Evitando virar almoço 3 – Transparência
Semana passada falamos sobre a camuflagem e animais que mudam de cor. Acreditem, mesmo isso pode custar energeticamente ao animal. Ele gasta energia mudando de cor e fica restrito a um local se for camuflado, mas não mudar de cor. Outra saída seria ser transparente.
Um animal transparente pode passar despercebido em qualquer tipo de ambiente. Alguns são mais, outros menos transparentes. Os cientistas nunca viram nenhum animal completamente transparente… por motivos óbvios. Mas isso não importa muito, porque nenhum predador tem a visão completamente perfeita também. Então ser um pouco transparente pode te ajudar a sobreviver um pouco. E sobreviver um pouco, em termos evolutivos, costuma ser o suficiente.
Evitando virar almoço 2 – Camuflagem
A técnica dessa semana de evitar virar comida talvez seja a mais conhecida delas. Entendo aqui camuflar-se estritamente como ter uma cor que se confunde com o meio. Essa é uma técnica mista, porque envolve a forma passiva, simplesmente ter a cor do ambiente que você ocupa, e uma forma ativa, nas espécies que mudam de cor ou que viram seu lado menos colorido quando se sentem ameaçados (pense numa borboleta que tem um lado da asa azul royal iridescente e o outro acinzentado como uma casca de árvore).
Alguns animais são mestres do disfarce e se camuflam absurdamente bem. Mas pense que uma leve capacidade de se camuflar já pode reverter em sobrevivência e ser valorizada em termos evolutivos. Esses exemplos de camuflagem perfeitos demais me preocupam um pouco porque parecem que foram desenhados por alguém com um propósito. Não foram! Parecer 10% com uma folha seca pode significar 10% mais sobrevida, 10% mais filhotes e, voi là, está fixada a característica.
Um problema da camuflagem é que em geral ela limita os ambientes em que um animal pode viver. Imagine um dragão do mar como o da foto acima num costão rochoso, ou uma aranha como essa numa flor vermelha. A solução para isso apareceu em animais que mudam de cor e, com isso, conseguem se esconder em vários ambientes. O exemplo clássico são os camaleões, mas pessoalmente invejo muito mais os linguados e as sibas. Especialmente em vésperas de prova quando todos os alunos estão procurando você para tirar dúvidas e tudo o que queremos é sumir.
Evitando virar almoço 1 – Coloração disruptiva
Os animais têm um monte de técnicas para evitar virar comida dos outros animais. Algumas são técnicas ativas, comportamentos que o animal realiza. Outras são formas passivas, características que o animal sempre tem, que servem de proteção. Nas próximas semanas veremos algumas dessas técnicas a começar por hoje.
Predadores frequentemente precisam escolher uma presa e atacá-la individualmente. Já reparou como uma alcateia de lobos isola um búfalo? E se for difícil saber onde começa um animal e onde termina o outro? Experimente contar quantas zebras tem na figura acima. Espero as respostas nos comentários. Agora imagine esse monte de listrinhas correndo e se embaralhando. Espero que você não tenha labirintite.