Filosofia cara
Também eu procrastinei vagueando no mundo delicioso dos contratos públicos, i.e., para onde vai algum do nosso dinheiro.
Não me recordo como mas fui parar a este:
a Câmara de Lagoa efectuou a assinatura da Revista Portuguesa de Filosofia pela quantia de 4.524,00€.
Parece-me bem.
O preço é que me pareceu exagerado.
Mas que sei eu.
Consultando a secção de assinaturas da revista, constatei que para desfrutar dos 4 números anuais se deve gastar 47.50 €.
Regalei-me, então, por constatar que a Câmara Municipal de Lagoa distribuiu filosofia por 25 escolas do seu concelho.
Ou então que tinha 25 anos de pagamentos em atraso…
Hummm…alguém que me explique os 4.524,00€?
Quem quiser perder tempo pode consultar para onde vai o nosso dinheiro aqui.
Não me chamem má-língua mas estes dois contratos – aqui e aqui – são, no mínimo, estranhos.
Não sei…devo andar com o vírus “Nós por cá”.
Outra referência no jornal Público on-line
Complexos
It is an old maxim of mine that when you have excluded the impossible, whatever remains, however improbable, must be the truth.
Arthur Conan Doyle, 1858 – 1930
Se é certo que o Ciência Ao Natural não desfruta dos milhares de visitantes que recebem, por exemplo, A Educação do Meu Umbigo ou o De Rerum Natura, também é verdade que tem fiéis leitores, fruto mais do apoio que o jornal Público lhe presta do que pelo mérito da minha prosa.
Assim sendo, é fácil observar a procedência e parte dos gostos dos visitantes que frequentam o espaço de divulgação que é o Ciência Ao Natural. É uma actividade que me dá gosto: ver quem me visita, que artigos prefere, etc.
Na 2ª feira, dia 5 de Janeiro de 2009, publiquei um post intitulado “Currículo Cívico“, onde chamava a atenção para a inusitada clareza de análise de Medina Carreira. Apelava para que o vídeo de uma entrevista fosse visto, particularmente numa parte que Medina Carreira disserta sobre o estado da Educação em Portugal.
E que aquela entrevista deveria ser escutada por todos os portugueses.
Mesmo pelo Sr. Primeiro-Ministro.Curioso é que, no dia seguinte, constatei ter sido visitado demoradamente, algumas das visitas com mais de uma hora, por utilizadores quer da Ceger – Centro de Gestão da Rede Informática do Governo, quer da DGIDC – Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
Se um post que tem como palavras-chave “Primeiro-Ministro”, “Educação” e “Medina Carreira” gera longas visitas dos referidos organismos governamentais, pergunto:
que tipo de visitantes institucionais terei quando rabiscar um post que tenha como palavras-chave “aloé vera”, “pirâmide” e “loucura”?
Currículo cívico
Entrevista a Medina Carreira – SIC, 10 de Dezembro de 2008.
Esta entrevista deveria fazer parte do currículo cívico de qualquer português.
Mesmo o do sr. Primeiro-ministro.
Recomendo a visualização do vídeo aqui presente, em particular a partir dos 4’10”, sobre a Educação.
Todos os outros vídeos estão disponíveis aqui.
Para onde foi a vida?
” A bala cristalizou os anos de cólera acumulados. Não há reivindicações concretas. O que queremos é a nossa vida de volta.”
Katerina Ionnaninou, jovem manifestante grega, Público, 16 de Dezembro
(actualização 18/12/2008)
Para onde foi a vida?
Para o Youtube, para a fila de subsídio de desemprego,
para onde foi a vida?,
para o apocalíptico aquecimento global, para o dinheiro contaminado, para onde foi a vida?,
para o sonho da América do Sul, para o corpo tatuado de recibos verdes,
para onde foi a vida?,
para o petróleo, para as cores diferentes que julgamos que nos invadem,
para onde foi a vida?,
para a sanidade obrigatória, para a batata frita em ketchup,
para onde foi a vida?,
para o directo atrasado 5 minutos, para a poupança no papel escolar,
para onde foi a vida?,
para a míngua de pensamento…
Para onde foi a vida?
Foi.
Estranhos tempos estes onde são os jovens a quererem a sua vida de volta.
Imagem – daqui
AL CANHOTO
1 – A língua árabe, tal como outras como por exemplo o hebraico e o aramaico, é escrita da direita para a esquerda.
2 – Autores referem que a percentagem de canhotos (que escrevem com a mão esquerda) se mantém inalterada desde o Neolítico – 10-13% da população.
O que eu gostava de saber é se a percentagem de canhotos em populações árabes é maior ou menor do que em populações com sistema de escrita ocidental, i.e., que escrevem da esquerda para a direita?
Referência
Raymond M, Pontier D, Dufour AB, Møller AP. Frequency-dependent maintenance of left handedness in humans. Proc Biol Sci. 1996 Dec 22;263(1377):1627-33.
Imagem – daqui
O Museu e o Mercador
Num momento de indefinição quanto ao papel do Museu Nacional de História Natural (MNHN) irá desempenhar na futura reorganização da Universidade de Lisboa, o MNHN perdeu um excelente oportunidade de desempenhar um papel importantíssimo na preservação do património paleontológico e liderar a preservação do património natural.
Qual a posição do MNHN sobre os factos relatados na notícia abaixo citada?
Porque não interveio o MNHN nesta situação?
Oportunidades perdidas pelo MNHN de mostrar à Universidade de Lisboa que está enganada, quando esta o pretende ignorar.
“Vende-se cauda de dinossauro O anúncio – colocado na secção de ‘Antiguidades’ do site do jornal de classificados ‘Ocasião’ – explica que se trata de um “dinossauro, espinha dorsal 90% completa.”
Correio da Manhã – 21 Novembro 2008 – 00h30 Feita a chamada para o telemóvel mencionado no anúncio, Gonçalo Ribeiro, o dono do achado confirma que não é brincadeira: “Tenho um esqueleto de um dinossauro herbívoro que encontrei há cerca de dez anos, quando fazia umas terraplanagens.” Garante “já ter recebido várias ofertas “, mas só não vendeu “por ainda não ter encontrado alguém disposto a pagar um preço justo e que dê garantias de dar um uso correcto ao achado”. Não quer dizer onde foram encontrados os ossos, mas o CM sabe que estavam no concelho do Cadaval. Sem querer adiantar qual o valor que considera justo para vender, Gonçalo Ribeiro confirma que “já recusou uma proposta de cem mil euros de uma autarquia da Região Oeste, por achar que era pouco”. O paleontólogo Octávio Mateus, perito da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, já analisou o esqueleto. “É uma cauda e um perónio de um sauropode, mas não quero fazer considerações sobre o seu valor porque não acho correcto que esteja a ser vendido”, disse ao CM. O cientista escreveu mesmo uma carta ao ‘Ocasião’ a pedir que o anúncio fosse retirado, mas não teve resposta. E lamenta que “a lei não proteja os achados paleontológicos como acontece com os vestígios arqueológicos”.”
Actualização (25/11/2008)
Pelos vistos orgãos de comunicação não portugueses já pegaram no assunto…curioso o silêncio do MNHN.
Telegraph – Dinosaur tail sale sparks anger in Portugal
The Windsor Star – Portuguese dinosaur tail’s sale sparks controversy
Hibernação económica
“A hibernação é um estado letárgico pelo quais muitos animais endotérmicos, em grande maioria de pequeno porte, passam durante o inverno, principalmente em regiões temperadas e árticas. Os animais mergulham num estado de sonolência e inatividade, em que as funções vitais do organismo são reduzidas ao absolutamente necessário à sobrevivência.” Wikipédia
Imagem – daqui