Orçamento Participativo Portugal – O Que Fazem as Pedreiras Quando se Reformam?

Sendo descaradamente auto-promocional:
escrevi e submeti ao Orçamento Participativo Portugal, o Projeto “O Que Fazem as Pedreiras Depois de Se Reformarem”.

Peço a vossa ajuda, por intermédio do voto (instruções abaixo) e da divulgação, neste projeto que pretende aliar a Ciência, o Património Natural e a Cultura algarvias.

Obrigado antecipadamente pela ajuda.

BANNER 3 PROJETOS

Projeto 222 – O Que Fazem as Pedreiras Depois de se Reformarem?

Tal como as pessoas que após se reformarem têm histórias e percurso a contar, também as pedreiras depois de abandonadas podem revelar muito sobre a economia e a geologia regional.

Este será um inventário descritivo, geológico e das utilizações económicas dos materiais extraídos das pedreiras abandonadas do Algarve. Esta inventariação e estudo com componente fotográfica, permitirá o seu conhecimento e possível utilização turística. Este estudo e inventário será completado com o registo fotográfico e/ou vídeo de antigos pedreiros.

APRESENTACAO OPP 222

COMO VOTAR no projeto 222

Enviem uma SMS grátis para o número 3838
O formato da mensagem deve ser:
OPP 222 Número de Identificação Civil

O Número de Identificação Civil deve incluir os dígitos de controlo, 4 dígitos adicionais no caso do Cartão de Cidadão ou 1 dígito adicional no caso do Bilhete de Identidade.
Ou ONLINE: https://opp.gov.pt/projetos/todos/222-o-que-fazem-as-pedreiras-depois-de-se-reformarem

SOBRE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO PORTUGAL

“O Orçamento Participativo Portugal (OPP) está já na sua fase decisiva.

Até 10 de Setembro decorre a votação de todos os projectos apresentados ao abrigo nas áreas contempladas no OPP, e que vão ser financiados pelo Governo com 3 milhões de euros.

O OPP é um processo democrático, directo e universal, e a votação está aberta a todos os cidadãos.

A votação pode ser feita directamente em https://opp.gov.pt/ ou através do envio de uma mensagem de telemóvel.”

Geologia e Paleontologia Urbana – livros

CAPA GUIA LAGOS (Large)Ao fim de alguns anos são agora publicados três livros bilingues, português e inglês, que escrevi em parceria relativos à Geologia e Paleontologia Urbana de três cidades portuguesas, mais concretamente do Algarve – Faro, Lagos e Tavira.

Como sou o autor, parece-me mais adequado transcrever o que foi escrito sobre estes livros em dois jornais.
Entrevista na rádio nacional Antena1 pode ser escutada aqui.

“Um projeto pioneiro, inovador e original» é como Luís Rodrigues, diretor do Centro de Ciência Viva de Lagos (CCVL), define os novos Guias de Geologia e Paleontologia Urbana que, no conjunto, propõem mais de uma centena de descobertas em três cidades algarvias. O primeiro, dedicado a Lagos, vai ser lançado sexta-feira, 29 de janeiro.

Ciência, história e património juntam-se para uma proposta simples – descobrir diferentes tipos de rocha em Geologia e ambiente urbano, admirando o seu enquadramento e contexto específicos. «A geologia e paleontologia urbana explicam a história das rochas que constroem os nossos equipamentos. A ideia é visitar locais nas cidades, olhando para aquilo que os constrói, os materiais com diferentes origens, percursos e idades. Muitas destas rochas têm vestígios visíveis de seres vivos com milhões de anos», explica Luís Rodrigues, mentor dos novos guias.

A ideia surgiu em 2013, quando coordenava em simultâneo os Centros de Ciência Viva de Faro, Tavira e Lagos. O objetivo era criar um produto (guias) e atividade (visitas), que pudessem de alguma forma unir os três centros algarvios.

GUIA AMOSTRA 1 (Large)«Todas as semanas fazia algo que me dava imenso prazer. Circulava pelas cidades à procura de diferentes rochas. É uma maneira diferente de olhar para as coisas. Isso é também um dos principais objetivos destes guias, ou seja, desafiar as pessoas a modificar um pouco a maneira como olham para as rochas e verem tudo o que normalmente lhes passa despercebido», explica.
Os três primeiros Guias de Geologia e Paleontologia Urbana são dedicados às cidades de Lagos, Faro e Tavira. Os percursos sugerem pontos de interesse variados, desde cafés, muralhas, igrejas, praças, monumentos e conventos, até cemitérios, entre outros.

GUIA AMOSTRA 3 (Large) (2)«Embora existam publicações de caráter científico, este é um projeto pioneiro a nível nacional em termos de livros destinados ao grande público». É uma forma de despertar o interesse e aproximar os residentes, escolas e o turismo da geologia e paleontologia.

Além disso, «provam que o Algarve tem muito mais do que sol e praia para oferecer. Enriquecem ainda mais a oferta turística e cultural no Algarve», sublinha.”

«A nossa missão nos Centros de Ciência Viva é promover a ciência e tecnologia, mas estas não estão isoladas de tudo o resto. A arte, a história, o património estão também aqui presentes.
Desenvolvemos uma estratégia que permitiu integrar várias áreas do conhecimento».

GUIA AMOSTRA 5Participaram ainda na concepção dos Guias Rita Manteigas, historiadora e autora responsável pelos textos de complemento histórico, e Margarida Agostinho, professora de Biologia e Geologia e Ciências naturais, em Lagos.

O cemitério da Igreja do Carmo, em Tavira, é um dos pontos de paragem que mais encantou Rodrigues. «Gosto muito desta história. Neste cemitério existe a campa de um soldado. Com o tempo, a erosão fez aparecer amonites. Aos meus olhos, acabam por ser dois seres vivos que lá estão sepultados. Um humano e um outro ser com mais de 100 milhões de anos. Há ali uma partilha entre seres de diferentes espécies e diferentes tempos, e tem, para mim, um simbolismo quase poético», revela.

GUIA AMOSTRA 6Outro exemplo é o tampo do balcão de um café. «Entrei apenas para pedir um café. No entanto, comecei a olhar para esta rocha incrível que era o tampo do balcão, com mega cristais e auréolas verdes enormes. Vim a descobrir que é um impressionante granito finlandês. A rocha mais antiga do nosso percurso em Tavira. Os donos não tinham noção. Disseram-me que achavam-no bonito e o tinham aproveitado de um outro café».

Excerto do Jornal Barlavento

Margarida-Agostinho-e-Luis-Azevedo-Rodrigues_Centro-Ciencia-Viva-de-Lagos-1-1250x596Quem entra numa igreja para a visitar, olha para as pedras dos arcos, pórticos e colunas, mas apenas para apreciar o estilo e a mestria de quem as esculpiu. Mas agora há um guia que quer pôr os visitantes a olhar de outra forma para as pedras, que até contam histórias bem mais antigas que o próprio monumento.

Se já teve a sorte de apanhar aberta e visitar a Igreja de São Sebastião, em Lagos, certamente nunca reparou nos fósseis com 150 milhões de anos que existem na rocha em que é feita a pia batismal. E quem fotografa o D. Sebastião, na baixa da cidade, talvez nunca tenha olhado bem para as quatro diferentes rochas que foram usadas pelo escultor João Cutileiro para fazer a estátua do rei menino.

GUIA AMOSTRA 4 (Large)Amanhã , no âmbito dos festejos do feriado municipal de Lagos e do sétimo aniversário do Centro Ciência Viva da cidade, este CCV vai lançar o «Guia de Geologia e Paleontologia Urbana de Lagos», da autoria de Luís Azevedo Rodrigues e Margarida Agostinho, que pretende, precisamente, dar a conhecer as rochas e os fósseis que fazem parte de igrejas, monumentos e outros edifícios e equipamentos urbanos.

Este é o primeiro de uma série de três guias a ser editados em 2016, sobre as três cidades algarvias com Centros Ciência VivaFaro, Lagos e Tavira. Os de Faro e Tavira, segundo revelou Luís Azevedo Rodrigues ao Sul Informação, deverão ser lançados durante o próximo mês de Fevereiro.

Luis-Azevedo-Rodrigues_Centro-Ciencia-Viva-de-Lagos-1-1250x596 (1)O diretor do CCV de Lagos, ele próprio doutorado em Paleontologia, conta que a ideia de fazer estes guias surgiu quando era coordenador dos três Centros Ciência Viva existentes no Algarve, numa «tentativa de coordenar a sua intervenção e de os unir num projeto comum». A ideia, explica em entrevista ao nosso jornal, «foi criar um roteiro usado pelos CCV para divulgar a cidade, mas sob o ponto de vista geológico e paleontológico».

GUIA AMOSTRA 2 (Large)«O que queríamos é que as pessoas fossem, por exemplo, visitar uma igreja ou as muralhas e olhassem também para os materiais geológicos que constroem esses monumentos. Essas rochas têm uma história, uma cronologia, por vezes têm fósseis, outras vezes vieram de muito longe para serem usadas neste ou naquele edifício, fizeram um longo caminho para cá chegar».”

Excerto do jornal Sul Informação

 

Imagens: do jornal Barlavento e dos Guias de Geologia e Paleontologia Urbana de Lagos, de Faro e de Tavira.

GUIA AMOSTRA 7GUIA AMOSTRA 8Referências:
Rodrigues, L.A. and Agostinho, M. (2016) Tavira – Guia de Geologia e Paleontologia Urbana – Urban Geology and Paleontology Guide. Lagos Ciência Viva Science Centre Editions, 120pp. ISBN 978-989-99519-0-7.
Rodrigues, L.A. and Agostinho, M. (2016) Lagos – Guia de Geologia e Paleontologia Urbana – Urban Geology and Paleontology Guide. Lagos Ciência Viva Science Centre Editions, 124pp. ISBN 978-989-99519-2-1.
Rodrigues, L.A. and Agostinho, M. (2016) Faro – Guia de Geologia e Paleontologia Urbana Urban Geology and Paleontology Guide. Lagos Ciência Viva Science Centre Editions, 114pp. ISBN 978-989-99519-1-4.

Gatos e gatos

290458_1600x1200Riña_de_gatos
As semelhanças entre o quadro de Goya e a foto premiada no concurso da National Geographic de 2014 são as que cada encontrar.
Habituado à cópia do quadro dos bichanos, por quem passo todos os dias, fui despertado para a foto dos grandes gatos selvagens e de como se parecem com os do pintor espanhol.
Mas poderei ser só eu a achar a semelhança.
Um bom ano de 2015!

Imagens: daqui e daqui

Estrelas Android num Táxi

il_570xN.263641096Numa era digital de pós-especialistas (ou pós-sábios), a comunicação de Ciência deve assentar mais num modelo de troca de conversa do que propriamente de homilia de registo científico, ou pelo menos algo assim diz parte do artigo abaixo que agora cito:

«The biggest challenge of the digital age for science communication is the shift from the “broadcast” model, where a network or magazine broadcasts information, to a “conversation” model, whereby someone generates information and others comment, share, and add to it. Because anyone can comment, blog, or tweet, the online conversation dilutes expert voices.»

A título de parábola, conto parte do meu dia de hoje.

Atrasado e stressado para o comboio, relembrei as horas ao taxista com a seguinte provocação:
“Sabe que está melhor tempo cá por Lisboa do que no Algarve, para onde vou às seis e meia?”

Despertado pela recordação das terras do meu filho, o condutor começou por enumerar as praias algarvias onde já tinha estado; depois as maravilhas de um “Algarve que fiquei a gostar desde a primeira vez que lá por lá parei e de que não gostava, mesmo sem nunca antes lá ter estado!”

Conversa puxa conversa e praia, pelos vistos, puxa praia, acabámos por chegar às pegadas de dinossauro da Salema. Nunca vi, nem sabia que existiam, não os dinos, as pegadas, disse-me o motorista.
Que sim, que o Ciência Viva faz por lá bastantes visitas guiadas, e não se atrase, veja lá o caminho que tenho comboio, e as pegadas são de fácil acesso, publicitava e avisava eu.
Cala-se o homem.
Já fui chato mais uma vez. Já não bastava o médico de onde tinha saído ter-me dito “Você é difícil de aturar… mas pelo menos faz-me rir!”, pensei eu para o silêncio do tipo que agarra o volante.

“Isso da Ciência Viva fez-me lembrar uma coisa”, apontando para o GPS.
Ok, satélites, já sei o que me vais contar.
“Desde que descarreguei a aplicação X para o telemóvel, não passo sem ver o céu; farto-me de ver estrelas…”, assim e assado, que as estrelas duplas não sei o quê, que quer um telescópio e mais não sei o quê das galáxias.
“Venha este sábado ao Centro de Lagos, que vai haver uma observação astronómica”, disse-lhe e o homem contentíssimo só me perguntava:
“Mas posso levar o telemóvel?”
Traga, que depois explica-nos como é que isso funciona e temos lá gente para lhe mostrar o céu até mesmo com os seus olhos, piquei-o eu em jeito de despedida.
A promessa ficou feita – que iria lá estar, pois tinha que ir buscar a filha a Lagos.
Gostava que fosse.
Se vai ou não, essa é outra história de que não sei o final.

il_570xN.263621813O que sei é que há motoristas de táxi, que com aplicações de telemóvel vêm o céu sozinhos mas que estão mortinhos com quem falar, seja de estrelas duplas, ou não sei o quê de Júpiter, de modelos de telescópio, e muito mais, se houvesse tempo e a CP esperasse por mim.
O telemóvel com aplicação prejudica a comunicação/divulgação de Ciência? Não, antes pelo contrário.
Imprescindível é que não se deixe o motorista a falar para o boneco…ou para o telemóvel, neste caso.

Porque vivo melhor quando um taxista vê e me fala de estrelas,  mesmo sendo com a ajuda de um telemóvel.
Ou não?

P.S.- tudo isto se passou, com maior ou menor verosimilhança, no dia 18 de Junho de 2014, em Lisboa, à espera de uma consulta médica e onde li o artigo que acima cito e abaixo refiro.

Referência:

Amy Luers and David Kroodsma (2014), Science Communication in the Post-Expert Digital Age, Eos, Transactions, American Geophysical Union Volume 95, Number 24, 17 June 2014. Eos, 95: 201–208. doi: 10.1002/2014EO24
PDF gratuito aqui

Imagens:
daqui e daqui

Nick Cave e a divulgação de Ciência (?)

NickCave at CERNApenas isto.
Ou Ciência vs. Arte.

 

Imagem: daqui

“Can’t remember anything at all
Flame trees line the streets
Can’t remember anything at all
But I’m driving my car down to Geneva
I been sitting in my basement patio
Aye it was hot up above
Girls walk past, the roses all in bloom
Have you ever heard about the Higgs Boson Blues?
I’m going down to Geneva, baby
Gonna teach it to you
Who cares? Who cares what the future brings?

Black road long and I drove and drove
And came upon a crossroad
The night was hot and black
I see Robert Johnson with a 10-dollar guitar
Strapped to his back looking for a tomb
Well here comes Lucifer with his canon law
And a hundred black babies running from his genocidal jaw
He got the real killer groove
Robert Johnson and the devil, man
Don’t know who is gonna rip off who
Driving my car, flame trees on fire
Sitting and singing the Higgs Boson Blues

I’m tired, I’m looking for a spot to drop
All the clocks have stopped
In Memphis now in the Lorraine Motel
It’s hot, it’s hot – that’s why they call it the Hot Spot
I’ll take a room with a view
Hear a man preaching in a language that’s completely new
Making the hot cocks in the flophouse bleed
While the cleaning ladies sob into their mops
And a bellhop hops and bops
A shot rings out to a spiritual groove
Everybody bleeding to that Higgs Boson Blues

If I die tonight, bury me
In my favorite yellow patent leather shoes
With a mummified cat and a cone-like hat
That the caliphate forced on the Jews
Can you feel my heartbeat?
Can you feel my heartbeat?

Hannah Montana does the African Savannah
As the simulated rainy season begins
She curses the queue at the Zulus
And moves on to Amazonia
And cries with the dolphins
Mau Mau ate the pygmy
The pygmy ate the monkey
The monkey has a gift that he is sending back to you
Look here comes the missionary
With his smallpox and flu
He’s saving them, the savages
With the Higgs Boson Blues
I’m driving my car down to Geneva
I’m driving my car down to Geneva

Oh let the damn day break
The rainy days always make me sad
Miley Cyrus floats in a swimming pool in Toluca Lake
And you’re the best girl I’ve ever had
Can’t remember anything at all”

SciCom PT 2013: algumas ideias sobre comunicação de ciência

Aqui ficam algumas notas do Congresso de Comunicação de Ciência em Portugal (SciCom PT 2013), que decorreu nos dias 27 e 28 de Maio no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa – em modo telegráfico.

Roberto Keller-Perez

1) Conheci diversas pessoas com quem interagia há muito mas que nunca havia contactado pessoalmente. A frase que mais utilizei no SciCom foi “Finalmente conhecemo-nos em pessoa, fora do Facebook/Twitter/mail!”.
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Parecendo que não, e parafraseando o José Vítor Malheiros, nada como o contacto pessoal para a comunicação ser melhor. E isto é importante em Comunicação de Ciência.

603058_532781540118721_78180035_n2) A Comunicação de Ciência deve servir para que os cientistas divulguem o seu trabalho. Mas também para que parem, pensem e meditem sobre o que andam a fazer profissionalmente. De outra forma: a divulgação de Ciência pode ser para o cientista um momento zen (ou de horror) perante o seu trabalho e as perguntas científicas que lhe estão na base. Baudouin Jurdant disse-o e concordo, embora ele não precise da minha opinião para nada.

3) A generalidade dos cientistas e comunicadores de Ciência não sabe comunicar visualmente.
Esta foi uma das ideias da sessão que moderei, Comunicação Visual na Comunicação de Ciência. Vendo a generalidade dos posters e apresentações do SciCom PT verifiquei que os comunicadores de Ciência necessitam investir mais na sua literacia visual. Esta necessidade pode ser respondida por colaborações interdisciplinares, com ilustradores de Ciência e designers de comunicação.

419994_532779290118946_971022329_nSe é verdade que nos últimos anos tem sido feito um esforço grande na formação dos comunicadores de Ciência, sobretudo fornecida por jornalistas, também é certo que a formação na componente visual tem sido minorada ou apenas negligenciada.

4) O público, em particular as crianças e os jovens, pode colaborar em projectos de divulgação através da formulação de perguntas directas aos cientistas.

378133_532780246785517_2035098939_nColocar perguntas objectivas, como se de hipóteses a testar se tratassem. Pedro Russo* disse-o e complementou que, apesar de difícil, esta abordagem é muito interessante ao nível da participação do público na Ciência.

Esta perspectiva pode gerar alguma resistência pelas dificuldades formais na sua implementação prática. Reconheço que sim mas é um dos pontos fundamentais no envolvimento do público na Ciência: permitir que façam questões científicas, por mais banais que sejam.

3928_532326933497515_547621968_n5) Apesar de estar rodeado de comunicadores de ciências, tarimbados no contacto pessoal e capacidade de resumir e comunicar, verifiquei que uma frase e um objecto conseguem intimidar a generalidade. A frase é “Tens 45 segundos para mim?” e o objecto um gravador. Compreendo que o tempo está caro, que a minha figura pode ser intimidante, especialmente quando o tento evitar, mas sempre esperei que o gravador os acalmasse. A verdade é que muitos dos colegas comunicadores de Ciência se assustam com um gravador, pelo menos ao início.

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As breves respostas de alguns dos comunicadores de Ciência que estiveram no SciCom poderão ser ouvidos no programa Ciência Viva À Conversa especial – abaixo.

Livro de resumos do SciCom PT (PDF).

Até ao SciCom PT 2014 no Porto!

Os depoimentos de alguns participantes ficaram registados em mais um programa Ciência Viva À Conversa.

*Pedro Russo apresenta neste texto “Porque é que o Público se há-de Interessar (em Ciência)?“a sua comunicação convidada e é um excelente texto sobre a Comunicação de Ciência – podem também descarregar a sua apresentação.

Imagens: Estas e outras fotos de Roberto Keller-Perez do congresso poderão ser vistas aqui.

Falhas

Descubra as falhas:

a) geológicas;
b) no ordenamento do território.
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Imagem: Luís Azevedo Rodrigues (Abril 2013)

Local: Praia da Salema, Vila do Bispo.

Dinos, satélites e briófitos | Podcast Ciência Viva À Conversa

Três conversas e quatro podcasts do Ciência Viva À Conversa.

Vanda Santos e Luis Azevedo Rodrigues em Vale Meios
– sobre a paleontologia de Dinossauros em Portugal com Vanda Santos do Museu Nacional de História Natural e da Ciência;
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– sobre um grupo de alunos e um professor que vão construir e por em órbita um satélite do tamanho de uma lata. Quem vai por em órbita o satélite é a Agência Espacial Europeia. A Escola é a Secundária de Olhão.

César Garcia briófitos e líquenes

 

 

– sobre os briófitos e líquenes de Portugal e como é o trabalho do botânico César Garcia do Jardim Botânico de Lisboa/Museu Nacional de História Natural e da Ciência.

 

Imagens: Luís Quinta (primeira) – nesta foto eu e a Vanda Santos em trabalho de campo há uns anos atrás em Vale de Meios.

Luís Azevedo Rodrigues (restantes)

Calvin das Neves

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Depois de ter lido estas declarações do Catedrático João César das Neves recordei-me do pensamento de um seu colega, Calvin.

O Calvin faz-me sorrir; o João César nem por isso.

 

Referências:Revista Visão e Calvin and Hobbes.

 

MATH ATHEIST (Medium)

Os meus dias já foram mais pequenos

Actualizado com artigo de 2020 em 18 de Fevereiro de 2021.

Aproveito-o agora para para ser publicado aqui e também no jornal Sul Informação).

Quando crianças os dias parecem durar e durar, havendo tempo para (quase) tudo. Há tempo de sobra para brincar, rir e fazer tudo e mais alguma coisa.
À medida que ganhamos rugas e dores nas costas, a divindade do tempo infinito encolhe e parece que o tempo já não é o que era.
Ele não chega para nada, que está cada vez mais curto, que o tempo corre mais que a gente.
Quantas vezes já escutámos “O meu dia deveria ter 25 horas” ou “Só queria mais umas horas por dia”.
As mudanças de percepção que a idade traz à duração dos dias são isso mesmo, mudanças na percepção.

Mas os dias já foram mesmo mais pequenos. Por outras palavras, a Terra já demorou menos tempo a efectuar o seu movimento de rotação.
O nosso planeta já teve dias mais pequenos do que as 24 horas a que estamos habituados.
A responsabilidade pelo aumento dos dias cabe às marés, sendo estas provocadas pela atracão gravitacional da Lua sobre o nosso planeta.

De forma breve: a atracão da Lua sobre a Terra origina acumulação de água do mar no lado que está diante dela (maré alta) e também do lado terrestre oposto*. Simultaneamente existirão locais onde essa água “faltará”, observando-se nestes locais a maré baixa.

Como o sentido da rotação da Terra é o mesmo que o da translação da Lua, mas muito mais rápido, gera-se um efeito de fricção da água do mar com os fundos oceânicos, que, aliado à inércia da própria água, abranda a rotação da Terra.
Um efeito semelhante também é exercido pela Terra sobre a Lua. Como a Terra tem muito mais massa do que o nosso satélite, o nosso planeta já conseguiu deter o seu movimento de rotação, motivo pelo qual vemos sempre a mesma face da Lua.

Não entrarei em maiores detalhes sobre a mecânica celeste deste processo, mas refiro apenas que a Terra sofre actualmente um aumento nos seus dias de cerca de 1.8 milissegundos por século – alguns autores referem 2.3 milissegundos por século.
Obrigado pela ajuda, dirão os mais necessitados de dias maiores, em tom de sarcasmo.

A estes responderei que simulações feitas por computador permitiram deduzir que os dias tinham, quando a Terra estava no seu início, apenas 6 horas. Aquilo que a maior parte de nós passa hoje a dormir era a duração de um dia inteiro há cerca de 4.5 mil milhões de anos.
Mais: a análise do ritmo do crescimento diário de corais fossilizados, por exemplo, permitiu deduzir que a duração dos dias há 400 milhões de anos era de 22 horas.

E agora, caros desejosos-de-dias-maiores, estão satisfeitos com a vossa situação actual? Dias com 24 horas?
Era muito pior há milhões de anos.
Sim, porque, ao contrário de nós à medida que envelhecemos, os dias da Terra vão ficando cada vez maiores. Literalmente.

* por motivos de simplificação para o caso que se descreve omite-se o efeito do Sol.

Referências:

Williams, George E. (2000). Geological constraints on the Precambrian history of Earth’s rotation and the Moon’s orbit. Reviews of Geophysics, 38 (1) pages 37–59.

Imagens:

1 – La Voyage dans la Lune de Georges Méliès
2 – Daqui
3 – Daqui

4 – atualização com artigo de 2020 e informação paleontológica.

5 – artigo de divulgação que resume o artigo 4.

Luís Azevedo Rodrigues 

 (Este texto foi escrito como a minha colaboração para a ação interCiência, em que eram trocados de forma anónima textos entre blogs. Este texto foi a minha “oferta” para o blog Curioso Realista, onde foi publicado originalmente.