GPS e a Relatividade
Um vídeo, premiado (menção honrosa) no 2010 International Science & Engineering Visualization Challenge, concurso organizado pela National Science Foundation americana, que tem como objectivo difundir diferentes formas de difusão da Ciência, seja um vídeo, poster ou ilustração.
Neste vídeo, e de uma forma clara, várias ideias são apresentadas, umas utilizadas por quase todos diariamente, como o GPS, e outras que quase ninguém percebe mas que muitos falam, como a Teoria da Relatividade.
Gosto quando conceitos aparentemente afastados e distintos são dissecados revelando a proximidade escondida.
Este vídeo apresenta apenas um pequeno senão (não para mim…): os seus 8 minutos são demasiado longos para jovens que acham que um vídeo do Youtube com 2 minutos é uma seca…
No site do 2010 International Science & Engineering Visualization Challenge todos os premiados.
Aqui fica o vídeo que agrega o trabalho de alguns dos vencedores deste concurso.
Imagem: 2010 International Science & Engineering Visualization Challenge
Biologia Evolutiva
Entrevista ao Biólogo Evolutivo, André Levy, conduzida por alunos do 12º ano da Escola Secundária Henriques Nogueira, Torres Vedras.
Este grupo de alunos desenvolveu os seus trabalhos de Área de projecto no tema da Medicina Evolutiva.
Paleo talk ou Miragaia longicollum
Logo após a publicação do artigo científico que descrevia um nada usual estegossáurio, enviei um pequeno questionário ao paleontólogo Octávio Mateus.
Pretendia que Mateus, numa linguagem acessível, descrevesse o Miragaia longicollum bem como a importância deste exemplar para a compreensão da vida passada na Terra.
Aqui está a mini-entrevista ou, como prefiro, uma troca de mails entre paleontólogos:
Ciência Ao Natural (CAN): Como apresentaria este novo dinossáurio ao público?
Octávio Mateus (OM): Como todos os dinossauros estegossauros é um quadrúpede herbívoro, com placas no dorso, espinhos na cauda e membros anteriores curtos. Mas ao contrário dos outros estegossauros, este tem um pescoço invulgarmente longo, com 17 vértebras cervicais, o que representa 10 a mais do que a girafa e o maior número entre todos os dinossauros não-avianos.
CAN: Esqueça que participou nesta descoberta. Como classificaria a importância deste fóssil?
OM: Este fóssil é um dos dinossauros portugueses mais completos e o facto de ser um novo taxon vem reforçar a importância de Portugal no cenário da riqueza mundial de dinossauros. A sua inesperada característica de pescoço longo leva-nos a uma série de questões fascinantes sobre a evolução destes dinossauros. Além disso, o Miragaia longicollum demonstra a plasticidade evolutiva dos dinossauros.
CAN: As semelhanças morfológicas, ao nível do esqueleto do pescoço, entre dois grupos de dinossáurios distintos como os saurópodes e o estegossáurios são evidentes nunca antes registadas. Que podemos inferir destas parecenças, ao nível da evolução dos dinossáurios?
OM: As semelhanças mostram que a convergência evolutiva é tão surpreendente como lógica e expectável. Ou seja, se por um lado ninguém esperava ver um estegossauro com 17 vértebras cervicais e superficialmente parecido a um saurópode, por outro lado, a plasticidade evolutiva associada à necessidade de adaptação ao mesmo ambiente dos saurópodes faz da convergência um processo comum e expectável.
CAN: Qual o dinossáurio que gostaria de descobrir em Portugal? Porquê?
OM: Gostaria de descobrir algo que não estivesse à espera de o fazer. Quanto mais inusitado, mais interessante será. Uma descoberta verdadeiramente inesperada levantaria muitas mais questões científicas e tornaria a paleontologia ainda mais cativante.
CAN: Qual o conselho que daria a um jovem português que gostasse de seguir as “pisadas” de Octávio Mateus?
OM: Sem me considerar um modelo, acho que o desejo de aprender mais sobre história natural é a minha grande motivação. Aconselho a interessarem-se pela história natural e nunca perderem a vontade de estudar.
Referência: Mateus, O., Maidment, S.C.R., and N.A. Christiansen. 2009. A new long-necked ‘sauropod-mimic’ stegosaur and the evolution of the plated dinosaurs. Proceedings of the Royal Society B, first online. DOI 10.1098/rspb.2008.1909.
Imagens: do blog Lusodinos
I Iberian Symposium on Geometric Morphometrics
Há quase cinco anos organizei e co-ministrei um Workshop de Morfometria Geométrica – resumo aqui. Agora é a vez de divulgar o I Iberian Symposium on Geometric Morphometrics, que decorrerá na cidade catalã de Sabadell, entre 23 e 25 de Julho de 2009.
Agradeço o honroso convite da organização para fazer parte da Comissão Científica, especialmente porque esta integra investigadores de excelente nível, como F. James Rohlf (State University of New York), Christian Klingenberg (University of Manchester), Paul O’Higgins (Hull-York Medical School, University of York), Diego Rasskin-Gutman (Universidad de Valência), entre outros.
A Morfometria Geométrica é um conjunto de técnicas de análise de variação da forma orgânica.
“The advent of Geometric Morphometrics was claimed as a revolution at the end of the century, and step by step it has grown to become a customary tool to analyze and understand the ultidimensional nature of biological form.
This symposium is organized to gather for the first time all practitioners of the field, as a way to share each one´s knowledge, findings and concerns, but also as a way to begin opening a window for future collaborations.”
(do site do Simpósio)
Um FAQ da Universidade de Viena sobre a Morfometria Geométrica.
Informações:
Imagens – dos sites do Simpósio e da Universidade de Viena.
Parabéns, pá!
Soltas, no meio da miríade de acções comemorativas:
a influência da Paleontologia na obra de Darwin – “Fossils Reveal Truth About Darwin’s Theory”;
inauguração da exposição “A evolução de Darwin”, na Gulbenkian.
(trio) 2008
Domingo à noite, cansado.
Só mais um cigarro e vê televisão, pensei-me.
Depois, a simplicidade do tema “Cabanas”, vinha para o espaço que eu ocupava.
Limpo, cru e simples.
Vejam (e ouçam) estes jovens senhores.
Trio 2008 ou só 2008, não tenho a certeza.
P.S. – reconheço que antes da música, estes rapazes já me haviam chocado. Diziam eles, ou pelo menos o baterista, que ser músico rock ou pop não é beber cervejas e “só curtir”.
É, antes, muito trabalho e esforço, a ensaiar, a compor.
Disse chocado porque nos tempos que correm alguém falar de trabalho e de esforço desta maneira é tudo menos redundante.
Boa!
Blogs, dinos e derivados…
…e para quem não ouviu a conversa que Pedro Rolo Duarte foi capaz de manter comigo, fica aqui o arquivo.
Acima de tudo diverti-me (embora não pareça) e descobri que gostamos ambos do Fernando Alves, para além de que o Pedro foi das poucas pessoas que admite que deixar de fumar custa muito.
Aos Professores meus
Retomo um post e, atrasado, dedico um post aos (meus) Professores…
Ao Professor Matos, que me obrigava a fazer cópias e ditados, enquanto nos falava de música clássica (que eu achava chata, mas também com 7 anos…) e de como iríamos gostar de a ouvir quando tivéssemos a idade dele; de como eram importantes as frases curtas; que a fazer algo, o deveríamos fazer bem feito; e, sobretudo, de tudo aquilo que ainda vou retirando das suas idas palavras da Escola Primária…
Ao Professor José Fernando Monteiro que me fez sonhar com mundos passados e longínquos – apesar de não ter “merecido” a maiúscula no professor, a merece mais do que outros catedráticos que por aí se pavoneiam de barriga inchada…),
A todos os professores, bons e menos bons, que me ensinaram algo, como colegas e mestres…
Voltei…após oito anos de pausa
Imagem – Nikos Economopoulos/Magnum Photos
No fun
“Paleontology can then be done without ever having to go in the field, without ever having to touch those nasty, dirty old fossils, without having to hold them in your hand to measure them. So much cleaner and…. well – just plain scientific!
Just a computer – one would never have to leave one’s nice neat office – no field work, no books, no fossils….no fun.
And when science stops being fun, I will stop doing it.”
Richard S. White, Jr.
Director
International Wildlife Museum
(adaptado de mailing list Vertpaleo)
Imagens – Luís Azevedo Rodrigues, província de Santa Cruz, Patagónia argentina, 2004
FRACASSO CHINÊS
“China reassures scientists not to fear failure
(Reuters) – China will tolerate experiment failures by its scientists to ease pressure, encourage innovation and cut the chances of fraud, a top official said on Thursday.”
Sempre pensei que o erro e o fracasso constituiam componentes fundamentais do “processo científico”.
Agora o governo chinês vem descansar os seus cientistas para que não temam o falhanço e o fracasso.
Esta desculpabilização institucional visa fomentar a “criatividade”, aliviar a enorme “pressão” bem como evitar a “fraude científica”.
Quando por lá trabalhei e contactei com diversas realidades de investigação paleontológica, verifiquei a enorme tensão produtiva em que viviam os meus colegas chineses.
Parecia-me que esse comportamento semi-obsessivo se devia mais ao carácter laborioso típico dos asiáticos do que, mais pragmaticamente, aos enormes “incentivos” financeiros concedidos pelo governo sempre que, por exemplo, uma nova espécie de dinossáurio é descoberta ou um paper na Nature é publicado.
Por respeito e pudor não avançarei valores.
Agora constato que não era nenhuma produtividade típica dos asiáticos.
A pressão oficial devia ser tanta que, oficialmente, tiveram que a conter.
Fonte da notícia – aqui