Tudo em um ano II – Nuvens de Poeira
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Nebulosa de Eta Carina
Fonte: nasa.gov
Mais de um mês galático se passou desde o nosso big bang de 2010. Pela minha regra de três seria aproximadamente no dia 5 de fevereiro que o universo iria atingir seu segundo passo evolutivo, a formação de imensas nuvens de poeira cósmica. Na verdade, um monte de coisas estranhas ocorreram nos primeiros segundos do universo: a formação de partículas subatômicas, das forças que regem nosso universo, mas tudo numa fração de segundo, portanto inconcebível ao nosso calendário cósmico 2010. De lá para cá os átomos se formaram lentamente, primeiro os de menor massa atômica, depois os maiores por fusão nuclear e agregação de outras partículas. Também começou a haver a união dos átomos em moléculas e destas em matéria maior. Podemos dizer que hoje, dia 5 de fevereiro, pela primeira vez na história do universo, a matéria aqui contida se reuniu a ponto de ser visível a olho nu.
O universo era povoado neste momento de pequenos cristais chamados poeira cósmica. Cada grão desta poeira mede cerca de 0,1 mm e se aglomera na imensidão. Na eternidade de tempo que nos separa de 18 de julho esses aglomerados irão se adensar até coalescer dando início à formação de todos os astros gigantescos que vemos no espaço hoje. É uma daquelas reações em espiral auto-alimentadas, quanto mais os grãos de poeira se aproximam mais a gravidade os atrai, e quanto mais grãos se juntam mais gravitacionalmente atraentes eles se tornam. Muitas nuvens de poeira cósmica destas hoje são verdadeiros berçários de estrelas.
No entanto, imagine que esta poeira cósmica ainda estava por se unir e formar mesmo a primeira das estrelas. Nenhuma estrela, nem umazinha que fosse! É por isso que este período da história do universo é conhecido como a idade da escuridão. Ainda não havia estrelas na época, mas e hoje, ainda há poeira cósmica? Certamente, ela está por toda parte e existe de diversas naturezas. Há nuvens de poeira cósmica circumplanetário (anéis como os de Saturno), interplanetário (como no cinturão de asteróides que existe entre Marte e Júpiter), interestelar (como as nebulosas) e intergalática. Destas quatro a intergalática deve ser a que mais se assemelha às nuvens de poeira cósmica originais, as outras podem ser resultado da explosão de estrelas, caudas de cometar e colisões de asteróides. Dentro destas nuvens, pelo menos das nebulosas que são o que podemos observar aqui da Terra melhor mas se assemelham mais às primevas, existe um campo radioativo interestelar. Ali há uma grande quantidade de energia que pode virar calor, luz e movimento, um espetáculo interessante de se observar. Se você tiver uma boa luneta pode ter um ligeiro gostinho disto observando as constelações de Orion ou Câncer. Outro espetáculo são as representações artísticas de nuvens de poeira encontrados nos sites de agências espaciais como a da Eta Carina que eu coloquei aí em cima.