DINO POR ELEFANTE?

Em linguagem comum: como confundir um elefante com um dinossáurio!

Resumo da notícia da Reuters:

“A police officer displays a fossil jawbone they found while investigating a suspicious package on a bus in the mountains of Peru, during a news conference in Arequipa March 25, 2008. The fossil, initially identified by acheologist Pablo de la Vera Cruz of the National University as possibly that of a triceratops, weighs some 19 pounds and was found in the cargo hold of an interprovincial bus.”

O que parece da foto é que o arqueólogo em causa não sabe o mínimo de anatomia comparada, confundindo um dinossáurio pela mandíbula de um qualquer Proboscidea fóssil

Moral da História:
1- se queres aparecer na Reuters diz-lhes que encontraste seja o que for de dinossáurio, nem que seja um leitor de MP3;

2- em caso de dúvida sobre um fóssil pergunta sempre a um arqueólogo, assim como assim, o Indiana Jones sabia de tudo.

3- Não perguntes a opinião a um paleontólogo porque o nome é muito difícil de ser dito;

4- O Dumbo era um dinossáurio, toda a gente sabe…;

5- só espero que a credibilidade do resto das notícias da Reuters não seja aferida por esta.

Agora comparem a imagem da uma mandíbula de mamute norte-americano com a de uma mandíbula de um Triceratops.

Notícia – daqui
Comentário – daqui
Imagens – Reuters/Stringer; mandíbula de mamute – daqui; TriceratopsKris Kripchak

TV GEOLÓGICA

Uma excelente (apesar de não a ter visto) série de televisão.
Porque ser e pertencer a um país é conhecer a sua história humana, mas também a sua história natural.
A televisão pública canadiana produziu uma série sobre a história geológica do seu país.
E ouve os seus geólogos.

E porque não não fazer o equivalente em Portugal?
A nossa diversidade geológica é grande e permite-nos perceber a paisagem que nos rodeia, seja natural ou humanizada.
Para não termos apenas ideias para onde vamos.

Dois excertos – um clip sobre as Montanhas Rochosas e outro com entrevista ao paleontólogo Michael Melchin – como “veio” para a Ciência, sobre a evolução de diversos grupos de invertebrados, entre outros assuntos.

ROBÓTICA – LEVANTA-TE E CAMINHA

O meu queixo caiu…

Impressionante a capacidade de locomoção desta máquina, do enorme potencial de processamento de informação e de reacção a novas situações.
Enfim, praticamente um ser vivo ao nível do movimento.
É um projecto financiado pelo Departamento de Defesa norte-americano.

A sequência da neve, da quase queda no gelo, a “agressão” que esta besta mecânica sofre e o momento (em laboratório) do coice são prodígios da robótica – lindo!
Boston Dynamics

E como grande parte das construções humanas, esta também vai “beber” à Natureza…

Outro dos modelos biológicos de locomoção são os insectos pois são capazes de se movimentarem em quase todos os ambientes.

Mas também os vertebrados, nomeadamente as osgas pelas propriedades aderentes das suas patas.
Não é copiar, é homenagear a Natureza, esta apropriação de métodos!
Ver mais aqui – Polypedal Laboratory, University of Berkeley

Imagem – Peter Menzel

PALEO FOI À RÁDIO

Apesar da simpatia, generosidade e o sentido de humor de Ana Sousa Dias, o cansaço do paleontólogo de serviço foi mais forte.
Mas deu para falar da Patagónia, China, do Tempo, de dinos com radioactividade, de ping-pong e de muito mais, com uma excelente conversadora.

A ouvir aqui a entrevista no Rádio Clube Português, de 5ª feira, 20 de Março de 2008 (ficheiro MP3).

Para quê estudar Dinossáurios e outros fósseis que tais?

Retomo um texto que publiquei no jornal Diário de Aveiro em Agosto de 2004.
Para que não me esqueça…

“Tenho tanta curiosidade da Terra…traz-me coisas da Terra.”

Este trecho do livro “A Menina do Mar”, de Sophia de Mello Breyner, paradoxalmente ou não, fez-me pensar que nos tempos que correm é cada vez mais difícil explicar às pessoas o porquê e para quê serve a Paleontologia.
A Paleontologia não é uma história da vida que esteja escrita nos manuais e nos artigos científicos da especialidade; é contada antes pelos fósseis e pelos estratos rochosos. Estes, são pequenos fragmentos de uma história muito maior e complexa que necessita ser interpretada e explicada. É aqui que a Paleontologia poderá ir buscar motivos para a sua existência. Certo é que os fósseis existem por si; poder-me-ão dizer que não necessitam de mais explicações. A verdade é que eles ganham “vida” quando os colocamos no “sítio” certo, no “filme” que foi, é e (provavelmente) será a vida neste planeta. Este filme, apesar de cada vez mais completo, nunca passará de um conjunto pequeníssimo de fotogramas. É a Paleontologia que faz a análise do “filme projectado” ao longo dos milhões de anos da história da Terra. Este “filme” da vida ora acrescentou ora fez sair de cena personagens da trama, de uma maneira acidental e imprevisível, condicionando evolutivamente a actualidade biológica.

A Paleontologia vai buscar as suas ferramentas quer à Biologia quer à Geologia. Esta ciência, ao contrário da biologia ou química, não é uma ciência experimental. Os paleontólogos raramente são capazes de testar as suas hipóteses através de experiências laboratoriais; contudo, e apesar disso, conseguem testá-las.
A descoberta de Archaeopteryx (fóssil animal do Jurássico que “representa” um dos elos de transição evolutiva entre os dinossáurios e as aves, com características anatómicas de ambos) fez ampliar a hipótese, já anteriormente proposta, da relação de parentesco entre aqueles grupos animais. Descobertas posteriores, especialmente as feitas no séc. XX, vieram acrescentar mais provas ao processo hipotético-dedutivo de testagem daquela hipótese.
As comparações feitas por Georges Cuvier no século XIX entre os Mamutes e os elefantes actuais não proporcionaram apenas evidências das extinções em massa (acontecimentos originados por causas geológicas, biológicas ou mesmo extra-terrestres que originaram o desaparecimento em grande escala de fauna e flora); originaram igualmente implicações sócio-políticas, em que revolução e substituição eram mensagens implícitas. De igual modo, a história da Terra e a das nações pareciam sofrer de processos semelhantes.

Os fósseis são parte das “coisas da Terra” que nos são contadas… Dão-nos a conhecer o que não podemos experimentar pelos sentidos – o passado, o desaparecido, aquilo que foi, quando não estávamos cá.

Imagem – “A menina e o mar” ©2005-2007 renatoalvim)

HD 189733b – “VIDA” EXTRA-SOLAR?

O telescópio Hubble detectou moléculas orgânicas na atmosfera de um planeta extra-solar.
O planeta, de tamanho semelhante a Júpiter, apresenta metano sendo a primeira vez que se detecta esta molécula orgânica fora do Sistema Solar. O HD 189733b está localizado a 63 anos-luz da constelação Vulpecula.
Já em Julho de 207 tinha sido descoberta água neste planeta.

Fonte – aqui
Imagem – daqui

AGRICULTOR DE BALCÃO

Não sei se era o apelo telúrico.
Ou a crise que impele à acção o agricultor citadino recalcado.
Ou ainda um mero passatempo.

A verdade é que se discutiam e comparavam sementes de coentros e de salsa.
Trocavam-se argumentos quanto ao calcamento da terra.
Adubavam-se conselhos hídricos.
E tudo ao balcão de um café em pleno centro de Lisboa, junto ao Príncipe Real.

Imagens – daqui

GRAVIDEZ VEGETAL

(gravidez vezes dois, em fundo e em primeiro plano)
Palo borracho – árvore do género Chorisia (agora Ceiba speciosa).

Escultura de autor desconhecido.

Imagem – Luís Azevedo Rodrigues, Córdoba, Argentina, 2006.

TEMPOS

You can’t have a better tomorrow if you are thinking about yesterday all the time.

Charles F. Kettering, 1876-1958

A man who dares to waste one hour of time has not discovered the value of life.
Charles Robert Darwin, 1809-1882

I live a day at a time. Each day I look for a kernel of excitement. In the morning I say: What is my exciting thing for today? Then, I do the day. Don’t ask me about tomorrow.
Barbara Charline Jordan

Imagem – John Vink/Magnum Photos

FRACASSO CHINÊS

“China reassures scientists not to fear failure
(Reuters) – China will tolerate experiment failures by its scientists to ease pressure, encourage innovation and cut the chances of fraud, a top official said on Thursday.”

Sempre pensei que o erro e o fracasso constituiam componentes fundamentais do “processo científico”.
Agora o governo chinês vem descansar os seus cientistas para que não temam o falhanço e o fracasso.
Esta desculpabilização institucional visa fomentar a “criatividade”, aliviar a enorme “pressão” bem como evitar a “fraude científica”.

Quando por lá trabalhei e contactei com diversas realidades de investigação paleontológica, verifiquei a enorme tensão produtiva em que viviam os meus colegas chineses.

Parecia-me que esse comportamento semi-obsessivo se devia mais ao carácter laborioso típico dos asiáticos do que, mais pragmaticamente, aos enormes “incentivos” financeiros concedidos pelo governo sempre que, por exemplo, uma nova espécie de dinossáurio é descoberta ou um paper na Nature é publicado.
Por respeito e pudor não avançarei valores.

Agora constato que não era nenhuma produtividade típica dos asiáticos.
A pressão oficial devia ser tanta que, oficialmente, tiveram que a conter.

Fonte da notícia – aqui