Um lugar para chamar de seu – Blog Action Day
Toda afirmação dessas que dizem que nós fazemos parte de um todo acionam em mim um alarme de ‘papo de bicho-grilo que se abraça em árvore’. Papo de bicho-grilo ou não, o fato é que inegavelmente somos parte de um todo interdependente, pelo menos no que diz respeito à nossa ecologia. Temos um lugar só nosso no superespaço das relações ecológicas.
Nossa natureza animal nos faz seres heterótrofos, ou seja, não sintetizamos nossa própria energia a partir da luz do sol (fotossíntese) ou da quebra de ligações químicas (quimiossíntese), somos obrigados a obter essa energia queimando alimento com a respiração, mais ou menos como um motor a combustão faz com a gasolina. Assim, somos intrinsecamente dependentes do que comemos, da mesma forma que uma água-viva, um besouro ou um peixe.
À primeira vista a relação é muito simples, porque dependemos daquilo que comemos, mas aquilo que comemos depende de nós. Somos nós que semeamos nosso arroz, criamos nosso frango. Não há tanta dependência assim. Opa, mas o frango precisa de milho para comer. Ei, e esse milho também serve de alimento a lagartas e a nós mesmos. Essa lagarta, quando adulta pode ser o alimento de um sapo, que também come mosquitos que se alimentam de nós humanos. Vamos pegar, por exemplo, só meu café da manhã de hoje: mel, iogurte, granola de aveia, passas, castanhas e flocos de milho, banana, mamão e uma xícara de café adoçada com estévia, só aí já temos dez espécies, cada uma dependente de, suponhamos, outras dez. A rede de interações vai se alastrando exponencialmente!
Ao passo que aumentamos essa rede ecológica (isso só pensando nas relações alimentares, nem estou falando em competição, cooperação ou qualquer outra interação) vemos que ela logo irá envolver todos os organismos da Terra. Como queríamos demonstrar! O homem é um elo numa grande rede de interações entre os seres vivos. Nossa permanência acima do ostracismo da extinção biológica depende desses fios de interação que nos ligam aos outros organismos. Corte-o fio errado e despencamos para o esquecimento. Parece que ignoramos isso, já que a cada dia cortamos ou puímos essas conexões. Ainda há tempo e espero que esse post ajude.