Únicos e Bons: Ciência Viva no Verão

cviva_verao_rede2015_banner-01Pelo país fora, são mais de 1100 atividades gratuitas onde a ciência e a tecnologia se cruzam com as tradições ou o património natural, da engenharia da visita à Ponte 25 de Abril ou à geologia das encostas do Douro.

Outras coisas haverá para legitimar o título mas agora escrevo sobre a promoção da ciência e da tecnologia feita em Portugal durante o Verão, mais concretamente da 19.ª edição do Ciência Viva no Verão (CV Verão). E o título é mais do que merecido para este programa.

PONTE 25 ABRIL (Large)Salvo erro, este é um programa único e gratuito a nível mundial, onde durante os meses de Verão, a ciência e a tecnologia são as personagens centrais de visitas e passeios, observações e caminhadas. O CV Verão, promovido pela Agência Nacional Ciência Viva, procurou sempre envolver os cientistas e as entidades que se dedicam à investigação e divulgação da ciência com o cidadão comum, particularmente neste caso o que se encontra de férias.

Parece paradoxal que, durante as férias se gaste tempo a aprender ou ver com outros olhos o mundo que nos rodeia, se façam visitas acompanhadas. Mas para além de enriquecedoras, na época chamada de tonta, esta foi e é uma ideia vencedora. Graças à visão de que proporcionar aos veraneantes formas de enriquecer a sua literacia científica e tecnológica, conhecer o património natural do seu país ou mesmo apenas olhar as estrelas, o Ciência Viva no Verão sempre foi considerado um ovo de Colombo da divulgação. Tal como outras simples ideias vencedoras, o CV Verão é reconhecido pela maioria e é dado como adquirido. Mas às vezes só valorizamos quando perdemos o que nos está próximo. Este ano, o CV Verão continua com a mesma filosofia dos anos anteriores apenas com uma diferença: é a Rede Nacional de Centros Ciência Viva a responsável pela coordenação deste programa.

Visita Ciência Viva no Verão

Visita Ciência Viva no Verão

Há momentos únicos nestes 18 anos de CV Verão, momentos que o quase meio milhão de participantes das 25 mil ações puderam vivenciar no passado. Eu não me posso esquecer de dois enquanto dinamizador de visitas às pegadas de dinossauro da Salema. O primeiro é a história do Vasco que queria ser paleontólogo, que me deixou a pensar que não devemos ser condescendentes com os mais pequenos, em especial quando estes estão decididos a seguir uma carreira científica, porque também esta é também uma das qualidades do CV Verão, promover a ciência enquanto carreira. A outra envolveu turistas alemães que me queriam obrigar a receber o dinheiro, porque achavam que este tipo de ações deveria ser paga. A verdade é que o CV Verão é um investimento mas é um investimento ganho pois dar a conhecer a ciência, a tecnologia e o património natural, é um investimento que nunca será um investimento perdido.

BANNER CIENCIA AO SULNo Algarve, os três centros Ciência Viva aqui existentes (Faro, Lagos e Tavira) organizaram 260 atividades gratuitas, dos “Astros e Sons Noturnos na Ria Formosa” onde se alia a observação dos astros com a audição da fauna da ria ou perceber o curso feito “Da Pedra calcária à cal das nossas casas”, uma descoberta da transformação do calcário em cal na Aldeia de Santa Rita ou mesmo uma visita guiada às pegadas de dinossauro da Praia Santa.

SAL GEMA (Large)Pelo país fora, são mais de 1100 atividades gratuitas onde a ciência e a tecnologia se cruzam com as tradições ou o património natural, da engenharia da visita à Ponte 25 de Abril ou à geologia das encostas do Douro.

Aproveite o Verão com Ciência no Ciência Viva no Verão em Rede 2015!

Inscrições e informações – Ciência Viva no Verão em Rede

(Artigo originalmente publicado no P3)

WORKSHOP: StixCamp on using Open standards in Science, Education, Technology & Culture, for Development.

Informação recebida do amigo Pedro Russo, Universidade de Leiden (Holanda)

WORKSHOP: StixCamp on using Open standards in Science, Education, Technology & Culture, for Development.

STIX CAMP POSTERFigueira de Castelo Rodrigo acolhe nos dias 17 e 19 de Julho de 2015 o workshop internacional sobre a utilização de standards abertos na Ciência, Educação, Tecnologia e Cultura para o Desenvolvimento. Este workshop é organizado em parceria pela Universidade de Leiden (Holanda) e o Município de Figueira de Castelo Rodrigo.

O workshop conta com a presença de especialistas internacionais como:

Bruno Sanchez-Andrade Nuño (responsável pelo Innovation Lab do Banco Mundial)
Eisuke Tachikawa (fundador do estúdio de designer Nosigner e que desenvolveu os escritórios open source para a Mozilla (Firefox) em Tóquio)
Edward Gomez (Director de Educação do programa científico LCOGT fundado pelo primeiro vice-presidente da Google, Wayne Rosing).

Mais informações: www.open.org.pt

Comunicação de Ciência | Congresso SciCom Pt 2015

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(Nova data-limite para submissão de resumos: 27 de Março de 2015)

O Congresso de Comunicação de Ciência SciCom Pt 2015, em Lagos, ambiciona ser um ponto de encontro de pessoas, mas também de projectos e percursos profissionais que envolvam a Comunicação de Ciência, à semelhança das edições anteriores, 2013 no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa e em 2014, na Universidade do Porto.
O Centro Ciência Viva de Lagos quando aceitou o desafio de organizar a edição do SciCom Pt 2015, CARTAZ SCICOM 03 2015 (Large)numa parceria com os outros dois Centros Ciência Viva no Algarve, Faro e Tavira, sentiu que estava a cumprir a sua missão principal – divulgar e promover a cultura científica e tecnológica para todos. Este congresso permite que outros actores como os Centros Ciência Viva mostrem o seu trabalho e os projetos em que estão envolvidos no âmbito da cultura científica.
Os dois primeiros dias do Congresso, 28 e 29 de Maio de 2015, serão dedicados à apresentação e discussão de trabalhos e/ou projectos em Comunicação de Ciência e à apresentação de palestras por parte de oradores convidados.

O Congresso contará com 4 oradores convidados e 6 workshops. O último dia, 30 de Maio, será dedicado à realização de cursos e workshops em diversas áreas, que permitam aos participantes no Congresso adquirirem e/ou desenvolverem competências específicas em diversas vertentes da Comunicação de Ciência, que incluem a comunicação oral, fontes de financiamento, ou a comunicação e literacia visuais.

HANS PETER PETERSOs Oradores Convidados são Hans Peter Peters (Research Center Jülich/Free University of Berlin) que apresentara a Comunicação: Motivations, Opportunities and Repercussions: Scientists as Public Communicators in a Complex Media World, que é o reflexo do seu trabalho de análise do papel dos cientistas como comunicadores mas também do relacionamento dos cientistas com os media e os jornalistas.

 

IANDo museu de Ciência irlandês Science Gallery Dublin, virá Ian Brunswick que falará desta instituição e sobretudo de uma das suas missões – a relação da Ciência com a Arte e a Comunicação Sparking Collisions Between Art and Science.

 

 

KAREN BULTITUDE1Karen Bultitude da University College London discutirá uma das questões mais negligenciadas em Comunicação de Ciência: a avaliação do impacto. Kate Bultitude será igualmente formadora num dos workshops no dia 30. O Orador Convidado que encerrará o Congresso será o Professor Carlos Fiohais da Universidade de Coimbra que apresentará uma Breve História da Luz, tema que lhe é caro tanto mais por ser Carlos Folhais 2015 o coordenador nacional do Ano Internacional da Luz.

Os Workshops contarão com especialistas em diversas áreas uma vez que a Comunicação de Ciência necessita de muitas e variadas valências.

 

VASCO TRIGO copyO jornalista Vasco Trigo ministrará o workshop Comunicação de Ciência com os Media: Do’s and Don’ts que permitirá aos participantes tomar contacto e ganhar experiência de uma entrevista televisiva.

 

 

 

Fernando Correifernando-correia-240x320-transp-softbordera, da Universidade de Aveiro, é um ilustrador científico que introduzirá algumas regras e técnicas de boa comunicação visual de Ciência no workshop Comunicação Científica Visual (Visualcia).

O Horizonte 2020: Preparação de propostas e processo de avaliação é o tema que será introduzido por Ricardo Miguéis, da Fundação para Ciência e Tecnologia, na sua formação, introduzindo boas práticas na preparação e submissão de candidaturas a este programa de financiamento.

Como praticar a Comunicação Oral de Ciência será o curso prático ministrado por Ana Sanchez e Joana Lobo Antunes, ambas do Instituto de Tecnologia Química e Biológica.

PAULO QUERIDO copyO também jornalista Paulo Querido ministrará a formação Comunicar na Sociedade em Rede sobre os desafios das redes sociais em Comunicação de Ciência. O painel formativo do Congresso SciCom Pt 2015 ficar completo com a já referida ação de Karen Bultitude em avaliação de Comunicação de Ciência.

 

 

Para além das dimensões referidas, o SciCom Pt 2015 será também um espaço de contacto in468023_532779736785568_1099825691_oformal entre profissionais e não-profissionais que de alguma forma estejam interessados e envolvidos na divulgação e envolvimento de todo o tipo de públicos na Ciência e Tecnologia. Existirão momentos informais de troca de experiências, demonstração de projectos, abordagens diversas para um cada vez maior envolvimento da Sociedade nos processos de tomada de conhecimento e de decisão que envolvam a Ciência.

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967165_532781303452078_1387797640_oO Congresso tem uma inscrição no valor de 40 euros para os dois primeiros dias a que acrescem 30 euros para os congressistas que desejem frequentar um dos seis workshops. A Comissão Organizadora do Congresso conta receber cerca de 200 congressistas no Centro Cultural de Lagos, num evento apoiado pela Agência Nacional para Promoção da Cultura Científica e Tecnológica/Ciência Viva e da Câmara de Lagos. O Congresso conta ainda com o apoio da CP que terá preços promocionais para as viagens de comboio de e para Lagos a partir de todo o país.

10398068_525151687590639_1163044237076079360_nA Comunicação de Ciência está neste momento numa fase muito dinâmica em Portugal, com várias instituições, particularmente as de investigação e universitárias, a reconhecerem o papel fundamental de difundirem, partilharem e envolverem os cidadãos não só no conhecimento científico e tecnológico mas também nos processos conducentes a esse mesmo conhecimentos e mesmo nas tomadas de decisão no que às políticas científicas diz respeito.

A Comunicação de Ciência actualmente não é apenas a partilha do prazer que a Ciência pode gerar mas sobretudo é o envolver de todos numa forma de ver o mundo e a nós próprios. Há uma outra dimensão para o que a Comunicação de Ciência pode trazer para a Sociedade pois a extensão de conhecimentos apesar de importante já não chega. Os comunicadores de Ciência devem assumir-se cada vez mais como mediadores entre os produtores de conhecimento, os decisores políticos e os cidadãos.

Observ@rte 2013

Um bocadinho de auto-promoção descarada.

Observ@rte 2013No próximo dia 23 de Março vou estar no Museu Nacional de Arte Antiga para participar no Observ@rte 2013encontro que “visa estabelecer pontes através de práticas pedagógicas e projetos inovadores, entre a Ciência, a Arte, o Conhecimento, a Escola e os Museus.”

A minha participação será feita na Mesa Redonda:

A Ciência na Arte e a Arte na Ciência | 15h00

Fábrica Centro Ciência Viva | Universidade de Aveiro | Dulce Ferreira 
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto | João Carlos Paiva
Museu de Ciência | Universidade de Coimbra | Miguel Gomes
Centro Ciência Viva de Lagos | Luís Azevedo Rodrigues
Moderação | Clara Pinto Correia
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Fórmula 1 ou Contas de Merceeiro?

Da leitura rápida dos jornais da manhã resultam três memórias, interligadas, ou talvez não.

Afirma primeiro Nuno Crato, em páginas do DN, que o país tem que ajustar orçamento do ministério da Educação às suas possibilidades. Do país, não dele.

Do que tenho visto, as talhadas de aprendiz de magarefe financeiro feitas na Educação impossibilitarão que algum dia se faça o que fez o engenheiro chefe da Red Bull (Fórmula 1): ter formação mais do que excelente e capacidade de resposta célere em situação de aperto.

O orçamento para a Educação, no país destes dias, apenas dará para fazer as contas como as da tabela do campeonato: duas equipas com os mesmos pontos apesar de o somatório dos resultados ser diferente.

Este orçamento para a Educação fará de nós merceeiros de contas erradas ao invés de engenheiros de Fórmula 1.

Imagens: da edição do Diário de Notícias de 27 de Novembro de 2012.

A Eminência Prada

jean-baptiste_Greuze_la_paresseuse_italienne.jpgA douta Fernanda Câncio deu-me a honra de me citar (parcialmente) a partir do Twitter, publicando a referência a abrir a sua coluna no jornal do Sr. Oliveira.
Conheci inicialmente a citada senhora por ser a namorada de um medíocre político. Posteriormente, soube dela por importantes comentários políticos, tais como a relevância dos fatos de Pacheco Pereira. Depois, chegou-me ao conhecimento pela defesa que fez do pagamento das viagens a Paris da deputada Inês de Medeiros.
Os seus afazeres jornalísticos impediram-na de verificar que, para além de doutorado em Paleontologia, sou de formação inicial professor de Biologia e Geologia, quiçá com mais anos de ensino que aqueles que a senhora passou nos bancos da escola. Ainda assim, a preparadíssima escriba apelidou-me depreciativamente de “Luís Azevedo Rodrigues (que se apresenta como paleontólogo)…”
Câncio, que se apresenta no Twitter não como jornalista mas como “etc. e tal”, transcreveu apenas um dos vários comentários que fiz, a saber:

“Os resultados do PISA 2009 são uma bofetada de luva branca dos professores na ministra que os maltratou. Aos enxovalhos, responderam com trabalho. A qualidade dos professores é a mesma, antes e depois.”

A senhora Câncio contemplou-me com a sua verve relativamente aos resultados do PISA, atribuindo-os totalmente aos bons serviços da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, agora na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
O que discuti no Twitter com a senhora foi que, apesar da imagem pública dos professores ter sido posta em causa pela ex-ministra da Educação, nunca os bons professores deixaram de exercer as suas funções de forma competente e profissional. Afinal, os bons professores trabalham em primeiro lugar para os seus alunos e só em segundo lugar para (ou apesar de) o Ministério da Educação.
A colunista Câncio esqueceu-se de referir, na sua apologia Mariana, que:
1 – não coloquei em causa as melhorias relativas dos resultados;
2 – se desconhecem quais as escolas analisadas pelo referido estudo, impossibilitando desta forma uma eventual validação socioeconómica dos resultados;
3 – a avaliação dos professores ainda não estava totalmente implementada no momento em que foram compilados os resultados para o PISA;
4 – se os bons resultados são fruto da aplicação do modelo de avaliação de professores proposto por Maria de Lurdes Rodrigues, baseado (ou copiado) num modelo de avaliação chileno, como é que os resultados dos alunos chilenos são inferiores aos dos alunos portugueses;
5 – que qualquer pessoa minimamente abonada de espírito sabe que efectivas melhorias nos resultados educativos, ou seja, um verdadeiro incremento nas capacidades dos alunos, se materializam vários anos após terem sido implementadas, impedindo assim a responsabilização de Maria de Lurdes Rodrigues. Para o melhor e para o pior, o efeito Lurdes Rodrigues só se contabilizará daqui a uns tempos.
Imbuída no espírito político vigente, em que uma vã imagem é mais forte que qualquer ideia, a senhora Câncio continua a sua missão de dourar toda e qualquer pílula deste governo.
Se a senhora Câncio:
– me tivesse perguntado se acho que a avaliação de professores é fundamental para o desempenho docente, ter-lhe-ia dito que sim;
– me tivesse perguntado se acho que a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi uma boa ministra, ter-lhe-ia dito que não;
– me tivesse perguntado se o modelo avaliativo proposto pela ex-ministra era um bom modelo, ter-lhe-ia dito que não;
– me tivesse perguntado se fui avaliado na componente da avaliação que acho fundamental, a observação de aulas, ter-lhe-ia dito que sim.
Entre muitas outras perguntas que poderia ter feito, mas que não fez.
Apenas escreveu indolentemente, empurrada pela pressa de opinar sobre tudo e todos, que assim as avenças exigem, corroborando as suas opiniões escritas da mesma forma como deve escolher sapatos: para tapar o desencanto, por impulso compensatório ou apenas porque lhe apetece.
P.S. Aproveito para alvitrar que os pontos acima poderão ser utilizados livremente para um estudo, e possível tese patrocinada pela FLAD, por quem demonstra tamanho interesse pelas questões educativas.
Imagem – Jean-Baptiste Greuze – La paresseuse italienne, daqui

Embeiçamentos

01drawin.jpgNo meio de discussões esporádicas (graças a Deus…) que tenho no Twitter com os que designo de PS-boys, saliento a confusão que grassa naquelas cabeças.
Não me importaria um folículo se as ideias arreigadas naquelas vazias cabeças não fossem as mesmas do actual governo.
A questão passa pelo deslumbramento vigente pelas novas tecnologias, vulgo Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s).
Para os iluminados com quem discuto, o futuro do país passa, sem qualquer margem para dúvida, pela generalização massiva entre os jovens de Magalhães e outros derivados. Salientam, ainda, que as excelências desse novo mundo civilizacional só se farão sentir dentro de décadas.
Esta linha de raciocínio carece de sustento racional, revelando antes que estes senhores, e o governo por analogia de pensamento, confundem dois conceitos: Educação e TIC’s.
Enquanto a Educação poderá passar, com dificuldade é certo nos tempos que correm, sem as TIC’s, estas não servirão para nada sem uma formação educativa. Seguro como a gravidade.
Pensar e expressar o que se pensa é garante de que se poderá utilizar minimamente qualquer ferramenta tecnológica. Mais difícil, se não impossível, será quem não amestrou o seu raciocínio ou calcorreou os caminhos da expressão do seu intelecto, fazê-lo apenas com as TIC’s.
Reconheço vantagens nas tecnologia de informação e comunicação num contexto educativo, mas é um erro sobrepô-las às ferramentas básicas: ler, escrever e contar.
Esta inversão de prioridades é análoga à que vigorou há anos, onde o deslumbramento pelas auto-estradas asfaltou outras prioridades. Agora, temos o deslumbramento pelas novas tecnologias.
Ambos os embeiçamentos se esqueceram do essencial, ou seja, para quem se dirigem a Política e as políticas: para as pessoas.
Imagem – Pieter (the Elder) Bruegel “The Ass in the School” , 1556
Pen and Indian ink, 232 x 302 mm
Staatliche Museen, Berlin

A Bruxa, o Polvo e o Inglês

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Devido a isto e a isto, mais do que abandonei o blog.
Antes de partir para Londres, algumas comichões que me têm andado a incomodar:
1 – depois de uma bruxa ter fascinado e ocupado a mente de muitos portugueses com as previsões sobre a selecção nacional no mundial de futebol, agora é vez de um polvo vaticinar sobre o mesmo assunto.
E que tal perguntarem também aos objectos de estudo destes senhores o que acham?
2 – na mesma linha de opiniões avalizadas, vem agora a senhora Maria de Lurdes Rodrigues publicar livro sobre a Escola Pública Portuguesa.
Sim, a mesma senhora que tanto fez para arruinar a instituição sobre a qual agora escreve, empurrando-a para o limbo do facilitismo e do descrédito, temperados com um ódio visceral aos professores.
A senhora que produziu uma tese sobre o papel social do Engenheiro foi recompensada pelo engenheiro com a presidência da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento).
Menos mal, já que assim se ganhou uma aluna de inglês.
Imagem: daqui

Horror ao Ensinar

Uma excelente visão sobre o que é e o que deveria ser a Escola, pelo Professor Carlos Fiolhais.
Alguns excertos que me pareceram muito relevantes.
Gostei particularmente da parte do horror a que o Ministério da Educação votou o verbo ensinar, de há anos a esta parte.
Revista Notícias Magazine, 14/03/2010
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” (…)
O que é que está mal? Está tudo mal?
Não, temos bons professores, que fazem, a maioria deles, por cumprir a sua obrigação profissional num ambiente que não é nada fácil.
Se me pergunta o que está mal, dou-lhe um exemplo: o Ministério da Educação é – vou usar uma palavra brutal para fazer jus à minha fama de crítico – um monstro.
É um aparelho criado pelo Estado, que está por todo o lado em demasia, retirando liberdade aos bons professores. Há regulamentos para tudo e mais alguma coisa, os programas não são bons, os livros têm de se ater aos programas, os horários são o que se sabe, há disciplinas que não são disciplinas nenhumas. Enfim, não tenho dúvidas de que é possível fazer melhor e que isso passa por uma menor intervenção do Estado. Será precisa toda aquela burocracia? Será preciso aquela linguagem em que se exprime o monstro e que eu e outras pessoas designamos por «eduquês»? Não se pode falar claro? A actual ministra domina bem o português, é uma boa escritora, não poderá pôr aquele Ministério a falar claro?
(…)
A máquina ministerial condiciona a criatividade de alunos e de professores?
Condiciona a criatividade dos professores, que são a chave do sucesso da escola. Diminuir o papel dos professores foi o pior que se podia ter feito. Portanto, tudo o que possamos fazer para valorizar este papel, para lhes dar importância e autoridade, é útil.
Há uma palavra que não se tem usado muito em Portugal e que se devia usar mais (o Ministério da Educação, então, foge dela como o diabo da cruz), que é ensinar. A escola é um sítio onde se ensina. Claro que também é um sítio onde se aprende, mas para aprender é preciso que se ensine. Quase tudo aquilo que sei foi porque alguém me ensinou. A partir de certa altura já fui capaz de aprender por mim próprio, mas devo muito à escola e aos meus professores. Porque é que os jovens de agora não hão-de poder dizer o mesmo? Estamos a desviar-nos do essencial e o essencial é preparar para a vida. Não estaremos a alienar os nossos jovens da capacidade de saber mais, de decidir, que não devia ser apenas de alguns, mas de todos?
Esse sistema é a razão pela qual Portugal não tem sido um país de Ciência?
A nossa educação científica é uma área em que podemos progredir. A ciência devia estar presente mais cedo na escola, e não se trata tanto de falar de ciência, mas mais de ver como ela se faz. A ciência devia estar presente no jardim-escola e no ensino básico. A palavra ciência quase não aparece nos programas, aparece uma coisa chamada «estudo do meio».
O que é isso? Um cientista é um estudioso do meio?
Percebo a ideia de que o meio não é só o meio material, é também o meio social. Muito bem, é evidente que vivemos num meio social, mas antes disso pisamos um planeta que nos puxa para baixo, respiramos ar, bebemos água, e é bom que no básico façamos experiências que nos permitam compreender o que é o planeta, o que é o ar, e o que é a água. A descoberta do mundo pela criança tem de começar por aí. A junta de freguesia e outras construções sociais, por muito importantes que sejam, vêm depois do ar e da água.”
Imagem:
Jean-Auguste-Dominique Ingres, “Roger Freeing Angelica”
daqui

Não me Chiles

squirrel.jpgO cerne do actual modelo de avaliação de professores, imposto pelo Ministério da Educação, assenta (ou foi plagiado, segundo alguns) de um modelo oriundo do Chile.
Segundo o jornal i, de 17 de Junho, a “coligação de centro-esquerda no Governo” selou um acordo eleitoral com os comunistas chilenos.
No próximo período eleitoral português será adoptado, pelo PS, mais um modelo chileno?
Imagem – daqui