“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (07/04/09)
7 de abril de 2009,
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
À procura do aquecimento global — um projeto de ciências para todos nós outros
Pesquisadores do Serviço de Pesquisa Geológica dos EUA (U.S. Geological Survey) e outras organizações estão procurando voluntários para auxiliar o rastreamento do impacto do aquecimento global sobre o ecossistema, mediante a observação e relato de quando se abrem os botões de flores. Ao entrar em seu segundo ano, o “Projeto Floração” (“Project BudBurst”) está coletando dados colhidos por milhares de voluntários que escolhem o tipo de planta que querem observar e relatam quano os botões das plantas se abrem. Quando os participantes enviam suas observações online, podem visualizar mapas de fases da abertura dos botões ao longo do país. No ano passado foram relatadas online 4.861 observações de todos os estados, exceto do Hawaii. “Quando esses dados são coletados por vários anos a fio, eles revelam indícios de como as variações no tempo afetam plantas e animais em nosso ambiente”, declara Carol Brewer, professora de biologia da Universidade de Montana e co-fundadora do programa de observação dos botões. Ela diz que, eventualmente, “poderemos procurar por sinais de mudanças climáticas nos tempos de abetura das folhas e das flores”. Os cientistas aprenderam que algmas plantas respondem a temperaturas mais altas extendendo suas estações de crescimento — dando botões alguns dias mais cedo a cada estação e permanecendo por mais alguns dias. Um dos problemas que está sendo causado pelas mudanças na estação de crescimento, causado pelo aquecimento global, é que os insetos polinizadores, tais como abelhas, baseiam seus ciclos na luz do Sol, não na temperatura. Se as flores se abrirem antes da hora esperada pelos insetos, a polinização não acontece. O projeto pode ser encontrado nesta página: http://www.windows.ucar.edu/citizen_science/budburst/
Fumantes cronicamente doentes ainda têm dificuldades para deixar de fumar
Fumantes que sofrem de sérias doenças, inclusive câncer e doenças cardíacas, são m segmento desproporcionalmente grande dos atuais fumantes, são alguns dos fumantes mais viciados e frequentemente continuam fumando a despeito de estarem doentes. “O bom senso deveria ser capaz de fazer alguém parar de fumar se tiver uma doença grave, porém mais da metade dos fumantes que receberam a pouco tempo um diagnóstico de câncer, continuam fumando”, diz Michael Steinberg, diretor médico do Programa de Dependência de Tabaco na Universidade de Medicina e Odontologia de Nova Jersey. “Nossa pequisa ilustra o quanto terrivelmente viciante o tabaco é, mas esse vício pode ser superado se adequamente tratado”. A despeito do poder do vício, Steinberg descobriu que mais de um terço das pessoas por ele estudadas foram capazes de deixar de fumar por ao menos seis meses, se recebessem uma combinação de medicamentos para deixar de fumar e que esses medicamentos fossem usados por um tempo maior do que o usual. A equipe de Steinberg dividiu 127 fumantes com doenças sérias em dois grupos.
Um grupo foi tratado com adesivos de nicotina pelo período padrão de 10 semanas. O outo grupo foi tratado com os adesivos, inaladores de nicotina e o anti-depressivo bupropion, usualmente empregado nos casos de dependência de tabaco. Após 26 semanas, 35 % dos que receberam a terapia combianda tinham deixado de fumar, enquanto apenas 19 % do grupo “somente adesivo” tinham-no feito. “Pessoas com doenças sérias e que continuam fumando, poderão viver mais e ter uma maior qualidade de vida se receberem um tratamento agressivo para sua dependência do tabaco”, declarou Steinberg. Ele recomendou que os planos de saúde estendam o período em que cobrem as despesas com a terapia para o tabagismo. “A dependência do tabaco deve ser tratada como qualquer outra doença crônica”, acrescenta ele. Seu artigo foi publicado em Annals of Internal Medicine.
Supercondutores podem ampliar a energia eólica
As companhias de energia elétrica dos EUA e Europa, trabalhando em conjunto com laboratórios de pesquisa dos governos, esperam conseguir dobrar a potência dos geradores eólicos de eletricidade existentes, usando fiação supercondutora de alta temperatura nas turbinas. A energia eólica é produzida quando as lâminas rotatórias de uma turbina fazem girar magnetos em torno de uma bobina em um gerador. Empregando-se fios super-condutores, o gerador poderia alcançar 100 vezes a atual densidade de corrente com os fios de cobre comuns. Companhias nos EUA, Alemanha, Grã-bretanha e Dinamarca estão todas trabalhando para criar turbinas eólicas comerciais que possam gerar 10 megawatts ou mais e, ainda assim, serem mais ou menos do mesmo tamanho e peso das turbinas eólicas existentes que são capazes de gerar apenas de 5 a 6 megawatts. O “Projeto Super-vento”, conduzido pelo Laboratório Nacional para Energia Sustentável da Dinamarca, está perto de concluir a construção de uma turbina com supercondutores de alta temperatura com uma potência um pouco menor, para realizar pesquisas. Essa turbina será um primeiro passo para a máquina de 10 megawatts. A Dinamarca gera 20% de sua eletricidade a partir de usinas eólicas — mais do que qualquer outro país. Além do apoio das agências governamentais dos EUA e vários países europeus, as turbinas eólicas de supercondutores de alta temperatura têm o apoio de vários grupos industriais e ecológicos, segundo um relatório publicado na edição corrente de Physics Today.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Inseticida “à prova de evolução”
Duas notícias veiculadas no EurekAlert — uma pela Public Library of Science (PLoS) e outra pela Universidade Penn State, ambas sobre o mesmo artigo publicado na PLoS Biology — sugerem uma nova abordagem para acabar de uma vez com a malária: um inseticida que mate somente mosquitos mais velhos.
A idéia se fundamenta em dois fatos:
1. Um mosquito infectado pelo vírus da malária precisa viver outros 10 a 14 dias para se tornar um vetor da doença.
2. Os inseticidas atualmente empregados acabam por selecionar mosquitos resistentes a inseticidas e, cada vez mais, é necessário introduzir inseticidas mais tóxicos (com os danos colaterais ao meio ambiente e às próprias pessoas) que, por sua vez, acabam por gerar mosquitos ainda mais resistentes.
O trabalho publicado pela PLoS Biology, de autoria de Andrew Read e Matt Thomas (ambos da Penn State), e Penelope Lynch (Open University, Reino Unido), explica que, para matar mosquitos mais velhos, até o velho DDT serve. No entanto, Read e seus colegas estão trabalhando em cima de um bio-inseticida à base de fungos que pode ser aspergido nas casas ou embebido em mosquiteiros e que leva de 10 a 12 dias para matar os mosquitos.
A idéia é deixar que a seleção natural se encarregue da maioria dos mosquitos (que morre ainda jovem e sem chances de se tornar um vetor), enquanto que o inseticida se encarrega dos mosquitos mais longevos e mais perigosos. Dessa forma, se aliviaria a pressão seletiva por indivíduos mais resistentes.
Read acrescenta que a idéia não é se livrar dos mosquitos: é se livrar da malária. Nas palavras dele: “Mosquitos jovens não são um perigo: são um aborrecimento”. E os esforços para eliminar os mosquitos podem também eliminar outras espécies de insetos, com efeitos muito negativos para o meio-ambiente.
Link para o artigo da PLoS Biology: http://biology.plosjournals.org/perlserv/?request=get-document&doi=10.1371/journal.pbio.1000058
Afinal quais eram as estranhas idéias de Sir Fred Hoyle?
A recente descoberta de bactérias na estratosfera por cientistas indianos que batizaram uma das novas espécies de Janibacter hoylei, em homenagem a Sir Fred Hoyle, me levou a retomar algo que vinha me incomodando desde que perdi meu tempo e meu dinheiro lendo acabei de ler “Deus, um delírio” de Richard Dawkins: por que será que tantas pessoas citam Hoyle fora de contexto?
Eu fiquei particularmente irritado com essa passagem da catilinária insípida do livro — festejado além da conta — de Dawkins: [Dawkins, Richard. Companhia das Letras, São Paulo, 1ª Edição, 2007, pp. 154-155]
O Boeing 747 definitivo
(….)
O nome vem da interessante imagem do Boeing 747 e do ferro-velho de Fred Hoyle. Não estou certo de que Hoyle tenha colocado no papel, mas ela foi atribuída a ele por sua colega Chandra Wickranasinghe e presume-se que seja verdadeira¹. Hoyle disse que a probabilidade de a vida ter surgido na Terra não é maior do que a chance de um furacão, ao passar por um ferro-velho, ter a sorte de construir um Boeing 747. (…)
A nota de rodapé diz: “¹ O design inteligente já foi descrito, com bastante deselegância, comoo o criacionismo num smoking vagabundo.”
Deselegante, desonesto e desprezível é usar um “argumento do espantalho“, alegando — o que é ainda mais covarde — uma suposta “incerteza” quanto à veracidade sobre a origem de um argumento que não convém. Tanto mais que essa “imagem do Boeing 747” é descrita em detalhes no livro “O Universo Inteligente” de Fred Hoyle, editado em Portugal pelo Editorial Presença (meu exemplar ainda está em algum caixote em Araruama, junto com o resto de minha biblioteca… portanto, não posso transcrever o texto e indicar a página). E — para “entregar” a mal-disfarçada falácia — Dawkins puxa uma nota de pé de página falando de “Intelligent Design” (ID), misturando com absoluta falta de caráter livremente as ideías de Hoyle ao Criacionismo Bíblico.
Em primeiro lugar, o “ferro-velho” de Hoyle contém, especificamente, todas as peças necessárias para a construção de um 747 — coisa que Dawkins omite, para deixar a idéia mais “ridícula”. Em segundo lugar, Dawkins nem se dá ao trabalho de contestar a argumentação de Hoyle com dados e cálculos — apenas passa a mencionar a “Falácia do 747”, como se um astrônomo fosse menos capaz de calcular probabilidades do que um etólogo, e o “erro” de Hoyle tão gritante que qualquer estudante de 2º grau pudesse perceber.
Dawkins poderia, pelo menos, ter-se dado ao trabalho de ler o que Hoyle escreveu para apresentar uma contra-argumentação decente (como eu cai na asneira de fazer fiz para saber o que de tão empolgante os prosélitos do ateísmo encontravam nesse livro).
Bom… Chega de falar de Dawkins! Eu quero falar de Hoyle. E começo com a pergunta:
Hoyle era criacionista?
A resposta é um sonoro e enfático “NÃO!”
Hoyle foi (e é, até hoje) ridicularizado por ter-se oposto ferrenhamente contra o Modelo Cosmológico do “Big Bang”. Aliás, foi ele que cunhou o termo “Big Bang”, a título de gozação com algo que ele julgava insuportavelmente “criacionista”. Em lugar de adotar uma misteriosa “flutuação quântica do nada” para substituir a igualmente misteriosa “Inteligência Criadora”, Hoyle preferiu acreditar que o Universo não tinha começo, nem fim.
Ironicamente, foram dele mesmo as maiores contribuições para solucionar diversos problemas no modelo cosmológico que ele rejeitava. A síntese de elementos “pesados” no interior das estrelas, a previsão de um Fundo Cósmico de Microondas (que Hoyle calculou estar em outra faixa de freqüência), e até uma idéia de um “Campo de Criação” — que, devidamente corrigido, foi o cerne para a “inflação cósmica” do modelo do “Big Bang” — foram problemas que ele contribuiu decisivamente para resolver. O modelo cosmológico defendido por Hoyle, o “Estado Estacionário”, não é mais aceito por cientista algum… mas Hoyle morreu discutindo que diversos indícios que comprovam o modelo do “Big Bang” (inclusive o Fundo Cósmico de Microondas), poderiam ter outra explicação… o que não contribuiu em nada para que suas outras idéias ganhassem mais credibiliade… muito ao contrário.
Mas uma coisa é insistir em uma abordagem científica pouco promissora (ou errada, se quiserem…), e outra, totalmente diferente, é propor uma abordagem totalmente anti-científica e que se baseia em algum “poder sobrenatural”: isso, Hoyle não fez!
O “Universo Inteligente” de Hoyle não foi “projetado” por nehum “ser superior”, nem tem um “propósito” que possamos intuir. Ele apenas favorece a evolução (e não só dos seres vivos — Hoyle se preocupava muito mais com estrelas e galáxias) em um determinado sentido e não em outro. Uma extrapolação da “quebra de simetria” que ocorre com a Força Nuclear Fraca, embora Hoyle jamais use essa analogia. Em seu livro, Hoyle faz uma sugestão tão disparatada como qualquer outra: a “informação” necessária teria origem no futuro. Ou, dito de outra forma, o futuro causa o passado. (Eu acho a idéia mais revoltante do que a de um “ser superior”… mas a matemática funciona…)
Por que, então, Hoyle “desmentia” toda a mainstream da biologia e adotava a panspermia como provável origem da vida na face da Terra?
Por uma questão de coerência, ouso dizer. O universo de Hoyle tinha toda a eternidade para criar a vida. Aliás, mesmo concedendo o modelo do “Big Bang”, se compararmos a idade estimada para o universo, com a idade estimada para a Terra, fica difícil entender como é que a vida poderia ser um fenômeno restrito a este planeta e surgido, graças ao simples acaso, em tão pouco tempo. Sim, porque a Terra apareceu anteontem no universo, mas a matéria-prima para a vida está por aí faz muito mais tempo. Hoyle chegou a explorar “formas de vida extraterrestres” em sua novela de sci-fi, “The Black Cloud“, onde uma nuvem de material (orgânico) interestelar acaba por se revelar dotada de inteligência (e uma inteligência muito maior do que a humana… para variar…)
By the way, uma das “explicações” que Hoyle avançava para o desvio para o vermelho, era a deflexão da luz distante por nuvens interestelares de matéria orgânica (veja aqui). Um delírio? Pode ser…
O fato é que partidários de Hoyle (não sei se de todas as idéias, mas certamente da panspermia), foram buscar indícios de vida na estratosfera… e tiveram sucesso!
Isso “prova” que Hoyle estava certo?… Claro que não! A origem mais provável das bactérias estratosféricas é a Terra, mesmo. Pelo menos há a certeza que existe vida na Terra e as bactérias não são diferentes de outras que encontramos em ambientes profundamente hostís à maior parte dos organismos terrestres. Uma “prova” para as teorias abraçadas por Hoyle, seria a descoberta de organismos (ou de vestígios deles) no material coletado pela sonda Stardust — coisa que, até agora, não aconteceu.
Mas são mais três espécies para a categoria dos extremófilos. A vida na própria Terra é muito mais estranha do que supunha a nossa vã filosofia… E pode muito bem ser que Hoyle, ao remar contra a maré, tenha contribuído, mais uma vez, para solucionar problemas com modelos (neste caso, do Modelo Biológico Evolutivo) que ele próprio rejeitava…
Um Jovem Pulsar
[Traduzido de A young pulsar show its hands]
A “mão” de um pulsar jovem
![]() |
||||
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Um pequeno e denso objeto com somente 24 km de diâmetro é o responsável por esta bela nebulosa de raios-X que se estende por 150 anos luz. No centro desta imagem feita pelo Observatório Chandra de Raios-X da NASA está um pulsar muito jovem e poderoso, conhecido como PSR B1509-58,
ou B1509 abreviadamente. O pulsar é uma estrela de nêutrons que gira muito rapidamente e está espalhando energia pelo espaço vizinho, criando estruturas complexas e intrigantes, inclusive uma que lembra uma enorme mão cósmica. Nesta imagem, os raios-X de menor energia, detectados pelo Chandra, aparecem na cor vermelha, a faixa média em verde e os mais energéticos em azul. Os astrônomos acreditam que o B1509 tenha cerca de 1.700 anos e ele está localizado a cerca de 17.000 anos luz de distância.
![]() |
||||
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Estrelas de Nêutrons são o resultado de estrelas de grande massa que ficam sem combustível e entram em colapso. O B1509 dá uma volta completa a quase 7 rotações por segundo e libera energia nas vizinhanças de modo prodigioso — presumivelmente porque ele tem um intenso campo magnético em sua superfície, estimado como sendo 15 trilhões de vezes mas forte do que o campo magnético da Terra.
A combinação da rápida rotação com o campo magnético ultra forte torna o B1509 um dos mais poderosos geradores eletromagnéticos da Galáxia. Esse gerador “sopra” um vento energético de elétrons e íons para fora da estrela de nêutrons. Ao se moverem através da nebulosa magnetizada, eles irradiam sua energia e criam a nebulosa elaborada enxergada pelo Chandra.
Nas regiões mais interiores, um tênue círculo envolve o pulsar e marca o local onde o vento é rapidamente desacelerado pela nebulosa que se expande devagar. Dessa forma, o B1509 partilha algumas chocantes similaridades com a famosa Nebulosa do Caranguejo. No entanto, a nebulosa do B1509 tem um diâmetro 15 vezes maior do que os 10 anos luz da Nebulosa do Caranguejo.
![]() |
||||
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
As estruturas em forma de dedos que se estendem ao Norte, aparentemente energizam nódulos de matéria em uma nuvem de gás vizinha, conhecida como RCW 89. A transferência de energia do vento para estes nódulos faz com que os últimos brilhem na faixa dos raios-X (as áreas laranja e vermelha, acima à direita). A temperatura nessa região parece variar em um padrão circular em torno desse anel de emissão, o que sugere que o pulsar pode estar em uma precessão como um pião que gira e varrendo o gás na RCW 89 com um feixe de energia.
O Centro de Voo Espacial Marshall da NASA em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico do Instituto Smithsoniano controla as operações científicas e de voo do Chandra a partir de Cambridge, Massachussets.
Atualizando em 8 de abril: A imagem da “mão” do Pulsar, em alta definição, está no “NASA Picture of the Day” de hoje. Dá um lindo “papel de parede”.
Mais uma ameaça à camada de ozônio: foguetes.
A Universidade do Colorado em Boulder avisa: [Lançamentos de foguetes podem requerer regulamentação para evitar danos à camada de ozônio](http://www.colorado.edu/news/r/13dcef625a8a43e2e6d4d0e06e10ac8f.html).
O fato é que o mercado para lançamento de foguetes e satélites está crescendo, e ninguém se lembrou de que eles também afetam a camada de ozônio. Com o banimento dos CFC, a indústria de lançamento de foguetes pode, em futuro breve, ultrapassar os aerossóis em termos de ameaça.
O professor Darin Toohey do Departamento de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da UCB estima que, por volta de 2050, os lançamentos de foguetes (caso deixados sem regulamentação), podem causar mais destruição do ozônio do que jamais os CFCs produziram. Ele comenta que o Protocolo de Montreal, que baniu os CFCs, “deixou de fora a indústria espacial que deveria ter sido incluída”.
O pesquisador-chefe do estudo, Martin Ross da *Aerospace Corporation* de Los Angeles, lembrou que as agências do governo americano realizaram estudos para avaliar as perdas potenciais da camada de ozônio em face de uma frota de estimados 500 aviões supersônicos (uma frota que jamais veio a existir), poucos estudos foram feitos para avaliar os danos que poderiam ser causados pela frota mundial de foguetes.
******************
Comentário meu: já repararam que, depois que o Bush se foi, diversas questões referentes a meio ambiente (que devem ter ficado trancados em gavetas durante oito longos anos), resolveram aparecer?
Uma crise econômica mundial, duas guerras para lá de questionáveis e um atraso nas ciências que lembra a Idade Média… E o que falta para mandar Bush e seus sequazes para a Corte de Haia por crimes contra a humanidade?…
Pois é, dona Ruth de Aquino… De quem é mesmo o “besteirol”?
A mídia está bradando aos quatro ventos, hoje, uma sensacional inovação tecnológica. Vejam, por exemplo, esta notícia no G-1: [Capacete Eletrônico Usa **Força da Mente** para **Dar Vida a Robô**](http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1065665-6174,00.html) (os grifos são meus).
**”Força da Mente?…** Não seria mais adequado dizer: “campos eletromagnéticos do cérebro”?… O termo “mente” tem uma forte carga emocional que remete a coisas profundamente discutíveis, como “alma” e afins. E “dar vida” é meio forte para um robô que só reproduz **quatro** movimentos pensados pela pessoa que tem os “pensamentos lidos”.
E a coisa nem é tão nova assim… Já tinham conseguido ligar e desligar aparelhos eletrônicos a partir de “comandos” pensados, faz muito tempo. O fato do robô realizar os tais quatro movimentos é muito bonitinho, e coisa e tal… Quer dizer, simplesmente, que, em reação a um determinado padrão de ondas EM cerebrais **de uma pessoa cuja atividade cerebral foi previamente mapeada**, o robô executa movimentos **pré-programados**.
Interessante?… Sem dúvida! Uma linha de pesquisas promissora?… É claro!
Mas muito longe da suposta “telepatia *ex-machina*” que estão tentando impingir.
E agora, dona Ruth?… Quem é que está divulgando “besteirol”?
“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (30/03/09)
30 de março de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
**A espantosa ciência de descer rapidamente escadarias**
Por que se leva todo o tempo que se leva para descer pelas escadarias durante uma evacuação de emergência em um prédio? Em um artigo intitulado “O que sabemos que não sabemos” (“What We Know We Don’t Know”), pesquisadores do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) analisaram cinco fatores que deveriam afetar a velocidade de uma evacuação: a largura da escadaria, o número de andares que as pessoas teriam que descer, o retardo no início da evacuação, a densidade da multidão na escadaria e a presença de bombeiros subindo a escadaria. Os pesquisadores do NIST declaram que o resultado mais notável de seu estudo foi que “todas essas variáveis de engenharia, facilmente mensuráveis, juntas respondiam por somente 13% da variação na velocidade dos ocupantes”. Em outras palavras, toda a engenharia do mundo só consegue ajudar um pouco em tornar as evacuações de prédios mais rápidas. “Fatores fisiológicos e de comportamento podem ser mais importantes para estabelecer a velocidade dos ocupantes”, dizem os pesquisadores. Na evacuação das torres do *World Trade Center*, depois que elas foram atingidas por aviões, o NIST descobriu que 6% das pessoas tinham “restrições de movimentos” que prejudicaram sua evacuação. O relatório do NIST “não serve de apoio a recentes preocupações acerca de uma maior lentidão nas velocidades de evacuação decorrentes de um aumento nas taxas de obesidade e menores níveis de preparo físico”, alertam os pesquisadores que dizem serem necessarios estudos mais profundos sobre isso. O estudo também afirma que os pesquisadores conseguiram uma melhor compreensão das questões de engenharia envolvidas, mas que é necessária uma melhor compreensão do comportamento humano para tornar as evacuações mais eficientes.
**Dejetos de fazendas estão tornando os cursos d’água em uma fonte de um potente gás de efeito estufa**
Terras de cultivo com solo enriquecido por fertilizantes, rico em nitrogênio, são levadas para dentro de milhares de pequenos cursos d’água e fazem com que esses criem e liberem níveis cada vez maiores de óxido nitroso, um potente gás de efeito estufa. Em um estudo realizado pela Fundação Nacional de Ciências e a Universidade de Notre Dame, em Indiana, cientistas descobriram que o óxido nitroso é “frequentemente produzido nos sedimentos de pequenos cursos d’água e que as taxas de produção são mais explicáveis pela concentração de nitratos nesses cursos d’água”. Os cientistas observaram que, por causa da ligação direta entre a produção de óxido nitroso em cursos d’água e a disponibilidade de nitratos nas terras de cultivo circunvizinhas, o manejo das terras nas fazendas deveria levar em conta a redução da quantidade de fertilizantes nitrogenados empregada, a recuperação das zonas ribeirinhas para que estas absorvam parte do nitrogênio, e a modificação de valas revestidas que aumentam a eficiência do despejo de nitrogênio nos cursos d’água. Estão em curso outros estudos para avaliar o efeito do nitrogênio em rios maiores e os cientistas estão preocupados com o fato de que os rios podem abrigar bactérias produtoras de óxido nitroso, o que aumentaria ainda mais as emissões deste gás.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Boa notícia para os pecuaristas
O nosso Igor publicou um post preocupante sobre Os Gases de Efeito Estufa do Gado Bovino Brasileiro. Embora eu tenha algumas dúvidas sobre alguns números apresentados, o problema existe e exige providências rápidas.
Um dos meios de contornar o problema é fornecer ao gado de corte uma alimentação mais adequada, de forma a diminuir a flatulência bovina. E boas notícias sobre isto estão sendo divulgadas, via EurekAlert: Óleos de Peixe reduzem as emissões de gases de efeito estufa em vacas com flatulência.
Na reunião da Society for General Microbiology em Harrogate, pesquisadores da University College of Dublin, relatam que a inclusão de 2% de óleo de peixe, rico em ácidos graxos Ômega 3, reduz a quantidade de metano emitida pelas vacas
Um dos pesquisadores, a Dra Lorraine Lillis, declarou que “O óleo de peixe afeta as bactérias geradoras de metano no rúmen das vacas, o que diminui as emissões. Uma melhor compreensão sobre quais espécies de micróbios são particularmente influenciadas pelas mudanças na dieta e estabelecer um relacionamento entre estas e a produção de metano pode levar a uma abordagem mais direta para a redução das emissões de metano por animais”.
A produção de metano pelos animais domésticos é um ponto crítico no controle de emissão de gases de efeito estufa — principalmente nos animais destinados ao corte, já que uma “conversão” generalizada da humanidade ao vegetarianismo é meio fora de cogitações — já que cerca de um terço das emissões anuais de metano, estimadas em 900 bilhões de toneladas, são originadas por bactérias metanogênicas que vivem no trato digestivo de ruminantes tais como vacas, ovelhas e cabras. Em certos países, como o Brasil (como se vê no post do Igor) e a Irlanda, onde, segundo a notícia, 50% das emissões de metano são de animais de fazenda, esse problema é ainda mais agudo.
Para quem, como eu, não está disposto a trocar o bife por um peixinho, a solução é brilhante: basta dar o peixe para o gado…
A mediocridade passa a ser obrigatória no Brasil
Como é que eu posso me juntar ao coro de apupos à jornalista Ruth de Aquino, se ela parece ser uma lídima porta-voz da sociedade brasileira?
Alguém duvida disso?… Então dê uma olhadinha nesta notícia reproduzida no Jornal da Ciência da SBPC (que ainda não suscitou comentário algum… talvez por medo de soar “elitista”…):Câmara proíbe aluno de cursar duas faculdades públicas ao mesmo tempo.
Não é sensacional?… Primeiro, foi o famigerado sistema de “cotas” — um “atestado de falência” para o ensino público e as políticas sociais. E uma tremenda “enganação” para com os candidatos a um diploma de curso superior: nem precisa dizer que, quem não aprendeu antes do vestibular, não será depois que vai aprender… E — sejamos francos — de semi-analfabeto com diploma de curso superior, o Brasil já está cheio (a OAB que o diga!…)
Pois o nosso sábio Legislativo — eleito livremente pela sociedade brasileira e seu representante legítimo — acaba de “tirar o sofá da sala”, mais uma vez…
Será que, em nome de tanto “igualitarismo”, vamos “progredir” em outros campos, também?… Por exemplo, no futebol. Já que é profundamente injusto que um “pereba” como eu nunca vá ter a oportunidade de jogar pelo timinho da Nike pela Seleção Brasileira, que tal aprovar uma legislação compensatória,.obrigando todas as equipes a ter uma “cota” de “pernas-de-pau”? Assim satisfaríamos as inúmeras famílias brasileiras que acham que seus rebentos são “craques”, mas nunca tiveram uma chance.
O que a Ruth de Aquino falou, é o que o “povão” pensa! É chato, é ridículo, é uma mostra de ignorância sobre como se faz pesquisa científica, mas é um retrato da opinião pública (ou, pelo menos, da “opinião que se publica” — como diria o Barão de Itararé).
E, se a ciência no Brasil continuar dependendo da SBPC para defendê-la, eu vou dizer o que Brecht disse pela boca de Galileu: “Infeliz do povo que precisa de heróis”.
..
“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (23/03/09)
23 de março de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Andar mais devagar para manter os sapatos secos
Andar em uma calçada molhada depois de uma chuvarada, deixa a parte de cima dos sapatos encharcadas — de acordo com os cálculos apresentados no encontro da semana passada da Sociedade Americana de Física em Pittsburgh. Uma equipe de pesquisadores que normalmente trabalha com nanopartículas e laseres, estudou o fenômeno para descobrir como evitar molhar as meias quando dão suas caminhadas da hora do almoço.
Jake Fontana da Universidade Kent State em Ohio cobriu um piso com uma fina camada de água e montou uma câmera de alta velocidade para gravar a caminhada. A câmera revelou que, quando o sapato faz contato com o chão molhado, ele levanta uma cunha de água com o salto. O líquido flui ao longo da parte de baixo do sapato, na medida em que o pé balança para a frente e é chutado para cima no topo do arco do sapato. A água é lançada para fora no ângulo exato – 75 graus – que faz com que ela se derrame na ponta do sapato quando o o pé vem para baixo para um novo passo.
O pequeno número de gotas lançado por cada passo se acumula – andar por meio quilômetro derrama cerca de meio litro de líquido em cima do calçado. “Uma solução seria fazer sapatos mais parecidos com pneus de automóveis, com ranhuras que empurrem a água para fora e para longe da direção do passo”, diz Fontana. Uma solução mais simples, diz ele, é andar um pouco mais devagar para modificar a dinâmica do fluido.
Tai Chi melhora o equilíbrio de sobreviventes de derrames
Vítimas de derrames cujo senso de equilíbrio tenha sido prejudicado, podem readquirir alguma estabilidade e diminuir o risco de quedas praticando Tai Chi, a arte marcial chinesa que envolve movimentos extremamente lentos. A pesquisadora de fisioterapia da Universidade de Illinois em Chicago Christina Hui-Chan, cujo estudo anterior mostrou que o Tai Chi podia melhorar o equilíbrio dos idosos, realizou um estudo similar com 136 sobreviventes de derrames em Hong Kong. Todos os participantes tinham sofrido um derrame pelo menos seis meses antes e estavam tendo problemas de equilíbrio. Os participantes foram divididos em dois grupos: um foi treinado em Tai Chi por 12 semanas e o outro cujos membros aprenderam exercícios de respiração, alongamento e outros que não envolviam o equilíbrio.
Os dois grupos foram então testados quanto a sua capacidade em manter o equilíbrio enquanto mudavam de posição o peso, inclinando-se em diferentes direções, e ficar de pé em superfícies móveis que simulavam um ônibus lotado. “O grupo do Tai Chi se saiu particularmente melhor em condições que requeriam o uso do equilíbrio e seu controle”, declarou Hui-Chan. As melhoras foram observadas apenas seis semanas após o treinamento de Tai Chi. A pequisa está sendo publicada em Neurorehabilitation and Neural Repair.
Beber moderadamente aumenta significativamente o risco de ferimentos
Embora seja de conhecimento geral que pessoas muito bêbadas correm muito mais riscos de sofrer acidentes ou se envolverem em brigas que resultam em ferimentos, uma nova pesquisa sobre ferimentos tratados em um Pronto Socorro na Suíça indica que até um consumo moderado de álcool aumenta muito o risco de danos pessoais. Na média, um em cada quatro ferimentos tratados no PS estavam relacionados com o álcool, declarou o pesquisador de saúde pública Kerve Keundig. Os ferimentos alcançam um pico nas noites de sexta-feira e sábado, onde mais de 80% dos ferimentos são relacionados com o álcool. O estudo descobriu que o risco de ferimentos aumenta mesmo depois do consumo de pequenas doses de álcool. Keundig, do Karolinska Institutet da Suécia, sugere que os programas de prevenção dêem ênfase aos riscos e consequências do consumo moderado de bebidas. A pesquisa foi financiada pela Fundação Nacional de Ciências da Suíça e várias outras agências governamentais.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.