Mate de tonel
Sempre amei o mate vendido em tonéis metálicos nas praias do Rio de Janeiro tanto quanto sempre fui avisado de sua qualidade microbiológica duvidosa. Posso estar sendo injusto e ignorar os procedimentos sanitários aplicados por esses comerciantes, mas preciso considera-los nulos para esse post sobre imunologia que explica por que continuo consumindo esse mate em vez dos de copinho, selado e industrializado.
A alimentação é uma via de entrada de infecções em nosso organismo, pela boca ingressam vários microrganismos que podem ser prejudiciais a nós. Uma informação surpreendente para muitos é que o controle sanitário de vários itens alimentares trabalha com quantidades limites de bactérias fecais nos alimentos, por exemplo, e não com sua total ausência. Mesmo produtos certificados pela ANVISA vêm com algum grau de contaminação (até 102 bactérias por grama de carne), e isso não é um problema porque nosso corpo acaba dando um jeito.
Quando um patógeno desses invade nosso corpo ele eventualmente esbarrará em linfócitos B e T, células de defesa do sangue que circulam pelo corpo como que fazendo rondas. Essas células identificam patógenos e convocam reforços, através de comunicação celular química, para ataca-los. A identificação de um patógeno é possível quando o corpo já teve contato com ele, a chamada memória imunológica, mais ou menos da mesma forma que uma ficha policial com fotografia e digitais faria pela polícia. Desde que já tenha contatado um patógeno específico presente no mate de tonel, nosso corpo saberá responder a ele mantendo seu equilíbrio interno.
Não sei se é fantasia minha, mas sinto até que esse mate de tonel tem um gosto diferente. Dizem que é gosto de água podre. Pode ser. Não sei, mas confio no meu sistema imune para dar conta dos germes e quem sabe até aprender umas coisas novas com os patógenos dessa dose. Mate de tonel faz bem para seu sistema imune.
Tendo dito tudo isso, refuto-me a mim mesmo. Imunidade que nada, tomo esse mate porque é muito mais gostoso!