carlos Nunes

 

João Carlos Nunes 2

João Carlos Nunes

 

José Renato

José Renato Leite

 

Mario Roberto Silva

Mário Roberto Silva

 

Mario Roberto Silva 2

Mário Roberto Silva

 

Luciano

 

Otávio Lacerda

Otávio Laccheti

 

Vania Wernz

Vânia Wernz

 

E a grande campeã

Augusto Motta 1

Augusto Motta

 

Augusto, entro em contato contigo por e-mail para pegar o endereço para te enviar o livro. Parabéns!

A escolha de tornar-se biólogo V

Manchetes comentadas 25 – Incendio no Butantan destroi importante coleção zoológica

Aos colegas Kiko Franco, Antônio Brescovit, Otávio Marques e Giusepe Puorto, entre tantos outros

Todos perdemos, mas só vocês têm a exata medida

 

incendio butantan

O que sobrou de uma das salas

Fonte: folha.com.br

 

Ontem no final da manhã estava trabalhando e escutando ao longe o som de uma TV ligada, ruido de fundo, nada que eu estivesse tomando consciência, quando escutei a notícia do incêndio no Instituto Butantan, em São Paulo. A energia no prédio das coleções do Butantan foi desligada para reparos elétricos, na manhã seguinte quando foi religada um incêndio começou e destruiu completamente a coleção que contava com mais de 80 mil serpentes e 500 mil artrópodes. Ainda não é claro se a causa do incêndio foi de fato o reparo elétrico, mas isto não importa muito, apontar culpados não irá resolver o problema. Não consigo imaginar a sensação daqueles cujas vidas dependem da coleção, mas as imagens dos rostos conhecidos na matéria que a TV veiculou é completamente eloquente para mim.

Imagine todos os esforços de uma vida inteira, todo o seu trabalho destruído pelas chamas. Imagine o registro histórico do progresso da zoologia brasileira perdidos para sempre. Imagine o volume de informações depositado numa coleção como esta que em três horas virou fumaça. Imagine um prédio repleto de frascos contendo litros e mais litros de álcool e uma fagulha.

Coleções zoológicas não são o mais compreendido dos ofícios de um biólogo. Eu mesmo me lembro de ficar estarrecido ao acompanhar em campo uma pesquisadora das que perdeu muitos exemplares neste incêndio. A impressão que eu tinha era que ela possuia tantos braços quanto as aranhas que capturava e colocava em frascos de álcool freneticamente. Coleções zoológicas são “conjuntos ordenados de espécimes mortos ou partes corporais destes espécimes, devidamente preservados para estudo” (Segundo o capítulo do Bira, do MZUSP no livro de Taxonomia Zoológica publicado pelo Papavero). Assim, os taxonomistas, estes cientistas que estudam a diversidade da vida, saem a campo coletando animais e os matando para que sua compreensão e descoberta sirvam para salvar a vida de tantos outros da mesma espécie que permanecem na natureza. Um leigo não compreende muito bem isto de matar alguns para preservar os outros, mas é por isso que deixamos aos especialistas cumprirem este papel.

Os animais depositados em uma coleção trazem informações sobre a distribuição das espécies, sua evolução e relação de parentesco, variações entre populações, diversidade faunística de determinadas áreas, habitat, características morfológicas e às vezes até comportamentais. Elas servem de referência a outras coleções e trabalham em uma rede mundial de museus e coleções para permitir o progresso da zoologia. As coleções dependem de um cuidado tremendo com a precisão na coleta de dados e na preservação dos espécimes cujas vidas foram tiradas para servir à ciência e à conservação. Por isso a formação de pessoal para a realização deste trabalho vem sendo incentivada pelo CNPq desde a década de 1970 e ainda há tanto a progredir neste nosso país megadiverso. O maior responsável por estas coleções é o curador, ele é um tipo que lembra a bibliotecária, ciumentíssimo de seu acervo, bravo para fazer cumprir as regras da coleção e muito metódico para manter a ordem naquilo tudo. Por isto ele acaba sendo injustamente criticado: pelo cuidado e carinho que tem por coleções tão ricas em informações como a que se perdeu neste fim de semana. Reside aí o tamanho do buraco que estas três horas de fogo em uma manhã de sábado deixou na ciência brasileira. O volume de informações perdidas nunca mais será retomado, mas fica aqui o apoio deste zoólogo.

A escolha de tornar-se biólogo III

Quantas Memórias

Pessoal, só para lembrar que faltam 10 dias para o final do concurso do livro “Com quantas Memórias se faz uma Canoa”. Não se esqueçam de mandar as fotos com o tema O Homem e as Águas. Dei uma mudadinha no tema em prestígio aos colegas aqui do MT que pediram.

canoas

Pensamento de Segunda

Em homenagem às hipóteses de pelúcia do Glauco Machado

“A falha de uma teoria deixa o público em geral decepcionado. Já que a ciência prospera se auto-corrigindo, nós que praticamos a mais desafiadora das artes humanas não podemos partilhar desta idéia. Refutações quase sempre trazem lições positivas que sobrepôem-se ao desapontamento, mesmo que nenhuma teoria nova preencha a lacuna.”
Stephen Jay Gould

Feliz aniversário Brasília

Nesse aniversário de 50 anos da minha cidade natal fica meu desejo de dias melhores e minha gratidão por aquela terra que ainda hoje vejo como meu lar. Cresci escutando rock brasiliense, velejando no lago Paranoá, assistindo o sol nascer na esplanada, passeando no parque da Cidade e morando nas super quadras e olhando para o céu mais lindo do país. Parabéns, Brasília e melhores dias nos próximos 50 anos!

Nova série de Posts

Esta semana o Ciência à Bessa inaugura uma nova série de posts. Ela é uma homenagem à Bióloga e excelente divulgadora científica Olivia Judson, ex-aluna de Bill Hamilton e colunista do New York Times. Olivia Judson escreveu em 2004 o “Consultório da Dra. Tatiana para toda a criação”, excelente livro. Também referenciarei todos os posts através do research blogging, já que esta série pretende ser uma revisão do que tem saído de mais novo em etologia, principalmente na Animal Behaviour.

Entrevista com John Alcock

Enfim esse post que eu estava devendo desde o encontro de etologia em Novembro do ano passado. Espero que vocês apreciem a simpatia desta personalidade da etologia. Meus agradecimentos especiais à camera-woman de emergência, Lucélia Nobre Carvalho.

 

 

Ciência à Bessa – Prof. Alcock, obrigado por esta oportunidade ótima de se dispor a conversar conosco, assim como por vir produzindo este livro texto maravilhoso há tantos anos e que vem inspirando tantas gerações de etólogos pelo mundo. Então vamos começar perguntando o que te fez escrever este livro? O que te levou a deixar de lado um pouco do seu trabalho no laboratório e investir tanto esforço em um livro para estudantes? E quanto você acha que este livro contribuiu para o ensino da etologia?

John Alcock – Antes de qualquer coisa, eu gostaria de agradecer o seu interesse em traduzir meu livro e o esforço em me trazer para participar deste evento grande e bem sucedido. A respeito da produção do livro, eu vinha ensinando em um curso de comportamento animal, entre outras coisas, e os únicos livros-texto disponíveis para nós eram livros sobre etologia clássica, que não traziam em seu conteúdo os conceitos mais novos da ecologia comportamental. Então, para oferecer aos meus estudantes este material mais novo eu decidi escrever o livro-texto. Naquele momento eu não fazia idéia de quanto trabalho daria, mas à medida que eu trabalhava percebi que se você escrever algumas páginas por dia, eventualmente o trabalho fica pronto. E foi um grande sucesso! O livro foi usado por meus alunos e muitos outros. Na mesma época outro título muito bom foi produzido, de qualquer forma nossos dois livros lançados em 1975 foram os dois primeiros livros a apresentarem o conteúdo novo da ecologia comportamental aos estudantes. Então, olhando para trás, a importância desse trabalho, independente do trabalho que deu, hoje me parece bastante óbvia.

CAB – Bom, outra coisa sobre a qual você escreveu, além do Comportamento Animal: uma abordagem evolutiva, foi sobre sociobiologia. Quanto tempo faz mesmo que você escreveu?

JA – Eu não me lembro direito, acho que foi em 2003, por aí. Já faz alguns anos que escrevi esse livro.

CAB – Pelo que você acha que a sociobiologia tem passado ultimamente? Quer dizer, as pessoas têm muito interesse nesta área. Será que elas também estão mais tolerantes com a idéia da sociobiologia, o público em geral, digo?

JA – Acho que ainda há resistência entre o público geral e os cientistas sociais sobre as idéias da sociobiologia. Mas são umas idéias meio batidas que foram emprestadas dos críticos da sociobiologia que eram muito veementes no começo deste campo. Veementes, mas incorretos. Então eu escrevi meu livro para tentar, junto com muitos outros, defender a sociobiologia. Eu honestamente acho que, apesar de ser menos discutida nos dias de hoje, ela está sempre em pauta atualmente na forma da ecologia comportamental. Então, todas as pessoas que tem usado os princípios da teoria evolutiva para estudar o comportamento social, que originalmente se intitulavam sociobiólogos, atualmente continuam usando os princípios da teoria evolutiva para estudar o comportamento e se chamam de ecólogos comportamentais. Então o campo de estudo floresceu!

CAB – Um outro termo que foi muito criticado, embora seja uma constante no seu livro, é o programa adaptacionista. Qual parte da teoria evolutiva não é adaptacionista? Já que tudo o que tem inspirado as idéias sobre evolução são adaptações.

JA – Bem, eu acho que tudo na teoria evolutiva, como Darwin nos explicou de forma muito astuta e precisa, é o programa adaptacionista tentando explicar como adaptações complexas e altamente funcionais surgiram. E as afirmações de Darwin, baseadas na teoria evolutiva, eram de serem produtos da seleção natural. Mas havia este outro componente da teoria evolutiva de Darwin que era a descendência com modificação no qual ele argumentava que, ao compreender o histórico de características que encontramos hoje em termos de uma cadeia de pequenas modificações ligando o que havia no passado com o que há no presente. Isto de certa forma é a responsável pelas coisas serem como são. Então eu sinto que a teoria darwinista é de fato dividida em duas partes. Uma parte é adaptacionista e a outra parte é a história evolutiva. É claro que elas estão correlacionadas, mas o programa adaptacionista é a abordagem fundamental baseada na teoria da evolução por seleção natural. Os adaptacionistas são os verdadeiros darwinistas!

CAB – O que te chamou tanto a atenção para o comportamento animal? Por que estudar comportamento?

JA – Hum, eu sou um biólogo essencialmente de campo. Eu comecei minha carreira no campo fazendo observação de aves, eu adoro observação de aves. Então eu comuniquei meus amigos em uma idade bem tenra de que eu seria um observador de aves profissional. De fato eu conheço vários etólogos que muito cedo decidiram que observação de aves, ou algo do gênero, seria a profissão deles…

CAB – Pode me incluir nessa lista, mas com observação de peixes.

JA – Ok, Observação de peixes, observação de aves, o que quer que seja, observação de morcegos. O que quer que tenha levado as pessoas para o campo e tenha lhes dado contato com os animais é muito gratificante, mesmo que para uma minoria. Então, assim que eu descobri que havia uma maneira de me tornar um observador de aves profissional, sim, porque meus primeiros trabalhos foram feitos sobre aves. Assim que eu descobri isso eu me dediquei a tornar-me um professor em comportamento animal.

CAB – Muito obrigado pela atenção.

JA – Obrigado, Eduardo.

 

Alcock e Bessa

Eduardo Bessa de mediador e o tradutor Max em excelente companhia, Bill Hamilton (no slide) e John Alcock