Brasil ameaçado – Formicivora erythronotos
O pássaro formigueiro de cabeça negra ficou quase um século sem ser observado na natureza e já era considerado extinto. Felizmente no fim do século passado algumas populações na região de Angra dos Reis foram descobertas. Hoje acredita-se haver cerca de 2 mil indivíduos, mas a população está declinando. Eles habitam mata atlântice baixa e sua transição com a restinga e o mangue. Esse passarinho é muito sensível às alterações do ambiente pelo homem. Sabe o que você pode fazer por ele? Não compre palmito juçara. A extração dessa árvore numa mata é suficiente para excluir os formigueiros.
Brasil Ameaçado-Gritador (Cichlocolaptes mazarbarnetti)
Na semana passada escrevi sobre um animal com apenas 15 anos de descrito e já nas listas como ameaçado. Pois essa semana a coisa é ainda mais triste, esse pássaro descrito em 2014 com base em animais coletados na década de oitenta provavelmente já está extinto. O Gritador do nordeste viveu numa região conhecida como Centro Pernambuco de Endemismo, uma faixa de mata atlântica entre Alagoas e o Rio Grande do Norte com muitas espécies endêmicas de aves. O problema é que a ocupação histórica dessa região com agricultura no Brasil colonial e mais recentemente levou ao desaparecimento da floresta. Mesmo os poucos fragmentos existentes ou são muito atingidos pelo efeito de borda (interferência de fatores externos no interior do fragmento florestal) ou são na verdade uma vegetação secundária: reflorestada, mas incapaz de receber de volta a fauna que desapareceu dali. O pássaro, se é que está mesmo extinto, alimentava-se de insetos que vivem entre as folhas de bromélias nas matas de topo de serra. Epífitas como as bromélias são plantas exigentes, só ocorrem em florestas antigas e bem preservadas. Sem bromélias, nada de gritador. Preservar é sempre mais fácil e barato que reflorestar. Para que novas espécies não tenham o mesmo futuro do gritador, respeite as áreas verdes e reservas legais previstas na legislação.