Falhas

Descubra as falhas:

a) geológicas;
b) no ordenamento do território.
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Imagem: Luís Azevedo Rodrigues (Abril 2013)

Local: Praia da Salema, Vila do Bispo.

Calvin das Neves

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Depois de ter lido estas declarações do Catedrático João César das Neves recordei-me do pensamento de um seu colega, Calvin.

O Calvin faz-me sorrir; o João César nem por isso.

 

Referências:Revista Visão e Calvin and Hobbes.

 

MATH ATHEIST (Medium)

Sarrazin, o anti-sarraceno

courb110.jpgNa leitura semanal que faço do jornal El País de domingo, um artigo com o perfil e excertos em discurso directo de Thilo Sarrazin, despertou-me para uma realidade desconhecida.
Que Angela Merkel havia já declarado que o multiculturalismo na Alemanha estava morto e era preciso enterrá-lo, já o sabia. A Chanceler tinha-o proferido publicamente. Em Portugal, quase ninguém o comentou, embrenhados que estamos em pensar no pão que poderá ainda vir dos bávaros e companhia, esquecendo os lírios sociais que despontam por aquelas bandas.
O artigo a que acima fiz referência aponta uma possível origem para as declarações da senhora Merkel.
Thilo Sarrazin, ex-dirigente do Bundesbank e ex- Ministro das Finanças da cidade de Berlim, publicou no ano passado um livro que continua a gerar muita discussão e polémica – para além de mais de um milhão de exemplares vendidos, coisa pouca…
No campeão de vendas “Deutschland Schafft Sich Ab“, Sarrazin defende a tese de que a Alemanha está à beira da extinção. Esta implosão social está a ser fomentada pela emigração turca, em particular, e pela muçulmana, em geral, defende Sarrazin.
Afirma este senhor que devido à baixa taxa integração social e enorme taxa de natalidade, os emigrantes muçulmanos estão a ameaçar a coesão social alemã.
Contudo, a perigosa retórica de Thilo Sarrazin vai mais longe; a fraca inteligência, originada pelo mau património genético dos emigrantes muçulmanos, está a contaminar a população alemã, sendo responsável pela extinção a que a Alemanha está condenada, afirma Sarrazin, sendo estes emigrantes “o coração do problema”.
Os critérios avaliadores da integração social de um grupo de emigrantes são, para este ainda militante do SPD:
1) o êxito dos jovens dessa comunidade no mercado laboral;
2) os resultados escolares desses jovens:
3) a percentagem de pedidos de apoios estatais por parte dessa comunidade emigrante.
Não li a obra, e pelas amostra impressa no El País não o conto fazer, mas
posso julgar, contudo, que ideias de Sarrazin manifestas no jornal são perigosas.
A saber:
1) que se caracterizem e infiram comportamentos sociais de determinados grupos com base em supostos padrões e tipificações genéticos é uma aberração, quer política, quer social. Acrescento que, à semelhança do que pensa o ex-Chanceler alemão Helmut Schimdt, misturar “tradições civilizacionais com herança genética” é, no meu entendimento, profundamente errado, quer científica, quer eticamente.
2) que uma recente sondagem do jornal sensacionalista alemão Bild, tenha revelado que 18% do inquiridos votaria Sarrazin se este se apresentasse a eleições.
3) as ideias do senhor Sarrazin, acrescenta o artigo do El País, têm vindo a ser profusamente difundidas entre a extrema direita alemã, como seria de esperar, acrescento eu…

Talvez fosse altura de olharmos menos para o pão que poderá ou não vir da Alemanha e mais para algum joio que poderá aparecer misturado naquele hipotético cereal.
Porque nem só de pão vive o homem…

Referências: El País, 20 de Março de 2011, suplemento Domingo, p.8-9.
Imagem: Gustave Courbet, “Les cribleuses de blé”

A Eminência Prada

jean-baptiste_Greuze_la_paresseuse_italienne.jpgA douta Fernanda Câncio deu-me a honra de me citar (parcialmente) a partir do Twitter, publicando a referência a abrir a sua coluna no jornal do Sr. Oliveira.
Conheci inicialmente a citada senhora por ser a namorada de um medíocre político. Posteriormente, soube dela por importantes comentários políticos, tais como a relevância dos fatos de Pacheco Pereira. Depois, chegou-me ao conhecimento pela defesa que fez do pagamento das viagens a Paris da deputada Inês de Medeiros.
Os seus afazeres jornalísticos impediram-na de verificar que, para além de doutorado em Paleontologia, sou de formação inicial professor de Biologia e Geologia, quiçá com mais anos de ensino que aqueles que a senhora passou nos bancos da escola. Ainda assim, a preparadíssima escriba apelidou-me depreciativamente de “Luís Azevedo Rodrigues (que se apresenta como paleontólogo)…”
Câncio, que se apresenta no Twitter não como jornalista mas como “etc. e tal”, transcreveu apenas um dos vários comentários que fiz, a saber:

“Os resultados do PISA 2009 são uma bofetada de luva branca dos professores na ministra que os maltratou. Aos enxovalhos, responderam com trabalho. A qualidade dos professores é a mesma, antes e depois.”

A senhora Câncio contemplou-me com a sua verve relativamente aos resultados do PISA, atribuindo-os totalmente aos bons serviços da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, agora na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
O que discuti no Twitter com a senhora foi que, apesar da imagem pública dos professores ter sido posta em causa pela ex-ministra da Educação, nunca os bons professores deixaram de exercer as suas funções de forma competente e profissional. Afinal, os bons professores trabalham em primeiro lugar para os seus alunos e só em segundo lugar para (ou apesar de) o Ministério da Educação.
A colunista Câncio esqueceu-se de referir, na sua apologia Mariana, que:
1 – não coloquei em causa as melhorias relativas dos resultados;
2 – se desconhecem quais as escolas analisadas pelo referido estudo, impossibilitando desta forma uma eventual validação socioeconómica dos resultados;
3 – a avaliação dos professores ainda não estava totalmente implementada no momento em que foram compilados os resultados para o PISA;
4 – se os bons resultados são fruto da aplicação do modelo de avaliação de professores proposto por Maria de Lurdes Rodrigues, baseado (ou copiado) num modelo de avaliação chileno, como é que os resultados dos alunos chilenos são inferiores aos dos alunos portugueses;
5 – que qualquer pessoa minimamente abonada de espírito sabe que efectivas melhorias nos resultados educativos, ou seja, um verdadeiro incremento nas capacidades dos alunos, se materializam vários anos após terem sido implementadas, impedindo assim a responsabilização de Maria de Lurdes Rodrigues. Para o melhor e para o pior, o efeito Lurdes Rodrigues só se contabilizará daqui a uns tempos.
Imbuída no espírito político vigente, em que uma vã imagem é mais forte que qualquer ideia, a senhora Câncio continua a sua missão de dourar toda e qualquer pílula deste governo.
Se a senhora Câncio:
– me tivesse perguntado se acho que a avaliação de professores é fundamental para o desempenho docente, ter-lhe-ia dito que sim;
– me tivesse perguntado se acho que a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi uma boa ministra, ter-lhe-ia dito que não;
– me tivesse perguntado se o modelo avaliativo proposto pela ex-ministra era um bom modelo, ter-lhe-ia dito que não;
– me tivesse perguntado se fui avaliado na componente da avaliação que acho fundamental, a observação de aulas, ter-lhe-ia dito que sim.
Entre muitas outras perguntas que poderia ter feito, mas que não fez.
Apenas escreveu indolentemente, empurrada pela pressa de opinar sobre tudo e todos, que assim as avenças exigem, corroborando as suas opiniões escritas da mesma forma como deve escolher sapatos: para tapar o desencanto, por impulso compensatório ou apenas porque lhe apetece.
P.S. Aproveito para alvitrar que os pontos acima poderão ser utilizados livremente para um estudo, e possível tese patrocinada pela FLAD, por quem demonstra tamanho interesse pelas questões educativas.
Imagem – Jean-Baptiste Greuze – La paresseuse italienne, daqui

Pior que Portugal? (quase) Só o Haiti.

digitalizar0003.jpgPessoa afirmava que Jesus Cristo não percebia nada de finanças.
De mim, posso dizer o mesmo.
E de Sócrates, de mão dada com o Teixeira ministro.
Da leitura matinal e soalheira do periódico El País aprendi hoje bastante.
Nos últimos dez anos, e em 180 países, apenas Itália (179º) e Haiti (180º) fizeram pior do que Portugal em crescimento económico.
Sim, lugar 178º em crescimento económico.
Tudo bem, não serão as Finanças de que Sócrates parece nada saber, mas sim a Economia.
Mas desta, e já lá vão mais de 5 anos de navegação cheia de tretas, também o governo parece desorientado.
10 anos a nada crescer.
Porque não deixa o país em paz, sr. Engenheiro?
Pode ser que o país cresça mais sem a navegação tão entendida quanto a sua.
Ou mesmo sem qualquer navegação.
Citando o El País, sr. Engenheiro, foi uma época perdida.
(clicar na imagem para aumentar)
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Imagens – jornal El País, 24 de Outubro de 2010, a partir de dados do FMI.

A Bruxa, o Polvo e o Inglês

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Devido a isto e a isto, mais do que abandonei o blog.
Antes de partir para Londres, algumas comichões que me têm andado a incomodar:
1 – depois de uma bruxa ter fascinado e ocupado a mente de muitos portugueses com as previsões sobre a selecção nacional no mundial de futebol, agora é vez de um polvo vaticinar sobre o mesmo assunto.
E que tal perguntarem também aos objectos de estudo destes senhores o que acham?
2 – na mesma linha de opiniões avalizadas, vem agora a senhora Maria de Lurdes Rodrigues publicar livro sobre a Escola Pública Portuguesa.
Sim, a mesma senhora que tanto fez para arruinar a instituição sobre a qual agora escreve, empurrando-a para o limbo do facilitismo e do descrédito, temperados com um ódio visceral aos professores.
A senhora que produziu uma tese sobre o papel social do Engenheiro foi recompensada pelo engenheiro com a presidência da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento).
Menos mal, já que assim se ganhou uma aluna de inglês.
Imagem: daqui

O Moura dos robôs

bcf2506a60d0478aa708fb698c58a68a_h.jpgImpulsionado pela criatividade do Moura dos robôs, o Jornal de Letras lançou-se num debitar letrado sobre um futurismo.
Não me parece mal.
Eu já havia louvado o dito Moura em palavreado que me deu muito prazer intitulado “O Artista”.
O JL refere que o Moura dos robôs simula não pintores, mas actores.
Explico.
Desta feita, o Moura suga robôs, encena uma peça teatral, interpretada maquinalmente pelos seus escravos.
Embalados por mais esta “Estética do Futuro”, o JL disserta, em várias páginas de referências literárias, sobre um futuro mais pleno do que este presente vazio, à moda do Moura.
De estética nada sei; apenas sinto que, tal como o robótico Moura, o JL deslumbra-se perante o pincel, apaixona-se pela caneta, arde de paixão perante a máquina que regista imagens, e tudo mais que não seja a mera veneração do meio.
Ao Moura dos robôs: como já antes opinei, julgo que nem os terabytes dos robôs se lembrarão desta sua nova façanha.
Imagem:
daqui

Literacia do Salgueiro

Quando vi e ouvi o que o senhor disse tive que me levantar.
Não para aplaudir ou para insultar.
Apenas porque quando me sinto aprisionado sinto uma vontade enorme de andar.
Foi o que senti.
Aprisionado.
Pela estupidez de uma parte da classe empresarial que considera a literacia uma factor menor.
Aprisionado porque o ilustre senhor até reconheceu que a literacia é boa para as pessoas, mas não é boa para a economia.”
Mas a economia de quem?
Não são as pessoas que fazem a economia?
O medieval senhor ainda esboçou um sorriso para com curiosidade aberrante que deve ser a literacia.
Tolerante até.
O douto Salgueiro exalou estupidez.
E que me deixou aprisionado por esta não ser singular neste país.
E a estupidez aprisiona.
Fonte:
Telejornal, RTP1, dia 2 de Dezembro de 2009

Faça a legenda…

…da imagem per se
ou baseada nisto , nisto e nisto.
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Imagem:
daqui

Todos os Nomes (Errados)

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O fait divers taxonómico já o havia escrito há meses.
O texto, de sua graça “Todos os Nomes”, jogava com a aproximação mundana aos nomes científicos dados a novas espécies animais e vegetais.
A dessacralização onomástica passava por baptizar os recém incorporados seres vivos no Olimpo científico com nomes de comuns mortais. Comuns não seriam, já que os padrinhos involuntários eram pessoas ou instituições conhecidas.
Ainda assim, o encontro entre a terminologia científica e os nomes plebeus era bonita de analisar.
Hoje, no DN, é publicado artigo semelhante.
Louvo o escriba, já que o filão todos os dias é engrossado pelo labor dos cientistas, mas também pela assombrosa diversidade de vida na Terra.
Menos bem, desta vez, esteve o desesperado jornalista, que na ânsia de levar aos leitores tamanha novidade, foi contaminado por um síndrome tipo valter hugo mãe, mas em versão taxonómica.
Desrespeitando as regras básicas da nomenclatura taxonómica, o autor do artigo grafa todas (!) as espécies com letra minúscula.
Bem visto, bruno abreu!
Errata:
Para além da falta de maiúscula na primeira palavra do nome das espécies, ainda estão mal grafadas as seguintes espécies:
“metrarapdotus teixeirai” deve ser “Metrarabdotos teixeirai”
“nepenthes attenbogoughii” deve ser “Nepenthes attenboroughi”
“aghatidium cheneyi” deve ser “Agathidium cheneyi”
Das quatro primeiras que verifiquei, três estavam erradas.
Fico por aqui…e não as coloquei em itálico para não baralhar ainda mais…
Imagem:
daqui